terça-feira, 4 de setembro de 2018

TRECHOS DA OBRA: SER OU NÃO SER SANTO... EIS A QUESTÃO: A SANTIDADE NOS DIVERSOS ESTADOS

SER OU NÃO SER SANTO... EIS A QUESTÃO; LIVRO
Nos vários gêneros e ocupações da vida, é sempre a mesma a santidade que é cultivada por aqueles que são conduzidos Espírito de Deus e, obedientes à voz do Pai, adorando em espírito e verdade a Deus Pai, seguem a Cristo pobre, humilde, e levando a cruz, a fim de merecerem ser participantes da Sua glória. Cada um, segundo os próprios dons e funções, deve progredir sem desfalecimentos pelo caminho da fé viva, que estimula a esperança e que atua pela caridade.
Em primeiro lugar, os pastores do rebanho de Cristo, à semelhança do sumo e eterno sacerdote, pastor e bispo das nossas almas, desempenhem o próprio ministério santamente e com alegria, com humildade e fortaleza; assim cumprido, também para eles será o seu ministério um sublime meio de santificação. Escolhidos para a plenitude do sacerdócio, receberam a graça sacramental para que, orando, sacrificando e pregando, com toda a espécie de cuidados e serviços episcopais, realizem a tarefa perfeita da caridade pastoral, sem hesitarem em oferecer a vida pelas ovelhas e, feitos modelos do rebanho (cf. 1Ped.5,3), suscitem na Igreja, também com seu exemplo, uma santidade cada vez maior.
Os presbíteros, à semelhança da ordem dos Bispos, de que são a coroa espiritual, já que participam das suas funções por graça de Cristo, eterno e único mediador, cresçam no amor de Deus e do próximo com o exercício do seu dever quotidiano; guardem o vínculo da unidade sacerdotal, abundem em toda a espécie de bens espirituais e dêem a todos vivo testemunho de Deus, tornando-se êmulos daqueles sacerdotes que no decorrer dos séculos, em serviço muitas vezes humilde e escondido, nos deixaram magnífico exemplo de santidade. O seu louvor persevera na Igreja. Orando e oferecendo o sacrifício pelo próprio rebanho e por todo o Povo de Deus, conforme é seu ofício, conscientes do que fazem e imitando as realidades com que lidam, longe de serem impedidos pelos cuidados, perigos e tribulações do apostolado, devem antes por eles elevar-se a uma santidade mais alta, alimentando e fomentando a sua ação com a abundancia da contemplação, para alegria de toda a Igreja de Deus. Todos os presbíteros, e especialmente aqueles que por título particular da sua ordenação são chamados sacerdotes diocesanos, lembrem-se de quanto ajudam para a sua santificação a união fiel e a cooperação generosa com o próprio Bispo.
A missão de graça do sumo sacerdote, participam também de modo peculiar os ministros de ordem inferior, e sobretudo os diáconos; servindo nos mistérios de Cristo e da Igreja, devem conservar-se puros de todo o vício, agradar a Deus, atender a toda a espécie de boas obras diante dos homens (cf. 1Tim 3, 8-10. 12-13). Os clérigos que, chamados pelo Senhor e separados a fim de ter parte com Ele, se preparam sob a vigilância dos pastores para desempenhar os ofícios de ministros, procurem conformar o coração e o espírito com tão magnífica eleição, sendo assíduos na oração e fervorosos no amor, ocupando o pensamento com tudo o que é verdadeiro, justo e de boa reputação, fazendo tudo para glória e honra de Deus. Destes se aproximam aqueles leigos, que, escolhidos por Deus, são chamados pelos Bispos para se consagrarem totalmente às atividades apostólicas e com muito fruto trabalham no campo do Senhor.
Os esposos e pais cristãos devem, seguindo o seu caminho peculiar, amparar-se mutuamente na graça, com amor fiel, durante a vida inteira, e imbuir com a doutrina cristã e as virtudes evangélicas a prole que amorosamente receberam de Deus. Dão assim a todos exemplo de amor incansável e generoso, edificam a comunidade fraterna e são testemunhas e cooperadores da fecundidade da Igreja, nossa mãe, em sinal e participação daquele amor com que Cristo amou a Sua esposa e por ela Se entregou. Exemplo semelhante é dado, mas de outro modo, pelas pessoas viúvas ou celibatárias, que muito podem concorrer para a santidade e ação da Igreja. Aqueles que se ocupam em trabalhos muitas vezes duros, devem, através das tarefas humanas, aperfeiçoar-se a si mesmos, ajudar seus concidadãos, fazer progredir a sociedade e toda a criação; e, ainda, imitando com operosa caridade a Cristo, cujas mãos se exercitaram em trabalhos de operário e, em união com o Pai continuamente atua para a salvação de todos; alegres na esperança, levando os fardos uns dos outros, subam com o próprio trabalho quotidiano a uma santidade mais alta, também ela apostólica.
Todos quantos se vêem oprimidos pela pobreza, pela fraqueza, pela doença ou tribulações várias, e os que sofrem perseguição por amor da justiça, saibam que estão unidos, de modo especial, a Cristo nos seus sofrimentos pela salvação do mundo; o Senhor, no Evangelho, proclamou-os bem-aventurados e “o Deus... de toda a graça, que nos chamou à Sua eterna glória em Cristo Jesus, depois de sofrerem um pouco, os há de restabelecer, confirmar e consolidar” (1Pd 5,10).
Todos os fiéis se santificarão cada dia mais nas condições, tarefas e circunstâncias da própria vida e através de todas elas, se receberem tudo com fé da mão do Pai celeste e cooperarem com a divina vontade, manifestando a todos, na própria atividade temporal, a caridade com que Deus amou o mundo. Págs. 27-31.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

