Portanto, ele não foi um aficionado a drogar-se para obter prazer ou para a fuga da realidade como salientado acima, no entanto, buscou ter uma experiência para expandir a percepção da consciência. Muitos de nós na nossa consciência não alterada, sem o efeito psicoativo, no caso agora, especificamente da mescalina, não observamos as coisas, objetos naquilo que elas são de fato. Passando despercebidos, por não darmos valor como deveriam ser colocados, por nossos outros afazeres cotidianos são tidos como obsoletos que para o autor é o essencial nas suas sutilidades imperceptíveis que não são observados.
Comenta quando ingeriu, [...]. Que numa manhã de sol, “tomou quatro decigramas de mescalina, dissolvidos em meio copo d´água”. (Citação, pág. 24). A priori o que autor descreve, em sua experiência com mescalina, é que as tonalidades das cores tinham uma atração maior na percepção que nas formas geométricas. Na cadeira, nos livros, nas flores, ou nos quadros de pintura, (todos estes objetos considerados insignificantes, tornaram-se fascinantes). Cita também, vários pintores e suas obras, e as expõe com sua impressão, descrevendo as peculiaridades de cada obra artística. Muitos se perguntariam como ele conseguiu vislumbrar estas novas percepções? Na (página 32), Huxley explica sobre a válvula redutora, que são nosso cérebro e o nosso sistema nervoso, é ele que dificulta a abertura para o conhecimento de “outros mundos”: “De acordo com tal teoria, cada um de nós possui, em potencial, a Onisciência. Mas, visto que somos animais, o que mais nos preocupa é viver a todo o custo. Para tornar possível a sobrevivência biológica, a torrente da Onisciência tem de passar pelo estrangulamento da válvula redutora que são nosso cérebro e sistema nervoso. O que consegue coar-se através desse crivo é um minguado fio de conhecimento que nos auxilia a conservar a vida na superfície deste singular planeta”. Mais a frente ele explica que alguns indivíduos parecem ter nascido com uma espécie de desvio da válvula de redução, (página 33): “[...] algumas pessoas parecem ter nascido com uma espécie de desvio que invalida essa válvula redutora.
Em outras, o desvio pode surgir em caráter temporário, seja espontaneamente, seja como resultado de “exercícios espirituais” voluntários, do hipnotismo ou da ingestão de drogas”. O que ocorreu com Huxley após a ingestão da droga, foi que ele se tornou a parte de sua individualidade, o que se nomeia de despersonalização ou desindividualização. As coisas inerentes do dia-a-dia, que é comum a todos nós se tornaram irrelevantes naquele momento, era como se ele fosse o objeto que via. Na (pág. 43), ele comenta: “E, no entanto, um deles era minha esposa, e o outro, um homem que eu considerava e de quem muito gostava. Mas ambos pertenciam a um mundo do qual, naquela ocasião, a mescalina me havia tirado – o mundo dos personalismos, da dimensão tempo, dos julgamentos morais e das considerações utilitárias; o mundo – e era esse aspecto da vida humana que, acima de tudo, mais desejava esquecer – o mundo da autoafirmação, da convicção, da supervalorização da palavra e das noções idolatramente cultuadas”.