16 de maio de 2021

A ESQUIZOFRENIA E A ESPIRITUALIDADE


Esquizofrenia; Espiritualidade
Vivendo pela fé. “É por isso que não desfalecemos. Ainda que o ser humano exterior se decomponha em nós, o ser humano interior se renova dia a dia. A presente aflição, momentânea e leve, nos dá um peso de glória incalculável. Por isso não olhamos para as coisas visíveis, mas para as invisíveis. As coisas visíveis são temporais; as invisíveis, eternas”. 2Cor 4: 16-18

A esquizofrenia é considerada um dos transtornos mentais mais incapacitantes, trazendo um grande sofrimento tanto para os pacientes quanto para suas famílias, que têm a importante responsabilidade de fornecer os cuidados necessários aos diagnosticados com essa condição. Aqueles que se dedicaram a pesquisar e estudar sobre a esquizofrenia sabem que não existe uma explicação teórica uniforme para seu entendimento. As diversas referências acadêmicas e os diferentes autores frequentemente divergem em suas hipóteses, sem que haja uma precisão científica clara. Em resumo, essa doença mental pode originar-se de fatores genéticos e ambientais. Até o momento não encontramos artigos ou textos acadêmicos, que abordem especificamente a espiritualidade como um fator relacionado aos sintomas psicóticos.

É inegável que a prevenção e o tratamento dos transtornos psicológicos devem ser realizados por psicólogos e psiquiatras. Contudo, isso não nos impede de explorar, por meio da leitura dos Evangelhos e dos textos dos monges beneditinos, a perspectiva que esses homens e mulheres tiveram sobre a psicose e outras doenças. Segundo a tradição escrita, eles identificavam alguns desses sintomas como manifestações demoníacas. Portanto, não podemos ignorar a sabedoria transcendente — termo que se refere à acrossofia [1] — adquirida por aqueles que dedicaram suas vidas a Deus. As experiências sobrenaturais que vivenciaram muitas vezes escapavam à compreensão científica, sendo discernidas espiritualmente através de uma sabedoria divina, concedida a seus servos. Diante disso, podemos nos perguntar: quantos indivíduos diagnosticados com essas psicopatologias, mesmo após diversos tratamentos psiquiátricos, continuaram a sofrer durante anos em clínicas?

A pergunta retórica se revela clara por si mesma. Ao analisarmos estatisticamente os casos de pessoas diagnosticadas com essa doença mental, percebemos que, infelizmente, poucos conseguem retomar uma vida normal e com qualidade após o diagnóstico, e mesmo após se submeterem a psicoterapias e tratamentos psicofarmacológicos. O que se nota no prognóstico da doença é que muitos indivíduos precisarão conviver durante um período prolongado com sintomas crônicos, sendo essencial um tratamento precoce e contínuo. Assim, a seguir, apresentarei uma breve descrição sobre a Esquizofrenia e suas características sintomáticas, conforme apontam os especialistas.

O que é a Esquizofrenia?
A esquizofrenia caracteriza-se por psicose (perda do contato com a realidade), alucinações (percepções falsas), delírios (crenças falsas), discurso e comportamento desorganizados, embotamento afetivo (variação emocional restrita), déficits cognitivos (comprometimento do raciocínio e da solução de problemas) e disfunção ocupacional e social. [...].

 

Sintomas
Conforme nos diz Lima, o transtorno tem nas suas principais características , alterações na afetividade, comportamento, vontade, percepção, insight, linguagem, relações interpessoais, vida escolar, ocupacional, entre outros. [...]. Ao que tange o conteúdo do pensamento dos esquizofrênicos, se verifica que há fragmentação, com a perda das associações lógicas, que se expressa de forma incoerente, vaga, circunstancial e repetitiva. E da mesma maneira, a percepção do paciente se mostra alterada e a principal alteração perceptivo são alucinações: auditivas – escuta vozes sem haver ninguém por perto; até alucinações visuais, ( visões fantasiosas); olfativas (odores incomuns); ou táteis (sensações de formigamento pelo corpo).
Além dos distúrbios apresentados, os indivíduos esquizofrênicos também podem ter ilusões (percepção de objetos reais de modo distorcido) ou despersonalização (sensação de que o seu corpo está sofrendo modificações). Também são observados distúrbios motores, tais com catatonia (alterações intensas da motricidade caracterizadas por imobilidade e comportamento indiferente ao ambiente), movimentos estereotipados (repetitivos e sem propósito), atividades motoras incontroláveis e agitação, sendo as duas últimas as mais frequentes, segundo Alves.
Os sintomas da esquizofrenia se classificam como positivos e negativos. Os positivos são “caracterizados por distorção do funcionamento normal de funções psíquicas” como discorre Alves. Esses sintomas são delírios, alucinações, pensamentos incoerentes, agitação psicomotora e afeto incongruente. Já os sintomas negativos, segundo Alves e Silva, se caracterizam pela perda das funções psíquicas, como deficiências intelectuais e de memória, pobreza de discurso, embotamento afetivo, incapacidade de sentir prazer (anedonia), isolamento social e falta de motivação.