TRECHOS DA OBRA: SER OU NÃO SER SANTO... EIS A QUESTÃO: JESUS, MESTRE E MODELO


Jesus, mestre e modelo divino de toda a perfeição, pregou a santidade de vida, de que Ele é o autor e consumador, a todos e cada um dos discípulos, de qualquer condição: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mat 5,48). A todos enviou o Espírito Santo, que move interiormente a amarem a Deus com todo o coração, com toda a alma, com todo o espírito e com todas as forças (cfr. Mc. 12,30) e a amarem-se uns aos outros como Cristo os amou (cf. Jo 13,34; 15,12).
Os seguidores de Cristo, chamados por Deus e justificados no Senhor Jesus, não por merecimento próprio, mas pela vontade e graça de Deus, são feitos, pelo Batismo da fé, verdadeiramente filhos e participantes da natureza divina e, por conseguinte, realmente santos. É necessário, portanto, que, com o auxílio divino, conservem e aperfeiçoem, vivendo-a, esta santidade que receberam.
O Apóstolo admoesta-os a que vivam como convém ao santos (Ef 5,3) e que, como eleitos e amados de Deus, se revistam de entranhas de misericórdia, benignidade, humildade, mansidão e paciência” (Cl 3,12) e alcancem os frutos do Espírito para a santificação (cf. Gl 5,22; Rm 6,22). E porque todos cometemos faltas em muitas ocasiões (Tg 3,2), precisamos constantemente da misericórdia de Deus e todos os dias devemos orar: “perdoai-nos as nossas ofensas” (Mt 6,12). É, pois, claro a todos, que os cristãos de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Na própria sociedade terrena, esta santidade promove um modo de vida mais humano.
Para alcançar esta perfeição, empreguem os fiéis as forças recebidas segundo a medida em que as dá Cristo, a fim de que, seguindo as Suas pisadas e conformados à Sua imagem, obedecendo em tudo à vontade de Deus, se consagrem com toda a alma à glória do Senhor e ao serviço do próximo. Assim crescerá em frutos abundantes a santidade do Povo de Deus, como patentemente se manifesta na história da Igreja, com a vida de tantos santos. Págs. 26-27.



Link para leitura do próximo post: A SANTIDADE NOS DIVERSOS ESTADOS

segunda-feira, 16 de abril de 2018

CAVALO DE TROIA 1 - JERUSALÉM. [A importância da oração com fé, e do amor não fingido].

Cavalo de troia - Jerusalém 1
6 DE ABRIL, QUINTA-FEIRA. 

