terça-feira, 13 de dezembro de 2022

PUREZA, A VIRTUDE QUE SE VÊ MAIS DESPREZADA

Artigo; Livro; Jesus Cristo; Evangelho; Bíblia; Pureza; Santo Afonso Maria de Ligório; Tratado da castidade
"UM HOMEM BOM É LIVRE, MESMO QUANDO É ESCRAVO. UM HOMEM MAU É ESCRAVO, MESMO QUANDO É REI. NÃO SERVE A OUTROS HOMENS, MAS A SEUS CAPRICHOS. TEM TANTOS SENHORES QUANTOS VÍCIOS". SANTO AGOSTINHO


A pureza da alma é uma das principais virtudes que existe, pois é através dela que somos conduzidas as demais virtudes. Mas a grande parcela da humanidade está somente mais preocupada com as coisas concernentes deste mundo, que recusa a mais essencial de todas! E isso é um fato incontestável, que vemos contumaz nos nossos dias. A maioria das pessoas querem viver uma vida mais saudável e para que isso ocorra, utilizam métodos nutricionais e de práticas esportivas que os farão serem longevos e com saúde. O interesse de suas vidas está unicamente no corpo, buscam em detrimento do espiritual, estar mais cautelosos em cuidar do corpo que de suas almas. “O exercício físico de pouco serve, mas a piedade é útil para tudo, pois tem a promessa da vida presente e da futura”. 1Tm 4:8.

Aliás, preocupar-se com o corpo e buscar ter saúde não seria de todo errado, se procurássemos em primeiro lugar o Reino do Pai e a piedade com nossos irmãos, assim saberíamos conciliar os dois, encontrando um equilíbrio, como o próprio Senhor Jesus Cristo nos disse: “Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo.” Mt 6: 33. Mas estes estão vivendo completamente alienados do mundo espiritual, para eles a única realidade existente é a palpável. Querem a todo custo, aproveitar a vida e usufruir dos bens e prazeres terrenos. Algumas destas pessoas, porém, chegam ao acréscimo de suas iniquidades, ao escarnecer do Senhor e dos que o adoram e o servem. Através de programas televisivos nefastos, festas imorais e pagãs, ridicularizam os santos mandamentos, e zombam de tudo o que é sagrado que pertence ao Eterno.

Um outro grupo de pessoas buscam na religiosidade, como o próprio Senhor orientou, mas de uma forma medíocre e materialista de obter o “milagre” da casa própria, do emprego, do carro, e etc. Quando estão nas igrejas que congregam, personificam uma falsa santidade e, quando estão com os pés fora da igreja, agem similarmente aos mundanos que desejam satisfazer a concupiscência da carne. Estão inseridas no contexto da parábola do semeador, especificamente no que se refere aos que se deixaram levar pelas riquezas, e que por isso, não produziram frutos
1. Infelizmente, não se arrependeram de suas más obras e nem pretendem a santificação de suas almas, mas fazem aquilo que o Apóstolo Paulo, adverte em Fp. 3: 17-20: “Sede todos meus imitadores, irmãos, e olhai atentamente para aqueles que procedem conforme o modelo que tendes em nós. É que muitos de quem várias vezes vos falei e agora até falo a chorar são, no seu procedimento, inimigos da cruz de Cristo: O seu fim é a perdição, o seu Deus é o ventre, e gloriam-se da sua vergonha, esses que estão presos às coisas da terra. É que, para nós, a cidade a que pertencemos está nos céus, de onde certamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”.

O preâmbulo de início, destaca o quanto ilusório é a cobiça e a ambição por riquezas que fenecerão, tudo que 
o mundo nos concede é passageiro, mas Deus nosso Pai, nos oferece algo infinitamente maior que tudo que há no mundo. Através de nosso SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO, temos o acesso ao Pai e a graça de um dia sermos revestido com a imortalidade, que Ele dará aos que creram e confiaram em Seu Filho. Ao encontrá-lo no outro lado do lago, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste cá? Jesus respondeu-lhes: “Em verdade, em verdade vos digo: vós procurais-me, não por terdes visto sinais miraculosos, mas porque comestes dos pães e vos saciastes. Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará; pois a este é que Deus, o Pai, confirma com o seu selo”. Jo. 6:25-27

O resultado de não estarem alicerçados em Deus, é que o demônio terá total controle sobre o homem ou a mulher, que desejam somente satisfazer aos prazeres carnais. Este ser espiritual os induzirá à devassidão e a luxúria, e a tendência destes indivíduos é se afundarem mais e mais nos vícios sexuais e em outros mais funestos. E, estando aprisionados nas trevas, farão a vontade de seus senhores, pervertendo principalmente a essência humana, que Deus atribuiu de conceber filhos e filhas na santidade e no temor de Deus. Por outro lado, a sexualidade dentro dos princípios cristãos, foi planejado na família a partir da fidelidade, do amor do casal e dos seus filhos. “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, E serão os dois um só. Portanto, já não são dois, mas um só. Pois bem, o que Deus uniu não o separe o homem. De regresso a casa, de novo os discípulos o interrogaram acerca disto. Jesus disse: Quem se divorciar da sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher se divorciar do seu marido e casar com outro, comete adultério”. Mc 10: 7-12