Depois de descrever o que é a Esquizofrenia e seus sintomas, utilizarei o Evangelho para justificar o tema. Lucas, Cap. 8:26-39:

"Navegaram para a região dos gerasenos, que está defronte da Galileia. Mal saltou em terra, veio-lhe ao encontro um homem dessa região, possuído de muitos demônios; há muito tempo não se vestia nem parava em casa, mas habitava no cemitério. Ao ver Jesus, prostrou-se dian­te dele e gritou em alta voz: “Por que te ocupas de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te, não me atormentes!” Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem. Pois há muito tempo que se apoderara dele, e guardavam-no preso em cadeias e com grilhões nos pés, mas ele rompia as cadeias e era impelido pelo demônio para os desertos. Jesus perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?”. Ele res­pondeu: “Legião!”. (Porque eram muitos os demônios que nele se ocultavam.) E pediam-lhe que não os mandasse ir para o abismo. Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos; rogaram-lhe os demônios que lhes permitisse entrar neles. Ele permitiu. Saíram, pois, os demônios do homem e entraram nos porcos; e a manada de porcos precipitou-se pelo despenhadeiro, impetuosamente no lago, e afogou-se. Quando aqueles que os guardavam viram o acontecido, fugiram e foram contá-lo na cidade e pelo campo. Saíram eles, pois, a ver o que havia ocor­rido. Chegaram a Jesus e acharam a seus pés, sentado, vestido e calmo, o homem de quem haviam sido expulsos os demônios; e, tomados de medo, ouviram das testemunhas a narração desse exorcismo. Então, todo o povo da região dos gerasenos rogou a Jesus que se retirasse deles, pois estavam possuídos de grande temor. Jesus subiu à barca, para regressar. Nesse momento, pedia-lhe o homem, de quem tinham saí­do os demônios, para ficar com ele. Mas Jesus despediu-o, dizendo: “Volta para casa, e conta quanto Deus te fez”. E ele se foi, publicando por toda a cidade essas grandes coisas..."


Nestes versículos, observamos o que acontece quando alguém é atormentado pelo inimigo de nossas almas. O estado psíquico dessa pessoa é tão afetado que ele já não exerce mais domínio sobre seu próprio corpo, fala ou raciocínio. Quando Jesus Cristo o questiona, ele se identifica como legião, pois são muitos os demônios que o oprimem. Essa descrição nos oferece importantes lições ao compararmos o estado anterior e o posterior à sua conversão, destacando a prisão espiritual que vivia antes e a libertação que experimentou depois.

Antes do milagre operado por Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o gadareno se encontrava em total desolação — moral, física, intelectual e emocional. Ele habitava os cemitérios, não se vestia, não se banhava e não se alimentava adequadamente. Aqueles que tentavam contê-lo com correntes eram incapazes de mantê-lo preso, pois ele conseguia romper as correntes de ferro e se afastava da comunidade, retornando sempre ao lugar onde se encontrava.

Chegamos à conclusão de que a principal finalidade dos demônios é nos destruir. Para que isso aconteça, é necessário que nos deixemos escravizar pelo pecado. A estratégia deles consiste em atacar primeiramente a nossa razão, ou a mente, para conseguir exercer total domínio sobre nós. Quando isso ocorre, nos privamos da riqueza mais valiosa que Deus nos deu: a paz, a liberdade e o direito de vivermos dignamente, como filhos e filhas do Pai.

Após a libertação do gadareno pelo Nosso Senhor, a legião de espíritos impuros foi encaminhada aos porcos, que em seguida se precipitaram ao mar. O homem, finalmente livre, recuperou sua sanidade mental, foi vestido e pôde conversar tranquilamente. Aqueles que o conheciam ficaram maravilhados com sua total recuperação.

Com base neste relato do Evangelho de Lucas, podemos afirmar que muitas doenças e males têm origens espirituais. Este exemplo ilustra claramente como o mundo espiritual está ligado ao nosso mundo físico. De um lado, temos Deus e os Anjos, espíritos de luz, que atuam de maneira salutar e salvadora em nós; do outro, Satanás e os espíritos das trevas, que trazem doenças, perdição e destruição às almas. Em textos futuros, trarei mais evidências para corroborar essa análise.

Mais adiante, citarei trechos hagiográficos de antigos monges que enfrentaram batalhas e provações espirituais contra o inimigo do homem, vencendo essas dificuldades por meio da fé em Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. As referências são retiradas de obras como "Vida e Milagres de São Bento" e "Patrística Vol. 18: Vida e Conduta de Santo Antão", escrita por Santo Atanásio. Embora pudesse mencionar uma variedade de escritos bíblicos e narrativas sobre monges, o texto ficaria muito extenso. Por isso, optarei por descrever os principais eventos e manifestações "fantasiosas" e perniciosas do mal, que eram prontamente desmascaradas ou repelidas pelos monges através da oração, penitência e jejum.

É importante reiterar que este artigo não tem a intenção de refutar a medicina, que é uma benção inspirada por Deus para auxiliar na cura, nos cuidados e na prevenção de doenças. O que busco destacar são as evidências de que certas enfermidades, especialmente a esquizofrenia, apresentam uma conexão com espíritos malignos. Ao analisarmos os conteúdos sombrios e sobrenaturais que fazem parte do comportamento psicótico de alguns pacientes esquizofrênicos, e considerando que o tratamento psicológico tradicional muitas vezes não produz os resultados esperados, podemos inferir que, em muitos casos psiquiátricos, a origem pode residir nas dimensões espirituais de suas experiências.


OUVIR O TEXTO PRINCIPAL?


______________________

1 A suprema sabedoria; a sabedoria que só pertence a Deus.


Link para a continuação do post: A Esquizofrenia e a espiritualidade (PARTE 2).

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