Passada a meia-noite, um a um, os discípulos foram-se levantando e abandonando o fogo. Enquanto procuravam refúgio nas tendas ou se enrolavam nos seus mantos, junto do muro de pedra, André tratou de designar o primeiro turno de guarda, dois homens armados com espadas. Um postou-se a sul, à entrada do jardim, e outro a norte, nas proximidades da gruta. A rendição seria de hora a hora.
Mas Jesus não se moveu. Sentado a metro e meio da fogueira e de costas para o olival - permaneceu uns minutos com o olhar fito nas ondulantes e vermelhas línguas de fogo, que soltavam fagulhas por causa de alguns troncos um pouco mais úmidos que os restantes. Não tardou que ficasse só, na frente dele e com a fogueira, como única testemunha, quase muda, do que ia ser a minha terceira e última conversa com o Mestre. Os Seus braços descansavam sobre as pernas, cruzadas uma sobre a outra. O Nazareno abrira as mãos, recolhendo o calor nas palmas. Tinha a cabeça ligeiramente inclinada para a frente e os cabelos e rosto iluminavam-se e escureciam, ao capricho do agitar das chamas. A sua expressão, acolhedora e tranquila durante toda a noite, tornara-se grave. De repente, o coração bateu-me mais depressa. Brilhante, tímida e sem pressas, uma lágrima apareceu na Sua face direita. Era a segunda vez que via chorar Aquele estranho homem... Nem sequer respirei, comovido e intrigado por aquele sereno e súbito choro do Galileu. Mas Jesus parecia totalmente ausente. E, poucos minutos depois, lançando a cabeça para trás , inspirou profundamente, pondo-se de pé. Na minha mente agitavam-se uma infinidade de hipóteses sobre o estado de alma de Galileu, mas não me atrevia a mover-me.
Vi-o afastar-se para o interior do olival e parar a trinta ou quarenta passos de onde me encontrava. E assim permaneceu - de pé e de cabeça baixa - durante uma hora. A Lua, quase cheia, solitária entre milhares de estrelas, encarregou-se de O banhar numa luz prateada, oscilando por vezes a uma brisa que entrava lentamente entre as folhas verde-brancas das oliveiras.
Sem saber exatamente por que motivo, esperei. A temperatura baixara consideravelmente, fazendo tremeluzir os astros, envoltos por halos brancos, azuis e vermelhos. Durante um espaço de tempo que não saberia precisar, fiquei com o rosto perdido naquele negro e soberbo firmamento. Vênus, em conjunção com o Sol, por aquela data, não estava visível. Por seu lado, Júpiter, com um brilho cada vez mais fraco (grandeza 1,6, aproximadamente) levantava-se com muita dificuldade a oeste, a pouca distância do esplêndido cacho estelar das Plêiades. E, no mais alto, disputando entre si a primazia, as refulgentes estrelas Régulo, Capela, Aldebarã, Betelgeuse e Arcturo, envolvidas pelas constelações de
Leão, Áuriga, Touro, Oríon e Bootes, respectivamente. Jesus surpreendeu-me, quando alimentava a fogueira com nova carga de lenha.
- Jasão - disse-me - não dormes? Sabes como vão ser duras as próximas horas. Devias descansar como todos os outros...
Sentado junto do fogo olhei-O com curiosidade, ao mesmo tempo que O convidava a responder a uma pergunta que estava em mim desde que O vira afastar-se para o olival:
- Mestre, por que razão um homem como Tu necessita da oração? Porque, se não estou enganado, foi o que disseste durante este tempo...
O Galileu hesitou. E antes de responder, voltou a sentar-se, mas desta vez junto de mim.
- Dizes bem, Jasão. O homem, enquanto padece a sua condição de mortal, procura e precisa de respostas. E em verdade te digo que essa sede de verdade só Meu Pai a pode serenar. Nem o poder, nem a fama, nem sequer a sabedoria, conduzem o homem ao verdadeiro contato com o reino do Espírito. É pela oração que o homem procura aproximar-se do infinito. O meu espírito começa a estar aflito e também eu necessito do consolo de Meu Pai.
- Será que a verdadeira sabedoria está no reino de Teu Pai?
