Concluo o texto com algumas citações do artigo intitulado: A importância da figura paterna para o desenvolvimento infantil, da autora: Edyleine Belline Peroni Benczik. Vamos analisar algumas delas:
1) As teorias psicológicas e as pesquisas científicas afirmam e fundamentam o papel da figura paterna no desenvolvimento e no psiquismo infantil. É pressuposto da teoria psicanalítica o papel estruturante do pai, a partir da instauração do complexo de Édipo. Na trama familiar, o sujeito se constrói e sai do estado de natureza para ingressar na cultura. Freud, em seu trabalho Leonardo da Vinci e uma lembrança da sua infância, afirma: “na maioria dos seres humanos, tanto hoje como nos tempos primitivos, a necessidade de se apoiar numa autoridade de qualquer espécie é tão imperativa que seu mundo desmorona se essa autoridade é ameaçada”.
2) Para Aberatury (1991), o lugar do pai, entre seis e doze meses, não é tão destacado na literatura, como acontece com a figura materna, no entanto, o contato corporal entre o bebê e o pai, no cotidiano, é referência na organização psíquica da criança, devido à sua função estruturante para o desenvolvimento do ego.
3) A partir de um estudo de caso clínico e de uma rigorosa revisão da literatura, relacionada à importância da figura paterna na vida dos filhos, Eizirik e Bergamann afirmam que a ausência paterna tem potencial para gerar conflitos no desenvolvimento psicológico e cognitivo da criança, bem como influenciar o desenvolvimento de distúrbios de comportamento.
4) Segundo Muza, crianças que não convivem com o pai acabam tendo problemas de identificação sexual, dificuldades de reconhecer limites e de aprender regras de convivência social. Isso mostraria a dificuldade de internalização de um pai simbólico, capaz de representar a instância moral do indivíduo.
5) A privação do pai pode ter consequências graves, a longo prazo, com problemas na modulação e na intensidade do afeto. 6) O vazio promovido pela ausência do pai, segundo Ferrari, é formado pela noção das crianças de não serem amadas pelo genitor que está ausente, com uma grande desvalorização de si mesmas, em consequência disso. Além dessa autodesvalorização, ocorrem os sentimentos de culpa por a criança se achar má, por acreditar haver provocado à separação e até por ter nascido.
Como destacam as citações, o papel do pai é fundamental para o desenvolvimento saudável dos filhos, especialmente nos primeiros anos de vida. Essa presença paterna é crucial para que, na fase adulta, os indivíduos não enfrentem dificuldades nas interações sociais, comportamentos disfuncionais afetivos e questões psíquicas. Embora o artigo que usamos para contextualizar essa discussão foque na relação pai-filho, não podemos ignorar que esses conceitos se aplicam também às filhas. Os pais têm um papel significativo na formação das mulheres, especialmente no que se refere a evitar comportamentos anormais, como os associados ao Transtorno da Personalidade Borderline; e a formação de um senso moral e à construção de uma vida emocional saudável.
Referência:
BENCZIK., Edyleine Bellini Peroni. A importância da figura paterna para o desenvolvimento infantil. Rev. Psicopedagogia: Trabalho realizado no Psiquê - Núcleo de Psicologia, São Paulo, p.67-75, 18 jan. 2011.