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domingo, 25 de fevereiro de 2024

MUITOS DOS PRIMEIROS SERÃO OS ÚLTIMOS, E MUITOS DOS ÚLTIMOS, OS PRIMEIROS! (PARTE FINAL)


MUITOS DOS PRIMEIROS SERÃO OS ÚLTIMOS, E MUITOS DOS ÚLTIMOS, OS PRIMEIROS! (1ª PARTE); Jesus Cristo; Evangelho; ricos e pobres
O jovem rico

O Senhor Jesus Cristo faz uma descrição comparativa entre dois exemplos de cristãos: o rico e o pobre. Os ricos que praticam os mandamentos de Jesus, e os pobres que fielmente os fazem serão salvos. Com a ressalva que no Reino dos Céus, o menor (pobre) que foi aqui na terra, isto é, os desprezados, humilhados, e que se despojaram das riquezas, da fama e de qualquer outro poder deste mundo. E que se puseram a servir com humildade ao Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, serão grandes e galardoados no céu: Disse lhe então o moço: "Tudo isso tenho guardado. Que me falta ainda?" Jesus lhe respondeu: "Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me". O moço, ouvindo essa palavra, saiu pesaroso, pois era possuidor de muitos bens. Então Jesus disse aos seus discípulos: "Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no Reino dos Céus. E vos digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus". Mt 19:20-24

Os discípulos de Jesus ficaram perplexos e se indagaram, porque o Senhor havia dito: “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, do que de um rico entrar no Reino dos Céus”. Mt 19:24. Então, eles perguntaram, se é “impossível” um rico ser salvo, quem poderá se salvar? Jesus, fitando-os, disse: "Ao homem isso é impossível, mas a Deus tudo é possível". Mt 19:26. Os seguidores do Senhor e nós muitas vezes não conseguimos interpretar, ou receber de Deus o significado das parábolas e expressões que Jesus nos comunicava. Há uma passagem bíblica que diz, “onde estiver o vosso coração [3], ali estará o vosso tesouro”. 
O que prejudicava o jovem rico era a riqueza, pois por causa delas não tinha o coração voltado para as coisas de Deus. Sua comunhão com Deus estava comprometida, justamente por ter a confiança e o seu apego voltados unicamente para as riquezas. 
O Senhor Jesus alertou-nos sobre os perigos de servir a dois senhores: “Ninguém pode servir a dois senhores. Com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro”. Mt 6:24. No texto bíblico do Evangelho de Mateus, analisamos todo o contexto da narrativa:

Ao ouvirem isso os discípulos ficaram muito espantados e disseram: "Quem poderá então salvar-se?" Jesus, fitando-os, disse: "Ao homem isso é impossível, mas a Deus tudo é possível". Pedro, tomando então a palavra, disse: "Eis que nós deixamos tudo e te seguimos. O que é que vamos receber?" Disse lhe Jesus: "Em verdade vos digo que, quando as coisas forem renovadas, e o Filho do Homem se assentar no seu trono de glória, também vós, que me seguistes, vos sentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por causa do meu nome, receberá muito mais e herdará a vida eterna. Muitos dos primeiros serão últimos, e muitos dos últimos, primeiros. Mt 19:25-30

O Sermão das Bem-Aventuranças

Em certa ocasião, o Senhor Jesus comentou com os discípulos, a respeito de João Batista [4], dizendo, que dentre os nascidos de mulher, ninguém era maior que João. Porém o menor no Reino dos Céus, seria maior que ele. Jesus novamente fez uma afirmação de que os pequenos, os desprezados e os que se fizeram, ou foram pobres no mundo, mas que os serviram, serão maiores que João Batista. Fazendo uma relação entre a pessoa de João e os ricos cristãos, façamos a seguinte pergunta, quem deles será o maior no Reino de Deus? A resposta é clara, pois é óbvio que João Batista será maior no reino celestial, do que os ricos deste mundo. Porquanto eles já receberam o galardão terreno, tiveram um alto padrão de vida, não sofreram com o frio e o calor; não viveram uma vida solitária e angustiante. Possuíram muitos amigos que os tratavam bem; tiveram inumeráveis dias de lazer e festas; praticavam esportes; viajavam pelo mundo, conhecendo lugares exuberantes em resorts e hotéis de luxo; degustaram as comidas mais requintadas nos melhores restaurantes e etc. No sermão das Bem-Aventuranças, nós verificamos a confirmação dessas afirmações:

Desceu com eles e parou num lugar plano, onde havia numeroso grupo de discípulos e imensa multidão de pessoas de toda a Judéia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e Sidônia. Tinham vindo para ouvi-lo e ser curados de suas doenças. Os atormentados por espíritos impuros também eram curados. E toda a multidão procurava tocá-lo, porque dele saía uma força que a todos curava. Erguendo então os olhos para os seus discípulos, dizia: "Bem aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus. Bem aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem aventurados sereis quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem, insultarem e proscreverem vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem. Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque no céu será grande a vossa recompensa; pois do mesmo modo seus pais tratavam os profetas. Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes a vossa consolação! Ai de vós, que agora estais saciados, porque tereis fome! Ai de vós, que agora rides, porque conhecereis o luto e as lágrimas! Ai de vós, quando todos vos bendisserem, pois do mesmo modo seus pais tratavam os falsos profetas. Lc 6:17-26

Portanto o que mais tiramos de lição sobre o que foi abordado neste tema, é que as riquezas só são boas, quando isentas de impiedade. Reafirmando que existem pessoas [5] que possuem grande poder aquisitivo, e que poderiam muito bem desfrutar da vida: “vivendo a vida inteiramente acomodados”, mas, por causa da obediência a Cristo, negaram-se a si mesmos, optando por servi-lo nas pessoas dos nossos "irmãos menores". Dedicam-se dia e noite na fé e nas boas obras. Prestando culto a Deus e servindo-o; através da disponibilidade de cuidar dos doentes; de visitar os encarcerados; de acolher os moradores em situação de rua, enfim, a todos que incontestavelmente, estão sobrevivendo diante do descaso e, indiferença de um mundo cada vez mais egoísta e sem amor ao próximo. No dia do juízo final, na segunda vinda de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, ele virá para exercer a justiça e para compensar, os que tiveram a coragem de renunciar à impiedade, aos prazeres e às riquezas injustas:

Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória. E serão reunidas em sua presença todas as nações e ele separará os homens uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, E porá as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então dirá o rei aos que estiverem à sua direita: 'Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver me'. Então os justos lhe responderão: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te alimentamos, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos forasteiro e te recolhemos ou nu e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te ver?' Ao que lhes responderá o rei: 'Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes'. Em seguida, dirá aos que estiverem à sua esquerda: 'Apartai vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer. Tive sede e não me destes de beber. Fui forasteiro e não me recolhestes. Estive nu e não me vestistes, doente e preso, e não me visitastes'. Então, também eles responderão: 'Senhor, quando é que te vimos com fome ou com sede, forasteiro ou nu, doente ou preso e não te servimos?' E ele responderá com estas palavras: 'Em verdade vos digo: todas as vezes que o deixastes de fazer a um desses pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer'. E irão estes para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna". Mt 25:31-46




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1. MEU DEUS, O Senhor sempre age com justiça quando eu levo algum problema à sua presença. Agora eu quero fazer uma queixa: por que as pessoas más e desonestas sobem na vida e ficam ricas? Por que os falsos e pecadores vivem felizes e tranqüilos? O Senhor planta essa gente, ela cria raízes e enriquece. Seus lucros aumentam a cada dia. Eles dizem: "Graças a Deus! ", mas é tudo da boca para fora. No fundo do coração, não dão importância ao Senhor. Mas veja o que acontece comigo, pobre e desprezado. O Senhor conhece bem o meu coração, sabe como eu O amo. Ó Deus, leve embora esse povo, como ovelhas indo para o matadouro; dê a ele um terrível castigo! Até quando nossa terra vai ter de suportar as maldades dessa gente? A relva do campo seca por causa desses pecados, os animais e as aves morrem porque os homens desobedecem a Deus, e ainda dizem: Essas ameaças de castigo que Jeremias anda anunciando nunca acontecerão! " Jr 12:1-4

3. Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e o caruncho os corroem e onde os ladrões arrombam e roubam, mas ajuntai para vós tesouros nos céus, onde nem a traça, nem o caruncho corroem e onde os ladrões não arrombam nem roubam; pois onde está o teu tesouro aí estará também teu coração. Mt 6:19-21

4. Tendo partido os enviados de João, Jesus começou a falar às multidões a respeito de João: "Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Mas que fostes ver? Um homem vestido com vestes finas? Ora, os que usam vestes suntuosas e vivem em delícias estão nos palácios reais. Então, que fostes ver? Um profeta? Eu vos afirmo que sim, e mais do que um profeta. É dele que está escrito: Eis que eu envio meu mensageiro à tua frente, ele preparará o teu caminho diante de ti. Digo vos que dentre os nascidos de mulher não há um maior do que João; mas o menor no Reino de Deus é maior do que ele." Lc 7:24-28

5. ALELUIA! GLÓRIA AO Senhor! Quem ama e obedece ao Senhor e cumpre com alegria os seus mandamentos tem uma vida cheia de bênçãos e alegrias! Sua família será rica e famosa em toda a terra; os filhos e netos deste homem direito serão abençoados por Deus. Ele será rico e sempre lembrado pelas coisas boas que fez. Quando ele estiver cercado pela escuridão, Deus iluminará o seu caminho. Por isso, ele é bondoso, gosta de ajudar os outros e sempre age com justiça. Este homem bom sente grande alegria em ajudar os necessitados com seus bens e sempre realiza seus negócios com honestidade. Ele nunca será derrotado pelas dificuldades da vida e todos se lembrarão dele como um homem justo. Ele não tem medo de más notícias porque o seu coração confia totalmente no Senhor e ele tem uma base firme para sua vida. Por isso, não tem medo de seus inimigos; sabe que Deus o ajudará a vencer. Ele reparte seus bens, ajuda os pobres e necessitados. E assim, será sempre lembrado pelas suas boas obras. Ele terá muita influência e honra em sua sociedade. Os pecadores perversos ficarão furiosos vendo isso; rangerão os dentes e desaparecerão, sem esperança de conseguir sucesso. Sl 112:1-10





Referências


Bíblia Sagrada

Nuno, Fernando. Antônio: O santo do amor. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

MUITOS DOS PRIMEIROS SERÃO OS ÚLTIMOS, E MUITOS DOS ÚLTIMOS, OS PRIMEIROS! (1ª PARTE)


MUITOS DOS PRIMEIROS SERÃO OS ÚLTIMOS, E MUITOS DOS ÚLTIMOS, OS PRIMEIROS! (1ª PARTE); Jesus Cristo; Evangelho; ricos e pobres
Então disse Jesus aos seus discípulos: "Se alguém quer vir após mim, negue se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.  Pois aquele que quiser salvar a sua vida, vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. De fato, que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro mas arruinar a sua vida? Ou que poderá o homem dar em troca de sua vida? Pois o Filho do Homem há de vir na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com o seu comportamento. Em verdade vos digo que alguns dos que aqui estão não provarão a morte até que vejam o Filho do Homem vindo em seu Reino". Mt 16:24-28


Quando observamos alguém bem-sucedido, logo o proclamamos uma pessoa bem aventurada, abençoada, feliz, rica... Não faltam adjetivos para dirigir elogios à pessoa que triunfa nos negócios, na empresa, na família e etc. Deste modo o mundo valoriza àqueles que triunfam na sociedade. O oposto desses são os pobres, pois o mundo os tem por escória, são tidos como abomináveis para os ímpios e orgulhosos. Para os ricos, orgulhosos e avarentos que os veem, eles não passam de inúteis; porque não produzem economicamente, sobrevivem à mercê de programas sociais e donativos.