- Não... Meu Pai é a sabedoria.
Jesus acentuou a palavra é com uma força que não admitia qualquer discussão.
- Então, se eu rezar, posso saciar a minha curiosidade e iluminar o meu espírito?
- Sempre que essa oração nasça realmente no teu espírito. Nenhuma súplica recebe resposta, se não vier do espírito. Em verdade, em verdade te digo que o homem se engana quando tenta canalizar a sua oração e os seus pedidos para o benefício material próprio ou alheio. Essa comunicação com o reino divino dos seres de Meu Pai só obtém a devida resposta quando obedece a uma ânsia de conhecimento ou consolo espiritual. O restante - as necessidades materiais, que tanto vos preocupa - não são conseqüência da oração, mas sim do amor de Meu Pai.
- Por isso insististe tanto em procurar o reino de Deus e a sua justiça... ?
- Sim, Jasão. O resto sempre vos é dado por acréscimo...
- E como devemos pedir?
- Como se já vos tivesse sido concedido. Recorda que a fé é o verdadeiro suporte dessa súplica espiritual.
- Dizer que a oração - assim formulada - sempre obtém resposta. Mas eu sei que isso nem sempre foi assim...
O Galileu sorriu com benevolência.
- Quando as orações provêm, em verdade, do espírito humano, por vezes são tão profundas que não podem receber resposta enquanto a alma não entra no reino de Meu Pai.
- Não compreendo...
- As respostas, não o esqueçais, sempre consistem em realidades espirituais. Se o homem não alcançou o grau espiritual necessário e aconselhável para assimilar esse conhecimento emanado do reino dever esperar - neste mundo ou noutros - até que essa evolução lhe permita reconhecer e compreender as respostas que, aparentemente, não recebeu no momento do pedido.
- Isso explicaria aquele angustioso silêncio que em certas alturas parece constituir a única resposta à oração?
- Sim. Mas não confundas. O silêncio não significa esquecimento. Como te disse, todas as súplicas que nascem do espírito obtêm resposta. Todas... Deixa-me que te explique com um exemplo: o filho está sempre no direito de perguntar a seus pais, porém, estes podem demorar as respostas, à espera que a criança adquira a maturidade suficiente para as entender. A grande diferença entre os pais humanos e o nosso Pai verdadeiro está em que aqueles esquecem por vezes que são obrigados a responder, ainda que seja ao cabo dos anos.
- Se é assim, quando morrermos, todos seremos sábios...
- Insisto que a única sabedoria válida no reino de Meu Pai é a que brota do amor. Depois de passar pela morte, ninguém ser sábio se antes não o tiver sido em vida...
- Devo então pensar que a demora na resposta à minha súplica é sinal do meu progressivo avanço no mundo do espírito?
Jesus olhou-me com complacência.
- Existe uma quantidade de respostas indiretas de acordo com a capacidade mental e espiritual daquele que pede. Mas, quando uma súplica fica temporariamente em branco, é freqüente presságio de uma resposta que encherá, no devido dia, um espírito enriquecido pela evolução.
- Porque é tudo tão complexo?
- Não, querido amigo. O amor não é complicado, é a vossa natural ignorância que vos precipita na escuridão e vos faz pender para uma permanente justificação dos vossos erros.
Fiquei em silêncio. Aquele homem tinha razão. Só os homens tentam desesperadamente justificar-se e justificar os seus fracassos...
Levantei os olhos para as estrelas e, apontando-lhe aquela maravilha, disse-lhe:
- Que sentes perante esta beleza?
O Galileu elevou também os olhos para o firmamento e respondeu com melancolia:
- Tristeza...
- Porquê?
- Se o homem não é capaz de receber na sua alma a grandeza desta obra, como poderá captar a beleza daquele que a criou?
- É Deus tão imenso quanto dizes?
- Mais do que acreditar na imensidão de Meu Pai, deves acreditar na imensidão da promessa divina. Transborda o espírito do homem e chega a originar vertigem nas legiões celestiais...
