16 de maio de 2021

A ESQUIZOFRENIA E A ESPIRITUALIDADE (PARTE 2)

Esquizofrenia; Espiritualidade

VIDA E MILAGRES DE SÃO BENTO. CAPÍTULOS: IV E X.

1) O monge divagante: Reconduzido à salvação

Em um dos mosteiros que construíra ao redor, havia certo monge que não conseguia ficar em oração. Logo que os irmãos se inclinavam nesse exercício, saía e punha-se a revolver na mente vadia coisas mundanas e transitórias. Admoestado várias vezes por seu abade, foi por fim conduzido ao homem de Deus, que lhe increpou com veemência a insensatez; de volta, porém, ao seu mosteiro, mal conseguiu observar por dois dias a admoestação do homem de Deus; já ao terceiro, recaindo no velho hábito, entrou de novo a vaguear na hora da oração. Quando isto foi contado ao servo de Deus pelo pai do mosteiro, respondeu aquele:

- "Irei eu mesmo, e pessoalmente o emendarei".

O homem de Deus foi, com efeito, ao dito mosteiro, e na hora marcada, quando os irmãos depois da salmodia se entregavam à oração, observou que o monge que não podia ficar rezando, era arrastado por um negrinho, que o puxava pela orla do hábito.
À vista disso, Bento perguntou secretamente ao abade do mosteiro, Pompeiano, e ao servo de Deus, Mauro:

- Não vedes, então, quem é que puxa esse monge?"

Responderam que não. Ao que retorquiu:

- "Oremos para que vejais também vós a quem é que esse monge segue".

Depois de dois dias de oração, Mauro monge o viu, ao passo que Pompeiano, pai do mosteiro, não o conseguiu. Ora, no dia seguinte, saindo do oratório depois do ofício, o homem de Deus topou com o dito monge em pé do lado de fora, e aí com uma vara bateu-lhe de rijo, por causa da cegueira de seu coração. Desde esse dia o monge nunca mais se deixou induzir pelo pretinho, permanecendo sossegado na prática da oração, e o antigo inimigo não mais se atreveu a dominar-lhe o pensamento, como se fora ele mesmo que levara as pancadas.

2) O incêndio imaginário da cozinha

Então ao homem de Deus pareceu oportuno cavarem a terra naquele mesmo sítio. Ora, sucedeu que, cavando muito fundo, os irmãos encontraram um ídolo de bronze. Atiraram-no logo para longe, indo o mesmo cair por acaso na cozinha; em consequência, viu-se de repente sair fogo do lugar, e pareceu aos olhos de todos que o prédio da cozinha era devorado pelas chamas. Como, jogando água para apagar o fogo, fizeram grande vozerio, o homem de Deus, atraído pelo ruído, aproximou-se.
Considerando, então, que o fogo estava somente nos olhos dos irmãos e não nos seus, baixou logo a cabeça em oração, e, chamando a si os irmãos que via iludidos pelo incêndio fantástico, admoestou-os a persignarem os olhos para que percebessem estar ileso o edifício da cozinha, e deixassem de ver as chamas imaginárias que o antigo inimigo lhes sugeria.


VIDA E CONDUTA DE SANTO ANTÃO – DESCRITO POR SANTO ATANÁSIO


1) Necessidade de conhecermos suas astúcias

“Sabemos que os demônios não foram criados como demônios. Deus não faz nada mau. Também eles foram criados bons, mas, decaídos da sabedoria celeste e precipitados na terra, desviaram os gentios por meio de ficções. Invejam a nós, cristãos, e movem tudo para nos fechar o acesso ao céu, a fim de que não subamos para o lugar do qual caíram. Por isso temos necessidade de orações e da ascese para, mediante o carisma do discernimento dos espíritos, recebido pelo Espírito Santo podermos conhecer o que diz respeito a eles, quais dentre eles são menos maus, quais piores, a especialidade de cada um, e como cada um é vencido e rejeitado. Muitas são, com efeito, suas velhacarias e suas manobras insidiosas. Sabiam-no bem o bem-aventurado apóstolo e seus colaboradores, que diziam: ‘Não ignoramos as intenções dele’ (2Cor 2,11). A experiência de suas tentações deve servir para nos ajudarmos mutuamente a nos precavermos. Tendo deles alguma experiência, eu vos falo como a meus filhos”.