E, muitos de nós somos persuadidos a odiá-los por tudo de ruim que falam deles, e, ao vermos os abastados “prosperando na vida [1],” e gozando daquilo que conquistaram, presumimos que eles têm Deus e não os miseráveis. Estes, portanto, são excluídos e negligenciados por uma classe segregadora e elitista que visa somente enaltecer os poderosos. “Atentai para isto, meus amados irmãos: Não escolheu Deus os pobres em bens deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam? E, no entanto, vós desprezais o pobre! Ora, não são os ricos que vos oprimem, os que vos arrastam aos tribunais? Não são eles os que blasfemam contra o nome sublime que foi invocado sobre vós?” Tg 2:5-7

Isso, porém, que aos homens é deslumbrado como imponente, atraindo os olhares de admiração à beleza; para aqueles que conquistam o sucesso e a fama não tem valor algum diante de Deus Pai. Um exemplo disso, observamos no livro de 1Samuel quando o Profeta Samuel foi até a cidade onde morava Davi, para o ungi-lo rei. Nos primeiros instantes, Samuel titubeou, escolhendo um dos irmãos de Davi, pois era um jovem belo e de estatura alta, mas, Deus disse a ele, que não era este o que havia escolhido: Samuel fez o que o SENHOR lhe disse, e foi a Belém. Os anciãos da cidade, apavorados, vieram-lhe ao encontro e perguntaram: “É de paz a tua vinda? ” — “Sim, é de paz”, respondeu Samuel. “Vim para fazer um sacrifício ao SENHOR. Purificai-vos e vinde comigo, para o sacrifício”. Ele purificou então Jessé e seus filhos e convidou-os para o sacrifício. Assim que chegaram, Samuel viu a Eliab, e disse consigo: “Certamente é este o ungido do SENHOR! ” Mas o SENHOR disse-lhe: “Não te impressiones com a sua aparência, nem com a sua grande estatura; não é este que eu quero. Meu olhar não é o dos homens: o homem vê a aparência, o SENHOR vê o coração”. 1Sm 16:4-7

Dando continuidade ao texto, veremos que os pais de Davi, o chamam para participar da refeição: Samuel perguntou a Jessé: “Todos os teus filhos estão aqui? ” Jessé respondeu: “Resta ainda o mais novo, que está cuidando do rebanho”. E Samuel ordenou a Jessé: “Manda buscá-lo, pois não nos sentaremos para comer enquanto ele não chegar”. Jessé mandou buscá-lo. Era ruivo, de belos olhos e de aparência formosa. E o SENHOR disse: “Levanta-te, unge-o: é este! Davi por ser o filho mais novo, e podemos inferir, inexperiente, foi delegado por seus pais, no serviço e o cuidado das ovelhas. Examinamos nestes versículos, o quanto Deus ama e preza, pelos desprezados e considerados insignificantes para um povoado ou uma sociedade, e, especificamente neste caso, a sua própria família. Davi, que posteriormente, se tornaria Rei de Israel, não veio de uma família abastada, ou proveniente da monarquia. Deus em sua infinita soberania e poder, escolheu ungir alguém que veio de baixo, por ter vivido e sentido as mesmas humilhações que os pobres viviam, para que ele, então, fizesse justiça aos menos favorecidos. Pois, o Senhor, sabia que Davi faria a sua vontade, ao contrário de Saul, seu predecessor que foi rebelde e desobediente às suas ordens. “Reinou Davi sobre todo o Israel, administrando a justiça e o direito a todo o seu povo”. 2Sm 8:15

Os dízimos e as ofertas

Muitos que afirmam que o dízimo é para o nosso tempo, muitas vezes, omitem ou não deixam claro, qual o objetivo real dos dízimos e das ofertas. Já ouvi pastor falar que a igreja não é instituição de caridade. Que não é função social da denominação auxiliar os pobres, mendigos e moradores de rua, porque essa função é prioridade somente dos governos. Eles só se “esquecem”, de que no livro de Deuteronômio e, em outros livros do AT, que tratam sobre o assunto; enfatizarem que os dízimos eram disponibilizados para o sustento dos levitas. (o que podemos associá-los nos nossos dias aos pastores, e aos que anunciam o Evangelho). “Os levitas eram uma das doze tribos de Israel, que não tinham as mesmas prerrogativas, ou direitos como as demais outras tribos, pois eles foram escolhidos por Deus para o serviço do Templo”. E não somente para a provisão dos levitas, mas era usado para auxiliar no mantimento dos órfãos, das viúvas e dos estrangeiros [2]. De um modo geral, a todos que se encontravam em situação de miséria, que sofriam por não terem o que comerem e nem onde se abrigarem:

Todos os anos separarás o dízimo de todo o produto da tua semeadura que o campo produzir, e diante de Iahweh teu Deus, no lugar que ele houver escolhido para aí fazer habitar o seu nome, comerás o dízimo do teu trigo, do teu vinho novo e do teu óleo, como também os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas, para que aprendas continuamente a temer a Iahweh teu Deus. Caso o caminho seja longo demais para ti, e não possas levar o dízimo — porque o lugar que Iahweh teu Deus escolheu para aí colocar o seu nome fica muito longe de ti, quando Iahweh teu Deus te houver abençoado, — vende-o então por dinheiro, toma o dinheiro em tua mão e vai para o lugar que Iahweh teu Deus houver escolhido. Lá trocarás o dinheiro por tudo o que desejares: vacas, ovelhas, vinho, bebida embriagante, tudo enfim que te apetecer. Comerás lá, diante de Iahweh teu Deus, e te alegrarás, tu e a tua família. Quanto ao levita que mora nas tuas cidades, não o abandonarás, pois ele não tem parte nem herança contigo. A cada três anos tomarás o dízimo da tua colheita no terceiro ano e o colocarás em tuas portas. [2] Virá então o levita (pois ele não tem parte nem herança contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que vivem nas tuas cidades, e eles comerão e se saciarão. Deste modo Iahweh teu Deus te abençoará em todo trabalho que a tua mão realizar. Dt 14:22-29

Os ricos ímpios e avarentos

Aprendemos que a predileção especial de Deus é para com os mais fracos, tanto os desprovidos de apoio espiritual e daqueles que não possuem o necessário para sobreviverem com dignidade. Não podemos, contudo, demonizar todos os ricos, pois existem pessoas bem sucedidas que são humildes e que se solidarizam com os mais vulneráveis da sociedade. Conforme, exposto, Deus não é totalmente contra os ricos. O que o deixa irritado é o rico ímpio, avarento e insensato, pois só busca os seus interesses, e não se preocupa com ninguém: além dele, da sua família e de seus amigos. Trago para vocês um fato curioso sobre a história de Santo Antônio, quando ele fazia a homilia no enterro de um rico de Florença: “Em outro caso, que mais tarde também se difundirá – embora nem sempre seja atribuído a Santo Antônio –, conta-se que ele chegou a Florença quando havia acabado de morrer um dos homens mais ricos da cidade.

Durante a missa de corpo presente, na igreja repleta, Antônio dá o tema do sermão: “Onde estiver o seu tesouro, ali estará também o seu coração”. E desenvolve uma bela homilia sobre a avareza e a mesquinhez, enfatizando o conhecido argumento de que riquezas acumuladas não trilham o caminho do céu, a este mundo pertencem, e que todos nós , quando mortos, chegamos pobres e desprovidos delas ao outro lado, e assim nos apresentamos diante do Senhor. Como tantos outros, aquele homem dedicara o coração a seu tesouro, e só nele encontrava descanso. Por isso, se procurassem bem, o coração do avarento seria encontrado no meio de suas riquezas.

A princípio, os fiéis ali reunidos tomam essas palavras como uma parábola. No entanto, ocorre a alguém da família, conhecedor da clarividência do frade santo, abrir as arcas do tesouro do falecido. Ali, na presença de outros parentes e amigos, descobre, para estupor de todos, o coração do morto, ainda palpitante, a sangrar entre as moedas de outro tão afanosamente acumuladas”. (NUNO, Fernando p. 204-205). Esse relato extraordinário de Santo Antônio, está interligado à parábola do rico e do Lázaro, pois os dois são análogas ao abordarem: A condenação dos ricos avarentos. O Salmista Davi nos traz as características perversas, daqueles que se tornaram poderosos. Por terem muito dinheiro e poder, tornaram-se ímpios e orgulhos, por isso, negam e insultam a Deus, perseguindo e matando os pobres, sem temer a justiça e a Deus:

Por que, SENHOR, permaneces afastado e te ocultas no tempo da aflição? Com arrogância os ímpios perseguem o indefeso; que fiquem emaranhados em suas próprias tramas! O infiel se gaba de sua própria ambição, o avarento menospreza e insulta a Deus. O ímpio é soberbo, não quer saber desse assunto. “Deus não existe!” é tudo o que de fato pensa. Seus negócios têm contínuo sucesso; muito além da sua compreensão está atua Lei, por isso ele faz pouco caso dos seus adversários, pensando consigo mesmo: “Eu sou inabalável! Desgraça alguma me atingirá, nem a mim nem aos meus descendentes”. Sua boca está sempre cheia de fraudes, maldições e ameaças; violência e todo tipo de maldade estão em sua língua. Põe-se de emboscada próximo aos vilarejos e às escondidas massacra o inocente. Fica à espreita como leão escondido; coloca-se de tocaia para apanhar o necessitado; agarra o pobre e o arrasta em sua rede. Ele espreita, se agacha, se encurva, e o infeliz cai em seu poder. Imagina consigo mesmo: “Deus se esqueceu; escondeu seu rosto e nunca dará atenção a isto”. Levanta-te, SENHOR! Ergue a tua mão, ó Deus! Não te esqueças dos desamparados. Por que o ímpio despreza a Deus, dizendo em seu íntimo: “Tu não me pedirás contas”? Mas tu vês o sofrimento e a dor; e tomas esses sentimentos em tuas mãos. O sofredor se entrega a ti, pois tu és o protetor do órfão. Quebras o braço do ímpio e do maldoso, pedes contas de sua crueldade, até que dela nada mais seja visto. O SENHOR reina todos os dias e eternamente; da sua terra desapareceram os outros povos. Tu, SENHOR, ouves a oração dos necessitados; tu lhes fortalecerás o coração e atenderás ao seu clamor. Defende o que não tem pai e o oprimido, a fim de que o homem, que é pó, já não provoque o terror. Sl 10:1-18

Deus o Pai dos órfãos e das viúvas

Umas das características que distinguem os pobres dos ricos, é que os ricos e milionários têm muitos que os apoiam. São amparados
por familiares e amigos que os protegem, auxiliando-os a se erguerem quando “tropeçarem”. Oferecendo o suporte afetivo e material, imprescindíveis nas suas dificuldades. Enquanto que o pobre é abandonado até mesmo por seus familiares, amigos e conhecidos: “O amigo não se revela na prosperidade, nem o inimigo se esconde no tempo da desgraça. Quando alguém prospera, os inimigos ficam tristes, mas quando alguém cai na desgraça, até o amigo vai embora. Jamais confie no inimigo, pois a sua maldade é metal que enferruja”. Eclo 12:8-1

No livro de Eclesiástico capítulo 13:19-30, os versículos conotam o quanto perigoso é para os pobres, conviverem com os ricos: “Todo ser vivo ama o seu semelhante, assim todo homem ama o seu próximo. Toda carne se une a outra carne de sua espécie, e todo homem se associa ao seu semelhante. O lobo jamais terá amizade com o cordeiro: assim é entre o pecador e o justo. Que relação pode haver entre um santo homem e um cão? Que ligação pode ter um rico com um pobre? O onagro é a presa do leão no deserto: assim os pobres servem de pasto aos ricos. E como a humanidade é abominada pelo orgulhoso, do mesmo modo o pobre causa horror ao rico. Um rico abalado é apoiado pelos seus amigos. O pobre que tropeça é ainda empurrado pelos seus companheiros. Quando um rico é enganado, numerosos são aqueles que o vêm ajudá-lo, se diz tolices, o apoiam. Quando um pobre é enganado, ainda merece censura, e, se falar com sabedoria, não o levam em consideração. Se fala o rico, todos se calam, e glorificam suas palavras até às nuvens, se fala um pobre, dizem: Que é este homem? E se ele tropeçar, fazem-no cair. A riqueza é boa para quem não tem a consciência pesada, péssima é a pobreza do mau que se lastima”.