- Já me explicaste, mas, realmente o acesso ao reino do Teu Pai está ao alcance de todos os mortais?
- O reino de nosso Pai - corrigiu-me Jesus - está no coração de todos e em cada um dos seres humanos. Só os que despertam para a luz do evangelho o descobrem e nele penetram.
- Então, todas as religiões, credos ou crenças podem levar-nos à verdade?
- A verdade é uma e o nosso Pai reparte-a gratuitamente. É possível que o gosto e a beleza possam ser tão caros quanto a vulgaridade e a fealdade, porém não acontece o mesmo com a verdade: esta é um dom gratuito que dorme em quase todos os humanos, sejam ou não gentios, sejam ou não poderosos, sejam ou não instruídos, sejam ou não malvados...
- A quem aborreces mais?
- No coração de Meu Pai não há lugar para o ódio... Deverias sabê-lo. Defende-te só dos hipócritas, mas nunca vertas neles o veneno da vingança.
- Quem é hipócrita?
- Aquele que prega o caminho do reino celestial e, em troca, se instala no mundo. Em verdade te digo que os hipócritas enganam os simples de coração e não satisfazem mais que os medíocres.
- Quem estimais mais: um homem espiritual ou um revolucionário?
O Mestre sorriu, um tanto surpreendido com a minha pergunta. E, pousando a mão esquerda no meu ombro, respondeu com firmeza:
- Prefiro o homem que atua com amor...
- Mas quem pode conseguir amar mais?
- Pergunta melhor, quem pode conseguir compreender mais?
- Quem?
- Aquele que é capaz de amar tudo. Mas, cautela, Jasão, aquele que ama de verdade não coloca a palavra amor por cima da sua porta, procurando justificar-se perante o mundo. E o que dá, também não escreve a palavra caridade para que todos o reconheçam. Quando alguma vez vires essas palavras, desavergonhadamente exibidas no mundo, não duvides de que têm a única finalidade de enriquecer e enaltecer quantos a esgrimem e desfraldam. O reino de Meu Pai é semelhante a uma mulher que levava o cântaro cheio de farinha. Enquanto seguia por um caminho afastado partiu-se a asa e a farinha derramou-se atrás dela pelo caminho. A mulher não notou e não soube da sua infelicidade. Quando chegou a casa pousou o cântaro na terra e encontrou-o vazio.
- Aquele que é capaz de amar tudo!... - repeti, com um ligeiro movimento de cabeça. - Como isso é difícil...
- Nada existe de difícil para aquele que aprendeu a ceder.
- Mas, que me dizes das injustiças? Também devemos aprender a amar os que nos humilham ou tiranizam?
- Quando assim acontecer, pede explicações ao teu irmão, mas nunca o odeies. Só quando olhardes vossos irmãos com caridade podereis sentir-vos contentes.
- Começo agora a compreender - comentei, quase só para mim porque o meu mundo se sente infeliz...
- O maior erro do teu mundo - respondeu Jesus - é a sua falta de generosidade. O que conhece e pratica o amor não costuma ter necessidade de perdoar: está sempre disposto a compreender tudo.
- É possível que estejas certo, mas sempre pensei que o grande erro do nosso mundo era o seu enfartamento tecnológico...
O Nazareno olhou-me com uma infinita afabilidade.
- Deveis ter paciência e confiar. A humanidade, por vezes, embriaga-se e embota com as suas próprias descobertas e triunfos, esquecendo que o seu autêntico estado natural reside na serenidade do espírito. No dia em que desperte de tão pesada letargia voltará os olhos para o caminho do amor: o único que conduz à verdadeira sabedoria. O cansaço começava a apoderar-se de ambos e, de mútuo acordo, decidimos descansar as escassas horas que faltavam até à madrugada.
Enquanto me envolvia no manto, acomodando-me o melhor que pude debaixo de uma oliveira, uma estrela fugaz - uma "lírida" passou diante das estrelas Kappa Lyrae e Nu Herculis, rasgando o véu do firmamento e o da minha profunda melancolia. Sem que tivesse intenção, começara a amar aquele homem... 



