19 de fevereiro de 2024

MUITOS DOS PRIMEIROS SERÃO OS ÚLTIMOS, E MUITOS DOS ÚLTIMOS, OS PRIMEIROS! (1ª PARTE)


Artigo; Muitos dos primeiros serão os últimos, e muitos últimos, os primeiro; Parábola do homem rico, e do Lázaro; primeira parte
Ilustração de Lázaro no Portão do Homem Rico, de
Fyodor Bronnikov, 1886.
Então disse Jesus aos seus discípulos: "Se alguém quer vir após mim, negue se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.  Pois aquele que quiser salvar a sua vida, vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. De fato, que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro mas arruinar a sua vida? Ou que poderá o homem dar em troca de sua vida? Pois o Filho do Homem há de vir na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com o seu comportamento. Em verdade vos digo que alguns dos que aqui estão não provarão a morte até que vejam o Filho do Homem vindo em seu Reino". Mt 16:24-28



Quando alguém alcança a estabilidade financeira, é muito comum acreditarmos que ela seja privilegiada, realizada e feliz. Há uma infinidade de adjetivos para elogiar os que triunfam no mundo dos negócios, nas suas carreiras ou nas suas famílias. Por outro lado, os menos favorecidos enfrentam indiferenças num mundo que valoriza acima de tudo, o status e as posses materiais. Para muitos, os pobres são vistos como incapazes; eles não geram riquezas e dependem de programas sociais e doações para sobreviverem.

Infelizmente grande parte de nós é influenciado a desprezar esses indivíduos, alimentando estigmas negativos que lhes são atribuídos. Sobretudo quando fazemos um paralelo com os abastados que prosperam. Presumimos então, que eles possuem uma conexão especial com Deus, enquanto os menos favorecidos são preteridos e marginalizados na sociedade. Essa perspectiva resulta em exclusão e negligência, fomentadas por uma classe social segregadora e elitista que se empenha em enaltecer apenas os poderosos. “Atentai para isto, meus amados irmãos: Não escolheu Deus os pobres em bens deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam? E, no entanto, vós desprezais o pobre! Ora, não são os ricos que vos oprimem, os que vos arrastam aos tribunais? Não são eles os que blasfemam contra o nome sublime que foi invocado sobre vós?” Tg 2:5-7

As pessoas muitas vezes se encantam e sentem-se atraídas pela aparência e pelas posses que os outros adquirem. Porém esses "valores" que para nós parecem ser importantes não têm relevância para Deus Pai, que eleva somente os que são humildes. O exemplo disso, é destacado no livro de 1Samuel. Quando o Profeta Samuel foi até a cidade onde morava Davi, para ungi-lo rei de Israel. Nos primeiros instantes, Samuel titubeou, escolhendo um dos irmãos de Davi, pois era um jovem belo e de estatura alta, mas, Deus disse a ele, que não era este o que havia escolhido: Samuel fez o que o SENHOR lhe disse, e foi a Belém. Os anciãos da cidade, apavorados, vieram-lhe ao encontro e perguntaram: “É de paz a tua vinda? ” — “Sim, é de paz”, respondeu Samuel. “Vim para fazer um sacrifício ao SENHOR. Purificai-vos e vinde comigo, para o sacrifício”. Ele purificou então Jessé e seus filhos e convidou-os para o sacrifício. Assim que chegaram, Samuel viu a Eliab, e disse consigo: “Certamente é este o ungido do SENHOR! ” Mas o SENHOR disse-lhe: “Não te impressiones com a sua aparência, nem com a sua grande estatura; não é este que eu quero. Meu olhar não é o dos homens: o homem vê a aparência, o SENHOR vê o coração”. 1Sm 16:4-7

Dando sequência à nossa leitura, observamos que os pais de Davi o chamam para se juntar à refeição: Samuel perguntou a Jessé: “Todos os teus filhos estão aqui? ” Jessé respondeu: “Resta ainda o mais novo, que está cuidando do rebanho”. E Samuel ordenou a Jessé: “Manda buscá-lo, pois não nos sentaremos para comer enquanto ele não chegar”. Jessé mandou buscá-lo. Era ruivo, de belos olhos e de aparência formosa. E o SENHOR disse: “Levanta-te, unge-o: é este! Davi por ser o filho mais novo, e podemos inferir, inexperiente, foi delegado por seus pais no serviço e o cuidado das ovelhas. Examinamos nestes versículos, o quanto Deus ama e preza pelos desprezados e considerados insignificantes para um povoado ou uma sociedade, e, especificamente neste caso a sua própria família. Davi, que posteriormente, se tornaria Rei de Israel, não veio de uma família abastada, ou proveniente da monarquia. Deus em sua infinita soberania e poder, escolheu ungir alguém que veio de baixo, por ter vivido e sentido as mesmas humilhações que os pobres viviam, para que ele, então, fizesse justiça aos menos favorecidos. Pois, o Senhor, sabia que Davi faria a sua vontade, ao contrário de Saul, seu predecessor que foi rebelde e desobediente às suas ordens. “Reinou Davi sobre todo o Israel, administrando a justiça e o direito a todo o seu povo”. 2Sm 8:15