Quando ocorrem adultérios
2 e outras práticas imorais de consentimento dos casais, acontece que a alma, o espírito e a consciência das pessoas vão se maculando. Isto vai distorcendo a tomada de decisões, para o dever de cada um de nós na sociedade, portanto o “certo vira errado e o errado, o certo”. Há uma inversão de valores. Não é de admirarmos que a sociedade se encaminha a uma perversão moral, ética e social, nunca vistas! Muito mais agravante do que aconteciam em Sodoma e Gomorra3. Pois onde dominam ideologias progressistas e humanistas: a favor do aborto, políticas que defendem a ideologia de gênero como “normalidade,” dentro do comportamento humano, pautas a favor da liberação de drogas, fomento de culturas: na arte e na música, que abrangem a desvalorização das mulheres e a sexualização precoce das crianças. É deste modo, que vamos testificando como as coisas vão progressivamente, se encaminhando para a decadência total do ser humano, quanto principalmente aos seus valores. As profecias da Sagrada Escritura, nunca estiveram equivocadas, e se comprovam a cada dia com todos estes eventos; os homens por este meio, deixaram de lado a Deus e a Cristo, não o reconheceram como Senhor e Salvador de suas vidas, pois era o único que poderia mudar o destino de cada um deles. Mas eu confio em ti, SENHOR; e digo: "Tu és o meu Deus. O meu destino está nas tuas mãos; livra-me dos meus inimigos e perseguidores. Brilhe sobre o teu servo a luz da tua face; salva-me pela tua misericórdia." SENHOR, que eu não seja confundido, pois te invoquei; sejam, antes, confundidos os pecadores e reduzidos ao silêncio no sepulcro. Sl 31:15-18.

A esperança e a fé de um mundo vindouro e eterno, são frustradas, deixaram-se vencer pelos instintos carnais, o mais importante como dizem: “é viver a vida!” “Como foi nos dias de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do Homem. Nos dias que precederam o dilúvio, comia-se, bebia-se, os homens casavam e as mulheres eram dadas em casamento, até ao dia em que Noé entrou na Arca; E não deram por nada até chegar o dilúvio, que a todos arrastou. Assim será também a vinda do Filho do Homem. Então, estarão dois homens no campo: um será levado e outro deixado; Duas mulheres estarão a moer no mesmo moinho: uma será levada e outra deixada. Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor”. Mt 24: 37-42.

Quem se dedica a exercitar a ascese, a partir do estudo Bíblico, e de livros espirituais de autores que estimulam a prática da caridade, através de uma plena comunhão com Deus e os irmãos. Estarão cientes dos quais hábitos devem vislumbrar para que consigam adquirir a pureza de coração. A primeira coisa a ser feita nas exortações, é buscar na moderação, principalmente no que os olhos veem, que pode levar a malícia. Não dirigir a atenção em coisas que pervertem os pensamentos, sejam nos atos libidinosos, na beleza de mulheres que não nos pertencem, práticas corruptas, e, outros enganos para que nos façam cair em vícios, e em outras práticas humanas que nos trarão tropeços e problemas posteriores as nossas vidas.

O Senhor Jesus Cristo, declarou bem-aventurados os puros de coração, pois estes triunfarão e poderão ver a Deus. “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus”. Mt 5:8. Este é um requisito basilar, para que possamos um dia estarmos vivendo na eternidade, no Reino do Pai Eterno. As riquezas amealhadas sem o nosso Criador, fazem-nos parecermos a trapos imundos, pois somente Deus é que tem o poder de nos santificar. E, quando comungamos e damos ouvidos aos hereges, estes nos desviam do caminho da santidade, principalmente consoante a imoralidade sexual, e a adoração de ídolos. Salomão, foi um dos homens mais sábios que já existiram, mas se deixou corromper por suas muitas mulheres. Estas mulheres que provinham de povos pagãos, Deus de antemão, orientou aos filhos de Israel que não tomassem elas como esposas, pois praticavam o culto aos falsos deuses. “Na idade senil de Salomão, as suas mulheres desviaram-lhe o coração para outros deuses; e assim o seu coração já não era inteiramente do SENHOR, seu Deus, contrariamente ao que sucedeu com David, seu pai. Foi atrás de Astarté, deusa dos sidónios, e de Milcom, abominação dos amonitas. Salomão fez o mal aos olhos do SENHOR e não seguiu inteiramente o SENHOR, como David, seu pai. Por essa altura, ergueu Salomão um lugar alto a Camós, deus de Moab e a Moloc, ídolo dos amonitas, sobre o monte que fica mesmo em frente de Jerusalém. E fez o mesmo por todas as suas mulheres estrangeiras, que queimavam incenso e sacrificavam aos seus deuses. O SENHOR irritou-se contra Salomão, pois o seu coração se afastara do SENHOR, Deus de Israel, que se lhe tinha revelado por duas vezes, E lhe ordenou sobre estas coisas para não seguir os deuses estrangeiros. Ele, porém, não cumpriu o que o SENHOR lhe prescrevera”. 1Rs 11: 4-10.

No Sermão da Montanha, Jesus Cristo faz uma comparação figurada e antagônica, sobre os lírios do campo, e a vida luxuosa de Salomão. Mesmo com a sabedoria e riquezas obtidas, Salomão havia perdido a mais essencial de todas que era a pureza. O lírio do campo possui a representatividade da pureza, ela que lança suas raízes na “simplicidade” dos prados, possui mais esplendor, e se veste muito mais majestoso que os ricos que “desfrutam” as suas vidas no lodo do pecado. O destino de muitos destes homens e mulheres, é mais tarde, se culparem por não terem feito as boas escolhas. Pois esta reflexão se dará, quando se verem infelizes, aflitos e angustiados, perecendo na mais vil e tortuosa miséria da alma. “Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam! Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?” Mt 6: 27-30.


OUVIR O TEXTO PRINCIPAL?


Anexado a este artigo, postarei alguns parágrafos do livro: Tratado da Castidade, de Santo Afonso Maria de Ligório. Nesta obra publicada, existem exortações e advertências dos santos da Igreja. Os exemplos de suas experiências ascéticas, estão em paralelo ao que as Escrituras Sagradas, nos aconselham como regras de vida cristã. A fim de sermos santos e irrepreensíveis diante de Deus e dos homens.


I. EXCELÊNCIA DA CASTIDADE

Ninguém melhor que o Espírito Santo saberá apreciar o valor da castidade. Ora, Ele diz: "Tudo o que se estima não pode ser comparado com uma alma continente" (Ecli 26, 20), isto é, todas as riquezas da terra, todas as honras, todas as dignidades, não lhe são comparáveis. Santo Efrém chama a castidade de "a vida do espírito"; São Pedro Damião, "a rainha das virtudes"; e São Cipriano diz que, por meio dela, se alcançam os triunfos mais esplêndidos. Quem supera o vício contrário à castidade, facilmente triunfará de todos os mais; quem, pelo contrário, se deixa dominar pela impureza, facilmente cairá em muitos outros vícios e far-se-á réu de ódio, injustiça, sacrilégio, etc.
A castidade faz do homem um anjo. "Ó castidade, exclama Santo Efrém (De cast.), tu fazes o homem semelhante aos anjos". Essa comparação é muito acertada, pois os anjos vivem isentos de todos os deleites carnais; eles são puros por natureza; as almas castas, por virtude. "Pelo mérito desta virtude, diz Cassiano (De Coen. Int., 1. 6, c. 6), assemelham-se os homens aos anjos"; e São Bernardo (De mor. et off., ep., c. 3): "O homem casto difere do anjo não em razão da virtude, mas da bem-aventurança; se a castidade do anjo é mais ditosa, a do homem é mais intrépida". "A castidade torna o homem semelhante ao próprio Deus, que é um puro espírito", afirma São Basílio (De ver. virg.).
O Verbo Eterno, vindo a este mundo, escolheu para Sua Mãe uma Virgem, para pai adotivo um virgem, para precursor um virgem, e a São João Evangelista amou com predileção porque era virgem, e, por isso, confiou-lhe Sua santa Mãe, da mesma forma como entrega ao sacerdote, por causa de sua castidade, a santa Igreja e Sua própria Pessoa. Com toda a razão, pois, exclama o grande doutor da Igreja, Santo Atanásio (De virg.): 'Ó santa pureza, és o templo do Espírito Santo, a vida dos Anjos e a coroa dos Santos!". Grande, portanto, é a excelência da castidade; mas também terrível é a guerra que a carne nos declara para no-la roubar. Nossa carne é a arma mais poderosa que possui o demônio para nos escravizar; é, por isso, coisa muito rara sair-se ileso ou mesmo vencedor deste combate. Santo Agostinho diz (Serm. 293): "O combate pela castidade é o mais renhido de todos: ele repete-se cotidianamente, e a vitória é rara".
"Quantos infelizes que passaram anos na solidão, exclama São Lourenço Justiniano, em orações, jejuns e mortificações, não se deixaram levar, finalmente, pela concupiscência da carne, abandonaram a vida devota da solidão e perderam, com a castidade, o próprio Deus!"
Por isso, todos os que desejam conservar a virtude da castidade devem ter suma cautela: "É impossível que te conserves casto, diz São Carlos Borromeu, se não vigiares continuamente sobre ti mesmo, pois negligência traz consigo mui facilmente a perda da castidade".


II. DA VIGILÂNCIA SOBRE OS PENSAMENTOS


[...]

a) Almas que temem a Deus e não possuem o dom do discernimento e são inclinadas aos escrúpulos, pensam que todo mau pensamento que lhes sobrevêm é já um pecado. Elas estão enganadas, porque os maus pensamentos em si não são pecados, mas só e unicamente o consentimento neles. A malícia do pecado mortal consiste toda e só na má vontade, que se entrega ao pecado com claro conhecimento de sua maldade e plena deliberação de sua parte. E, por isto, Santo Agostinho ensina que não pode haver pecado onde falta o consentimento da vontade.

[...]

c) Toda a malícia do mau pensamento está, porém, no consentimento. Havendo pleno consentimento, perde-se a graça de Deus e chama-se sobre si a condenação eterna, quer se tenha o desejo de cometer um pecado determinado, quer se pense ou reflita com prazer no pecado como se o estivesse cometendo. Esta última espécie de pecado chama-se uma deleitação deliberada ou morosa, e deve-se distinguir bem da primeira, isto é, do pecado de desejo.

[...].

a) O primeiro é humilhar-se continuamente diante de Deus. O Senhor castiga muitas vezes os espíritos soberbos, permitindo que caiam em qualquer pecado impuro. Sê, pois, humilde, e não confies em tuas próprias forças. Davi confessa que caiu no pecado por não ter se humilhado e ter confiado demais em si mesmo: "Antes de me haver humilhado, eu pequei" (Sl 118, 67). Devemos temer sempre a nossa própria fraqueza e colocar em Deus toda a nossa confiança, esperando firmemente que nos preserve desse vício.

[...]

e) O quinto meio é a fuga da ociosidade. O Espírito Santo diz (Ecli 33, 21): "A ociosidade ensina muita coisa má", isto é, ensina a cometer muitos pecados. E o profeta Ezequiel (Ez 16, 49), assevera que foi a ociosidade a causa das abominações e ruína final dos habitantes de Sodoma. Conforme São Bernardo, a ociosidade motivou a queda de Salomão. Por isso São Jerônimo exorta a Rústico (Ep. ad Rust., 2) que esteja sempre ocupado, para que o demônio não o preocupe com suas tentações. "Quem trabalha é tentado por um demônio só; quem vive ocioso, é atacado por uma multidão deles", diz São Boaventura.


III. DA MODÉSTIA DOS OLHOS

[...].

Vigie, pois, cada um sobre seus olhos, se não quiser chorar uma vez com Jeremias: "Meus olhos me roubaram a vida" (Jer 3, 51); as afeições criminosas que penetraram em meu coração por causa dos meus olhares, lhe deram a morte. São Gregório diz (Mor. 1, 21, c. 2): "Se não reprimires os olhos, tornar-se-ão ganchos do inferno, que a força nos arrastará e nos obrigará, por assim dizer, a pecar contra a nossa vontade". "Quem contempla objeto perigoso, acrescenta o Santo, começa a querer o que antes não queria". É também o que diz a Sagrada Escritura (Jdt 16, 11), quando diz que a bela Judite escravizou a alma de Holofernes, apenas este a contemplou.
Sêneca diz que a cegueira é mui útil para a conservação da inocência. Seguindo esta máxima, um filósofo pagão arrancou-se os olhos para guardar a castidade, como nos refere Tertuliano. Isso, porém, não é lícito a nós, cristãos; se queremos conservar a castidade, devemos, contudo, fazer-nos cegos por virtude, abstendo-nos de olhar o que possa despertar em nós os maus pensamentos. "Não contemples a beleza alheia; disso origina-se a concupiscência, que queima como o fogo" (Ecli 9, 8). À vista seguem-se as imaginações pecaminosas, que acendem o fogo impuro.

[...]. Julgue-se agora quão grande é a imprudência e temeridade dos que, não possuindo a virtude dum desses Santos, ousam passear suas vistas em todas as pessoas, não excetuando as de outro sexo, e querendo ainda ficar livre de tentações e do perigo de pecar. São Gregório diz (Dial. 1.2, c. 2) que as tentações que levaram São Bento a revolver-se sobre espinhos, provieram de um olhar imprudente sobre uma senhora. São Jerônimo, achando-se na gruta de Belém, onde continuamente orava e macerava seu corpo com as mais atrozes penitências, foi por longo tempo atormentado pela lembrança das damas que vira tempos antes em Roma. Como, pois, poderemos ficar preservados de tentações, quando nos expomos ao perigo, olhando e até fitando complacentemente pessoas de outro sexo?

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