Referência:
J J Benítez. Operação Cavalo de Tróia 1 - Jerusalém. Págs. 308-313.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O continente de Tiro não teria sido Atlântida, mencionado pelo Profeta Ezequiel?

Quem nunca ouviu falar sobre o continente de Atlântida, seja através de documentários, séries ou livros? Diante de elucubrações que se contrapõem, em afirmativas e refutações, estudiosos de várias áreas e da arqueologia, não chegam a um consenso se de fato a sua história é real ou fictícia.
O conceito histórico de Atlântida, foi sendo criado através de premissas arqueológicas, com a descoberta de artefatos de ouro e prata, que os cientistas supõem serem oriundos da época de Atlântida. Ademais de relatos Bíblicos do Profeta Ezequiel, que descreveu sobre um continente de nome Tiro, (não seria Atlântida?) e dos diálogos do filósofo grego, Platão, caracterizando e afirmando sobre a existência de Atlântida. Já o seu conceito "lendário", está muito relacionado aos mistérios que envolvem o seu desaparecimento, seu grande avanço tecnológico, (que era impensável para o seu tempo).
O Profeta Ezequiel descreve a destruição do continente de Tiro, que por semelhança de Atlântida foi derrocado nos mares. Podemos, então, fazer conjecturas e correlação com os relatos de Platão ao supormos que seja possivelmente Atlântida. Contudo, ainda existem muitas dúvidas e questionamentos por parte de muitos pesquisadores. É que apesar de todo o aparato científico da modernidade, não foi possível encontrar nenhum vestígio estrutural das ruínas, como prova cabal de sua existência. 
Nos capítulos 26, 27 e 28 de Ezequiel, há os motivos de sua queda, suas riquezas e sobre o seu comércio marítimo. Além do livro de Ezequiel, há o livro de José Alvarez López, com o título: A reconstrução de Atlântida, que utilizarei para embasar o texto. Somente há uma incongruência no livro de José Alvarez Lopez, dizendo que Társis seria Atlântida. Já o Livro de Ezequiel, afirma que Társis era uma Colônia fenícia da Espanha (Gn 10, 4; Is 23, 1; 50, 9) que fazia comércio de metais com Tiro, conforme nota de rodapé. E que segundo o Livro de Ezequiel, Tiro estava localizada nos mares e, esta que foi destruída e não Társis.
Vejamos, alguns versículos Bíblicos do Livro de Ezequiel, sobre o continente de Tiro:
“No décimo primeiro ano, no primeiro dia do mês, a palavra do Senhor me foi dirigida nestes termos: “Filho de homem, Tiro disse a respeito de Jerusalém: “Ah! Ah! Está quebrada a porta dos povos! Ela se voltou para mim! A cidade opulenta ficou arruinada! Ez 26, 1-2.
“Sobre ti entoarão um canto fúnebre e te dirão: ‘Como te arruinaste, varrida dos mares, cidade famosíssima! Ela era uma potência marítima com seus habitantes, espalhava terror em toda a parte. Agora tremem as ilhas no dia de tua queda, as ilhas que estão no mar estarrecem com teu fim’. Pois assim diz o Senhor DEUS: Quando fizer de ti uma cidade em ruínas, como as cidades desabitadas, quando fizer de ti e as grandes águas te cobrirem, então te farei morar nas profundezas da terra, nas ruínas antigas com os que descem à cova, para que não voltes a ser restabelecida na terra dos vivos. Farei de ti um objeto de terror e deixarás de existir. Serás procurada mas nunca serás encontrada – oráculo do Senhor DEUS” Ez 26, 17-21.
“A palavra do SENHOR me foi dirigida nestes termos: Quanto a ti filho de homem, entoa um canto fúnebre sobre Tiro. Dirás a Tiro, situada à entrada do mar, entreposto internacional para muitas ilhas: Assim diz o Senhor DEUS: Tiro, tu disseste: sou um navio de perfeita beleza! O coração do mar é tua fronteira, teus construtores aperfeiçoaram tua beleza”. Ez 27, 1-4.
“Navios de Társis formavam tuas caravanas comerciais. Estavas bem abastecida e rica no coração dos mares. Em alto-mar te conduziram teus remadores, mas o vento oriental desmantelou-te no coração dos mares. Tua opulência, mercadorias e artigos, teus marinheiros e tua tripulação, teus reparadores e guerreiros que estiverem contigo, com toda a multidão que houver dentro de ti, afundarão em pleno mar quando naufragares.” Ez 27, 25-27.
“Agora estás desmantelada no mar, nas profundezas das águas! Teus artigos e toda a tripulação a bordo afundaram”. Ez 27, 34.
“A palavra do SENHOR me foi dirigida nestes termos: “Filho de homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor DEUS: Porque teu coração se tornou orgulhoso, tu disseste: ‘Sou um deus, ocupo um trono divino no coração dos mares’. Tu, porém, és mortal e não um deus. És mais sábio do que Daniel! Segredo algum te é obscuro. Com talento e habilidade fizeste fortuna, acumulaste ouro e prata em teus tesouros. Com grande tino comercial fizeste fortuna. Mas teu coração se tornou soberbo com a fortuna”. Ez 28, 1-5.
A destruição de Tiro foi uma resposta de Deus, pela soberba e injustiça de seu rei com Jerusalém. Há muitos exemplos na Bíblia Sagrada (AT) que relataram punições a outros povos, como Sodoma e Gomorra; com o faraó do Egito, e outros reinos. Deus na sua justiça não deixaria impune as atrocidades cometidas pelo rei de Tiro, e nem de outras nações que futuramente se tornariam ímpias. 
A arrogância do rei de Tiro que o levaram-no a queda, pois desprezava por assim dizer a magnificência e autoridade de Deus sobre a humanidade; isso por se considerar um deus. As riquezas perverteram o bom senso, fazendo-o achar que estava acima de Deus e das pessoas. Por isso Deus o destronou de sua posição; porque a soberba é odiosa a Deus e até mesmo aos homens. "Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes." Tiago 4:6.
Quem é arrogante tem o hábito de pisar, humilhar e escarnecer dos mais fracos. O poder que é concedido ao homem, revelam o seu verdadeiro caráter! Mas ele e todos os que governam com totalitarismo nesse mundo, se esquecem de que Deus resiste aos soberbos e faz justiça aos pobres e oprimidos. Os soberbos e escarnecedores nunca conseguirão obter a santificação e a vida eterna! Portanto quem humilha, um dia será humilhado e destituído de seu poder temporal. "Quando vem a soberba, então vem a desonra; mas com os humildes está a sabedoria". Provérbios 11:2.
Atrelado ao texto de Ezequiel, gostaria de citar os textos do livro: A reconstrução de Atlântida por José Alvarez López; nos seus subtítulos: Relato da Atlântida por Platão e o Relato da Atlântida em suas íntegras:

Relato da Atlântida por Platão (Merejkowsky e a bomba atômica)

O diálogo de Platão chamado Timeo foi considerado durante milênios a máxima expressão do pensamento do filósofo. A antiguidade e toda a Idade Média viveram preocupadas tratando de penetrar nos múltiplos mistérios de um diálogo, onde o microcosmo (homem) e o macrocosmo (universo) aparecem formando as duas faces de uma mesma moeda. Todos os estudiosos de Platão concordaram que seus diálogos têm sempre um conteúdo oculto, cujo significado inevitavelmente nos escapa. Ortega e Gasset diziam, assinalando esta particularidade da literatura platônica: ”Ninguém entendeu o Protágoras, outro dos importantes diálogos do mestre mas, recentemente, outro erudito da filosofia platônica (F. de Samaranch) disse que até no jogo das palavras se descobre uma intenção oculta”.
É esta atmosfera misteriosa que rodeia os diálogos platônicos, desde seu aparecimento na Grécia do Século V a.C., o motivo pelo qual até o próprio começo do Timeo motivou a preocupação de milhões de interessados na filosofia platônica. Começa este diálogo com a interrogação socrática tantas vezes repetida: "Um, dois, três, onde está o quarto?". Sócrates se refere a seus interlocutores presentes (Timeo, Crítias, Hermócrates), porém, fica a incógnita em torno do quarto personagem pelo qual interroga.
À parte este mistério, todos sabem que Platão é um mestre na matemática cabalística e que esconde seus números sob o cenário dos diálogos. Por exemplo, ninguém pensará que é uma simples coincidência que no “Simposium” Platão situe onze personagens masculinos e um feminino. O jogo do onze mais a exceção é um velho truque cabalístico que vemos reproduzir-se em todos os escritos antigos. Por exemplo, na Divina Comédia, de Dante, este jogo numerológico se repete constantemente em cada uma das três partes de trinta e três cantos, escritas, por acréscimo, em hendecassílabo em terço. E isto para não citar toda a literatura antiga, desde a bucólica até a alquimista, passando pelo teatro e pela gnose.
Estava a interrogação socrática pelo quarto convidado vinculada à Atlântida? Para Merejkowsky, o profundo ensaísta russo, Sócrates conta as humanidades com os três dilúvios que se encontram mais adiante no Crítias, onde se afirma que o último desses foi o dilúvio de Deucalião. Segundo Merejkowsky, Sócrates interroga-se pelo destino da quarta humanidade, que seria a nossa.
A resposta assustava Merejkowsky, pois vinte anos antes de alguém ter pensado na bomba atômica ele já a havia previsto, pois em sua obra Atlântida-Europa, afirmava que a bomba atômica arrasaria nossa civilização, da mesma forma que aniquilou a Atlântida.
Não deixa de ser surpreendente que vinte anos antes de algum físico pensar sequer na possibilidade da existência de semelhante dispositivo técnico, Merejkowsky escrevera frases que não tinham para a época qualquer sentido, porém que cinquenta anos depois são perfeitamente claras para nós.
Foi uma adivinhação genial, ou realmente a Atlântida foi destruída pela energia atômica? Leiamos o que escrevia Merejkowsky há cinquenta anos:
“Parece que a guerra universal não será somente a destruição de uns povos por outros, mas sim a destruição da humanidade em si mesma”. Tudo isto que parece um conto ou uma visão do Apocalipse é talvez uma realidade já próxima, se bem que nos ocultem-na. Cada nação dissimula cuidadosamente às suas vizinhas os segredos de suas invenções militares.
“O juízo do mundo e de tudo o que está no mundo se faz pelo fogo. Quando o fogo vier, julgará e tomará tudo. O mistério da próxima guerra, que será sem dúvida a última, é o mistério do Ocidente: A Atlântida-Europa”.
Está claro que para Merejkowsky a Atlântida foi destruída por um dispositivo técnico desconhecido pelo seu tempo, mas que vinte anos depois seria perfeitamente reconhecível. Esta autêntica profecia poderá parecer surpreendente, porém é um ponto no qual estão de acordo Platão, Ezequiel e Merejkowsky. 

