"Um homem bom é livre, mesmo quando é escravo. Um homem mau é escravo, mesmo quando é rei. Não serve a outros homens, mas a seus caprichos. Tem tantos senhores quantos vícios". Santo Agostinho
A pureza da alma é uma das virtudes mais importantes que podemos cultivar, pois é por meio dela que somos guiados a desenvolver as demais qualidades que nos tornam melhores. No entanto, uma parte significativa da humanidade parece estar mais preocupada com as questões materiais, ignorando o que é verdadeiramente essencial. Esse é um fato inquestionável que observamos diariamente. Muitas pessoas buscam uma vida mais saudável e, para isso, adotam regimes alimentares e praticam esportes, visando uma vida longa e saudável. Contudo, seu foco está apenas no corpo, negligenciando o aspecto espiritual. Assim, priorizam os cuidados físicos em detrimento do bem-estar de suas almas. “O exercício físico de pouco serve, mas a piedade é útil para tudo, pois tem a promessa da vida presente e da futura”. 1Tm 4:8.
Alimentar-se bem, ter saúde e usufruir da vida honestamente não é absolutamente errado. Contudo, se primeiro buscássemos o Reino do Pai e cultivássemos a piedade em relação aos nossos irmãos, encontraríamos um equilíbrio entre esses aspectos sem nos preocuparmos com o dia de amanhã. Como nos ensina o Senhor Jesus Cristo: “Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo. ” Mt 6: 33. Entretanto, esses indivíduos parecem estar totalmente desconectados do mundo espiritual; para eles, a única realidade que importa é aquela que pode ser tocada e vista. Buscam insistentemente aproveitar a vida ao máximo e desfrutar dos prazeres e bens materiais. Algumas dessas pessoas, vão além de sua busca egoísta, chegando a escarnecer do Senhor e daqueles que o adoram e o servem. Por meio de programas televisivos nocivos, festas imorais e de caráter pagão, eles ridicularizam os sagrados mandamentos e zombam de tudo que é sagrado e que pertence ao Eterno.
Um outro grupo distinto de pessoas busca na religiosidade, conforme as orientações do Senhor, mas de uma maneira medíocre e materialista, almejando o “milagre” da casa própria, do emprego, do carro, entre outros. Dentro das igrejas que frequentam, exibem uma falsa santidade, mas, ao saírem, comportam-se de forma semelhante aos que se ocupam com os prazeres mundanos. Eles se inserem no contexto da parábola do semeador, especialmente no que se refere àqueles que se deixaram seduzir pelas riquezas e, dessa forma, não conseguem produzir frutos. Infelizmente, não demonstram arrependimento por suas ações e tampouco buscam a santificação de suas almas, mas fazem aquilo que o Apóstolo Paulo, adverte em Fp. 3: 17-20: “Sede todos meus imitadores, irmãos, e olhai atentamente para aqueles que procedem conforme o modelo que tendes em nós. É que muitos de quem várias vezes vos falei e agora até falo a chorar são, no seu procedimento, inimigos da cruz de Cristo: O seu fim é a perdição, o seu Deus é o ventre, e gloriam-se da sua vergonha, esses que estão presos às coisas da terra. É que, para nós, a cidade a que pertencemos está nos céus, de onde certamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”.
Percebemos o quão ilusória é a cobiça por riquezas efêmeras. Tudo o que o mundo nos oferece é passageiro, mas o nosso Pai, Deus, nos proporciona algo infinitamente maior do que tudo que podemos encontrar aqui. Por meio de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, temos a oportunidade de nos aproximarmos do Pai e de desfrutarmos da graça de sermos revestidos, um dia, com a imortalidade que Ele promete àqueles que creem e confiam em Seu Filho. Ao encontrá-lo no outro lado do lago, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste cá? Jesus respondeu-lhes: “Em verdade, em verdade vos digo: vós procurais-me, não por terdes visto sinais miraculosos, mas porque comestes dos pães e vos saciastes. Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará; pois a este é que Deus, o Pai, confirma com o seu selo”. Jo. 6:25-27
Alimentar-se bem, ter saúde e usufruir da vida honestamente não é absolutamente errado. Contudo, se primeiro buscássemos o Reino do Pai e cultivássemos a piedade em relação aos nossos irmãos, encontraríamos um equilíbrio entre esses aspectos sem nos preocuparmos com o dia de amanhã. Como nos ensina o Senhor Jesus Cristo: “Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo. ” Mt 6: 33. Entretanto, esses indivíduos parecem estar totalmente desconectados do mundo espiritual; para eles, a única realidade que importa é aquela que pode ser tocada e vista. Buscam insistentemente aproveitar a vida ao máximo e desfrutar dos prazeres e bens materiais. Algumas dessas pessoas, vão além de sua busca egoísta, chegando a escarnecer do Senhor e daqueles que o adoram e o servem. Por meio de programas televisivos nocivos, festas imorais e de caráter pagão, eles ridicularizam os sagrados mandamentos e zombam de tudo que é sagrado e que pertence ao Eterno.