2) Por permissão divina é que o demônio pôde provar Jó

“Se alguém, pensando na história de Jó, objeta: por que então o diabo, saindo contra ele, pôde fazer tudo, tirar-lhe as riquezas, matar os filhos e ferir a ele mesmo com chaga maligna? (Jó 1,15-22; 2,7). Que reconheça: o diabo não era forte, mas Deus lhe entregou Jó, para que o provasse.
Precisamente porque nada podia, o demônio pediu esse poder e, tendo-o recebido, agiu. O exemplo confirma que é necessário desprezar o inimigo, já que, ainda quando quer, nada pode contra um homem justo. Se tivesse o poder, não o teria pedido. E o pediu não só uma, mas duas vezes, o que manifesta sua fraqueza e impotência. Não é surpreendente que nada pudesse contra Jó. Só pôde destruir seu rebanho com a permissão divina. Os demônios não têm poder nem mesmo sobre os porcos. No evangelho está escrito que rogaram ao Senhor: ‘Permite-nos passar para a manada de porcos’ (Mt 8,31). Se não têm poder sobre os porcos, por razão muito mais forte não o têm contra o homem, feito à imagem de Deus”.

3) Experiências pessoais de Antão

“Quereria calar-me e nada dizer do que me concerne, contentar-me com o que precede. Mas, para que não penseis que não faço mais que dizer essas coisas, para que creiais que as conto por experiência e com verdade, por isso, ainda sob o risco de ser insensato (mas o Senhor, que está ouvindo, conhece a pureza de meu coração e que falo não por mim mesmo, mas por amor de vós e por vosso projeto), as maquinações do demônio que vi, digo-as novamente. Quantas vezes me proclamaram bem-aventurado, mas os amaldiçoava em nome do Senhor. Quantas vezes me anunciaram a enchente do rio, e lhes dizia: ‘E que proveito isso vos traz?’ Às vezes, vieram ameaçadores e me cercaram como soldados armados; outras vezes, encheram a casa de cavalos, de animais ferozes e de serpentes. Quanto a mim, salmodiava: ‘Uns confiam em carros, outros em cavalos; nós, porém, invocamos o nome de Javé nosso Deus’ (Sl 19,8) e por meio das orações, foram postos em fuga pelo Senhor. Às vezes vieram nas trevas, com aparências de luz, e disseram: ‘Viemos alumiar para ti, Antão’; eu, fechando os olhos, orava, e logo a luz dos ímpios se apagava. Alguns meses depois, vieram como que salmodiando e recitando palavras das escrituras, mas ‘eu, como o surdo, não escutava’ (Sl 37,14). Às vezes abalavam a minha cela; eu rezava, permanecendo imóvel na alma. Depois disso, voltavam, faziam ruído, assobiavam, dançavam. Como rezasse e permanecesse deitado, salmodiando comigo mesmo, logo começavam a se lamentar e chorar, como se desfalecessem; mas eu glorificava o Senhor, que quebrava sua audácia e seu furor, e fazia deles um exemplo”.

4) Como ele repelia os demônios

“Certa vez um demônio muito alto me apareceu e ousou dizer-me: ‘Sou o poder de Deus, sou a providência. Que queres que te conceda?’ Então soprei com mais força contra ele; tendo invocado o nome de Cristo, pus-me a bater nele, e parece-me que, de fato, bati. Ao ouvir o nome de Cristo, logo esse grande (demônio) desapareceu com todos os seus demônios. Então, quando eu jejuava, o astuto voltou sob a aparência de monge, trazendo pães, e me aconselhou, dizendo: ‘Come e cessa com esses grandes trabalhos; também tu és homem, e vais enfraquecer’. Refletindo em sua astúcia, levantei-me para orar. Ele não suportou, deixou-me e parece ter saído pela porta como fumaça. Quantas vezes, no deserto, fez aparecer ouro diante de mim, para me tentar ao menos a tocá-lo e olhá-lo. Salmodiava contra ele, e tudo desaparecia. Muitas vezes seus golpes me feriram, e eu dizia: ‘Nada me separará do amor de Cristo’ (Rm 8,35). Depois disso se bateram muito mais entre si. Não era eu que os fazia cessar e os abatia, mas o Senhor, que disse: ‘Vi satanás cair do céu como um relâmpago’ (Lc 10,18).
Mas eu, meus filhos, lembrando-me da palavra do apóstolo (1Cor 4,6), apliquei isso a mim, para que aprendais a não desfalecer na ascese, a não temer as magias do diabo e de seus demônios”.

5) Cuidar muito da alma e muito pouco do corpo

Antão, segundo seu costume, segregando-se em seu próprio mosteiro, fortalecia sua ascese. Todos os dias suspirava, pensando nas moradas do céu, desejando-as e meditando quão efêmera é a vida humana. Quando devia comer ou dormir ou cuidar de outras necessidades do corpo, sentia vergonha, pensando na parte espiritual da alma. Muitas vezes, estando para tomar a refeição com os numerosos outros monges, lembrando-se do alimento espiritual, recusava-se e se afastava, considerando vergonhoso que o vissem comendo com os outros, e ia comer retirado, por necessidade. Muitas vezes, também, comia com seus irmãos; sentia vergonha, mas se consolava, aproveitando a ocasião para palavras úteis. É necessário, dizia, aplicar todo o tempo livre à alma, não ao corpo, reservar ao corpo pouco tempo, por necessidade, mas consagrar todo o resto à alma, a procurar seu bem, para que ela não seja atraída pelas voluptuosidades do corpo, e para que o corpo seja reduzido à servidão por ela; é a recomendação do Senhor: “Não busqueis o que comer ou beber; e não vos inquieteis. Vosso Pai sabe que tendes necessidade disso. Pelo contrário, buscai o seu reino, e essas coisas vos serão acrescentadas” (Lc 12,29-31).

6) Doentes e possessos recorrem a Antão

Muitas vezes anunciava visitantes e o motivo de sua vinda vários dias antes, às vezes até com um mês de antecedência. Uns vinham somente para vê-lo, outros, porque doentes ou atormentados pelos demônios. Não consideravam faina nem pena a fadiga de viagem cujo proveito cada um verificava na volta. E ele, agraciado com essas profecias e visões, pedia que ninguém o admirasse, que admirasse, antes, o Senhor, que concede a nós, homens, a graça de conhecê-lo segundo nossas forças.

7) Durante viagem de barco, Antão livra um possesso

Outra vez, descendo aos mosteiros exteriores, foi convidado a subir num barco e a orar com os monges. Somente ele sentiu horrível odor muito penetrante. As pessoas a bordo diziam que o barco transportava peixe e produtos salgados, donde o odor. Ele dizia que o odor era outro. Enquanto ainda falava, um jovem, possesso do demônio, que subira antes no navio e se mantinha oculto, deu um grito. Conjurado em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, o demônio saiu, e o homem ficou curado. Todos reconheceram então que o mau cheiro vinha dele.

8) Levam-lhe possesso furioso, ele o cura

Veio a ele outro homem, de família ilustre, possesso de demônio tão terrível que o energúmeno ignorava que estivesse perto de Antão e comia os próprios excrementos. As pessoas que o levaram pediam a Antão que intercedesse por ele. Cheio de simpatia por esse jovem, Antão orou e passou toda a noite velando com ele. Subitamente, ao despontar da aurora, o jovem se atira sobre Antão e o ataca.
Seus companheiros se indignaram. Antão lhes disse: “Não vos irriteis contra esse jovem. Não é ele quem faz isso, mas o demônio que o domina. Amaldiçoei esse demônio e lhe ordenei que fugisse para lugares áridos. Ele o fez enfurecido. Glorificai, pois, o Senhor. O fato de o jovem ter-se atirado contra mim é para vós sinal de que o demônio saiu”. A essas palavras de Antão, o jovem ficou são, voltou a ser bem comportado como antes e abraçou o ancião, dando graças a Deus.