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Árvore do conhecimento (do bem e do mal) x Árvore da vida (Último trecho)

Bíblia Sagrada; Árvore do conhecimento (bem e do mal) e Árvore da vida; Jesus Cristo; Evangelhos

Freud através de sua psicanálise, elaborou o estudo sobre o tópico da dualidade, que em síntese é, “a construção ideológica de que existem forças opostas agindo em um mesmo objeto”. De forma simples, indicamos que há uma oposição natural nos componentes a serem vistos. Isso porque as suas essências se contrapõem o tempo todo. Não existe um espaço adequado para que haja um consenso. Na ficção e na literatura, para exemplificar, podemos indicar a existência contínua e cíclica da ideia do bem e do mal”. A conclusão é que duas forças se digladiam no mundo simbólico e abstrato dos pensamentos, sentimentos e emoções. É fundamental que nos alimentemos do conhecimento das coisas salutares do alto, que edificam o nosso espírito, para que os maus pensamentos, como diziam os monges beneditinos, os logismoi [3], permaneçam afastados de nossas mentes! O Apóstolo Paulo, orienta-nos, a buscar o conhecimento de Deus, através das Sagradas Escrituras para vencermos os males da vida e a Satanás. “A obediência de vocês é conhecida de todos. Vocês, para mim, são um motivo de alegria, mas desejo que sejam sábios para o bem e sem compromissos com o mal. O Deus da paz não tardará em esmagar Satanás debaixo dos pés de vocês. Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com vocês”. Rm 16: 19-20.

O fruto proibidoé uma alusão a todas as mazelas que existem na sociedade, estando inclusive, representados pelas drogas. Por serem consideradas proibidas, e restritas o seu consumo pelas autoridades; ironicamente, o que acontece, é que muitas das vezes, passam “despercebidos” pelo crivo das abordagens policiais. Apresentando-se de modo “acessível,” para o uso dos jovens e adultos dos centros e periferias das pequenas e grandes cidades”. Historicamente as drogas começaram a ser consumidas por tribos indígenas, como prática do ritual religioso. Para esses povos, os psicotrópicos eram ‘facilitadoras’, pois, acreditavam que com elas, estariam abertos às experiências com o sobrenatural, conseguindo deste modo, um contato mais próximo com os seus deuses. Com o passar dos anos, os entorpecentes foram sendo comercializadas como medicamentos, e, posteriormente, consumidas de forma recreativa. Depois de décadas da liberação e uso descriminalizado, observou-se o quanto destrutivas foram para a humanidade: As drogas são os grilhões do diabo, pelo qual, os homens se tornam seus escravos e instrumentos de destruição e autodestruição”. É por meio do álcool que famílias são dissolvidas; é por meio da maconha, cocaína e crack, [...], que o crime organizado se financia. O resultado é o aumento da marginalidade, dos homicídios, a super lotação no sistema carcerário, e o aumento das internações em clínicas de recuperação para dependentes químicos. Assim sendo, a pesquisa científica e o conhecimento das drogas foram prejudiciais e benéficas para a humanidade. Destacando que foram úteis nesse último aspecto, porque através de testes experimentais, confirmou-se a eficácia para o tratamento de doenças crônicas como o mal de Parkinson, asma e outras doenças.

A Bíblia Sagrada é enfática, quando nos recomenda a não nos embriagarmos com vinho, pois é uma porta de entrada para a devassidão: “Por isso não sejais insensatos, mas procurai conhecer a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, que é uma porta para a devassidão, mas buscai a plenitude do Espírito”. Ef 5:17-18. O álcool [4], por exemplo, é uma substância depressora do SNC e afeta diversos neurotransmissores do cérebro, dentre eles, o ácido gama-aminobutírico (GABA) e o glutamato, atingindo outros neurotransmissores, como a serotonina e a endorfina. A maconha [5], é uma droga psicoativa. O principal composto psicoativo da cannabis é o tetrahidrocanabinol (THC). Ele atua no "sistema endocanabinoide" do cérebro, que são receptores que respondem aos componentes químicos da cannabis. Estas duas substâncias, são exemplos claros, do quanto prejudiciais à saúde mental são as drogas.

Os entorpecentes causam uma dependência química, quase que irreversíveis. Que a médio e a longo prazo, acarretam problemas degenerativos no cérebro, fígado, e no organismo humano de um modo geral. A cognição é prejudicada: a memória, o raciocínio, a fala e o pensamento; a temperatura corporal e a pressão arterial sofrem alterações danosas à saúde. Se consumidas em altas doses, costumam causar overdose, e nos casos mais graves, morte. Quem se utiliza das drogas para sua recreação, está aos poucos se automutilando, é um suicida em potencial, que está se envenenando em doses homeopáticas. Nos anos iniciais, os usuários químicos acreditam que tudo está bem, mas quando se dão conta, percebem-se que estão prostrados, e sem forças para saírem desse lamaçal de perdição. Apenas com o auxílio da misericórdia de Deus, e a vontade para superar o vício, os farão reencontrar o caminho da vida. Então, o que escolhemos para nós? A árvore do conhecimento do bem e do mal ou a árvore da vida? A perdição eterna ou a vida eterna? Como descrito na citação anterior, que lemos em Eclesiástico, Deus nos deu duas escolhas, cabe, portanto, a cada um de nós escolher, o que queremos para as nossas vidas: se a morte ou a vida!


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1. E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor, para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte. 2 Cor 12: 7-10

2. “Agora, irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e ao nosso encontro com ele, pedimos a vocês o seguinte: não se deixem perturbar tão facilmente! Nem se assustem, como se o Dia do Senhor estivesse para chegar logo, mesmo que isso esteja sendo veiculado por alguma suposta inspiração, palavra, ou carta atribuída a nós. Não se deixem enganar de nenhum modo! Primeiro deverá chegar a apostasia. Depois aparecerá o homem ímpio, o filho da perdição: ele é o adversário que se opõe e se levanta contra todo ser que se chama Deus ou é adorado, chegando até mesmo a sentar-se no templo de Deus e a proclamar-se Deus. Não se lembram de que eu já dizia essas coisas quando estava com vocês? E agora vocês já sabem o que está impedindo a manifestação do adversário, que acontecerá no tempo certo. O mistério da impiedade já está agindo. Falta apenas desaparecer aquele que o segura até agora. Só então se manifestará o ímpio. O Senhor Jesus o destruirá com o sopro de sua boca e o aniquilará com o esplendor da sua vinda. A vinda do ímpio vai acontecer graças ao poder de Satanás, com todo tipo de falsos milagres, sinais e prodígios, e com toda a sedução que a injustiça exerce sobre os que se perdem, por não se terem aberto ao amor da verdade, amor que os teria salvo. Por isso Deus manda o poder da sedução agir neles, para que acreditem na mentira. Desse modo serão condenados todos os que não acreditaram na verdade, mas preferiram permanecer na injustiça”. 2Ts 2:1-12


3. Logismoi, são pensamentos e sentimentos instintivos, que prejudicam a todos os homens e mulheres, principalmente aos que aspiram viver uma vida espiritual para com Deus e os homens [...].

4. Danos do Álcool ao Cérebro: Dificuldades em andar, visão borrada, fala arrastada, tempo de resposta retardado e danos à memória. De maneira clara, o álcool afeta o cérebro. Uma série de fatores podem influenciar o como e o quanto o álcool afeta o cérebro, a saber: Quantidade e frequência de consumo de álcool; Idade de início e o tempo de consumo de álcool; Idade do indivíduo, nível de educação, gênero sexual, aspectos genéticos e histórico familiar de alcoolismo; Risco existente de exposição pré-natal ao álcool; e Condições gerais de saúde do indivíduo.

5. A cannabis pode produzir vários efeitos subjetivos em humanos: euforia, disforia, sedação, alteração da percepção do tempo, aumento da interferência na atenção seletiva e no tempo de reação, alteração nas funções sensoriais, prejuízo do controle motor, do aprendizado e prejuízo transitório na memória de curto prazo, além de efeitos neurovegetativos como boca seca, taquicardia e hipotensão postural. Efeitos adversos incluem crises de ansiedade, ataques de pânico e exacerbação de sintomas psicóticos existentes.



Referências

Álcool e Sistema Nervoso Central - CISA - Centro de Informações sobre Saúde e Álcool. Disponível em: <https://cisa.org.br/sua-saude/informativos/artigo/item/46-alcool-e-sistema-nervoso-central>. Acesso em: 9 fev. 2024.

Bíblia Sagrada.

BBC NEWS BRASIL. Como a maconha afeta nossa cognição e psicologia, segundo novos estudos. BBC, 1 maio 2022.

BBC NEWS BRASIL. A verdade sobre o abuso de drogas na Antiguidade, revelada pela ciência. BBC, 19 out. 2019.

([S.d.]). Psicanaliseclinica.com. Recuperado 8 de fevereiro de 2024, de https://www.psicanaliseclinica.com/dualidade/

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Árvore do conhecimento (do bem e do mal) x Árvore da vida (1ª Parte)

Bíblia Sagrada; Árvore do conhecimento (bem e do mal) e Árvore da vida; Jesus Cristo; Evangelhos
Quando Deus criou o ser humano, homem e mulher os fez; sustentando-os com todas as frutas e alimentos que haviam no paraíso. No entanto, existia um fruto de uma árvore da qual alertou-os a não comerem, pois se o comessem morreriam. Seguem-se os textos de Gênesis:

“Então Iahweh Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente. Iahweh Deus plantou um jardim em Éden, no oriente, e aí colocou o homem que modelara. Iahweh Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal”. Gn 2: 7-9.

“Iahweh Deus tomou o homem e o colocou no jardim de Éden para o cultivar e o guardar. E Iahweh Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás que morrer. Iahweh Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que lhe corresponda.”” Gn 2: 15-18

Os principais arquétipos da criação estão divididos em pares: “homem e mulher; sol e lua; dia e noite; bem e mal”. Ratificando com esta menção, que a criação de Deus possui um propósito lógico, inclusive no “mal”, para o aperfeiçoamento espiritual dos homens [1]. Pois é nas tentações, sofrimentos e tribulações, que somos purificados de nossos pecados e nos tornamos autênticos cristãos. “Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. Mas Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Antes, quando forem tentados, ele mesmo providenciará um escape, para que a possam suportar”. 1Cor 10:13

A misericórdia divina é sempre bem vinda no tempo de tribulação. Nos momentos difíceis da vida, o que é aconselhado é ter paciência e sabedoria para suportamos e não cairmos em tentação. Com a sabedoria, teremos o discernimento espiritual para evitarmos quedas, para que enfim, tomemos as melhores decisões. As batalhas que travamos todos os dias, só se vencem com oração; porém, nos dias de angústia, recomenda-se oração e jejum. Elas são as armas mais eficazes, para lutarmos contra os desejos da carne, e contra o inimigo de nossas almas. Com elas encontramos a completa comunhão com o Senhor; o renovo e a força para vencer o pecado. Porém, sobretudo, se queremos obter o seu favor, é imprescindível viver de acordo com os seus mandamentos, buscando a santificação, a fidelidade e a obediência a sua palavra. “Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e será concedido”. Jo 15:7

Os versículos de Eclesiástico 15: 11-22, nos admoesta a seguir a obediência, e o temor:

“Não digas: É por causa de Deus que ela me falta. Pois cabe a ti não fazer o que ele abomina. Não digas: Foi ele que me transviou, pois que Deus não necessita dos pecadores. O Senhor detesta todo o erro e toda a abominação, aqueles que o temem não amam essas coisas. No princípio Deus criou o homem, e o entregou ao seu próprio juízo, deu-lhe ainda os mandamentos e os preceitos. Se quiseres guardar os mandamentos, e praticar sempre fielmente o que é agradável (a Deus), eles te guardarão. Ele pôs diante de ti a água e o fogo: estende a mão para aquilo que desejares. A vida e a morte, o bem e o mal estão diante do homem, o que ele escolher, isso lhe será dado, porque é grande a sabedoria de Deus. Forte e poderoso, ele vê sem cessar todos os homens. Os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, e ele conhece todo o comportamento dos homens. Ele não deu ordem a ninguém para fazer o mal, e a ninguém deu licença para pecar, pois não deseja uma multidão de filhos infiéis e inúteis”.

Os seres humanos foram criados para a glória de Deus; não é de sua vontade, portanto, que o homem pereça e nem os animais, (Arca de Noé); mas o pecado que obliterou a humanidade pela desobediência de Adão e Eva, foi o arcabouço para a morte vir sobre o mundo. Os homens tiveram que trabalhar para alcançar o sustento, (o que antes desse acontecimento não era); os homens viviam mais anos, pois o Espírito de Deus, concedera aos homens longevidade, (após o dilúvio, foi suprimida esta graça do grande número de anos aos homens). Javé disse: "Meu sopro de vida não permanecerá para sempre no homem, pois ele é carne, e não viverá mais do que cento e vinte anos". Gn 6:3

A esperança de tempos de bonança foi se esvaindo, até o nascimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, onde tivemos a graça da renovação da fé, e a esperança com a vida eterna. Que nos foi outorgado como galardão, se, contudo, perseverarmos em seguir os seus mandamentos até o fim. “Nesse tempo, vos entregarão à tribulação e vos matarão, e sereis odiados de todos os povos por causa do meu nome. E então muitos ficarão escandalizados e se entregarão mutuamente e se odiarão uns aos outros. E surgirão falsos profetas em grande número e enganarão a muitos. E pelo crescimento da iniquidade, o amor de muitos esfriará. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo”. Mt 24: 9-13.

O plano de Deus com a sua criação foi malogrado, justamente pela desobediência e a rebeldia humana. Ressaltamos na narrativa de Gênesis, que Adão e Eva negligenciaram somente um mandamento, que os fora recomendado guardar. Pois, o Senhor Deus, pessoalmente os advertiu, enfatizando que se comessem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, padeceriam com a morte espiritual:

“A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos, que Iahweh Deus tinha feito. Ela disse à mulher: “Então Deus disse: Vós não podeis comer de todas as árvores do jardim?” A mulher respondeu à serpente: “Nós podemos comer do fruto das árvores do jardim.
Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: Dele não comereis, nele não tocareis, sob pena de morte.” A serpente disse então à mulher: “Não, não morrereis! Mas Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, versados no bem e no mal.” A mulher viu que a árvore era boa ao apetite e formosa à vista, e que essa árvore era desejável para adquirir discernimento. Tomou-lhe do fruto e comeu. Deu-o também a seu marido, que com ela estava e ele comeu. Então abriram-se os olhos dos dois e perceberam que estavam nus; entrelaçaram folhas de figueira e se cingiram.
Eles ouviram o passo de Iahweh Deus que passeava no jardim à brisa do dia e o homem e sua mulher se esconderam da presença de Iahweh Deus, entre as árvores do jardim.
Iahweh Deus chamou o homem: “Onde estás?”, disse ele. “Ouvi teu passo no jardim,” respondeu o homem; “tive medo porque estou nu, e me escondi.” Ele retomou: “E quem te fez saber que estavas nu? Comeste, então, da árvore que te proibi de comer!”
O homem respondeu: “A mulher que puseste junto de mim me deu da árvore, e eu comi!”
Iahweh Deus disse à mulher: “Que fizeste?” E a mulher respondeu: “A serpente me seduziu e eu comi.” Então Iahweh Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso és maldita entre todos os animais domésticos e todas as feras selvagens. Caminharás sobre teu ventre e comerás poeira todos os dias de tua vida. Porei hostilidade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar.”
À mulher ele disse: “Multiplicarei as dores de tuas gravidezes, na dor darás à luz filhos. Teu desejo te impelirá ao teu marido e ele te dominará.” Ao homem, ele disse: “Porque escutaste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te proibira, comer, maldito é o solo por causa de ti! Com sofrimentos dele te nutrirás todos os dias de tua vida.
Ele produzirá para ti espinhos e cardos, e comerás a erva dos campos. Com o suor de teu rosto comerás teu pão até que retornes ao solo, pois dele foste tirado. Pois tu és pó e ao pó tornarás.” O homem chamou sua mulher “Eva”, por ser a mãe de todos os viventes. Iahweh Deus fez para o homem e sua mulher túnicas de pele, e os vestiu. Depois disse Iahweh Deus: “Se o homem já é como um de nós, versado no bem e no mal,” que agora ele não estenda a mão e colha também da árvore da vida, e coma e viva para sempre!”” Gn 3:1-22.


Quem nunca deu atenção para as mentiras da “serpente”? Qual o número de incrédulos que negam a justiça e o julgamento de Deus, preferindo viver a vida de qualquer jeito, crendo que não terão que arcar com as consequências do pecado? E, daqueles que se acham mais espirituais e “bons”, acreditando que nunca serão tentados? Se o filho unigênito de Deus, precisou passar por tentações contra o Inimigo no deserto, e posteriormente, no instante final de sua paixão, morte e ressureição; o que dirá de nós, que estamos inclinados aos vícios da carne, não estaremos muito mais vulneráveis as suas armadilhas? “Sejam sóbrios e fiquem de prontidão! Pois o diabo, que é o inimigo de vocês, os rodeia como um leão que ruge, procurando a quem devorar”. 1Pe 5:8. “Vistam a armadura de Deus para poderem resistir às manobras do diabo. A nossa luta, de fato, não é contra homens de carne e osso, mas contra os principados e as autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos do mal, que habitam as regiões celestes”. Ef 6:11-12

Uma das coisas que Satanás mais quer que acreditemos, é que ele não exista. Desta maneira, terá o ambiente propício para lançar seus dardos, alternando as afeições dos homens, para aderirem ao modismo corruptível da modernidade. (Complementando esta afirmação, posso asseverar que mutuamente os poderosos, as elites governamentais, as empresas multinacionais, e a mídia; estejam na incumbência diabólica do controle da grande massa populacional. A fim de promoverem a secularização, e, num futuro muito próximo, a grande apostasia, que virá com o surgimento do anticristo, prenunciada por São Paulo, na sua epistola de 2Tessalonicenses [2]. Mas este é um assunto para um outro post).

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

PUREZA, A VIRTUDE QUE SE VÊ MAIS DESPREZADA (PARTE 2)

Artigo; Bíblia; Evangelho; Jesus Cristo; Livro; Santo Afonso MAria de Ligório; Tratado da Castidade
O que nos prejudica não é tanto o olhar casual como o premeditado, o mirar. Razão porque Santo Agostinho diz (Reg. ad Serv. Dei, n. 6): "Se vossos olhos casualmente caírem sobre uma pessoa, cuja vista vos pode ser prejudicial, guardai-vos, ao menos, de fitá-la". E São Gregório diz: "Não é lícito contemplar ou extasiar-se com a vista daquilo que não é lícito desejar, pois, ainda que expulsemos os maus pensamentos que costumam seguir o olhar voluntário, deixam sempre uma mancha na alma". Tendo se perguntado ao irmão Rogério, franciscano, dotado de uma pureza angélica, por que se mostrava tão reservado em seus olhares, quando tratava com mulheres, respondeu: "Se o homem foge à ocasião, Deus o protege; caso se expõe a ela, Nosso Senhor o abandona e facilmente cairá no pecado".

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Está fora de dúvida que um cristão que vive sem recolhimento de espírito não pode praticar as virtudes cristãs da humildade, da paciência, da mortificação, como deveria. Guardemo-nos, por isso, de olhares curiosos, e só olhemos para objetos que elevam para Deus o nosso espírito. "Olhos baixos elevam o coração para o Céu", dizia São Bernardo. São Gregório Nazianzeno (Ep. ad Diocl.) escreve: "Onde habita Cristo com Seu amor, reina aí a modéstia". Com isso não quero, porém, dizer que nunca se deva levantar os olhos ou considerar coisa alguma; pelo contrário, é até bom, às vezes, olhar coisas que elevam nosso coração para Deus, como santas imagens, prados floridos, etc, já que a beleza dessa criatura nos atrai à contemplação do Criador.
Deve-se notar também que a modéstia dos olhos é necessária não só para nosso próprio bem, como para a edificação do próximo. Só Deus vê o nosso coração; os homens veem apenas nossas obras externas e, ou se edificam, ou se escandalizam com elas. "Pelo rosto se conhece o homem", diz a Escritura (Ecli 19, 26), isto é, pelo exterior se depreende o que é o homem interiormente. Todo cristão, por isso, deve ser o que era São João Batista, conforme as palavras do Salvador (Jo 5, 35): "Uma lâmpada que arde e ilumina". Interiormente deve arder em amor divino; exteriormente, alumiar, pela modéstia, a todos os que o veem. Também a nós se podem aplicar as palavras que São Paulo dirigiu a seus discípulos (I Cor 4, 9): "Somos o espetáculo dos anjos e dos homens". "A vossa modéstia seja conhecida de todos os homens" (Filip 4, 5).
Pessoas devotas são observadas pelos anjos e pelos homens, e, por isso, sua modéstia deve ser notória a todos, do contrário, deverão dar rigorosas contas a Deus no dia do Juízo. Observando a modéstia, edificamos sumamente os outros e os estimulamos à prática da virtude. É celebre o que se conta de São Francisco de Assis: Uma vez deixou ele o convento junto a um companheiro, dizendo que ia pregar; tendo dado uma volta pela cidade com os olhos baixos, entrou novamente no convento. 'Mas quando farás o sermão?', perguntou-lhe o companheiro. 'Já o fiz, respondeu-lhe o Santo, consistiu todo no resguardo dos olhos, do que demos exemplo ao povo'.

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Nosso ideal mais perfeito de modéstia foi, porém, o nosso Divino Salvador mesmo, pois, como nota um célebre autor, os Evangelistas dizem, várias vezes, que o Redentor levantou os olhos em certas ocasiões, dando a entender, com isso, que tinha ordinariamente os olhos baixos. Por isso exalta o Apóstolo a modéstia de seu Divino Mestre, escrevendo a seus discípulos: "Rogo-vos pela mansidão e modéstia de Cristo" (II Cor 10, 1). Concluo com as palavras de São Basílio a seus monges: "Se quisermos que nossa alma tenha suas vistas sempre postas no Céu, filhos queridos, conservemos nossos olhos sempre voltados para a terra". De manhã, ao despertar, devemos já pedir, com o Profeta: "Afastai meus olhos, Senhor, para que não vejam a vaidade" (Sl 118, 37).


IV. DA GUARDA DO CORAÇÃO


A modéstia dos olhos pouco nos servirá se não vigiarmos sobre o nosso coração. "Aplica-te com todo o cuidado possível à guarda do teu coração, diz o Sábio (Prov 4, 27), porque é dele que procede a vida". É aqui o lugar apropriado para se dizer algumas palavras sobre as amizades e, primeiramente, sobre as santas, depois sobre as puramente naturais e, afinal, sobre as perigosas.

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Tais amizades são recomendadas pela Escritura mesma, em termos eloquentes: "Nada se pode comparar com o valor de um amigo fiel, e o valor do ouro e da prata não iguala a bondade de sua fidelidade" (Ecli 6, 16). "Um amigo fiel é um remédio para a vida e a mortalidade, e os que temem o Senhor encontram um tal" (Idem).

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Os que, vivendo no mundo, desejam dedicar-se à prática da virtude verdadeira e sólida, precisam, pelo contrário, de se unir aos outros por uma amizade santa e edificante, para poderem, por meio dela, se animar, se auxiliar e se estimular ao bem. Há no mundo poucas pessoas que tendem à perfeição e muitas que não possuem o Espírito de Deus e, por isso, é preciso que os bons, quanto possível, evitem os que podem impedir seu adiantamento espiritual e travem amizade com os que os podem auxiliar na prática do bem.

2) Quanto às amizades puramente naturais, deve-se dizer que elas têm seu fundamento na nossa natureza, que nos compele a amar nossos pais, nossos benfeitores e todos aqueles em quem vemos belas qualidades e com quem simpatizamos. Esta espécie de amizade é o laço da família e da sociedade, mas facilmente degenera em amizades falsas; por exemplo, se os pais, por um carinho demasiado, toleram as faltas de seus filhos, ou se um amigo ofende a Deus para agradar a seu amigo, etc. As amizades naturais só são agradáveis a Deus se as santificarmos por meio da boa intenção; por exemplo, amando a nossos pais e amigos por amor de Deus.

3) Por amizades perigosas entendem-se, em particular, as sensuais, isto é, aquelas que se baseiam sobre uma complacência sensual, sobre a fruição comum de prazeres dos sentidos, sobre certas qualidades fúteis e vãs de espírito e coração. Essas amizades são já por si perigosas, mesmo que, no começo, nada tenham de inconveniente, e devemos guardar nosso coração desembaraçado delas.
a) "Quem não evita relações perigosas, cai facilmente no abismo", diz Santo Agostinho (Serm. 293). O triste exemplo de Salomão bastaria para nos encher de terror. Depois de ter sido amado tanto por Deus, servindo ao Espírito Santo de mão para escrever, travou relações com mulheres pagãs, já na sua velhice, e caiu tão profundamente que chegou a sacrificar aos deuses. Isso, porém, não nos deve estranhar, pois, será para admirar que alguém se queime, permanecendo no meio das chamas? - pergunta São Cipriano (De sing. cler.).

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Não é só grande a perda espiritual que se sofre com essas amizades baseadas sobre certas qualidades externas duma pessoa, mas, principalmente se for doutro sexo, é também enorme o perigo que se corre de se se perder eternamente. No começo, tais amizades parecem indiferentes, mas tornam-se pouco a pouco pecaminosas e, enfim, arrastam a alma ao pecado mortal. "São como o fogo e a palha, e o demônio não cessa de assoprar até irromper o incêndio", diz São Jerônimo.
Pessoas de diferentes sexos abrasam-se por causa da muita familiaridade, com a mesma facilidade com que a palha atingida pelo fogo, e, em certo sentido, até com mais facilidade, porque o demônio emprega tudo quanto é apto para atiçar o fogo. Santa Teresa viu-se um dia transportada ao inferno, onde Deus lhe mostrou o lugar que lhe preparara, se não rompesse com um apego puramente natural a um seu parente.
b) Se sentires em teu coração, alma cristã, uma tal afeição para com alguém, não há outro remédio para te libertares dela, senão cortá-la resolutamente de uma vez para sempre, pois, se quiseres renunciá-la pouco a pouco, crê-me, nunca chegarás a desfazer-te dela. Essas cadeias são dificílimas de romper, e só o conseguirá quem as quebrar violentamente, duma só vez. E não venhas com a desculpa de que, até agora, nada ocorreu de inconveniente, pois deves saber que o demônio não começa com o pior, mas só pouco a pouco leva a alma imprudente às bordas do precipício e, então, com um leve empurrão, precipita-as no abismo.
É uma máxima aceita por todos os mestres da vida espiritual de que, neste ponto, não há outro remédio senão fugir e afastar-se da ocasião. São Filipe Néri costumava dizer que, nesse combate, só os covardes saem vencedores, isto é, os que fogem da ocasião. Podemos resistir aos outros vícios ficando na ocasião, diz São Tomás (De mod. conf., c. 14), fazendo violência contra nós mesmos; mas o vício contrário à pureza, porém, só o poderemos vencer fugindo da ocasião e renunciando às afeições perigosas.
Se sentires, porém, teu coração livre e desembaraçado de tais afeições, toma todo o cuidado possível para não te emaranhares em laço algum, como já se tem dado a muitos em razão de sua negligência. Eis o conselho que te dá São Jerônimo (Ep. ad Eust.): "Se, no trato com alguém, notares que alguma afeição desregrada se quer apoderar de teu coração, apressa-te a sufocá-la antes que se torne um gigante. Enquanto o leão é ainda pequeno, pode ser facilmente trucidado; uma vez crescido, tornar-se-á mui difícil e humanamente impossível".
Coisa verdadeiramente lamentável e vergonhosa seria se permitisses que fizessem, em tua presença, gracejos indecentes. Não julgues que não pecas calando-te e simplesmente ouvindo tais gracejos; se não evitares o mais depressa possível a companhia de um homem tão insolente, já cooperaste com o seu pecado e te fizeste réu dele. [...].

c) Não repliques também que não há perigo, porque a pessoa de que se trata é piedosa. São Tomás de Aquino diz (De mod. conf., c. 14): "Quanto mais santas são as pessoas pelas quais sentimos afeição particular, tanto mais devemos nos acautelar, porque o alto apreço que fazemos de sua virtude mais nos estimula ainda a amá-las". O padre Sertório Caputo, da Companhia de Jesus, diz: "O demônio, a princípio, nos inspira amor à virtude daquela pessoa, depois o amor à própria pessoa e, finalmente, nos lança na perdição". O Doutor Angélico faz notar que o demônio sabe perfeitamente esconder um tal perigo: no começo não dispara seta alguma que pareça envenenada, mas só tais que excitem a afeição, ocasionando leves feridas do coração; em seguida, quando o amor já está aceso, essas pessoas já não se tratam mais como anjos, mas como homens de carne e sangue: trocam repetidos olhares e palavras amorosas, desejam estar muitas vezes a sós, juntas e, por fim, a piedade espiritual degenera em amor carnal.

d) São Boaventura indica cinco sinais dos quais se pode deduzir se a afeição que a alguém nos prende é impura. Primeiro: se se entretêm conversas inúteis; e inúteis são todas as que levam muito tempo. Segundo: se ocorrem olhares e louvores mútuos. Terceiro: se se desculpam as faltas reciprocamente [evitando correções para não desagradar]. Quarto: se aparecem pequenos ciúmes. Quinto: se a separação causa certa inquietação. Eu ajunto ainda: Se se sente grande prazer e gosto nas maneiras ou gentileza natural da pessoa amada, se se deseja que a afeição seja correspondida, e se se não gosta de que outros observem, ouçam ou falem disso.

[...].

Do filho de Tobias podemos aprender como os jovens devem se preparar para o casamento. Na cidade de Ragés, na Média, vivia uma piedosa donzela, de nome Sara, filha de Raguel. Estava profundamente aflita porque sete rapazes, que a haviam sucessivamente desposado, haviam sido mortos pelo demônio da impureza, Asmodeu, na primeira noite depois das núpcias. Ora, o anjo Rafael, que acompanhara o jovem Tobias em sua viagem a Ragés, aconselhou-o a pedir Sara em casamento. Ele, porém, a par do ocorrido com os outros homens, temia expor-se ao mesmo perigo. O Anjo, porém, tranquilizou-o, dizendo: "Ouve-me... o demônio só tem poder sobre aqueles que abraçam o estado conjugal excluindo a Deus de seus pensamentos, para satisfazerem unicamente a sua concupiscência, como o cavalo e a mula, que não têm entendimento.
Tu, porém, quando receberes a Sara, entra com ela no teu quarto por três dias e três noites, guardando continência, e não te entregues a outra coisa que à oração, e então a receberás em matrimônio no temor do Senhor, levado mais pelo desejo de ter filhos que pela concupiscência, para que sejas abençoado e teus filhos sirvam e glorifiquem a Deus; então nada terás a temer do demônio". O jovem Tobias seguiu esse conselho, e seu casamento foi muito abençoado por Deus.
Notemos igualmente as quatro exortações dadas a Sara por seus pais, ao se despedirem dela: Primeiro, honra a teu sogro; segundo, ama a teu marido; terceiro, cuida em governar bem tua casa; quarto, porta-te em tudo irrepreensivelmente. Estes avisos devem servir de norma a todos os jovens que pretendem contrair matrimônio.

[...].

g) Aqui na terra cada um de nós anda por caminhos escabrosos e em trevas, e se, além disso, ainda um anjo mau, isto é, um mau companheiro, que é pior que um demônio, nos persegue e impele à perdição, como poderemos escapar ilesos? Já Platão dizia: "Tomarás os mesmos modos daqueles com quem convives". Segundo São João Crisóstomo, para se certificar dos hábitos de alguém, basta saber com quem ele anda, já que os amigos ou são ou fazem-se semelhantes uns aos outros. E isso por duas causas: primeiro, porque um se esforça por imitar o outro para lhe ser agradável; segundo, porque o homem, como nota Sêneca, é inclinado a fazer o que vê os outros fazerem.
Dos israelitas lemos: "Eles se mesclaram com os gentios e aprenderam suas obras" (Sl 105, 35). Devemos, portanto, não só fugir do comércio com os impuros, diz o Sábio, mas também nos conservarmos longe de seus caminhos: "Meu filho, não andes com eles e não ponhas o pé em seus caminhos" (Prov 1, 15). Devemos evitar todo o trato com eles, suas conversas ou presentes, com os quais procuram nos enredar. "Meu filho, se os pecadores te atraírem com seus afagos, não condescendas com eles" (Prov 1, 10). "Cairá, talvez, uma ave, no laço armado na terra, sem a isca?" (Am 3, 5). O demônio serve-se dos maus amigos como de iscas, segundo Jeremias, para prender as almas em suas redes de pecado. "Meus inimigos, sem motivo, prenderam-me como se prende uma ave" (Jer 3, 52). Ele diz 'sem motivo' porque, perguntou-se a um tal sedutor por que aliciou sua pobre vítima ao pecado, responderá: não havia motivo; eu só queria que ela fizesse como eu. É exatamente essa a astúcia do demônio, diz Santo Efrém: "Capturada uma alma em sua rede, serve-se dela como de uma armadilha para prender a outra" (De rect. viv. rat., c. 22).
Fujamos, pois, a toda familiaridade com tais escorpiões infernais, como se foge da peste. Digo: fujamos à familiaridade, isto é, não travemos amizade com homens viciosos, evitando tomar parte em sua mesa, banquetes ou outros convívios com eles. É impossível evitar todo o comércio com eles, porque então teríamos de sair deste mundo, segundo o Apóstolo (I Cor 5, 10); contudo, é bem possível evitar um trato mais familiar com eles, seguindo o conselho do mesmo Apóstolo: "Eu vos escrevi que não tenhais comunicação com eles... com um tal não deveis nem sequer cear". Disse ainda: Fujamos de tais escorpiões, pois o profeta Ezequiel designa assim os sedutores: "Pervertedores estão contigo e habitas com escorpiões" (Ez 2, 6).

[...]

NOTA: Teria mais dois temas a serem abordados, mas ficaria por demais prolixo o texto neste post, os subtítulos ou temas, seriam: V) Da virgindade; e do VI) Do voto da castidade. Mas, para quem estiver interessado a ler o capítulo deste livro, deixarei o link no post, para que o baixem, e o leem na íntegra.




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1 Aquele que recebeu a semente entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra que, por isso, não produz fruto. (Mt 13:22)

2 O perigo do adultério — Há duas espécies de coisas que multiplicam os pecados, e uma terceira que provoca a ira: a paixão que arde como fogo aceso e que não se apaga enquanto não se consumar; o homem entregue à sensualidade, que não cessa enquanto o fogo não o devorar; o homem sensual, para o qual todo alimento é doce, e não se satisfaz enquanto não morrer; o homem que trai o leito matrimonial, dizendo: “Quem me vê? As trevas me envolvem e as paredes me escondem. Ninguém me vê. O que tenho a temer? O Altíssimo não se lembrará dos meus pecados”. Ele só tem medo do que os homens veem, e não sabe que os olhos do Senhor são mil vezes mais luminosos que o sol, porque veem todos os caminhos dos homens e penetram os lugares mais escondidos. Deus conhecia as coisas, ainda antes de criar o universo, e o mesmo acontece depois que as criou. Tal homem será castigado na praça da cidade e será preso onde não espera. O mesmo acontece com a mulher que abandona o marido e gera um herdeiro com outro homem. Em primeiro lugar, ela desobedece à lei do Altíssimo; em segundo, ofende o seu marido; em terceiro, se prostitui com o adultério e gera filhos de um estranho. Ela será arrastada diante da assembleia, e sobre os seus filhos se fará uma pesquisa. Seus filhos não criarão raízes e seus ramos não darão frutos. A memória dela será amaldiçoada, e sua infâmia nunca será apagada. Os sobreviventes saberão que nada é melhor do que o temor do Senhor, e nada é mais doce do que observar os seus mandamentos. Eclo 23:16-27

3 “Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito, descerei agora, e verei se com efeito têm praticado segundo o seu clamor, que é vindo até mim; e se não, sabê-lo-ei.” (Gênesis 18:20,21)



Referências

Bíblia Sagrada

SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO, Escola da Perfeição Cristã, compilação de textos do Santo Doutor pelo padre Saint-Omer, CSSR, tradução do padre José Lopes, CSSR, IV Edição, Editora Vozes, Petrópolis: 1955.



DOWNLOAD DO CAPÍTULO DO LIVRO: TRATADO DA CASTIDADE (BEM- AVENTURADOS OS PUROS)





PUREZA, A VIRTUDE QUE SE VÊ MAIS DESPREZADA

Artigo; Livro; Jesus Cristo; Evangelho; Bíblia; Pureza; Santo Afonso Maria de Ligório; Tratado da castidade
"UM HOMEM BOM É LIVRE, MESMO QUANDO É ESCRAVO. UM HOMEM MAU É ESCRAVO, MESMO QUANDO É REI. NÃO SERVE A OUTROS HOMENS, MAS A SEUS CAPRICHOS. TEM TANTOS SENHORES QUANTOS VÍCIOS". SANTO AGOSTINHO


A pureza da alma é uma das principais virtudes que existe, pois é através dela que somos conduzidas as demais virtudes. Mas a grande parcela da humanidade está somente mais preocupada com as coisas concernentes deste mundo, que recusa a mais essencial de todas! E isso é um fato incontestável, que vemos contumaz nos nossos dias. A maioria das pessoas querem viver uma vida mais saudável e para que isso ocorra, utilizam métodos nutricionais e de práticas esportivas que os farão serem longevos e com saúde. O interesse de suas vidas está unicamente no corpo, buscam em detrimento do espiritual, estar mais cautelosos em cuidar do corpo que de suas almas. “O exercício físico de pouco serve, mas a piedade é útil para tudo, pois tem a promessa da vida presente e da futura”. 1Tm 4:8.

Aliás, preocupar-se com o corpo e buscar ter saúde não seria de todo errado, se procurássemos em primeiro lugar o Reino do Pai e a piedade com nossos irmãos, assim saberíamos conciliar os dois, encontrando um equilíbrio, como o próprio Senhor Jesus Cristo nos disse: “Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo.” Mt 6: 33. Mas estes estão vivendo completamente alienados do mundo espiritual, para eles a única realidade existente é a palpável. Querem a todo custo, aproveitar a vida e usufruir dos bens e prazeres terrenos. Algumas destas pessoas, porém, chegam ao acréscimo de suas iniquidades, ao escarnecer do Senhor e dos que o adoram e o servem. Através de programas televisivos nefastos, festas imorais e pagãs, ridicularizam os santos mandamentos, e zombam de tudo o que é sagrado que pertence ao Eterno.

Um outro grupo de pessoas buscam na religiosidade, como o próprio Senhor orientou, mas de uma forma medíocre e materialista de obter o “milagre” da casa própria, do emprego, do carro, e etc. Quando estão nas igrejas que congregam, personificam uma falsa santidade e, quando estão com os pés fora da igreja, agem similarmente aos mundanos que desejam satisfazer a concupiscência da carne. Estão inseridas no contexto da parábola do semeador, especificamente no que se refere aos que se deixaram levar pelas riquezas, e que por isso, não produziram frutos
1. Infelizmente, não se arrependeram de suas más obras e nem pretendem a santificação de suas almas, mas fazem aquilo que o Apóstolo Paulo, adverte em Fp. 3: 17-20: “Sede todos meus imitadores, irmãos, e olhai atentamente para aqueles que procedem conforme o modelo que tendes em nós. É que muitos de quem várias vezes vos falei e agora até falo a chorar são, no seu procedimento, inimigos da cruz de Cristo: O seu fim é a perdição, o seu Deus é o ventre, e gloriam-se da sua vergonha, esses que estão presos às coisas da terra. É que, para nós, a cidade a que pertencemos está nos céus, de onde certamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”.

O preâmbulo de início, destaca o quanto ilusório é a cobiça e a ambição por riquezas que fenecerão, tudo que 
o mundo nos concede é passageiro, mas Deus nosso Pai, nos oferece algo infinitamente maior que tudo que há no mundo. Através de nosso SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO, temos o acesso ao Pai e a graça de um dia sermos revestido com a imortalidade, que Ele dará aos que creram e confiaram em Seu Filho. Ao encontrá-lo no outro lado do lago, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste cá? Jesus respondeu-lhes: “Em verdade, em verdade vos digo: vós procurais-me, não por terdes visto sinais miraculosos, mas porque comestes dos pães e vos saciastes. Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará; pois a este é que Deus, o Pai, confirma com o seu selo”. Jo. 6:25-27

O resultado de não estarem alicerçados em Deus, é que o demônio terá total controle sobre o homem ou a mulher, que desejam somente satisfazer aos prazeres carnais. Este ser espiritual os induzirá à devassidão e a luxúria, e a tendência destes indivíduos é se afundarem mais e mais nos vícios sexuais e em outros mais funestos. E, estando aprisionados nas trevas, farão a vontade de seus senhores, pervertendo principalmente a essência humana, que Deus atribuiu de conceber filhos e filhas na santidade e no temor de Deus. Por outro lado, a sexualidade dentro dos princípios cristãos, foi planejado na família a partir da fidelidade, do amor do casal e dos seus filhos. “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, E serão os dois um só. Portanto, já não são dois, mas um só. Pois bem, o que Deus uniu não o separe o homem. De regresso a casa, de novo os discípulos o interrogaram acerca disto. Jesus disse: Quem se divorciar da sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher se divorciar do seu marido e casar com outro, comete adultério”. Mc 10: 7-12

Quando ocorrem adultérios
2 e outras práticas imorais de consentimento dos casais, acontece que a alma, o espírito e a consciência das pessoas vão se maculando. Isto vai distorcendo a tomada de decisões, para o dever de cada um de nós na sociedade, portanto o “certo vira errado e o errado, o certo”. Há uma inversão de valores. Não é de admirarmos que a sociedade se encaminha a uma perversão moral, ética e social, nunca vistas! Muito mais agravante do que aconteciam em Sodoma e Gomorra3. Pois onde dominam ideologias progressistas e humanistas: a favor do aborto, políticas que defendem a ideologia de gênero como “normalidade,” dentro do comportamento humano, pautas a favor da liberação de drogas, fomento de culturas: na arte e na música, que abrangem a desvalorização das mulheres e a sexualização precoce das crianças. É deste modo, que vamos testificando como as coisas vão progressivamente, se encaminhando para a decadência total do ser humano, quanto principalmente aos seus valores. As profecias da Sagrada Escritura, nunca estiveram equivocadas, e se comprovam a cada dia com todos estes eventos; os homens por este meio, deixaram de lado a Deus e a Cristo, não o reconheceram como Senhor e Salvador de suas vidas, pois era o único que poderia mudar o destino de cada um deles. Mas eu confio em ti, SENHOR; e digo: "Tu és o meu Deus. O meu destino está nas tuas mãos; livra-me dos meus inimigos e perseguidores. Brilhe sobre o teu servo a luz da tua face; salva-me pela tua misericórdia." SENHOR, que eu não seja confundido, pois te invoquei; sejam, antes, confundidos os pecadores e reduzidos ao silêncio no sepulcro. Sl 31:15-18.

A esperança e a fé de um mundo vindouro e eterno, são frustradas, deixaram-se vencer pelos instintos carnais, o mais importante como dizem: “é viver a vida!” “Como foi nos dias de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do Homem. Nos dias que precederam o dilúvio, comia-se, bebia-se, os homens casavam e as mulheres eram dadas em casamento, até ao dia em que Noé entrou na Arca; E não deram por nada até chegar o dilúvio, que a todos arrastou. Assim será também a vinda do Filho do Homem. Então, estarão dois homens no campo: um será levado e outro deixado; Duas mulheres estarão a moer no mesmo moinho: uma será levada e outra deixada. Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor”. Mt 24: 37-42.

Quem se dedica a exercitar a ascese, a partir do estudo Bíblico, e de livros espirituais de autores que estimulam a prática da caridade, através de uma plena comunhão com Deus e os irmãos. Estarão cientes dos quais hábitos devem vislumbrar para que consigam adquirir a pureza de coração. A primeira coisa a ser feita nas exortações, é buscar na moderação, principalmente no que os olhos veem, que pode levar a malícia. Não dirigir a atenção em coisas que pervertem os pensamentos, sejam nos atos libidinosos, na beleza de mulheres que não nos pertencem, práticas corruptas, e, outros enganos para que nos façam cair em vícios, e em outras práticas humanas que nos trarão tropeços e problemas posteriores as nossas vidas.

O Senhor Jesus Cristo, declarou bem-aventurados os puros de coração, pois estes triunfarão e poderão ver a Deus. “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus”. Mt 5:8. Este é um requisito basilar, para que possamos um dia estarmos vivendo na eternidade, no Reino do Pai Eterno. As riquezas amealhadas sem o nosso Criador, fazem-nos parecermos a trapos imundos, pois somente Deus é que tem o poder de nos santificar. E, quando comungamos e damos ouvidos aos hereges, estes nos desviam do caminho da santidade, principalmente consoante a imoralidade sexual, e a adoração de ídolos. Salomão, foi um dos homens mais sábios que já existiram, mas se deixou corromper por suas muitas mulheres. Estas mulheres que provinham de povos pagãos, Deus de antemão, orientou aos filhos de Israel que não tomassem elas como esposas, pois praticavam o culto aos falsos deuses. “Na idade senil de Salomão, as suas mulheres desviaram-lhe o coração para outros deuses; e assim o seu coração já não era inteiramente do SENHOR, seu Deus, contrariamente ao que sucedeu com David, seu pai. Foi atrás de Astarté, deusa dos sidónios, e de Milcom, abominação dos amonitas. Salomão fez o mal aos olhos do SENHOR e não seguiu inteiramente o SENHOR, como David, seu pai. Por essa altura, ergueu Salomão um lugar alto a Camós, deus de Moab e a Moloc, ídolo dos amonitas, sobre o monte que fica mesmo em frente de Jerusalém. E fez o mesmo por todas as suas mulheres estrangeiras, que queimavam incenso e sacrificavam aos seus deuses. O SENHOR irritou-se contra Salomão, pois o seu coração se afastara do SENHOR, Deus de Israel, que se lhe tinha revelado por duas vezes, E lhe ordenou sobre estas coisas para não seguir os deuses estrangeiros. Ele, porém, não cumpriu o que o SENHOR lhe prescrevera”. 1Rs 11: 4-10.

No Sermão da Montanha, Jesus Cristo faz uma comparação figurada e antagônica, sobre os lírios do campo, e a vida luxuosa de Salomão. Mesmo com a sabedoria e riquezas obtidas, Salomão havia perdido a mais essencial de todas que era a pureza. O lírio do campo possui a representatividade da pureza, ela que lança suas raízes na “simplicidade” dos prados, possui mais esplendor, e se veste muito mais majestoso que os ricos que “desfrutam” as suas vidas no lodo do pecado. O destino de muitos destes homens e mulheres, é mais tarde, se culparem por não terem feito as boas escolhas. Pois esta reflexão se dará, quando se verem infelizes, aflitos e angustiados, perecendo na mais vil e tortuosa miséria da alma. “Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam! Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?” Mt 6: 27-30.


OUVIR O TEXTO PRINCIPAL?


Anexado a este artigo, postarei alguns parágrafos do livro: Tratado da Castidade, de Santo Afonso Maria de Ligório. Nesta obra publicada, existem exortações e advertências dos santos da Igreja. Os exemplos de suas experiências ascéticas, estão em paralelo ao que as Escrituras Sagradas, nos aconselham como regras de vida cristã. A fim de sermos santos e irrepreensíveis diante de Deus e dos homens.


I. EXCELÊNCIA DA CASTIDADE

Ninguém melhor que o Espírito Santo saberá apreciar o valor da castidade. Ora, Ele diz: "Tudo o que se estima não pode ser comparado com uma alma continente" (Ecli 26, 20), isto é, todas as riquezas da terra, todas as honras, todas as dignidades, não lhe são comparáveis. Santo Efrém chama a castidade de "a vida do espírito"; São Pedro Damião, "a rainha das virtudes"; e São Cipriano diz que, por meio dela, se alcançam os triunfos mais esplêndidos. Quem supera o vício contrário à castidade, facilmente triunfará de todos os mais; quem, pelo contrário, se deixa dominar pela impureza, facilmente cairá em muitos outros vícios e far-se-á réu de ódio, injustiça, sacrilégio, etc.
A castidade faz do homem um anjo. "Ó castidade, exclama Santo Efrém (De cast.), tu fazes o homem semelhante aos anjos". Essa comparação é muito acertada, pois os anjos vivem isentos de todos os deleites carnais; eles são puros por natureza; as almas castas, por virtude. "Pelo mérito desta virtude, diz Cassiano (De Coen. Int., 1. 6, c. 6), assemelham-se os homens aos anjos"; e São Bernardo (De mor. et off., ep., c. 3): "O homem casto difere do anjo não em razão da virtude, mas da bem-aventurança; se a castidade do anjo é mais ditosa, a do homem é mais intrépida". "A castidade torna o homem semelhante ao próprio Deus, que é um puro espírito", afirma São Basílio (De ver. virg.).
O Verbo Eterno, vindo a este mundo, escolheu para Sua Mãe uma Virgem, para pai adotivo um virgem, para precursor um virgem, e a São João Evangelista amou com predileção porque era virgem, e, por isso, confiou-lhe Sua santa Mãe, da mesma forma como entrega ao sacerdote, por causa de sua castidade, a santa Igreja e Sua própria Pessoa. Com toda a razão, pois, exclama o grande doutor da Igreja, Santo Atanásio (De virg.): 'Ó santa pureza, és o templo do Espírito Santo, a vida dos Anjos e a coroa dos Santos!". Grande, portanto, é a excelência da castidade; mas também terrível é a guerra que a carne nos declara para no-la roubar. Nossa carne é a arma mais poderosa que possui o demônio para nos escravizar; é, por isso, coisa muito rara sair-se ileso ou mesmo vencedor deste combate. Santo Agostinho diz (Serm. 293): "O combate pela castidade é o mais renhido de todos: ele repete-se cotidianamente, e a vitória é rara".
"Quantos infelizes que passaram anos na solidão, exclama São Lourenço Justiniano, em orações, jejuns e mortificações, não se deixaram levar, finalmente, pela concupiscência da carne, abandonaram a vida devota da solidão e perderam, com a castidade, o próprio Deus!"
Por isso, todos os que desejam conservar a virtude da castidade devem ter suma cautela: "É impossível que te conserves casto, diz São Carlos Borromeu, se não vigiares continuamente sobre ti mesmo, pois negligência traz consigo mui facilmente a perda da castidade".


II. DA VIGILÂNCIA SOBRE OS PENSAMENTOS


[...]

a) Almas que temem a Deus e não possuem o dom do discernimento e são inclinadas aos escrúpulos, pensam que todo mau pensamento que lhes sobrevêm é já um pecado. Elas estão enganadas, porque os maus pensamentos em si não são pecados, mas só e unicamente o consentimento neles. A malícia do pecado mortal consiste toda e só na má vontade, que se entrega ao pecado com claro conhecimento de sua maldade e plena deliberação de sua parte. E, por isto, Santo Agostinho ensina que não pode haver pecado onde falta o consentimento da vontade.

[...]

c) Toda a malícia do mau pensamento está, porém, no consentimento. Havendo pleno consentimento, perde-se a graça de Deus e chama-se sobre si a condenação eterna, quer se tenha o desejo de cometer um pecado determinado, quer se pense ou reflita com prazer no pecado como se o estivesse cometendo. Esta última espécie de pecado chama-se uma deleitação deliberada ou morosa, e deve-se distinguir bem da primeira, isto é, do pecado de desejo.

[...].

a) O primeiro é humilhar-se continuamente diante de Deus. O Senhor castiga muitas vezes os espíritos soberbos, permitindo que caiam em qualquer pecado impuro. Sê, pois, humilde, e não confies em tuas próprias forças. Davi confessa que caiu no pecado por não ter se humilhado e ter confiado demais em si mesmo: "Antes de me haver humilhado, eu pequei" (Sl 118, 67). Devemos temer sempre a nossa própria fraqueza e colocar em Deus toda a nossa confiança, esperando firmemente que nos preserve desse vício.

[...]

e) O quinto meio é a fuga da ociosidade. O Espírito Santo diz (Ecli 33, 21): "A ociosidade ensina muita coisa má", isto é, ensina a cometer muitos pecados. E o profeta Ezequiel (Ez 16, 49), assevera que foi a ociosidade a causa das abominações e ruína final dos habitantes de Sodoma. Conforme São Bernardo, a ociosidade motivou a queda de Salomão. Por isso São Jerônimo exorta a Rústico (Ep. ad Rust., 2) que esteja sempre ocupado, para que o demônio não o preocupe com suas tentações. "Quem trabalha é tentado por um demônio só; quem vive ocioso, é atacado por uma multidão deles", diz São Boaventura.


III. DA MODÉSTIA DOS OLHOS

[...].

Vigie, pois, cada um sobre seus olhos, se não quiser chorar uma vez com Jeremias: "Meus olhos me roubaram a vida" (Jer 3, 51); as afeições criminosas que penetraram em meu coração por causa dos meus olhares, lhe deram a morte. São Gregório diz (Mor. 1, 21, c. 2): "Se não reprimires os olhos, tornar-se-ão ganchos do inferno, que a força nos arrastará e nos obrigará, por assim dizer, a pecar contra a nossa vontade". "Quem contempla objeto perigoso, acrescenta o Santo, começa a querer o que antes não queria". É também o que diz a Sagrada Escritura (Jdt 16, 11), quando diz que a bela Judite escravizou a alma de Holofernes, apenas este a contemplou.
Sêneca diz que a cegueira é mui útil para a conservação da inocência. Seguindo esta máxima, um filósofo pagão arrancou-se os olhos para guardar a castidade, como nos refere Tertuliano. Isso, porém, não é lícito a nós, cristãos; se queremos conservar a castidade, devemos, contudo, fazer-nos cegos por virtude, abstendo-nos de olhar o que possa despertar em nós os maus pensamentos. "Não contemples a beleza alheia; disso origina-se a concupiscência, que queima como o fogo" (Ecli 9, 8). À vista seguem-se as imaginações pecaminosas, que acendem o fogo impuro.

[...]. Julgue-se agora quão grande é a imprudência e temeridade dos que, não possuindo a virtude dum desses Santos, ousam passear suas vistas em todas as pessoas, não excetuando as de outro sexo, e querendo ainda ficar livre de tentações e do perigo de pecar. São Gregório diz (Dial. 1.2, c. 2) que as tentações que levaram São Bento a revolver-se sobre espinhos, provieram de um olhar imprudente sobre uma senhora. São Jerônimo, achando-se na gruta de Belém, onde continuamente orava e macerava seu corpo com as mais atrozes penitências, foi por longo tempo atormentado pela lembrança das damas que vira tempos antes em Roma. Como, pois, poderemos ficar preservados de tentações, quando nos expomos ao perigo, olhando e até fitando complacentemente pessoas de outro sexo?

terça-feira, 16 de agosto de 2022

O SENTIDO DA EXISTÊNCIA HUMANA, ESTÁ NA FÉ EM DEUS (PARTE 2)

Artigos;Deus;Jesus Cristo; O sentido da existência humana, está na fé em Deus
Mas como atingir a plenitude espiritual e a comunhão perfeita com Deus? Esta pergunta e resposta, é para aqueles que estão querendo se santificar cada dia mais, pois estão se confrontando contra as corrupções que o mundo os oferece. Todas as facilidades que o mundo nos sugestiona para que nós o aceitamos, nos afastam de Deus. Pois o mundo jaz no maligno, e por estar no maligno, todas as suas propostas são chamariz para nos escravizar no engodo do sistema corrupto; daqueles que governam este mundo em caos moral, ética e religiosa. As armadilhas que nos iscam, é através do consumismo, a banalização do sexo e a promiscuidade (sexo casual e de risco com diferentes parceiros), pornografia, filmes “romantizados”, que fazem apologia ao adultério, fornicação, orgia e ao "hedonismo".

Filmes com as temáticas de violência, narcotráfico, sequestro e de terror, conteúdos semelhantes a estes, para muitos é a "força motriz" para os estimular e condicionar ao sadismo, perversão sexual e à violência no subconsciente. Certas pessoas acostumadas a estes hábitos, dirão: “viver assim é um absurdo e alienador”, mas não é; se queremos agradar a Deus, devemos nos afastar até mesmo, de toda aparência do mal que nos vendem diariamente na internet, televisão, placas publicitárias, etc. Sabemos que é muito difícil agirmos assim, pois somos seres humanos falhos, limitados e inclinados para o mal, mas com a graça e a providência divina, rompamos os obstáculos que surgirem pela frente e se tropeçarmos, Deus estenderá suas mãos para nos levantar, o importante é não desanimar! Até certos amigos nos tentarão persuadir para seguirmos os seus caminhos, que não é do agrado de Deus, por isso peçamos incessantemente a sabedoria para discernir as reais intenções destes amigos, pois se querem os enredar para os seus caminhos tortuosos, é por inveja do bem que em vós há e para a vossa destruição que o fazem. Provérbios, 24: 1-5:

"Não tenhas inveja dos homens malignos, nem desejes estar com eles. Porque o seu coração medita a rapina, e os seus lábios falam a malícia. Com a sabedoria se edifica a casa, e com o entendimento ela se estabelece; E pelo conhecimento se encherão as câmaras com todos os bens preciosos e agradáveis. O homem sábio é forte, e o homem de conhecimento consolida a força".

Há certas ocasiões na nossa vida, que não nos damos conta de como os dias, meses e anos decorrem tão depressa. É necessário, portanto, atentarmos se estamos dispondo bem o tempo sem futilidades, observando se o nosso comportamento diário, condiz ou não de um cristão de verdade. Viver sobretudo, sobriamente na fé, pautados sempre no que a Palavra de Deus e o Espírito Santo nos exorta a fazer. As nossas ações devem ser realizadas com precaução; significa que a todo momento, precisamos buscar somente o que convém para a nossa santificação para alcançarmos um coração sábio e puro. O profano e o imundo que nos circunda perspicazmente, e que nos quer contaminar, devemos necessariamente desprezar, expulsando-os de nossos olhos, ouvidos e mentes. Salmo 90: 3-12, escrito por Moisés:

"Tu reduzes o homem à destruição; e dizes: Tornai-vos, filhos dos homens. Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite. Tu os levas como uma corrente de água; são como um sono; de manhã são como a erva que cresce. De madrugada floresce e cresce; à tarde corta-se e seca. 
Pois somos consumidos pela tua ira, e pelo teu furor somos angustiados. Diante de ti puseste as nossas iniquidades, os nossos pecados ocultos, à luz do teu rosto. Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; passamos os nossos anos como um conto que se conta. Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando. Quem conhece o poder da tua ira? Segundo és tremendo, assim é o teu furor. Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios".

O amor a Deus e aos nossos semelhantes, devem se suceder justamente sem hipocrisias ou conveniências. Porque obviamente, que todos nós temos um papel neste mundo, seja servindo, executando uma tarefa simples ou complexa a exemplos: do gari, cobrador e motorista que exercem suas funções, para que tenhamos e possamos ter tráfegos limpos e mobilidade urbana; do agricultor que cultiva, planta e produz o alimento, ao pequeno e grande empresário. Os hipócritas e mundanos desprezam os outros por interesses mesquinhos de dinheiro e posição social, conforme está escrito na Epístola de Tiago, Cap. 2: 1-10:

"Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje, E atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado, porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos? Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não vos oprimem os ricos, e não vos arrastam aos tribunais? Porventura não blasfemam eles o bom nome que sobre vós foi invocado? Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redarguidos pela lei como transgressores. Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos".


Outro ponto a ser discutido é sobre doutrinas e ensinamentos heréticas, que são contrárias da Bíblia Sagrada. Alguns que estão propagando estes ensinamentos, ironicamente são: padres, pastores*e “guias espirituais” que se denominam cristãos. 
(*Ratificando que não estou generalizando, pois há muitos homens e mulheres no meio cristão, que não se corromperam e que estão exercendo suas vocações ministeriais com temor e amor a Deus e ao próximo). Estes homens e mulheres perverteram a sua fé, e estão desviando muitas pessoas do caminho da salvação. Utilizam trechos isolados do Evangelho e da Escritura Sagrada, para deturpar a mensagem da salvação por motivos exclusivos de avareza e enriquecimento ilícito. Causam divisões e escândalos contra a doutrina santíssima, verdadeira e única de Deus Pai. A advertência do Apóstolo Paulo,4 é para que nos afastássemos de tais homens, porquanto, não estão servindo a Deus e a Cristo, estão simplesmente se aproveitando e enriquecendo em detrimento da ignorância das pessoas. É só avaliarmos e, logo veremos que muitos que pregam, ministram nos programas de televisão e nas igrejas, estão mais preocupados em ludibriar, elucubrando como colocar na mente de nós, o desejo de enriquecer. Deste modo, estarão fomentando inconscientemente a cobiça que há em todos nós.

A oratória bíblica é permeada no enfoque de “prosperar”. Infunde-se nos pensamentos de seus ouvintes, a ideia de que se não estão prosperando, é porque não entregam os dízimos e as ofertas nas campanhas realizadas. Enfatizam que estas mesmas que não o derem, estarão incorrendo em pecado grave e terão que “dar contas a Deus,” constrangendo-os e imputando-lhes assim o medo e o temor infundados: antibíblico e herético. Tempos atrás, ouvi uma pequena história, que mostra o grau do fanatismo religioso que incutiram em algumas pessoas. Este relato nos serve de alerta, para nos mostrar o quanto as pessoas podem ser manipuladas, principalmente, quando estão vulneráveis emocionalmente. A história é de um certo homem, que estava passando por dificuldades financeiras. Ele por não ter o dinheiro para dizimar na congregação que frequentava, roubou o dinheiro da empresa que trabalhava, para entregá-lo ao Pastor. Têm alguns líderes religiosos, que se superam ainda mais, chegam à petulância de pedirem aos seus fiéis, para que doem os seus bens, patrimônios depois de sua morte, para a “igreja”.

As palavras para classificarmos essa gente desonesta, se inserem em duas terminologias: 'psicopatas e estelionatários' da fé. Pois viram no meio religioso, uma “fonte” inesgotável de recursos para praticar fraudes. É quase que recorrente ao ligarmos à TV e assistir aos noticiários: reportagens de pastores, padres e líderes de seitas, envolvidos em escândalos de corrupção e outros demais crimes. As reportagens que expõem  o desfecho das prisões policiais, os crimes e a autuação contra estes líderes se caracterizam por desvios de recursos da igreja, adultério, pedofilia, assassinato, cárcere privado e tráfico de drogas. O dedo que é apontado por eles para os seus fiéis, admoestando e exortando, para que não caiam no pecado da luxúria e avareza; deveria ser o mesmo a ser apontados para si próprios. Pois “ocultamente”, enquanto não são desmascarados, muitos desses hipócritas, sorrateiramente nos bastidores, fazem coisas piores daquilo que moralizam, atacam e condenam nos outros. Na epistola de 1 Timóteo, Cap. 6: 3:10; o Apóstolo, exorta sobre quem são os obreiros fraudulentos:

"Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, É soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores".

A respeito de quem são os verdadeiros missionários cristãos no meu ponto de vista e da grande maioria de fiéis ao Evangelho, é que para nós, estes missionários possuem algumas características, que se opõem aos outros que estão inertes na mentalidade terrena, pois são desprovidas de interesses de obter riquezas. Peculiarmente, estes missionários itinerantes, vivem em lugares inóspitos, evangelizando e servindo; despojados de qualquer comodidade nos países em que a população local: padece pela fome, a intolerância religiosa, a guerra civil. Sofrendo com os que sofrem, cuidando e padecendo com os que adoecem, defensores daqueles que são perseguidos; unidos a eles, mesmo na morte, se porventura, tiverem de serem mortos por seus “irmãos menores” em Cristo. Com o pouco de recursos que dispõem de doações, servem aos mais sofridos e marginalizados, onde muitos de nós, com a certeza absoluta, não conseguiria viver ao menos algumas semanas, nem poucos dias nestas condições. Ao contrário dos outros, eles não se interessam no lucro providos da igreja, ou até mesmo desejam obter vantagens na política, almejando o poder. Estes são os verdadeiros missionários que estão comprometidos com o Reino de Deus, desinteressados pelas coisas do mundo, mas interessados e disponíveis ao chamado de Jesus Cristo, que diz: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me5”.

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1 Frustração e a Psicologia: Para a Psicologia, a frustração é um sentimento de privação de uma satisfação primordial. Frustração é uma síndrome que apresenta sintomas diversos, todos ligados à desestruturação emocional que ocorre em diferentes níveis, por diversas causas e que acarreta diversas consequências.
A Psicologia determina diversos tipos de processos frustrantes: a frustração por barreiras – quando existe um obstáculo que impede de se chegar ao objetivo, a frustração por incompatibilidade entre dois objetivos positivos, a frustração por conflito entre duas situações negativas e a frustração por conflito entre situações positivas e negativas em igual medida. Acesso: https://www.significados.com.br/frustracao/
2 "Esta é a palavra que veio do Senhor a Jeremias: ‘Vá à casa do oleiro, e ali você ouvirá a minha mensagem’. Então fui à casa do oleiro, e o vi trabalhando com a roda. Mas o vaso de barro que ele estava formando estragou-se em suas mãos; e ele o refez, moldando outro vaso de acordo com a sua vontade. Então o Senhor dirigiu-me a palavra: ‘Ó comunidade de Israel, será que não posso eu agir com vocês como fez o oleiro?’, pergunta o Senhor. ‘Como barro nas mãos do oleiro, assim são vocês nas minhas mãos, ó comunidade de Israel’" (Jeremias 18:1-6).
3 Observação: Na parábola do rico e de Lázaro, vemos esta dualidade entre: Rico (ímpio) e de Lázaro, o pobre (justo); se o rico tivesse mudado sua conduta, em outras palavras, se convertido, teria mostrado obras de justiça (caridade), por fim não seria condenado ao inferno.
4 E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples. Quanto à vossa obediência, é ela conhecida de todos. Comprazo-me, pois, em vós; e quero que sejais sábios no bem, mas simples no mal. E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém. Romanos, Cap. 16: 17-20
5 Versículo do Evangelho de Mateus, Cap. 19 :21 – O jovem rico.

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