Os dízimos e as ofertas

Muitos que defendem a ideia de que o dízimo é relevante nos dias atuais frequentemente não esclarecem qual é o verdadeiro propósito dos dízimos e das ofertas. Já ouvi pastores afirmarem que a igreja não deve ser vista como uma instituição de caridade, alegando que a responsabilidade social de cuidar dos pobres e dos moradores de rua é uma prerrogativa apenas do Estado. No entanto, esquecem-se de mencionar que, no livro de Deuteronômio e em outras Escrituras do Antigo Testamento que abordam esse assunto, é enfatizado que os dízimos serviam para sustentar os levitas — que, em nossos dias, podemos comparar aos pastores e àqueles que pregam o Evangelho — além de contemplar também os órfãos, as viúvas e os estrangeiros. “Os levitas eram uma das doze tribos de Israel, que não tinham as mesmas prerrogativas, ou direitos como as demais outras tribos, pois eles foram escolhidos por Deus para o serviço do Templo”. E não era apenas para a provisão dos levitas; essa assistência também era destinada a amparar órfãos, viúvas e estrangeiros. De forma geral, abrangia todos aqueles que se encontravam em condições de miséria, que enfrentavam a carência de alimento e careciam de abrigo.

Todos os anos separarás o dízimo de todo o produto da tua semeadura que o campo produzir, e diante de Iahweh teu Deus, no lugar que ele houver escolhido para aí fazer habitar o seu nome, comerás o dízimo do teu trigo, do teu vinho novo e do teu óleo, como também os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas, para que aprendas continuamente a temer a Iahweh teu Deus. Caso o caminho seja longo demais para ti, e não possas levar o dízimo — porque o lugar que Iahweh teu Deus escolheu para aí colocar o seu nome fica muito longe de ti, quando Iahweh teu Deus te houver abençoado, — vende-o então por dinheiro, toma o dinheiro em tua mão e vai para o lugar que Iahweh teu Deus houver escolhido. Lá trocarás o dinheiro por tudo o que desejares: vacas, ovelhas, vinho, bebida embriagante, tudo enfim que te apetecer. Comerás lá, diante de Iahweh teu Deus, e te alegrarás, tu e a tua família. Quanto ao levita que mora nas tuas cidades, não o abandonarás, pois ele não tem parte nem herança contigo. A cada três anos tomarás o dízimo da tua colheita no terceiro ano e o colocarás em tuas portas. [2] Virá então o levita (pois ele não tem parte nem herança contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que vivem nas tuas cidades, e eles comerão e se saciarão. Deste modo Iahweh teu Deus te abençoará em todo trabalho que a tua mão realizar. Dt 14:22-29


Os ricos ímpios e avarentos

Aprendemos que a especial predileção de Deus recai sobre os mais fracos, tanto aqueles que carecem de apoio espiritual quanto os que não possuem o essencial para viver com dignidade. Todavia, não podemos generalizar e demonizar todos os ricos, pois há pessoas com considerável poder aquisitivo que são humildes e se solidarizam com os mais vulneráveis. Assim, fica claro que Deus não é totalmente contra os ricos. O que realmente o indigna são aqueles ricos ímpios, avarentos e insensatos, que buscam apenas os próprios interesses e não se preocupam com mais ninguém, além de si mesmos, sua família e seus amigos. Para ilustrar esse ponto, gostaria de compartilhar um fato curioso sobre a história de Santo Antônio, que, durante a homilia no enterro de um rico de Florença: “Em outro caso, que mais tarde também se difundirá – embora nem sempre seja atribuído a Santo Antônio –, conta-se que ele chegou a Florença quando havia acabado de morrer um dos homens mais ricos da cidade.

Durante a missa de corpo presente, na igreja repleta, Antônio dá o tema do sermão: “Onde estiver o seu tesouro, ali estará também o seu coração”. E desenvolve uma bela homilia sobre a avareza e a mesquinhez, enfatizando o conhecido argumento de que riquezas acumuladas não trilham o caminho do céu, a este mundo pertencem, e que todos nós , quando mortos, chegamos pobres e desprovidos delas ao outro lado, e assim nos apresentamos diante do Senhor. Como tantos outros, aquele homem dedicara o coração a seu tesouro, e só nele encontrava descanso. Por isso, se procurassem bem, o coração do avarento seria encontrado no meio de suas riquezas.