9) Antão, em êxtase, se vê morto. Defendem-no os anjos contra os demônios

Os numerosos monges atestavam a uma só voz muitas outras belas coisas. Não tão admiráveis, aliás, que outras não o possam ser ainda mais. Certo dia, antes da refeição, estando de pé para orar, pela nona hora, viu-se arrebatado em espírito. Coisa espantosa, de pé, viu-se fora de si como que conduzido através dos ares por algumas pessoas, em seguida viu outras, amargas e cruéis, de pé no ar e querendo impedi-lo de subir. Defendendo-o seus condutores, os outros perguntaram se lhes estava sujeito e quiseram fazê-lo prestar contas desde seu nascimento. Os guias de Antão se opuseram, dizendo aos adversários: “O Senhor perdoou as faltas cometidas desde seu nascimento, podeis pedir lhe contas das que cometeu depois que se fez monge e se consagrou ao Senhor”. Os adversários o acusavam, mas nada podiam provar. A rota ficou livre e sem obstáculos. Antão se viu então voltar, de pé diante de si, e de novo ele mesmo. Esquecendo a comida, passou o resto do dia e a noite em gemidos e na oração. Admirava por quais lutas e fadigas é necessário passar para atravessar os ares, e se lembrava do que diz o apóstolo sobre o “príncipe do poder do ar” (Ef 2,2). O inimigo tem o poder de combater e impedir aqueles que sobem através (dos ares).
Antão fazia, portanto, esta exortação principalmente: “Por isso deveis vestir a armadura de Deus, para poderdes resistir aos dias maus, para que o adversário fique confuso, não tendo nenhum (mal) que dizer contra nós” (Ef 6,13; Tt 2,8). Nós, que aprendemos isso, lembremo-nos do texto do Apóstolo: “Se no corpo ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe” (2Cor 12,2). Mas Paulo foi arrebatado até o terceiro céu, e tendo ouvido palavras inefáveis, desceu. Antão se viu subir no ar e combater até que o caminho aparecesse livre.



Referências

BÍBLIA Católica Ave Maria. [S. l.], 2021. Disponível em: https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/sao-lucas/8/. Acesso em: 16 maio 2021.

DICIONÁRIO informal. [S. l.], 2021. Disponível em: https://www.dicionarioinformal.com.br/acrossofia/. Acesso em: 16 maio 2021.

GOMES, ANA FLÁVIA SALGADO RODRIGUES et al. ESQUIZOFRENIA: A EVOLUÇÃO DO DIAGNÓSTICO E OS TRATAMENTOS UTILIZADOS NO BRASIL. Esquizofrenia; diagnóstico; tratamentos , Paraíso, Ponte Nova, Minas Gerais, ano 2019, v. 28, ed. 2, p. 15-19, Setembro, Novembro 2019. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20191115_074607.pdf. Acesso em: 30 abr. 2021.

PATRÍSTICA: Contra os pagãos | A encarnação do Verbo | Apologia ao imperador Constâncio | Apologia de sua fuga | Vida e conduta de S. Antão. 1. ed. [S. l.]: PAULUS Editora, 2014. 257 p. v. 18.

TAMMINGA, Carol. Esquizofrenia. [S. l.], 2018. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/esquizofrenia-e-transtornos-relacionados/esquizofrenia. Acesso em: 16 maio 2021.

VIDA e Milagres de São Bento. 1. ed. [S. l.]: EDITORA FAMÍLIA CATÓLICA, 2018. 68 p.

 

A ESQUIZOFRENIA E A ESPIRITUALIDADE


Esquizofrenia; Espiritualidade
Vivendo pela fé. “É por isso que não desfalecemos. Ainda que o ser humano exterior se decomponha em nós, o ser humano interior se renova dia a dia. A presente aflição, momentânea e leve, nos dá um peso de glória incalculável. Por isso não olhamos para as coisas visíveis, mas para as invisíveis. As coisas visíveis são temporais; as invisíveis, eternas”. 2Cor 4: 16-18

A esquizofrenia é considerada um dos transtornos mentais mais incapacitantes, trazendo um grande sofrimento tanto para os pacientes quanto para suas famílias, que têm a importante responsabilidade de fornecer os cuidados necessários aos diagnosticados com essa condição. Aqueles que se dedicaram a pesquisar e estudar sobre a esquizofrenia sabem que não existe uma explicação teórica uniforme para seu entendimento. As diversas referências acadêmicas e os diferentes autores frequentemente divergem em suas hipóteses, sem que haja uma precisão científica clara. Em resumo, essa doença mental pode originar-se de fatores genéticos e ambientais. Até o momento não encontramos artigos ou textos acadêmicos, que abordem especificamente a espiritualidade como um fator relacionado aos sintomas psicóticos.

É inegável que a prevenção e o tratamento dos transtornos psicológicos devem ser realizados por psicólogos e psiquiatras. Contudo, isso não nos impede de explorar, por meio da leitura dos Evangelhos e dos textos dos monges beneditinos, a perspectiva que esses homens e mulheres tiveram sobre a psicose e outras doenças. Segundo a tradição escrita, eles identificavam alguns desses sintomas como manifestações demoníacas. Portanto, não podemos ignorar a sabedoria transcendente — termo que se refere à acrossofia [1] — adquirida por aqueles que dedicaram suas vidas a Deus. As experiências sobrenaturais que vivenciaram muitas vezes escapavam à compreensão científica, sendo discernidas espiritualmente através de uma sabedoria divina, concedida a seus servos. Diante disso, podemos nos perguntar: quantos indivíduos diagnosticados com essas psicopatologias, mesmo após diversos tratamentos psiquiátricos, continuaram a sofrer durante anos em clínicas?

A pergunta retórica se revela clara por si mesma. Ao analisarmos estatisticamente os casos de pessoas diagnosticadas com essa doença mental, percebemos que, infelizmente, poucos conseguem retomar uma vida normal e com qualidade após o diagnóstico, e mesmo após se submeterem a psicoterapias e tratamentos psicofarmacológicos. O que se nota no prognóstico da doença é que muitos indivíduos precisarão conviver durante um período prolongado com sintomas crônicos, sendo essencial um tratamento precoce e contínuo. Assim, a seguir, apresentarei uma breve descrição sobre a Esquizofrenia e suas características sintomáticas, conforme apontam os especialistas.

O que é a Esquizofrenia?
A esquizofrenia caracteriza-se por psicose (perda do contato com a realidade), alucinações (percepções falsas), delírios (crenças falsas), discurso e comportamento desorganizados, embotamento afetivo (variação emocional restrita), déficits cognitivos (comprometimento do raciocínio e da solução de problemas) e disfunção ocupacional e social. [...].

 

Sintomas
Conforme nos diz Lima, o transtorno tem nas suas principais características , alterações na afetividade, comportamento, vontade, percepção, insight, linguagem, relações interpessoais, vida escolar, ocupacional, entre outros. [...]. Ao que tange o conteúdo do pensamento dos esquizofrênicos, se verifica que há fragmentação, com a perda das associações lógicas, que se expressa de forma incoerente, vaga, circunstancial e repetitiva. E da mesma maneira, a percepção do paciente se mostra alterada e a principal alteração perceptivo são alucinações: auditivas – escuta vozes sem haver ninguém por perto; até alucinações visuais, ( visões fantasiosas); olfativas (odores incomuns); ou táteis (sensações de formigamento pelo corpo).
Além dos distúrbios apresentados, os indivíduos esquizofrênicos também podem ter ilusões (percepção de objetos reais de modo distorcido) ou despersonalização (sensação de que o seu corpo está sofrendo modificações). Também são observados distúrbios motores, tais com catatonia (alterações intensas da motricidade caracterizadas por imobilidade e comportamento indiferente ao ambiente), movimentos estereotipados (repetitivos e sem propósito), atividades motoras incontroláveis e agitação, sendo as duas últimas as mais frequentes, segundo Alves.
Os sintomas da esquizofrenia se classificam como positivos e negativos. Os positivos são “caracterizados por distorção do funcionamento normal de funções psíquicas” como discorre Alves. Esses sintomas são delírios, alucinações, pensamentos incoerentes, agitação psicomotora e afeto incongruente. Já os sintomas negativos, segundo Alves e Silva, se caracterizam pela perda das funções psíquicas, como deficiências intelectuais e de memória, pobreza de discurso, embotamento afetivo, incapacidade de sentir prazer (anedonia), isolamento social e falta de motivação.

Depois de descrever o que é a Esquizofrenia e seus sintomas, utilizarei o Evangelho para justificar o tema. Lucas, Cap. 8:26-39:

"Navegaram para a região dos gerasenos, que está defronte da Galileia. Mal saltou em terra, veio-lhe ao encontro um homem dessa região, possuído de muitos demônios; há muito tempo não se vestia nem parava em casa, mas habitava no cemitério. Ao ver Jesus, prostrou-se dian­te dele e gritou em alta voz: “Por que te ocupas de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te, não me atormentes!” Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem. Pois há muito tempo que se apoderara dele, e guardavam-no preso em cadeias e com grilhões nos pés, mas ele rompia as cadeias e era impelido pelo demônio para os desertos. Jesus perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?”. Ele res­pondeu: “Legião!”. (Porque eram muitos os demônios que nele se ocultavam.) E pediam-lhe que não os mandasse ir para o abismo. Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos; rogaram-lhe os demônios que lhes permitisse entrar neles. Ele permitiu. Saíram, pois, os demônios do homem e entraram nos porcos; e a manada de porcos precipitou-se pelo despenhadeiro, impetuosamente no lago, e afogou-se. Quando aqueles que os guardavam viram o acontecido, fugiram e foram contá-lo na cidade e pelo campo. Saíram eles, pois, a ver o que havia ocor­rido. Chegaram a Jesus e acharam a seus pés, sentado, vestido e calmo, o homem de quem haviam sido expulsos os demônios; e, tomados de medo, ouviram das testemunhas a narração desse exorcismo. Então, todo o povo da região dos gerasenos rogou a Jesus que se retirasse deles, pois estavam possuídos de grande temor. Jesus subiu à barca, para regressar. Nesse momento, pedia-lhe o homem, de quem tinham saí­do os demônios, para ficar com ele. Mas Jesus despediu-o, dizendo: “Volta para casa, e conta quanto Deus te fez”. E ele se foi, publicando por toda a cidade essas grandes coisas..."