Relato de Atlântida

Começando com o relato de Atlântida, o sacerdote continua: “Naquele tempo, era possível atravessar o atlântico. Havia uma ilha do que vós chamais as colunas de Hércules (Gibraltar), maior tamanho que o Egito e a Ásia Menor juntos. E os viajantes daqueles tempos podiam passar desta ilha às demais ilhas, e destas últimas podiam ganhar todo o continente, na costa oposta deste mar que merecia realmente seu nome. Pois em um dos lados, dentro deste estreito que falamos, parece que não havia mais que um porto de boca muito fechada e que, do outro lado, para fora, existe este verdadeiro mar e a terra que o rodeia, a qual se pode chamar realmente um continente, no próprio sentido da palavra. Ora, pois nesta ilha Atlântida uns reis haviam formado um império grande e maravilhoso. Este império era senhor de toda a ilha e também de muitas outras ilhas e de partes do continente. Além disso, na parte vizinha a nós, possuíam a África até o Egito e a Europa até a Etrúria”.
Narra depois o sacerdote, o começo da guerra originada no intento atlante de colonizar Atenas e disse:
“Porém, no tempo subsequente, houve terríveis tremores de terra e cataclismo. Durante um dia e uma noite horríveis, todo o exército de Atenas foi tragado pela terra e desse modo a ilha Atlântida submergiu no mar e desapareceu. Eis porque, todavia hoje, este mar é difícil e inexplorável devido às suas profundidades baixas e lodosas que a ilha ao fundir-se deixou”.
Não será necessário assinalar que Platão fala aqui da América, nos mesmos termos em que qualquer europeu o pôde fazer depois de Cólon. Isto sempre chamou a atenção e mostra um completo conhecimento da geografia do Atlântico e da América. Já vimos como anteriormente Platão nos falou da sucessão dos períodos glaciais e carboníferos, os quais, segundo o sacerdote de Sais, devem-se a modificações da órbita terrestre. Esta é, curiosamente, a hipótese atualmente mais aceita para explicar os alternantes períodos glaciais e carboníferos de que nos fala Platão.
Porém, deve-se destacar aqui um aspecto não levado em conta pelos estudiosos do texto platônico, que é o caráter insular do império atlante. Platão fala de muitas ilhas em relação à Atlântida. O império atlante era, segundo Platão, um arquipélago. Curiosamente, em coincidência com o texto platônico, podemos observar que no texto de Ezequiel também se fala do arquipélago de Társis Tiro: “Agora se estremecerão as ilhas ao dia de tua queda, sim, as ilhas que estão no mar se espantarão com teu êxito” (Ez. XXVI-18). “Todos os moradores das ilhas se maravilharão sobre ti e seus reis tremerão de espanto” (Ez. XXVII-35). Társis está sempre associado às ilhas, pois no Salmo 72 lemos: “Os reis de Társis e das ilhas trarão presentes”.
Platão é muito conciso na descrição dos terremotos e maremotos que determinaram a catástrofe. A descrição de Társis pelo fogo imita o texto platônico e é possível que se trate de uma referencia à mesma Atlântida, que o escritor hebreu chama de Társis ou Tiro? “Farei subir sobre ti o abismo e as muitas águas te cobrirão”. (Ez. XXVI-19).
Muitas das lendas antigas sobre cataclismo e catástrofes estão associadas ao mistério de Atlântida. O mais provável é que depois da catástrofe subsistiram multidões de ilhas do arquipélago atlântico e que um delas fora Társis (Tiro), hoje desaparecida.


Referências:

Bíblia Sagrada: Edição da família. 46ª. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. 1440 p.

LÓPEZ, José Alvarez. A reconstrução de Atlântida: Enigmas e mistérios do universo. São Paulo: Hemus Editora Limitada. 125 p. Carlos Antônio Lauand.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Banda Dom - CD: Permanecer no Amor para Download

Banda Dom; Permanecer no amor; Música cristã

Download


FAIXAS DO CD:


01-Quanto Tempo Você Tem?
02-Aos Pés de Tua Cruz
03-Coração Adorador
04-Fiat ( Faça-se )
05-Permanecer no Amor
06-Certeza
07-Teu Mensageiro
08-Primeiro Encontro
09-Yo Estoy Contigo
10-Louvar e Adorar

Obs. Mais duas faixas extras.

CDs: Vozes da Tranquilidade (Canto Gregoriano) para Download


canto gregoriano; vozes da tranquilidade; download




Obs. Arquivo com 3 CDs.


Canto Gregoriano para Download




Álbuns:

Mosteiro da Ressurreição: 
Glorificai o nosso Deus
Minha Casa e Casa de Oração
Ressuscitou Aleluia
Salmos I
Salmos II
Salmos III

Mosteiro de São Bento:
Cantus Selecti
Natal

Mosteiro de Solesmes:
as trevas da sexta
cristo no getsemani
festas nossa senhora
igreja canta os santos
missa da quinta-santa
natal

Santo Domingo de Silos:
CD1
CD2

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *