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terça-feira, 16 de abril de 2019

Robert D. Hare - Sem Consciência - 1ª Ed. 2013


Psicofarmacologia - Stahl 4ª Ed


 

sábado, 9 de setembro de 2017

A RELAÇÃO DA REJEIÇÃO PATERNA NA CONDUTA SEXUAL DE RISCO DAS MULHERES

Artigos, Rejeição Paterna, Psicologia, Transtorno da Personalidade Borderline, Relação Paterna
A partir do conhecimento de mulheres que foram rejeitadas por seus pais quando crianças, ou na pré-adolescência, e que na vida adulta tiveram uma vida desregrada, (inconstante nos relacionamentos de cunho sexual); é que este comportamento disfuncional, muito possivelmente, tenha relação nas rejeições imputadas dos pais. A rejeição paterna é identificada como um dos fatores para o desencadeamento do comportamento sexual disfuncional nas mulheres. O resultado disso é inúmeros relacionamentos que sempre fracassam, mas que tem como pano de fundo, compensar a frustração e a dor de terem sido desprezadas pelos pais.
Há um transtorno que é denominado de Transtorno da Personalidade Borderline, que faz com que mulheres apresentem um comportamento sexual de risco, (sem entrar na condição da perversão sexual ou da ninfomania). Vejamos algumas considerações referenciais, conforme o DSM-V, sobre esta psicopatologia: “Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline fazem esforços frenéticos para evitarem um abandono real ou imaginado (Critério 1). A percepção da separação ou rejeição iminente ou a perda da estrutura externa podem ocasionar profundas alterações na autoimagem, afeto, cognição e comportamento”. [...].
Outro ponto a ser considerado, é que a predominância é muito maior em mulheres, do que em homens. “O Transtorno da Personalidade Borderline é diagnosticado predominantemente em mulheres (cerca de 75%)”. [...]. “Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline tem um padrão de relacionamentos instáveis e intensos (Critério 2). Ele(a)s podem idealizar potenciais cuidadores ou amantes já no primeiro ou no segundo encontro, exigir que passem muito tempo juntos e compartilhar detalhes extremamente íntimos na fase inicial de um relacionamento. Pode haver, entretanto, uma rápida passagem da idealização para a desvalorização, por achar que a outra pessoa não se importa o suficiente, não dá o bastante, não está "ali" o suficiente”. (DSM-V).
A palavra "rejeição", surge dentro do contexto de diagnóstico, que nos traz o DSM-V, como critério 1, para o diagnóstico do transtorno já mencionado. Mas, gostaria de fazer um parênteses; não li ainda nenhum artigo científico, ou com referência bibliográfica, que coloca especificamente a “rejeição paterna”, como fator predominante para a manifestação do Transtorno da Personalidade Borderline (Obs. é óbvio que fica subentendido, que o DSM-V, utiliza o termo: rejeição de maneira generalizada, o que pressupõe a rejeição paterna) como um dos principais fatores para desencadear o Transtorno da Personalidade Borderline.
Através de tudo o que já vimos, fica o questionamento, "A rejeição paterna é um fator predominante, para o acometimento desse transtorno comportamental a estas mulheres?" A resposta é que 'sim', pois o pai exerce papel fundamental no desenvolvimento psicossexual dos filhos e filhas, neste caso agora específico as mulheres.
A constatação que diz o DSM-V, que já foi exposto é que elas idealizam na figura do parceiro sexual, a figura do pai ausente, não encontrando neste (desvalorização), vai em busca de outro; é como uma forma de diminuir a dor do trauma deixado pelo progenitor, o que jamais isso ocorrerá; isso é apenas uma forma de recalque para não se posicionar firmemente para a resolução do trauma.
Concluo o texto com algumas citações do artigo intitulado: A importância da figura paterna para o desenvolvimento infantil, da autora: Edyleine Belline Peroni Benczik. Vamos analisar algumas delas:

1) As teorias psicológicas e as pesquisas científicas afirmam e fundamentam o papel da figura paterna no desenvolvimento e no psiquismo infantil. É pressuposto da teoria psicanalítica o papel estruturante do pai, a partir da instauração do complexo de Édipo. Na trama familiar, o sujeito se constrói e sai do estado de natureza para ingressar na cultura. Freud, em seu trabalho Leonardo da Vinci e uma lembrança da sua infância, afirma: “na maioria dos seres humanos, tanto hoje como nos tempos primitivos, a necessidade de se apoiar numa autoridade de qualquer espécie é tão imperativa que seu mundo desmorona se essa autoridade é ameaçada”.
2) Para Aberatury (1991), o lugar do pai, entre seis e doze meses, não é tão destacado na literatura, como acontece com a figura materna, no entanto, o contato corporal entre o bebê e o pai, no cotidiano, é referência na organização psíquica da criança, devido à sua função estruturante para o desenvolvimento do ego.
3) A partir de um estudo de caso clínico e de uma rigorosa revisão da literatura, relacionada à importância da figura paterna na vida dos filhos, Eizirik e Bergamann afirmam que a ausência paterna tem potencial para gerar conflitos no desenvolvimento psicológico e cognitivo da criança, bem como influenciar o desenvolvimento de distúrbios de comportamento.
4) Segundo Muza, crianças que não convivem com o pai acabam tendo problemas de identificação sexual, dificuldades de reconhecer limites e de aprender regras de convivência social. Isso mostraria a dificuldade de internalização de um pai simbólico, capaz de representar a instância moral do indivíduo.
5) A privação do pai pode ter consequências graves, a longo prazo, com problemas na modulação e na intensidade do afeto. 6) O vazio promovido pela ausência do pai, segundo Ferrari, é formado pela noção das crianças de não serem amadas pelo genitor que está ausente, com uma grande desvalorização de si mesmas, em consequência disso. Além dessa autodesvalorização, ocorrem os sentimentos de culpa por a criança se achar má, por acreditar haver provocado à separação e até por ter nascido.

Como destacado nas citações, a importância do pai para o desenvolvimento dos filhos, é essencial para que haja o pleno desenvolvimento saudável do recém nascido(a).  Para que, quando adulto, não apresente dificuldades de interação social, comportamento disfuncional de afeto e problemas de ordem psíquica. Apesar de especificar o trato da importância relacional, entre pai-filho no artigo utilizado para contextualizar o texto, não podemos ignorar que a referência teórica, pode ser utilizada às mulheres, principalmente no que conferem os itens descritos acima: 3, 4 e 5. Como vimos e ratificado, os pais de meninas, têm um papel importante para as mulheres, principalmente no que diz respeito ao comportamento sem alterações anormais (fazemos uma alusão ao Transtorno da Personalidade Borderline); a importância de adquirir interesse moral; e a estruturação afetiva normal.


Referência:

BENCZIK., Edyleine Bellini Peroni. A importância da figura paterna para o desenvolvimento infantil. Rev. Psicopedagogia: Trabalho realizado no Psiquê - Núcleo de Psicologia, São Paulo, p.67-75, 18 jan. 2011.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Segunda e última parte: CÉU E INFERNO

Psicologia, Céu e inferno, Aldous Huxley, livro
Na segunda parte do livro: Céu e inferno, veremos o autor se utilizar de algumas figuras de linguagem, para ilustrar o quanto a nossa mente, possui regiões ainda a serem “desbravadas”, semelhante segundo o texto: “qual a terra de há um século, nossa mente ainda possui suas misteriosas Áfricas e Amazônias, seus ignotos bornéus”. (pág. 85). [...]. “A mente humana é composta do que poderemos chamar de um Velho Mundo de seu consciente e, para além de um mar divisório, de uma série de Novos Mundos – as não muito longínquas Virgínias e Carolinas de seu subconsciente coletivo, com sua flora de símbolos e suas tribos de hábitos nativos; e além, muito além, do outro lado de vasto oceano, finalmente os antípodas da consciência cotidiana – o mundo da Experiência visionária”. (pág. 86).
Um pouco mais a frente na página posterior, ele indaga a respeito de como se chegar ou transportar-se “do Velho para o Novo Mundo, do continente das vacas e dos cavalos familiares para o do canguru e do ornitorrinco”. (pág. 87). “Existem dois métodos para isso. Nenhum dos dois é perfeito, mas ambos são suficientemente eficientes, fáceis e seguros para justificar sua adoção por aqueles que sabem o que estão fazendo. No primeiro caso, a alma é transportada para seu longínquo destino por meio de uma droga – a mescalina ou o ácido lisérgico. No segundo, o veículo é de natureza psicológica, e a passagem para os antípodas da mente se faz pelo hipnotismo. Ambos os métodos transportam a percepção para a mesma região, mas a droga possui maior alcance e leva seus passageiros até mais longe, no interior da terra incógnita”. (pág. 87).
“Como e por que produz a hipnose tais efeitos? Não o sabemos, mas isso tampouco nos interessa, no caso presente. [...]. Quanto aos efeitos fisiológicos da mescalina, já possuímos algumas noções. Ela, possivelmente (pois ainda não temos certeza), interfere com os sistemas enzimáticos que regulam o funcionamento do cérebro. Tal atuação diminui a eficiência deste instrumento destinado a dirigir a mente para os problemas da vida na superfície de nosso planeta. Essa redução do que podemos chamar de eficiência biológica do cérebro parece permitir o acesso de certas classes de acontecimentos mentais ao consciente, acontecimentos esses que são normalmente eliminados por não possuírem valor, do ponto de vista da sobrevivência. [...]. Uma pessoa sob a influência da mescalina ou do ácido lisérgico deixará de ter visões se receber uma grande dose de ácido nicotínico. Isso explica a eficiência do jejum como produtor de visões. Reduzindo a taxa de açúcar disponível, o jejum reduz a eficiência biológica do cérebro e torna assim possível o acesso ao consciente de material desprovido de valor, do ponto de vista da sobrevivência. Além do mais, causando uma deficiência de vitaminas, remove do sangue aquele conhecido eliminador de visões – o ácido nicotínico. Outro inibidor das visões é a experiência rotineira, diária, perceptiva. Os psicologistas experimentais chegaram à conclusão de que, se confinarmos um homem a um “ambiente restrito”, onde não haja luz, ruído ou odores, e se mergulharmos em banho tépido, onde haja apenas um objeto quase imperceptível que ele possa tocar, o paciente em breve começará a “ver coisas”, “ouvir coisas” e a ter estranhas sensações no corpo”. (págs. 87 – 88).
Resumidamente, o autor conclui que os visionários, desejam chegar ao que ele denominou de antípodas da mente, não é só por objetivo de torturar o corpo para expiar pecados, mas [...]“Milarepa, em sua caverna no Himalaia, e os anacoretas da Tebaida seguiram, em essência, o mesmo método e atingiram, de modo geral, os mesmos resultados. Um milhar de quadros das Tentações de Santo Antônio dão testemunho da eficiência da dieta limitada e do ambiente restrito. É evidente que o ascetismo possui uma dupla motivação. Não é só por pretender expiar culpas passadas e evitar punições futuras que homens e mulheres torturam seus corpos; é também porque anseiam por visitar os antípodas da mante e fazer um pouco de vigelegiatura visionária. Sabem, empiricamente, e louvando-se em informações de outros ascetas, que o jejum e o ambiente confinado transportá-lo-ão aonde quer que desejem ir. Sua autopunição poderá ser a porta do paraíso. (Mas ela também pode se transformar – e este é um ponto que será examinado posteriormente – na porta para as regiões infernais)”. (pág. 89).
As experiências possuem uma regularidade, mas que são estranhas, mas com um ponto singular, que há neles é a experiência da luz. Tudo é muito iluminado “e parece possuir um fulgor que emana de si mesmo”. (pág. 89). A respeito dos sonhos para nós seres humanos, apresentarem ser preto e branco ele nos diz, “[...] o professor Calvin Hall, que tem coligido informações sobre muitos milhares de sonhos, diz-nos que cerca de dois terços de todos eles são em preto-e-branco”. A conclusão é, escreve o dr. Hall, “de que a presença da cor nos sonhos não nos proporciona qualquer informação sobre a personalidade do individuo.”[...] a explicação concernente é “o que é real é colorido; o que é fruto de nossa imaginação, associado ao poder criador de nosso intelecto, é desprovido de cores”. (págs. 90 – 91).
Todos os relatos descritos por experiências com visões, preservados em todas as culturas tradicionais, sobre os diversos mundos – “os mundos habitados pelos deuses, pelos espíritos dos mortos, pelo homem em seu primitivo estado de inocência”. (pág. 97). Há em todas as descrições “induzidas ou espontâneas” e “países de fadas da religião e do folclore” a semelhança conforme o relato do livro, de uma luz sobrenatural, de intensa cor, tais são as características de todos os outros mundos e idades áureas. Outro ponto a ser destacado, é que o brilho sobrenatural está ligado há uma beleza ingente, que não se pode descrevê-lo de tão inefável beleza. Alguns dos lugares, que as citarei suscintamente, para não me alongar nas narrativas são: 1) na tradição greco-romana o belíssimo jardim das Hesrépides, os campos Elísios e a radiosa ilha de Leuke, para a qual Aquiles foi transportado. 2) Menon foi para outra ilha iluminada, lá para o Levante. 3) Ulisses e Penélope viajaram na direção oposta com Circe, na Itália. 4) Ainda mais para o Oriente ficavam as ilhas da Bem-Aventurança, citadas em primeiro lugar por Hesíodo, e de cuja existência havia tanta certeza, ainda no sé. I a.C., que Sertório planejou enviar, da Espanha, uma frota para descobri-las. 5) Existem menções no folclore dos celtas e, do outro lado do mundo, no dos japoneses, ilhas encantadas maravilhosas. 6) Avalon , no extremo ocidental e, Horosain, no extremo oriental, se situa a terra de Uttarakuru – o outro mundo dos hindus. 7) Há uma citação no livro de Ezequiel na Bíblia, sobre o Jardim do Éden. 8) Outra descrição, é aferida no folclore dos celta e teutões; onde se fala muito pouco de pedras preciosas, mas que possuem outra substância que, para eles, era igualmente maravilhosa – o vidro. 9) Os gauleses possuíam uma terra bem-aventurada a que a descreveram de Ynisvitrin – a ilha do vidro; e um dos nomes do reino dos mortos dos germânicos era Glasberg – terra do vidro. Também o Apocalipse se refere ao Mar de Vidro.
Por este motivo que em todos os relatos antigos para os visionários, havia pedras preciosas, ouro, luz intensa e prédios, edifícios de uma cor sobrenatural, e é claro, as paisagens existentes com muitas árvores de um verdor arrebatador, frutos de um intenso brilho e cor, e dos rios azuis lindíssimos que banham estes paraísos. Estes atributos encontrados nestas visões elevavam a mente, para um êxtase ou arrebatamento da alma. A descrição a seguir, mostrará que os homens se influenciaram com estes relatos, condicionando na arquitetura de templos, igrejas, entre outros edifícios, vidraças coloridos, peças de ouro, prata de um polimento que enleva os circunspectos que os frequentam. Deixarei para citar, em outro momento particular, o que o livro, nos esclarece sobre a iniciativa de se utilizarem, pedras, peças polidas, vidros etc., nos diferentes edifícios, inclusive, nas visões em que há discrições do mesmo. Mas agora, farei uma explanação citatória, referente às paisagens na concepção do autor e de William Blake, “Blake, por exemplo, viu paisagens visionárias “de uma perfeição que vai além de tudo o que a Natureza mortal e transitória possa produzir” e “infinitamente mais perfeitas e ordenadas que quaisquer coisas jamais vistas por olhos humanos”. Eis uma descrição desse panorama visionário, feita por Blake em uma das reuniões em casa da sra. Aders: “Outro dia, à tardinha, andando a pé, cheguei a um prado e vi, em seu canto mais afastado, um curral de ovelhas. Num plano mais próximo, o solo estava coberto de flores; e tanto o curral repleto de juncos como seus lanudos inquilinos possuíam uma estranha beleza pastoral. Mas, quando voltei a olhar, já não havia mais rebanho vivo, e sim belas esculturas”. Representada com o auxilio das tintas, essa visão poderia, creio eu, lembrar a beleza inexcedível de um dos mais vigorosos esboços a óleo de Constable, que representa um animal no mágico estilo realista do carneiro aureolado de Zurbarán, hoje exposto no Museu de San Diego. Mas Blake jamais produziu qualquer coisa que, mesmo de longe, lembrasse um tal quadro. Ele se contentava em falar e escrever sobre os panoramas que divisava em suas visões e em se concentrar em seus desenhos do Querubim”. (págs. 115 – 116).
Mais a frente fará algumas elucubrações sobre alguns artistas que pintavam paisagens ou que enfim, que estas pinturas causavam enlevo, dos quais cita, Rousseau o Aduaneiro, de paisagens Sung, de longínquas montanhas, nuvens e torrentes [...]. Cita ainda, Claude Monet, sobre a obra os Nenúfares, quando conversava com Roger Fry – dizendo – “de serem tão horrivelmente desordenados, tão desprovidos de um plano de composição adequado. Estavam totalmente errados, do ponto de vista artístico. E, no entanto, ele se via forçado a admitir, e no entanto... E no entanto, devo acrescentar agora, eles eram arrebatadores”. (pág. 120).
O autor para finalizar o livro, faz um antagonismo diante dos fenômenos visionários. Se existem por um lado à visão do paraíso, por outro lado, ocorrerá para alguns a experiência angustiante do inferno. “Só me dediquei, até este momento, à experiência visionária bem-aventurada, a sua interpretação em termos de teologia e a sua tradução em arte. Mas nem sempre essa experiência é celestial. Por vezes ela é terrível. Há inferno do mesmo modo com há céu. [...]. A partir de então ele o autor fará um comentário sobre uma paciente de esquizofrenia, “mas a pobre Renée – a vitima da esquizofrenia – a iluminação é infernal: um intenso clarão elétrico sem uma sombra, ubíquo e implacável. Tudo o que, para o visionário são, é uma fonte de alegria, traz a Renée tão-somente pavor e um tétrico sentimento de irrealidade. O sol estival é maligno; o brilho das superfícies polidas não sugere gemas, e sim maquinaria e chapas esmaltadas; a intensidade de existência que anima cada objeto, quando examinado de perto e abstraído seu aspecto utilitário, é sentida como uma ameaça. E há, ainda, o horror infinito. Para o visionário são, a percepção do infinito em um finito particular é uma revelação de sublime imanência; para Renée, isso era uma comprovação do que ela chama o sistema – vasto mecanismo cósmico, que existe unicamente para produzir crime e castigo, solidão e irrealidade”. (pág. 124).
[...] A experiência visionária negativa é, frequentemente, seguida de sensações corpóreas de natureza bastante especial e característica. As visões felizes são, via de regra, associadas a uma sensação de separação do corpo, a um sentimento de despersonalização. (É, sem dúvida, esse sentimento que possibilita aos índios que praticam o culto do peiote usar a droga, não apenas como um atalho para atingir o mundo das visões, mas também como instrumento para criar uma solidariedade afetiva dentro do grupo de participantes.) Mas, quando as experiências visionárias são terríveis e o mundo se transfigura para pior, a individualização é intensificada e o visionário negativo sente-se preso a um corpo que parece tornar-se cada vez mais denso, mais comprimido, até que acaba por sentir-se reduzido à condição de torturada consciência de um aglutinado de matéria compacta, não maior que uma pedra que pudesse ser contida entre as mãos. Um pouco mais à frente nas próximas páginas, Huxley irá explanar sobre o tema inferno, com suas peculiaridades, que são o castigo e a opressão. Citará os pecadores de Dante que eram enterrados na lama, encerrados em troncos de árvores, aprisionados em blocos de gelo. (pág. 126). Ele comentará, que o inferno que sofreram, era psicologicamente verdadeiro; e dirá que muitas das punições que sofreram são experimentadas pelos esquizofrênicos. Não me alongarei sobre o assunto, pois oportunamente o quero citá-lo integralmente para um post posterior, com o tema: “o pecador arrependido e o fariseu”, mas, para encerrar o assunto desta última parte, ele faz uma análise do virtuoso, que é o racionalista e moralista, o associando ao fariseu. Justificando que, “o fariseu é um homem virtuoso; mas sua virtude é de uma espécie compatível com as emoções negativas. Suas experiências visionárias têm, pois, maiores possibilidades de serem infernais que bem-aventuradas”. (pág. 127).

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Como a Páscoa afeta nossa visão da vida?

Psicólogo fala sobre o impacto da Páscoa e da vivência da fé na saúde psíquica do ser humano

Para a maioria das pessoas que vivem no ocidente e boa parte do oriente a Páscoa é uma festa que faz parte do calendário oficial e celebra a ressurreição de Cristo, é considerada por muitos como a principal celebração cristã. Jesus Cristo sofreu a dor da traição e carregou sobre si os pecados da humanidade, foi crucificado, experimentando uma morte violenta e no terceiro dia ressurgiu do mundo dos mortos, venceu a morte e apareceu aos seus amigos instaurando um novo tempo na história da humanidade que se dividiria em antes e depois deste acontecimento. Veríamos a vida da mesma forma se não fosse o acontecimento da ressurreição de Cristo? Certamente que não. O fato de a humanidade ter evoluído na construção de parâmetros pacíficos de convivência, no desenvolvimento do direito, na ideia de amor ao próximo e no respeito às diversidades ao longo dos últimos dois milênios, estaria relacionado de alguma forma à ressurreição de Cristo? Não apenas à ressurreição, mas à Sua existência que culminou com a ressurreição. Hoje, quando os cristãos celebram a quaresma e a semana santa em preparação para a Páscoa, experimentam o exercício da disciplina, realizando jejuns e oferecendo sacrifícios de atitude, deixando de fazer algo que gostam ou de comer algo que gostam, ou até mesmo realizando atos de caridade em prol de alguém, é um tempo de um exercício de fé. Embora o objetivo seja espiritual e religioso, esta vivência pode afetar a vida das pessoas de forma muito positiva.

Fé e Saúde Psíquica


Vivemos em um tempo de individualismos, orquestrado pelo poder do tempo, onde as pessoas precisam fazer o máximo em menos tempo possível. As tecnologias não deixam de nos lembrar a todo instante que há alguém visualizando algo sobre nós, ou chamando nossa atenção, sejam os amigos, familiares e colegas ou sejam os anúncios publicitários, as abordagens comerciais e políticas ou as notícias e programas de entretenimentos com os quais nos identificamos, ou até mesmo os eventos esportivos que gostamos, sem falar dos apelos que nossa mente nos faz para adquirirmos este ou aquele presente para compensar nosso trabalho duro e falta de tempo para nós mesmos. Mas, de alguma forma as pessoas acreditam em algo que transcenda toda esta corrida maluca que empreendem todos os dias e é por isso que celebrar a Páscoa faz sentido para a saúde psíquica.
O fato intrigante para a comunidade científica, muitas vezes descrente, que se revela no Santo Sudário é um sinal contundente de que algo extraordinário aconteceu e que os cristãos creem ter sido a ressurreição de Cristo. Este acontecimento com marcas históricas e religiosas convida as pessoas a uma experiência de autotranscendência. Uma pessoa que consegue parar durante alguns dias e meditar sobre o sentido de sua vida em uma perspectiva de esperança para o futuro poderá enfrentar com muito mais eficácia os desafios do dia-a-dia. As pesquisas no campo da psicologia da religião nos revelam que as pessoas com fé apresentam maior propensão a superar problemas psíquicos e até mesmo biológicos, assim podemos encontrar no fato religioso da Páscoa um motivo a mais para enfrentarmos os problemas do presente e nos projetarmos com esperança para o futuro a ser construído.

Experimentando uma Vida Nova

De fato, os maiores problemas psicológicos estão relacionados em como as pessoas enfrentam os problemas do presente que muitas vezes estão relacionados ao passado. Criamos um modo de vida tão voltado para as coisas materiais e perecíveis que temos dificuldade para nos projetarmos para o futuro sem considerarmos as possibilidades de nossa morte, ou da perda dos bens materiais. Constantemente, pessoas se aproximam dos consultórios psicológicos se queixando de que a vida parece não ter sentido porque não conseguem se projetar para o futuro. A ressurreição de Cristo, por um lado, celebrada pelos cristãos, representa que não importa qual a situação em que se encontra um ser humano, nada poderá lhe privar de sua esperança, pois nem mesmo a morte que representa o maior sofrimento para a existência humana é capaz de ditar o fim último de uma vida, pois ela foi vencida pela ressurreição de Cristo.
Não é possível saber cientificamente tudo sobre a realidade humana, muito menos sobre a realidade religiosa e espiritual, mas o que sim sabemos é que quando as pessoas têm esperança no futuro, elas se tornam mais leves, elas são capazes de sorrir, de se sentirem livres e isto as possibilita realizar seus projetos, construir laços afetivos saudáveis, até mesmo amar sem ter medo de não ser correspondido. Certamente há muitas pessoas ao redor do globo que não são cristãs e não conhecem o fato da ressurreição, mas para os que creem não se pode dizer que este acontecimento passe despercebido e não possa gerar frutos positivos para a saúde psíquica. Se a morte pode, de alguma forma ser vencida, e o caminho ensinado por Cristo para vencê-la foi a vivência do amor, então porque não empreender todas as nossas forças para viver o amor em nossas vidas? Se até mesmo as religiões não cristãs pregam este amor, e se de alguma forma experimentamos que o amor é realmente algo bom para nós, o que teríamos a perder se nos empenhássemos nesta busca?


*Por Élison Santos* Élison Santos, Psicólogo e Palestrante. Atende adultos e adolescentes e é Terapeuta de Casais em São José dos Campos. Realiza aconselhamento psicológico Online através do Skype. É especialista em Análise Existencial e Logoterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Curitiba.

Fonte: https://noticias.cancaonova.com/mundo/como-pascoa-afeta-nossa-visao-da-vida/

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Primeira parte: AS PORTAS DA PERCEPÇÃO.

As portas da percepção

A RELAÇÃO ENTRE O CRISTIANISMO (IGREJA AMERICANA NATIVA) COM O PEIOTE (Págs. 70-73).

O impulso para superar a personalidade autoconsciente é, como já disse, um anseio capital da alma. Quando, seja por que razão, os seres humanos veem baldados os seus esforços para superarem a si mesmos pelo culto, pelas boas ações e pela atividade intelectual, tornam-se propensos a recorrer às drogas substitutas da religião – o álcool e as “pílulas inocentes” no moderno Ocidente, o álcool e o ópio no Oriente, o haxixe no mundo maometano, o álcool e a maconha na América Central, o álcool e a coca nos Andes, o álcool e os barbitúricos nas regiões mais adiantadas da América do Sul. Em Poisons sacrés, evresses divines [Venenos sagrados, êxtases divinos], Philippe de Félice escreveu exaustivamente, e com riqueza de documentação, sobre os laços imemoriais que ligam a religião à ingestão de drogas. A seguir, ora resumindo, ora transcrevendo, apresento suas conclusões: 
O emprego, para fins religiosos, de substâncias tóxicas, é “extraordinariamente difundido [...] As práticas estudadas neste volume podem ser observadas em qualquer região da terra, tanto entre povos primitivos como no seio daqueles que já atingiram um elevado índice de civilização. Não estamos, pois, lidando com fatos excepcionais que poderiam ser, com razão, postos à margem; mas com um fenômeno geral e, dentro da mais ampla acepção da palavra, humano; com um tipo de fenômeno que não pode ser desprezado por quem quer que busque descobrir que é a religião e quais as necessidades profundas a que ela tem de satisfazer”.
Teoricamente, cada um de nós deveria ser capaz de encontrar a autotranscendência a partir de uma forma de religião pura ou aplicada. Mas, na prática, parece ser sumamente improvável que esse anseio pelo apogeu seja algum dia realizável. Há (e é fora de dúvida que sempre houve) homens e mulheres virtuosos e pios, para quem, infelizmente, apenas a piedade não basta. O falecido G. K. Chesterton, que escrevia com lirismo idêntico tanto sobre a bebida quanto sobre a fé, pode servir de eloquente exemplo desse grupo.
As igrejas modernas, excluídas umas poucas seitas protestantes, toleram o álcool; no entanto, mesmo as mais tolerantes jamais procuram converter a bebida ao Cristianismo – isto é, sacramentar seu uso. O pio alcoólatra vê-se forçado a manter, em compartimentos estanques, sua religião e seu substituto para ela. E talvez isso seja inevitável. A bebida não pode ser incluída na liturgia, a não ser nas religiões que não dêem valor ao decoro. O culto de Baco ou da divindade celta da cerveja eram festins ruidosos e dissolutos. Os ritos Cristãos são incompatíveis com a embriaguez, ainda que de cunho religioso. Isso não prejudica os fabricantes de bebidas, mas é muito mau para o Cristianismo. Um sem-número de pessoas deseja experimentar a autotranscendência, e gostaria de encontra-la no tempo. Mas “as ovelhas famintas voltam-se para o céu e não são atendidas”. Tomam parte nos ritos, escutam os sermões, repetem orações; mas sua sede não se aplaca. Desapontadas, voltam-se para a garrafa. Ao menos por certo tempo, e de certa forma, encontram o que querem. A igreja pode continuar a ser frequentada; mas já não será mais do que o Banco Musical do Erewhon* de Butler. (*Erewhon, anagrama de nowhere (“lugar algum”), é o título abreviado de uma novela fantástica de Samuel Butler, escrita em 1872, que descreve um país cujo povo vira-se obrigado a destruir todas as máquinas para não ser por elas destruído). Deus pode continuar a ser reconhecido como tal, mas Ele só será concedia divindade no campo verbalístico, apenas em sentido estritamente figurado. O verdadeiro objeto de culto é a garrafa, e a única experiência religiosa é aquele estado de desregramento e belicosa euforia que se segue à ingestão do terceiro aperitivo.
Vemos, pois, que o Cristianismo e o álcool não se misturam nem poderiam fazê-lo. Já não há tanta incompatibilidade com relação à mescalina. Isso tem sido demonstrado por várias tribos de índios, desde o Texas até o Estado de Wisconsin. Entre essas tribos, encontram-se algumas tribos filiadas à Igreja Americana Nativa, seita cujo principal rito é uma espécie de Ágape Cristão Primitivo ou Festa do Amor, em que fatias de peiote substituem o pão e o vinho do sacramento. Esses índios americanos encaram o cacto como preciosa dádiva de Deus aos índios e consideram seus efeitos manifestação do divino Espírito.
O professor J. S. Slotkin – um dos pouquíssimos homens brancos que, até hoje, participaram dos ritos de uma congregação peiotista – relata, falando de seus companheiros de ritual, que eles “em absoluto ficam narcotizados ou embriagados [...] Jamais perdem o ritmo ou balbuciam, como aconteceria com indivíduos inebriados pelo álcool ou por estupefacientes [...] São todos calmos, corteses e respeitam-se uns aos outros. Jamais estive em qualquer templo de homens brancos onde pudesse encontrar tanto respeito e religiosidade”. Poderíamos perguntar: “Que estariam esses devotos e bem-comportados peiotistas sentindo?”. Claro que não há de ser o brando sentimento de virtude que embala o comum dos frequentadores do ofício dominical, durante noventa minutos de solidão. Nem mesmo esses fervorosos sentimentos, inspirados pelo Criador, no Redentor, no Juiz e no Espírito Santo, que animam os piedosos. Para esses membros da Igreja Americana Nativa, a experiência religiosa é algo de mais direto e esclarecedor, de mais espontâneo, e tem muito menos de produto imperfeito da mente superficial e restrita. Por vezes (ainda segundo as observações colhidas pelo dr. Slotkin) têm visões que podem ser até do Próprio Cristo. De outras, escutam a voz do Grande Espírito. Ainda em outras se apercebem da presença de Deus, bem como de suas falhas pessoais, as quais terão de ser corrigidas para que possa ser cumprida Sua Vontade. As consequências práticas dessa abertura química das Portas para o Outro Mundo parecem ser excelentes. O dr. Slotkin testemunha que os peiotistas habituais são, em geral, mais diligentes, mais temperantes (muitos são completamente abstêmios) e mais pacíficos que os não-peiotistas. Uma árvore que apresente frutos tão bons não pode ser condenada como maléfica. Ao sacramentar o uso do peiote, os índios da Igreja Americana Nativa fizeram algo que é, a um só tempo, psicologicamente correto e historicamente respeitável. Nos primeiros séculos do Cristianismo, muitos ritos e festas pagãos foram, por assim dizer batizados e postos ao serviço da Igreja. Essas festas não tinham nada de edificantes, mas aliviavam uma certa fome psicológica; e, em vez de tentar suprimi-las, os primeiros missionários tiveram o bom senso de aceitá-los pelo que de útil possuíam – e incorporá-las ao código da nova religião. [...].

Primeira parte: AS PORTAS DA PERCEPÇÃO.

As portas da percepção

No limiar do pânico e da lucidez (Págs. 59-60).

“[...] Diante de uma cadeira que parecia um Juízo Final – ou, para ser mais preciso, ante um Juízo Final que, depois de longo tempo e com considerável dificuldade, pude reconhecer como sendo uma cadeira -, eu me senti, de uma hora para outra, no limiar do pânico. Aquilo, percebi repentinamente, estava indo muito longe. Longe demais, muito embora marchasse para uma beleza sempre maior, para um sentido cada vez mais profundo. O temor, analisando-o retrospectivamente, foi o de me ver esmagado, desintegrado sob uma pressão de realidade muito superior à que uma mente, acostumada a viver a maior parte do tempo em um confortável mundo de símbolos, talvez pudesse suportar. Na literatura da experiência religiosa, abundam referências aos sofrimentos e terrores que esmagam os que se defrontam, com demasiada rapidez, face a face com qualquer manifestação do Mysterium Tremendum. Em uma linguagem teológica, esse temor é função da incompatibilidade entre o egotismo do homem e a pureza divina; entre a mesquinhez auto agravada do homem e o Deus Infinito. Segundo Boheme e William Law, podemos dizer que a Divina Luz, em toda a sua intensidade, só pode ser percebida pelas almas pecadoras sob a forma de chamas do purgatório. Doutrina praticamente idêntica é a exposta no livro tibetano dos mortos, pelo qual a alma que que desprega foge atormentada da Serena Luz do Vazio, e até mesmo das Luzes menos intensas, indo lançar-se, precipitadamente, na confortadora escuridão da personalidade, reencarnando-se em um recém-nascido, transformando-se até em animal, em um infeliz fantasma ou indo ter ao inferno. Há de preferir qualquer coisa ao ígneo refulgir da implacável realidade – qualquer coisa!”.

Primeira parte: AS PORTAS DA PERCEPÇÃO.

Evangelho, Marta e Maria, Artigo

Os contemplativos e os ativos (Págs. 47-50).

[...] E, entretanto, minha pergunta continuava sem resposta. Como conciliar essa percepção aguçada com uma justa preocupação pelas relações humanas, com os deveres e as tarefas inadiáveis, para não mencionar a caridade e a piedade atuantes? A velha disputa entre ativos e contemplativos estava sendo renovada – e renovada, creio eu, com uma violência sem precedentes. Pois, até aquela manhã, eu só conhecera a contemplação sob suas formas mais humildes e encontradiças – a divagação do pensamento; a arrebatada abstração na poesia, na pintura ou na música; a paciente espera pela inspiração, sem a qual mesmo o mais prosaico escritor não pode pretender realizar coisa alguma; como vislumbres acidentais da natureza “de algo muito mais profundamente interligado”, no dizer de Wordsworth; como o silêncio sistemático que leva, por vezes; à noção de um “obscuro saber”. Mas, desta feita, conheci a contemplação em sua pujança. Em sua pujança, sim, mas não em toda a sua plenitude. Pois, quando esta é atingida, a estrada que leva a Maria inclui a de Marta* (*Marta e Maria, irmãs de Lázaro, citadas no Novo Testamento, Evangelho de São Lucas. Nas alegorias cristãs, Marta simboliza a vida ativa; Maria, a contemplativa.) e eleva a contemplação, por assim dizer, a seu mais alto poder. A mescalina nos abre o acesso a Maria, mas fecha a porta que leva a Marta. Ela nos permite chegar à contemplação, mas a uma contemplação que é incompatível com a ação. Nos intervalos entre suas revelações, quem toma mescalina é capaz de sentir que, embora de certo modo tudo tenha a sublimidade que devera ter, por outro lado há nisso qualquer coisa de errado. [...]. “[...] O Pai Nosso contém menos de cinquenta palavras, e seis delas são dedicadas a pedir a Deus que não nos deixe cair em tentação. O contemplativo-passivo deixa de fazer muitas coisas que teria de realizar; mas para se dispor a uma tal atitude, ele precisa abster-se de praticar uma série de ações que não deveriam ser levadas a efeito. O mal, acentuou Pascal, seria muito diminuído se os homens aprendessem a permanecer serenamente em seus aposentos. Mas o contemplativo cuja percepção haja sido esclarecida não precisará permanecer encerrado em seus aposentos. Poderá sair para seus afazeres, tão perfeitamente satisfeito em contemplar e em ser uma parte da divina Ordem das Coisas, que nunca ver-se-á tentado a entregar-se ao que Traherme chamou de “impuros Artifícios do mundo”. Quando nos sentimos como se fôssemos os únicos herdeiros do universo, quando “o mar corre em nossas veias (...) e as estrelas são nossas joias”, quando todas as coisas parecem infinitas e sagradas , que motivos poderemos ter para a cobiça ou a soberba, para fome de poder ou para as formas mais doentias de prazer? Os contemplativos não são propensos a se tornarem jogadores, alcoviteiros ou ébrios; como regra, não pregam a intolerância nem promovem guerras; não são levados ao roubo, à fraude ou à opressão dos fracos. [...].

segunda-feira, 31 de julho de 2017

As portas da percepção: Céu e inferno. Primeira parte: AS PORTAS DA PERCEPÇÃO. Obra: 1954.

Aldous Huxley, livros
As portas da percepção, para quem não o (a) leu na integra ou na sua resenha, ele se trata da descrição do próprio autor do livro, Aldous Huxley sobre sua experiência de ingestão de mescalina. Huxley, “foi um escritor inglês e um dos mais proeminentes membros da família Huxley”. Enfatizo que não é minha intenção fazer qualquer discurso a favor ou contra o uso das drogas, (minhas convicções guardo-as comigo), mas sim, com o objetivo de fazer uma exposição pertinente a respeito do livro. Outro ponto que é preciso informar para os desinformados que Huxley não foi um apologista das drogas; no sentido a utilizá-las a fim de alienar-se do mundo (hedonismo), ou para experimentar uma “conversão mística”. Conforme no prefácio, o resenhista esclarece na citação: “Huxley fez do excesso da sabedoria e de curiosidade um caminho para o palácio do êxtase: é a razão que, percebendo sua insuficiência perante a pluralidade do mundo, busca uma abertura para novas formas de percepção que sejam uma alternativa ao solipsismo (essa perversão do idealismo) e ao behaviorismo (perversão do empirismo). (Prefácio, pág. 13).
Portanto, ele não foi um aficionado a drogar-se para obter prazer ou para a fuga da realidade como salientado acima, no entanto, buscou ter uma experiência para expandir a percepção da consciência. Muitos de nós na nossa consciência não alterada, sem o efeito psicoativo, no caso agora, especificamente da mescalina, não observamos as coisas, objetos naquilo que elas são de fato. Passando despercebidos, por não darmos valor como deveriam ser colocados, por nossos outros afazeres cotidianos são tidos como obsoletos que para o autor é o essencial nas suas sutilidades imperceptíveis que não são observados.
Comenta quando ingeriu, [...]. Que numa manhã de sol, “tomou quatro decigramas de mescalina, dissolvidos em meio copo d´água”. (Citação, pág. 24). A priori o que autor descreve, em sua experiência com mescalina, é que as tonalidades das cores tinham uma atração maior na percepção que nas formas geométricas. Na cadeira, nos livros, nas flores, ou nos quadros de pintura, (todos estes objetos considerados insignificantes, tornaram-se fascinantes). Cita também, vários pintores e suas obras, e as expõe com sua impressão, descrevendo as peculiaridades de cada obra artística. Muitos se perguntariam como ele conseguiu vislumbrar estas novas percepções? Na (página 32), Huxley explica sobre a válvula redutora, que são nosso cérebro e o nosso sistema nervoso, é ele que dificulta a abertura para o conhecimento de “outros mundos”: “De acordo com tal teoria, cada um de nós possui, em potencial, a Onisciência. Mas, visto que somos animais, o que mais nos preocupa é viver a todo o custo. Para tornar possível a sobrevivência biológica, a torrente da Onisciência tem de passar pelo estrangulamento da válvula redutora que são nosso cérebro e sistema nervoso. O que consegue coar-se através desse crivo é um minguado fio de conhecimento que nos auxilia a conservar a vida na superfície deste singular planeta”. Mais a frente ele explica que alguns indivíduos parecem ter nascido com uma espécie de desvio da válvula de redução, (página 33): “[...] algumas pessoas parecem ter nascido com uma espécie de desvio que invalida essa válvula redutora.
Em outras, o desvio pode surgir em caráter temporário, seja espontaneamente, seja como resultado de “exercícios espirituais” voluntários, do hipnotismo ou da ingestão de drogas”. O que ocorreu com Huxley após a ingestão da droga, foi que ele se tornou a parte de sua individualidade, o que se nomeia de despersonalização ou desindividualização. As coisas inerentes do dia-a-dia, que é comum a todos nós se tornaram irrelevantes naquele momento, era como se ele fosse o objeto que via. Na (pág. 43), ele comenta: “E, no entanto, um deles era minha esposa, e o outro, um homem que eu considerava e de quem muito gostava. Mas ambos pertenciam a um mundo do qual, naquela ocasião, a mescalina me havia tirado – o mundo dos personalismos, da dimensão tempo, dos julgamentos morais e das considerações utilitárias; o mundo – e era esse aspecto da vida humana que, acima de tudo, mais desejava esquecer – o mundo da autoafirmação, da convicção, da supervalorização da palavra e das noções idolatramente cultuadas”.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Logoterapia - A presença ignorada de Deus

Logoterapia, Viktor E. FranklNessa moldura de uma tal imagem do ser humano, contudo, falta simplesmente aquela característica ontológica fundamental da realidade humana que acabei denominando de “autotranscendência” da existência. Isso quer dizer que ser humano significa dirigir-se além de si mesmo, para algo diferente de si mesmo, para alguma coisa ou alguém. Em outras palavras, o interesse preponderante do ser humano não é por quaisquer condições internas dele próprio, sejam elas prazer ou equilíbrio interior, mas ele é orientado para o mundo lá fora, e neste mundo procura um sentido que pudesse realizar ou uma pessoa que pudesse amar. E, com base em sua auto compreensão ontológica pré-reflexiva, tem conhecimento de que ele se autorrealiza precisamente à medida que se esquece de si próprio [...].

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Viktor Frankl: Análise Existencial e Logoterapia

Viktor Emil Frankl; logoterapia, análise existencial; psicologia; Artigo
"A pessoa espiritual é perturbável, mas não destrutível por via de uma doença psicofísica. O que uma doença pode destruir o que ela pode desorganizar, é só o organismo psicofísico. Este organismo representa, todavia, tanto o espaço de ação da pessoa como o seu campo de expressão. A desorganização do organismo não significa menos, mas também não significa mais do que a obstrução do acesso à pessoa - nada mais! E isto devia ser o nosso credo psiquiátrico: esta crença absoluta no espírito pessoal, - esta crença "cega" na pessoa espiritual "invisível", mas indestrutível! Minhas senhoras e meus senhores, se eu não tivesse esta crença então preferia não ser médico". (Viktor E. Frankl).
"O espírito é, como tal, naturalmente invisível; a pseudo-metafísica espírita quer, todavia, torná-lo de algum modo visível. O espírito, como invisível, não se pode ver; em certo sentido, tem-se, portanto, de crer no "espírito". Todavia, a metafísica espiritista - na medida em que ela torna o espírito em alguma coisa visível, portanto, o quer ver -, numa palavra, a crença no espírito do "que vê o espírito", torna-se, exatamente, por isso, também uma superstição". (Viktor E. Frankl).
Tal como Bruno Bettelheim, Viktor Frankl sofreu a experiência dos campos de concentração nazistas, da qual resultou a obra Um Psiquiatra Deportado Testemunha. Frankl formulou a análise existencial em psiquiatria - cuja prática terapêutica é a logoterapia - antes dessa experiência terrível, mais precisamente em 1934. A análise existencial opõe-se à psicanálise. Para Frankl, a vontade de sentido é mais dominante na economia mental do homem que o princípio de prazer de Freud e a vontade de poder de Adler: os doentes de Frankl não sofrem somente de frustrações sexuais ou de complexos de inferioridade, mas é, a maioria das vezes, confrontados com um vazio existencial que lhes provoca vertigens. A neurose - vista como um tipo de existência ou de ser-no-mundo - revela um ser frustrado do sentido da vida. Frankl defende que a necessidade fundamental do homem não é nem a satisfação sexual nem a valorização de si, mas a plenitude de sentido. Ao automatismo freudiano de um aparelho mental, opõe a autonomia espiritual do homem que, no seu íntimo, é um ser responsável. A existência humana tem, ao mesmo tempo, o caráter de um problema, tal como a vida, e o caráter de uma resposta: não é o homem quem deve pôr a questão do sentido da vida, porque o interrogado é o próprio homem. Lançado no jogo do mundo, o homem é desafiado a dar uma resposta às questões que a sua vida lhe coloca. A resposta dada pelo homem é sempre uma resposta em ato. A análise existencial de Frankl encara a neurose como um tipo de existência: o objetivo do seu método terapêutico é conduzir o homem à consciência da sua responsabilidade. Aquilo que na logoterapia se torna consciente não é o instinto, como sucede na psicanálise, mas o espiritual: o homem é um ser responsável, porque não é somente ser de pulsão, mas também e fundamentalmente ser espiritual. Toda a ação terapêutica está centrada não nas pulsões, mas no inconsciente espiritual: a tarefa do psiquiatra é libertar a pessoa espiritual do handicap psicofísico.
Sören Kierkegaard definiu o homem como "uma síntese de alma e corpo" e, ao mesmo tempo, como "uma síntese do temporal e do eterno". A noção de homem incondicionado de Frankl está muito próxima da noção de existência humana de Kierkegaard, o que lhe permite criticar a problemática da terapêutica psicocirúrgica na sua relação controversa com a psicoterapia. Para facilitar a compreensão desta controvérsia médica, penso poder afirmar que Frankl censura basicamente o materialismo subjacente à utilização da psicocirúrgica, até porque ele próprio recomendou algumas vezes esse procedimento cirúrgico para aliviar os seus doentes do sofrimento desnecessário e sem sentido:
"Deixar sofrer um homem desnecessariamente é um erro médico".
A cirurgia cerebral é indicada não para privar o homem do sofrimento da esfera do eu - sofrimento necessário e com sentido, o que equivaleria à auto alienação, mas para aliviá-lo do sofrimento sem sentido, pondo o eu em descanso. Egas Moniz (1874-1955) recebeu o Prémio Nobel da Fisiologia e Medicina em 1949, prêmio partilhado com Walter Rudolf Hess (1881-1973), por ter desenvolvido a angiografia cerebral e a técnica de lobotomia frontal ou de leucotomia pré-frontal concebida como uma terapêutica para determinadas perturbações emocionais. Os mass media e muitos neurocientistas não perdoaram a Egas Moniz o fato de conceber a destruição de uma grande porção do encéfalo como uma forma de tratamento e, por isso, contam que este médico português acabou estranhamente paralisado por um tiro disparado na espinha por um dos seus pacientes lobotomizados. Portanto, foi feita justiça poética contra o médico português que, sem suporte teórico substancial, acreditava que podia corrigir o excesso de emoção através deste procedimento cirúrgico. De facto, nesse tempo sombrio, Klüver & Bucy mostraram que lesões no encéfalo podiam alterar o comportamento emocional e, na década de 30, John Fulton e Carlyle Jacobsen relataram que lesões do lobo frontal tinham efeitos calmantes nos chimpanzés.
Confiante no princípio segundo o qual se o sistema límbico controla a emoção, conforme estipulado pelo circuito de James Papez (hipocampo, hipotálamo e giro do cíngulo), então as pessoas com problemas emocionais - pacientes melancólicos, obsessivo-compulsivos e esquizofrênicos - podem ser clinicamente ajudadas, Egas Moniz não se inibiu e desenvolveu o procedimento cirúrgico da psicocirúrgica, aplicando-o aos seres humanos. Milhares de cirurgias foram realizadas em todo o mundo nos anos 40 e 50 do século XX, usando diversos procedimentos: os pacientes submetidos a estes procedimentos cirúrgicos, em especial os esquizofrênicos, tornaram-se meras sombras dos seus eus anteriores. Egas Moniz queria "golpear literalmente as associações delirantes" (Frankl) dos seus pacientes, como se o seu procedimento fosse uma intervenção cirúrgica na psique e como se o bisturi pudesse atingir a realidade da alma. A sua explicação redutora lembra o chamado delírio interpretativo racionalizante secundário. Segundo Frankl, a leucotomia não toca a pessoa espiritual - o seu eu inalterado, a sua existencialidade, mas apenas o organismo psicofísico - a sua facticidade: "O corpóreo é condição, mas não causa do psico-espiritual. A doença física limita as possibilidades de desenvolvimento da pessoa espiritual, e o tratamento somático restitui-lhas, dá-lhe, de novo, oportunidade para se desdobrar e isto ensina-nos a clínica. O que nós podemos explicar através da clínica é somente a diminuição das possibilidades do espiritual; mas podemos compreender a realidade do espiritual unicamente a partir de uma metaclínica" (Frankl). A lobotomia deixou de ser utilizada, exceto nos casos de perturbação obsessiva intratável, onde a operação moderna se limita a uma cingulotomia, em vez de uma lobotomia frontal completa.