Um outro grupo distinto de pessoas busca na religiosidade, conforme as orientações do Senhor, mas de uma maneira medíocre e materialista, almejando o “milagre” da casa própria, do emprego, do carro, entre outros. Dentro das igrejas que frequentam, exibem uma falsa santidade, mas, ao saírem, comportam-se de forma semelhante aos que se ocupam com os prazeres mundanos. Eles se inserem no contexto da parábola do semeador, especialmente no que se refere àqueles que se deixaram seduzir pelas riquezas e, dessa forma, não conseguem produzir frutos. Infelizmente, não demonstram arrependimento por suas ações e tampouco buscam a santificação de suas almas, mas fazem aquilo que o Apóstolo Paulo, adverte em Fp. 3: 17-20: “Sede todos meus imitadores, irmãos, e olhai atentamente para aqueles que procedem conforme o modelo que tendes em nós. É que muitos de quem várias vezes vos falei e agora até falo a chorar são, no seu procedimento, inimigos da cruz de Cristo: O seu fim é a perdição, o seu Deus é o ventre, e gloriam-se da sua vergonha, esses que estão presos às coisas da terra. É que, para nós, a cidade a que pertencemos está nos céus, de onde certamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”.
Percebemos o quão ilusória é a cobiça por riquezas efêmeras. Tudo o que o mundo nos oferece é passageiro, mas o nosso Pai, Deus, nos proporciona algo infinitamente maior do que tudo que podemos encontrar aqui. Por meio de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, temos a oportunidade de nos aproximarmos do Pai e de desfrutarmos da graça de sermos revestidos, um dia, com a imortalidade que Ele promete àqueles que creem e confiam em Seu Filho. Ao encontrá-lo no outro lado do lago, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste cá? Jesus respondeu-lhes: “Em verdade, em verdade vos digo: vós procurais-me, não por terdes visto sinais miraculosos, mas porque comestes dos pães e vos saciastes. Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará; pois a este é que Deus, o Pai, confirma com o seu selo”. Jo. 6:25-27
A ausência de alicerces baseados em Deus pode levar o homem ou a mulher a se tornarem vulneráveis ao controle maligno, especialmente aqueles que buscam apenas satisfazer suas paixões carnais. Esse ser espiritual os levará à devassidão e à luxúria, fazendo com que se afundem cada vez mais em vícios sexuais e em outras práticas contrárias aos mandamentos de Deus. Envolvidos nas trevas, esses indivíduos acabam se submetendo à vontade de seus senhores, distorcendo a essência humana que Deus destinou para a concepção de filhos e filhas em um ambiente de santidade e reverência. Por outro lado, a sexualidade, quando vivida dentro dos princípios cristãos, é um presente de Deus, destinado a ser celebrado na família por meio da fidelidade, do amor entre o casal e na relação com os filhos. “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, E serão os dois um só. Portanto, já não são dois, mas um só. Pois bem, o que Deus uniu não o separe o homem. De regresso a casa, de novo os discípulos o interrogaram acerca disto. Jesus disse: Quem se divorciar da sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher se divorciar do seu marido e casar com outro, comete adultério”. Mc 10: 7-12
Quando ocorrem adultérios e outras práticas imorais consensuais entre casais, a alma, o espírito e a consciência das pessoas começam a se macular. Essa distorção impacta a tomada de decisões e o cumprimento dos deveres de cada um em sociedade, fazendo com que o que é certo passe a ser visto como errado, e vice-versa. Assim, percebemos uma inversão de valores. Não é de se admirar que a sociedade esteja caminhando rumo a uma perversão moral, ética e social sem precedentes, ainda mais grave do que o que ocorreu em Sodoma e Gomorra.
Em um cenário dominado por ideologias progressistas e humanistas, encontramos a defesa do aborto, políticas que normalizam a ideologia de gênero, a liberação de drogas, além de padrões culturais na arte e na música que desvalorizam as mulheres e promovem a sexualização precoce das crianças. Esse contexto nos revela, dia após dia, como estamos nos dirigindo para uma decadência total do ser humano e de seus valores fundamentais. As profecias da Sagrada Escritura nunca estiveram erradas e se confirmam a cada nova situação. As pessoas, ao ignorarem Deus e Cristo — o único capaz de transformar seus destinos —, afastam-se de tudo que poderia realmente fazer a diferença em suas vidas. Mas eu confio em ti, SENHOR; e digo: "Tu és o meu Deus. O meu destino está nas tuas mãos; livra-me dos meus inimigos e perseguidores. Brilhe sobre o teu servo a luz da tua face; salva-me pela tua misericórdia." SENHOR, que eu não seja confundido, pois te invoquei; sejam, antes, confundidos os pecadores e reduzidos ao silêncio no sepulcro. Sl 31:15-18.
A esperança e a fé de um mundo vindouro e eterno, são desprezados, deixaram-se vencer pelos instintos carnais, o mais importante como dizem: “é viver a vida!” “Como foi nos dias de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do Homem. Nos dias que precederam o dilúvio, comia-se, bebia-se, os homens casavam e as mulheres eram dadas em casamento, até ao dia em que Noé entrou na Arca; E não deram por nada até chegar o dilúvio, que a todos arrastou. Assim será também a vinda do Filho do Homem. Então, estarão dois homens no campo: um será levado e outro deixado; Duas mulheres estarão a moer no mesmo moinho: uma será levada e outra deixada. Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor”. Mt 24: 37-42.
Aqueles que se dedicam à prática da ascese, fundamentando-se no estudo da Bíblia e em obras espirituais de autores que incentivam a caridade, buscam viver em plena comunhão com Deus e com os irmãos. Esses indivíduos compreendem os hábitos que precisam cultivar para alcançar a pureza de coração. O primeiro passo nas orientações que recebem é valorizar a moderação, especialmente em relação ao que os olhos contemplam, pois isso pode desencadear malícias. É essencial evitar direcionar a atenção para coisas que distorcem nossos pensamentos, como comportamentos libidinosos, a beleza de mulheres que não nos pertencem, práticas corruptas e outros enganos que podem nos levar a vícios, resultando em tropeços e problemas em nossas vidas.
O Senhor Jesus Cristo, declarou bem-aventurados os puros de coração, pois estes triunfarão e poderão ver a Deus. “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus”. Mt 5:8. Este é um requisito basilar, para que possamos um dia estarmos vivendo na eternidade, no Reino do Pai Eterno. As riquezas amealhadas sem o nosso Criador, fazem-nos parecermos a trapos imundos, pois somente Deus é que tem o poder de nos santificar. E, quando comungamos e damos ouvidos aos hereges, estes nos desviam do caminho da santidade, principalmente consoante a imoralidade sexual, e a adoração de ídolos. Salomão, foi um dos homens mais sábios que já existiram, mas se deixou corromper por suas muitas mulheres. Estas mulheres que provinham de povos pagãos, Deus de antemão, orientou aos filhos de Israel que não tomassem elas como esposas, pois praticavam o culto aos falsos deuses. “Na idade senil de Salomão, as suas mulheres desviaram-lhe o coração para outros deuses; e assim o seu coração já não era inteiramente do SENHOR, seu Deus, contrariamente ao que sucedeu com David, seu pai. Foi atrás de Astarté, deusa dos sidónios, e de Milcom, abominação dos amonitas. Salomão fez o mal aos olhos do SENHOR e não seguiu inteiramente o SENHOR, como David, seu pai. Por essa altura, ergueu Salomão um lugar alto a Camós, deus de Moab e a Moloc, ídolo dos amonitas, sobre o monte que fica mesmo em frente de Jerusalém. E fez o mesmo por todas as suas mulheres estrangeiras, que queimavam incenso e sacrificavam aos seus deuses. O SENHOR irritou-se contra Salomão, pois o seu coração se afastara do SENHOR, Deus de Israel, que se lhe tinha revelado por duas vezes, E lhe ordenou sobre estas coisas para não seguir os deuses estrangeiros. Ele, porém, não cumpriu o que o SENHOR lhe prescrevera”. 1Rs 11: 4-10.
No Sermão da Montanha, Jesus Cristo traça uma comparação entre os lírios do campo e a opulência de Salomão. Apesar de sua imensa sabedoria e riquezas, Salomão perdeu o que é mais importante: a pureza. Os lírios, que brotam em meio à simplicidade dos prados, ostentam uma beleza incomparável, sendo mais esplêndidos do que os ricos que vivem imersos na lama do pecado. A trajetória de muitos desses homens e mulheres acaba sendo marcada pelo arrependimento, ao perceberem tarde demais que não fizeram as melhores escolhas. Essa reflexão surge quando se veem infelizes e angustiados, naufragando na profunda e dolorosa miséria da alma. “Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam! Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?” Mt 6: 27-30.
OUVIR O TEXTO PRINCIPAL?
Anexado a este artigo, postarei alguns parágrafos do livro: Tratado da Castidade, de Santo Afonso Maria de Ligório. Nesta obra publicada, existem exortações e advertências dos santos da Igreja. Os exemplos de suas experiências ascéticas, estão em paralelo ao que as Escrituras Sagradas, nos aconselham como regras de vida cristã. A fim de sermos santos e irrepreensíveis diante de Deus e dos homens.
I. EXCELÊNCIA DA CASTIDADE
Ninguém melhor que o Espírito Santo saberá apreciar o valor da castidade. Ora, Ele diz: "Tudo o que se estima não pode ser comparado com uma alma continente" (Ecli 26, 20), isto é, todas as riquezas da terra, todas as honras, todas as dignidades, não lhe são comparáveis. Santo Efrém chama a castidade de "a vida do espírito"; São Pedro Damião, "a rainha das virtudes"; e São Cipriano diz que, por meio dela, se alcançam os triunfos mais esplêndidos. Quem supera o vício contrário à castidade, facilmente triunfará de todos os mais; quem, pelo contrário, se deixa dominar pela impureza, facilmente cairá em muitos outros vícios e far-se-á réu de ódio, injustiça, sacrilégio, etc.
A castidade faz do homem um anjo. "Ó castidade, exclama Santo Efrém (De cast.), tu fazes o homem semelhante aos anjos". Essa comparação é muito acertada, pois os anjos vivem isentos de todos os deleites carnais; eles são puros por natureza; as almas castas, por virtude. "Pelo mérito desta virtude, diz Cassiano (De Coen. Int., 1. 6, c. 6), assemelham-se os homens aos anjos"; e São Bernardo (De mor. et off., ep., c. 3): "O homem casto difere do anjo não em razão da virtude, mas da bem-aventurança; se a castidade do anjo é mais ditosa, a do homem é mais intrépida". "A castidade torna o homem semelhante ao próprio Deus, que é um puro espírito", afirma São Basílio (De ver. virg.).
O Verbo Eterno, vindo a este mundo, escolheu para Sua Mãe uma Virgem, para pai adotivo um virgem, para precursor um virgem, e a São João Evangelista amou com predileção porque era virgem, e, por isso, confiou-lhe Sua santa Mãe, da mesma forma como entrega ao sacerdote, por causa de sua castidade, a santa Igreja e Sua própria Pessoa. Com toda a razão, pois, exclama o grande doutor da Igreja, Santo Atanásio (De virg.): 'Ó santa pureza, és o templo do Espírito Santo, a vida dos Anjos e a coroa dos Santos!". Grande, portanto, é a excelência da castidade; mas também terrível é a guerra que a carne nos declara para no-la roubar. Nossa carne é a arma mais poderosa que possui o demônio para nos escravizar; é, por isso, coisa muito rara sair-se ileso ou mesmo vencedor deste combate. Santo Agostinho diz (Serm. 293): "O combate pela castidade é o mais renhido de todos: ele repete-se cotidianamente, e a vitória é rara".
"Quantos infelizes que passaram anos na solidão, exclama São Lourenço Justiniano, em orações, jejuns e mortificações, não se deixaram levar, finalmente, pela concupiscência da carne, abandonaram a vida devota da solidão e perderam, com a castidade, o próprio Deus!"
Por isso, todos os que desejam conservar a virtude da castidade devem ter suma cautela: "É impossível que te conserves casto, diz São Carlos Borromeu, se não vigiares continuamente sobre ti mesmo, pois negligência traz consigo mui facilmente a perda da castidade".
II. DA VIGILÂNCIA SOBRE OS PENSAMENTOS
[...]
a) Almas que temem a Deus e não possuem o dom do discernimento e são inclinadas aos escrúpulos, pensam que todo mau pensamento que lhes sobrevêm é já um pecado. Elas estão enganadas, porque os maus pensamentos em si não são pecados, mas só e unicamente o consentimento neles. A malícia do pecado mortal consiste toda e só na má vontade, que se entrega ao pecado com claro conhecimento de sua maldade e plena deliberação de sua parte. E, por isto, Santo Agostinho ensina que não pode haver pecado onde falta o consentimento da vontade.
[...]
c) Toda a malícia do mau pensamento está, porém, no consentimento. Havendo pleno consentimento, perde-se a graça de Deus e chama-se sobre si a condenação eterna, quer se tenha o desejo de cometer um pecado determinado, quer se pense ou reflita com prazer no pecado como se o estivesse cometendo. Esta última espécie de pecado chama-se uma deleitação deliberada ou morosa, e deve-se distinguir bem da primeira, isto é, do pecado de desejo.
[...].
a) O primeiro é humilhar-se continuamente diante de Deus. O Senhor castiga muitas vezes os espíritos soberbos, permitindo que caiam em qualquer pecado impuro. Sê, pois, humilde, e não confies em tuas próprias forças. Davi confessa que caiu no pecado por não ter se humilhado e ter confiado demais em si mesmo: "Antes de me haver humilhado, eu pequei" (Sl 118, 67). Devemos temer sempre a nossa própria fraqueza e colocar em Deus toda a nossa confiança, esperando firmemente que nos preserve desse vício.
[...]
e) O quinto meio é a fuga da ociosidade. O Espírito Santo diz (Ecli 33, 21): "A ociosidade ensina muita coisa má", isto é, ensina a cometer muitos pecados. E o profeta Ezequiel (Ez 16, 49), assevera que foi a ociosidade a causa das abominações e ruína final dos habitantes de Sodoma. Conforme São Bernardo, a ociosidade motivou a queda de Salomão. Por isso São Jerônimo exorta a Rústico (Ep. ad Rust., 2) que esteja sempre ocupado, para que o demônio não o preocupe com suas tentações. "Quem trabalha é tentado por um demônio só; quem vive ocioso, é atacado por uma multidão deles", diz São Boaventura.
III. DA MODÉSTIA DOS OLHOS
[...].
Vigie, pois, cada um sobre seus olhos, se não quiser chorar uma vez com Jeremias: "Meus olhos me roubaram a vida" (Jer 3, 51); as afeições criminosas que penetraram em meu coração por causa dos meus olhares, lhe deram a morte. São Gregório diz (Mor. 1, 21, c. 2): "Se não reprimires os olhos, tornar-se-ão ganchos do inferno, que a força nos arrastará e nos obrigará, por assim dizer, a pecar contra a nossa vontade". "Quem contempla objeto perigoso, acrescenta o Santo, começa a querer o que antes não queria". É também o que diz a Sagrada Escritura (Jdt 16, 11), quando diz que a bela Judite escravizou a alma de Holofernes, apenas este a contemplou.
Sêneca diz que a cegueira é mui útil para a conservação da inocência. Seguindo esta máxima, um filósofo pagão arrancou-se os olhos para guardar a castidade, como nos refere Tertuliano. Isso, porém, não é lícito a nós, cristãos; se queremos conservar a castidade, devemos, contudo, fazer-nos cegos por virtude, abstendo-nos de olhar o que possa despertar em nós os maus pensamentos. "Não contemples a beleza alheia; disso origina-se a concupiscência, que queima como o fogo" (Ecli 9, 8). À vista seguem-se as imaginações pecaminosas, que acendem o fogo impuro.
[...]. Julgue-se agora quão grande é a imprudência e temeridade dos que, não possuindo a virtude dum desses Santos, ousam passear suas vistas em todas as pessoas, não excetuando as de outro sexo, e querendo ainda ficar livre de tentações e do perigo de pecar. São Gregório diz (Dial. 1.2, c. 2) que as tentações que levaram São Bento a revolver-se sobre espinhos, provieram de um olhar imprudente sobre uma senhora. São Jerônimo, achando-se na gruta de Belém, onde continuamente orava e macerava seu corpo com as mais atrozes penitências, foi por longo tempo atormentado pela lembrança das damas que vira tempos antes em Roma. Como, pois, poderemos ficar preservados de tentações, quando nos expomos ao perigo, olhando e até fitando complacentemente pessoas de outro sexo?
Link para a continuação do post: A PUREZA, A VIRTUDE QUE SE VÊ MAIS DESPREZADA (PARTE 2)
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