A princípio, os fiéis ali reunidos tomam essas palavras como uma parábola. No entanto, ocorre a alguém da família, conhecedor da clarividência do frade santo, abrir as arcas do tesouro do falecido. Ali, na presença de outros parentes e amigos, descobre, para estupor de todos, o coração do morto, ainda palpitante, a sangrar entre as moedas de outro tão afanosamente acumuladas”. (NUNO, Fernando p. 204-205). Esse relato extraordinário de Santo Antônio, está interligado à parábola do rico e do Lázaro, pois os dois são análogas ao abordarem: A condenação dos ricos avarentos. O Salmista Davi nos traz as características perversas, daqueles que se tornaram poderosos. Por terem muito dinheiro e poder, tornaram-se ímpios e orgulhos, por isso, negam e insultam a Deus, perseguindo e matando os pobres, sem temer a justiça e a Deus:


Por que, SENHOR, permaneces afastado e te ocultas no tempo da aflição? Com arrogância os ímpios perseguem o indefeso; que fiquem emaranhados em suas próprias tramas! O infiel se gaba de sua própria ambição, o avarento menospreza e insulta a Deus. O ímpio é soberbo, não quer saber desse assunto. “Deus não existe!” é tudo o que de fato pensa. Seus negócios têm contínuo sucesso; muito além da sua compreensão está a tua Lei, por isso ele faz pouco caso dos seus adversários, pensando consigo mesmo: “Eu sou inabalável! Desgraça alguma me atingirá, nem a mim nem aos meus descendentes”. Sua boca está sempre cheia de fraudes, maldições e ameaças; violência e todo tipo de maldade estão em sua língua. Põe-se de emboscada próximo aos vilarejos e às escondidas massacra o inocente. Fica à espreita como leão escondido; coloca-se de tocaia para apanhar o necessitado; agarra o pobre e o arrasta em sua rede. Ele espreita, se agacha, se encurva, e o infeliz cai em seu poder. Imagina consigo mesmo: “Deus se esqueceu; escondeu seu rosto e nunca dará atenção a isto”. Levanta-te, SENHOR! Ergue a tua mão, ó Deus! Não te esqueças dos desamparados. Por que o ímpio despreza a Deus, dizendo em seu íntimo: “Tu não me pedirás contas”? Mas tu vês o sofrimento e a dor; e tomas esses sentimentos em tuas mãos. O sofredor se entrega a ti, pois tu és o protetor do órfão. Quebras o braço do ímpio e do maldoso, pedes contas de sua crueldade, até que dela nada mais seja visto. O SENHOR reina todos os dias e eternamente; da sua terra desapareceram os outros povos. Tu, SENHOR, ouves a oração dos necessitados; tu lhes fortalecerás o coração e atenderás ao seu clamor. Defende o que não tem pai e o oprimido, a fim de que o homem, que é pó, já não provoque o terror. Sl 10:1-18


Deus o Pai dos órfãos e das viúvas

Uma das principais características que diferencia os pobres dos ricos é a rede de apoio que os milionários e pessoas abastadas possuem. Eles contam com "amigos" que os apoiam em momentos difíceis, além do suporte de familiares e conhecidos que os protegem e ajudam a se reerguer quando enfrentam obstáculos. Oferecendo o suporte afetivo e material, imprescindíveis nas suas dificuldades. Enquanto que o pobre é abandonado até mesmo por seus familiares, amigos e conhecidos: “O amigo não se revela na prosperidade, nem o inimigo se esconde no tempo da desgraça. Quando alguém prospera, os inimigos ficam tristes, mas quando alguém cai na desgraça, até o amigo vai embora. Jamais confie no inimigo, pois a sua maldade é metal que enferruja”. Eclo 12:8-1

No livro de Eclesiástico capítulo 13:19-30, os versículos conotam o quanto perigoso é para os pobres, conviverem com os ricos: “Todo ser vivo ama o seu semelhante, assim todo homem ama o seu próximo. Toda carne se une a outra carne de sua espécie, e todo homem se associa ao seu semelhante. O lobo jamais terá amizade com o cordeiro: assim é entre o pecador e o justo. Que relação pode haver entre um santo homem e um cão? Que ligação pode ter um rico com um pobre? O onagro é a presa do leão no deserto: assim os pobres servem de pasto aos ricos. E como a humanidade é abominada pelo orgulhoso, do mesmo modo o pobre causa horror ao rico. Um rico abalado é apoiado pelos seus amigos. O pobre que tropeça é ainda empurrado pelos seus companheiros. Quando um rico é enganado, numerosos são aqueles que o vêm ajudá-lo, se diz tolices, o apoiam. Quando um pobre é enganado, ainda merece censura, e, se falar com sabedoria, não o levam em consideração. Se fala o rico, todos se calam, e glorificam suas palavras até às nuvens, se fala um pobre, dizem: Que é este homem? E se ele tropeçar, fazem-no cair. A riqueza é boa para quem não tem a consciência pesada, péssima é a pobreza do mau que se lastima”.




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