"A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo”. Tiago, Cap. 1: 27.
A frustração é um sentimento que todos nós experimentamos em diferentes momentos da vida, uma emoção comum que nos acompanha desde a infância. Quando éramos crianças, a frustração manifestava-se de forma inocente e direta. Se um desejo não era atendido — como o brinquedo desejado na loja da esquina ou um doce que chamava nossa atenção — a reação imediata era chorar impacientes, esperando que nossos pais nos ajudassem a suprir aquela necessidade momentânea. A intensidade daquelas emoções infantis pode parecer exagerada, mas reflete uma verdade fundamental sobre a natureza humana: o desejo e a sua insatisfação.
A vida é repleta de expectativas. Criamos sonhos que muitas vezes se tornam verdadeiros pilares sobre os quais construímos nossas vidas. Em geral, a realidade nem sempre corresponde ao que idealizamos. Situações cotidianas, como não conseguir o emprego dos sonhos, não alcançar uma promoção desejada, ver uma viagem de férias ser cancelada ou ainda não poder adquirir a casa ou o carro com o qual sempre sonhamos, podem gerar frustrações profundas.
Nos últimos tempos é cada vez mais comum nos depararmos com notícias trágicas que envolvem crises financeiras, desespero e perdas irreparáveis. Um exemplo recente e profundamente impactante ocorreu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde um empresário do ramo alimentício, sufocado por dívidas, tomou uma decisão devastadora que chocou a sociedade: assassinou sua esposa e filhos antes de cometer suicídio. Este caso é um lembrete sombrio dos desafios enfrentados por muitos, mas também levanta questões sobre saúde mental, suporte social e a necessidade de uma rede de apoio eficaz. Outro caso trágico acontecido é uma reportagem recente de um modelo que assassinou dolosamente, com sua moto, (segundo o jornal, estava sob efeito de álcool) um adolescente que atravessava uma avenida acompanhado de sua mãe, na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Estes exemplos citados, ocorrem todos os dias no Brasil e no mundo, em diferentes contextos, que na sua maioria, resultam em morte e destruição de famílias. Mas o que provoca esses comportamentos temerários, imprudentes e negligentes? Do empresário que matou sua família e do jovem da moto que assassinou o adolescente, podemos classificar o primeiro episódio de afeto exagerado pelos bens materiais: que causou a frustração ou o desespero pelas dívidas; e o segundo episódio, é o que a logoterapia chama de vazio existencial, que é a falta de sentido da vida; um desgosto incessante que para os indivíduos que vivem assim, tendem a suprir ou compensar, com o comportamento desregrado, através de “festas imorais”, dirigir alcoolizado, ou sob efeitos de outras drogas.
Acreditar que nossa existência não é fruto do acaso é um princípio fundamental para compreendermos nosso propósito. Cada um de nós independentemente das adversidades que enfrentamos, é parte de um plano divino. Deus em Sua infinita sabedoria, nos criou com um objetivo: crescer espiritualmente e nos aproximar Dele. Essa busca por entendimento e conexão é o que traz verdadeiro sentido à nossa vida. A vida que levamos, muitas vezes marcada por excessos e busca desenfreada por prazeres, fama, poder e status, pode nos levar a um estado de alienação em relação ao que realmente importa. É fundamental refletir sobre o propósito da nossa existência e o legado que deixamos. Não podemos nos permitir viver de maneira irresponsável e inconsequente, como se não houvesse uma vida posterior a que estamos vivendo agora. Nesse contexto, a figura de Deus se apresenta como um ponto de ancoragem. Quando abrimos nossos corações e nos convertemos a Ele, iniciamos um processo de transformação profunda, semelhante ao trabalho de um oleiro que molda o barro. Assim como o oleiro modifica o barro em um vaso de honra, Deus nos transforma ao entregarmos nossos desejos pessoais e nossas imperfeições em Suas mãos. Essa entrega é o primeiro passo na jornada rumo à santificação – um estado de ser que reflete o propósito divino para nossas vidas. Colossenses, Cap. 2: 9-13:
"Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade; E estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e potestade; No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo; Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos. E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas". Não devemos seguir o curso deste mundo, o que nos impõe e nos sugestionam a praticar. Romanos, Cap. 12: 1-2:
"Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus". Exortação para não nos deixarmos dominar pelas paixões da carne, Romanos, Cap. 13: 13-14:
"Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências".
É comum a nós almejarmos ter uma vida melhor, um padrão mais elevado de dignidade. Não seria errado, exceto, quando Deus o quer e o faz próspero para uma finalidade. E, essa finalidade está ligada com a nossa caridade e empatia para com os mais carentes da sociedade. Portanto, se esta riqueza nos faz sermos extravagantes, avarentos e egoístas, é muito lógico que Deus não fará que o justo enriqueça3. “Reparte generosamente com os pobres; a sua justiça dura para sempre; seu poder será exaltado em honra”. Salmos, 112:9
Um detalhe importante e que temos que prestar muita atenção é na expressão: “a todo custo”. A expressão “a todo custo”, pressupõe não medir esforços para alcançarmos os nossos objetivos. O anseio irracional por poder vai se tornando prejudicial à nossa saúde mental, se não tomarmos os devidos cuidados. O desejo desenfreado por riquezas, mentalmente se tornará em uma obsessão; em outras palavras, ela se tornará numa neurose. A pessoa em hipótese alguma pensa em outra coisa, a não ser de se tornar conhecido e milionário. E se porventura ficar milionário na situação espiritual que está, a sua preocupação é a de não se tornar pobre, ocasionando assim, outra neurose existencial. Seus esforços diários é para não cometer “erros financeiros” para que não venha a perder seu patrimônio.
Ao conhecermos a Deus e buscarmos entender Seu plano para nós, a perspectiva muda de rumo. Passamos a valorizar o que temos e a respirar gratidão em cada pequeno detalhe da vida. Compreendemos que tudo o que possuímos, inclusive nosso próprio corpo é um presente que nos foi dado, e não uma conquista exclusiva de nossos esforços. Essa mudança de mentalidade nos liberta do ciclo vicioso de insatisfação constante e nos permite viver em paz. Tudo pertence ao nosso Deus Pai, pois somente a sua graça é o que nos mantêm vivos. Provérbios, Cap. 30: 7 - 9:
"Duas coisas te pedi: Não as recuses a mim antes de eu morrer! Afasta de mim falsidade e mentira, não me dês pobreza nem riqueza, sustenta-me com meu pedaço de pão, para que saciado, não me torne um renegado e diga: “Quem é o SENHOR?” Ou, empobrecido, eu me ponha a roubar e profane o nome de meu Deus!"
Conselhos para que nos contentássemos com as coisas modestas e simples. Romanos, Cap. 12:16:
"Vivei em boa harmonia uns com os outros. Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas. Afeiçoai-vos às coisas modestas. Não sejais sábios a vossos próprios olhos".
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