Nestes versículos, observamos o que acontece quando alguém é atormentado pelo inimigo de nossas almas. O estado psíquico dessa pessoa é tão afetado que ele já não exerce mais domínio sobre seu próprio corpo, fala ou raciocínio. Quando Jesus Cristo o questiona, ele se identifica como legião, pois são muitos os demônios que o oprimem. Essa descrição nos oferece importantes lições ao compararmos o estado anterior e o posterior à sua conversão, destacando a prisão espiritual que vivia antes e a libertação que experimentou depois.

Antes do milagre operado por Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o gadareno se encontrava em total desolação — moral, física, intelectual e emocional. Ele habitava os cemitérios, não se vestia, não se banhava e não se alimentava adequadamente. Aqueles que tentavam contê-lo com correntes eram incapazes de mantê-lo preso, pois ele conseguia romper as correntes de ferro e se afastava da comunidade, retornando sempre ao lugar onde se encontrava.

Chegamos à conclusão de que a principal finalidade dos demônios é nos destruir. Para que isso aconteça, é necessário que nos deixemos escravizar pelo pecado. A estratégia deles consiste em atacar primeiramente a nossa razão, ou a mente, para conseguir exercer total domínio sobre nós. Quando isso ocorre, nos privamos da riqueza mais valiosa que Deus nos deu: a paz, a liberdade e o direito de vivermos dignamente, como filhos e filhas do Pai.

Após a libertação do gadareno pelo Nosso Senhor, a legião de espíritos impuros foi encaminhada aos porcos, que em seguida se precipitaram ao mar. O homem, finalmente livre, recuperou sua sanidade mental, foi vestido e pôde conversar tranquilamente. Aqueles que o conheciam ficaram maravilhados com sua total recuperação.

Com base neste relato do Evangelho de Lucas, podemos afirmar que muitas doenças e males têm origens espirituais. Este exemplo ilustra claramente como o mundo espiritual está ligado ao nosso mundo físico. De um lado, temos Deus e os Anjos, espíritos de luz, que atuam de maneira salutar e salvadora em nós; do outro, Satanás e os espíritos das trevas, que trazem doenças, perdição e destruição às almas. Em textos futuros, trarei mais evidências para corroborar essa análise.

Mais adiante, citarei trechos hagiográficos de antigos monges que enfrentaram batalhas e provações espirituais contra o inimigo do homem, vencendo essas dificuldades por meio da fé em Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. As referências são retiradas de obras como "Vida e Milagres de São Bento" e "Patrística Vol. 18: Vida e Conduta de Santo Antão", escrita por Santo Atanásio. Embora pudesse mencionar uma variedade de escritos bíblicos e narrativas sobre monges, o texto ficaria muito extenso. Por isso, optarei por descrever os principais eventos e manifestações "fantasiosas" e perniciosas do mal, que eram prontamente desmascaradas ou repelidas pelos monges através da oração, penitência e jejum.

É importante reiterar que este artigo não tem a intenção de refutar a medicina, que é uma benção inspirada por Deus para auxiliar na cura, nos cuidados e na prevenção de doenças. O que busco destacar são as evidências de que certas enfermidades, especialmente a esquizofrenia, apresentam uma conexão com espíritos malignos. Ao analisarmos os conteúdos sombrios e sobrenaturais que fazem parte do comportamento psicótico de alguns pacientes esquizofrênicos, e considerando que o tratamento psicológico tradicional muitas vezes não produz os resultados esperados, podemos inferir que, em muitos casos psiquiátricos, a origem pode residir nas dimensões espirituais de suas experiências.


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1 A suprema sabedoria; a sabedoria que só pertence a Deus.


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