A maioria dos neurocientistas tende a ser materialista na sua atividade experimental, embora o fisicalismo enquanto filosofia seja impensável: o materialismo radical auto-anula-se enquanto figura do pensamento. No entanto, no seio da própria ciência, surgiram críticas antimaterialistas que merecem atenção. Pioneiros geniais das neurociências tais como Charles Sherrington e W. Penfield abandonaram o materialismo, adotando a defesa da autonomia da alma, e John C. Eccles e Karl Popper defenderam sempre um dualismo interacionista. Alistar Hardy acusa as concepções monistas que predominam na comunidade científica de serem excessivamente perigosas para o futuro da civilização, porque estas ideias convertem a dimensão espiritual do homem simplesmente num produto superficial de um processo material. O dogma fisicalista é tão injustificável quanto os dogmas mais absurdos da Igreja Medieval. Diversos psiquiatras mostraram que a crença no reducionismo tem um efeito desastroso e nefasto sobre a saúde mental, especialmente sobre a prudência e o juízo do homem. Viktor Frankl acredita que uma das maiores ameaças à saúde mental é o vazio existencial. Com efeito, o número de pacientes (20%) afligidos pelo sentimento de vacuidade interior - o sentimento de total e absoluta falta de sentido da vida, especialmente em face da morte, que recorrem à ajuda clínica, aumenta assustadoramente em todo o mundo, sobretudo nos países ocidentais.
Frankl pensa que esta perturbação é o resultado direto e desastroso da negação do valor e de uma vida com valor - atitude característica da moderna sociedade cientificamente orientada, ou seja, da crença de que, como a ciência é, em grande medida, reducionista quanto à sua técnica, o reducionismo é a única filosofia em que devemos crer. Para Frankl, existe no homem uma tendência intrínseca para procurar significados que possa compreender e valores que possa atualizar. O reducionismo predominante mais não é do que um disfarce do niilismo que, na sua versão atual, deixou de anunciar o "nada" para afirmar simplesmente "nada mais do que": a psiquiatria, a psicoterapia e a psicanálise apresentam o homem como um ser reflexo ou um feixe de instintos, como ser condicionado, acionado e determinado, ora pelo complexo de Édipo, ora por sentimentos de inferioridade. Ora, afirmar que o homem nada mais é do que feixe de reflexos ou feixe de pulsões é apresentá-lo como "uma marionete - ou, como se diz hoje em dia, um zumbi - que esperneia por meio de fios, ora ridiculamente visíveis, ora escondidos" (Frankl).
O homem é algo mais do que aquilo que pode ser explicado completamente pelo biológico, psicológico e sociológico: o biologismo, o psicologismo e o sociologismo pecam contra o espiritual, construindo imagens do homem que ameaçam o próprio homem e que o impedem de alcançar um humanismo: "Enquanto virmos no homem somente isto ou aquilo condicionado, enquanto não virmos no homem também o incondicionado, não descobrimos o verdadeiro homem, o Homo Humanus, mas sim uma espécie de homúnculus. A partir do biologismo, psicologismo e sociologismo não há qualquer caminho para o humanismo, mas para um simples homunculismo!" (Frankl). Nesta perspectiva que aponta para um pensamento metaclínico, o verdadeiro niilismo não é o existencialismo, que afirma a irredutibilidade do ser humano, recusando tratá-lo como coisa entre coisas, mas o reducionismo que, nas escolas e nas universidades, socializa as pessoas, levando-as a crer na concepção reducionista do homem e na visão reducionista da vida – o clericalismo científico, segundo a expressão feliz de Teixeira de Pascoaes. O vazio existencial é, portanto, a frustração da força motivacional fundamental do homem: a vontade de sentido, completamente distinta da vontade de poder dos adlerianos e do desejo de prazer dos freudianos.
Hyman confirmou esta perspectiva existencial nos seus pacientes submetidos à cirurgia cerebral: a procura de sentido é uma força motivacional básica do animal symbolicum (Ernst Cassirer). Esta descoberta da necessidade de sentido no ser humano levou Frankl a tomar uma posição oposta à de Freud a respeito da religião. A teoria freudiana da religião é sobejamente conhecida: Deus mais não é do que uma imagem interiorizada do pai todo-poderoso e a religião, uma neurose obsessiva. Frankl rompe claramente com esta noção de Deus, defendendo a solidez da ideia de Deus na sua obra O Deus Inconsciente. Além disso, certas neuroses são produzidas pelo recalcamento da religiosidade. Frankl não proclama uma determinada religião universal: o que ele pensa é que o homem caminha para uma religião pessoal, na qual cada um descobrirá a sua própria linguagem. De certo modo, a religião pessoal decorre do próprio processo de secularização da sociedade e da consciência e do seu corolário - a privatização da religião. A afirmação de Marx segundo a qual:
"a religião dos trabalhadores não conhece Deus dado que procura restaurar a divindade do homem"
Que chocou Henri de Lubac e que foi completamente explicitada por Ernst Bloch, vai ao encontro da noção de que os homens diferentes têm valor diferente, mas dignidade igual: a dignidade incondicional de todos os seres humanos, incluindo os psicóticos, os doentes e os que sofrem. O homem é condicionalmente um ser (espiritual) incondicionado: "O homem é mais do que organismo psicofísico; ele é pessoa espiritual. Como tal, ele é livre e responsável - livre do psicofísico e livre para a realização de valores e a satisfação mental da sua existência (Dasein)" (Frankl). O homem luta não só pela existência, mas também e, sobretudo por um conteúdo da existência: a tarefa mais notável da ação psiquiátrica é ajudá-lo nesta luta por um sentido da existência e pelo auxílio recíproco na descoberta do sentido. A imagem do homem esboçada por Frankl não oferece soluções definitivas para os problemas metaclínicos - as perguntas eternas da humanidade pensante: o seu objetivo é estimular as pessoas e convidá-las para o pensamento metaclínico, convocando-as para a necessidade de uma decisão. Num sentido amplo, a concepção frankliana da religião e do seu papel essencial na vida e na promoção da saúde das pessoas foi recentemente suportada empiricamente pela pesquisa no domínio da neurociência espiritual (D'Aquili & Newberg, 2000, Lee & Newberg, 2005, Newberg & Lee, 2005): a religião não só desempenha um papel crucial na vida de milhares de pessoas, como também exerce um efeito positivo sobre a sua saúde.

Referência:

https://www.algosobre.com.br/psicologia/viktor-frankl-analise-existencial-e-logoterapia.htm

terça-feira, 18 de abril de 2017

Logoterapia: A psicoterapia existencial humanista de Viktor Emil Frankl. Parte 9. (Por Estudando Psi - YouTube)


Logoterapia: A psicoterapia existencial humanista de Viktor Emil Frankl. Parte 8. (Por Estudando Psi - YouTube)

Logoterapia: A psicoterapia existencial humanista de Viktor Emil Frankl. Parte 7. (Por Estudando Psi - YouTube)

Logoterapia: A psicoterapia existencial humanista de Viktor Emil Frankl. Parte 6. (Por Estudando Psi - YouTube)

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Logoterapia: A psicoterapia existencial humanista de Viktor Emil Frankl. Parte 5. (Por Estudando Psi - YouTube)


sábado, 15 de abril de 2017

Logoterapia: A psicoterapia existencial humanista de Viktor Emil Frankl. Parte 4. (Por Estudando Psi - YouTube)


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quinta-feira, 13 de abril de 2017

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sábado, 11 de fevereiro de 2017

Logoterapia: A psicoterapia existencial humanista de Viktor Emil Frankl. (Por Estudando Psi - YouTube)

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