13 de dezembro de 2022

PUREZA, A VIRTUDE QUE SE VÊ MAIS DESPREZADA (PARTE 2)

Artigo; Bíblia; Evangelho; Jesus Cristo; Livro; Santo Afonso MAria de Ligório; Tratado da Castidade
O que nos prejudica não é tanto o olhar casual como o premeditado, o mirar. Razão porque Santo Agostinho diz (Reg. ad Serv. Dei, n. 6): "Se vossos olhos casualmente caírem sobre uma pessoa, cuja vista vos pode ser prejudicial, guardai-vos, ao menos, de fitá-la". E São Gregório diz: "Não é lícito contemplar ou extasiar-se com a vista daquilo que não é lícito desejar, pois, ainda que expulsemos os maus pensamentos que costumam seguir o olhar voluntário, deixam sempre uma mancha na alma". Tendo se perguntado ao irmão Rogério, franciscano, dotado de uma pureza angélica, por que se mostrava tão reservado em seus olhares, quando tratava com mulheres, respondeu: "Se o homem foge à ocasião, Deus o protege; caso se expõe a ela, Nosso Senhor o abandona e facilmente cairá no pecado".

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Está fora de dúvida que um cristão que vive sem recolhimento de espírito não pode praticar as virtudes cristãs da humildade, da paciência, da mortificação, como deveria. Guardemo-nos, por isso, de olhares curiosos, e só olhemos para objetos que elevam para Deus o nosso espírito. "Olhos baixos elevam o coração para o Céu", dizia São Bernardo. São Gregório Nazianzeno (Ep. ad Diocl.) escreve: "Onde habita Cristo com Seu amor, reina aí a modéstia". Com isso não quero, porém, dizer que nunca se deva levantar os olhos ou considerar coisa alguma; pelo contrário, é até bom, às vezes, olhar coisas que elevam nosso coração para Deus, como santas imagens, prados floridos, etc, já que a beleza dessa criatura nos atrai à contemplação do Criador.
Deve-se notar também que a modéstia dos olhos é necessária não só para nosso próprio bem, como para a edificação do próximo. Só Deus vê o nosso coração; os homens veem apenas nossas obras externas e, ou se edificam, ou se escandalizam com elas. "Pelo rosto se conhece o homem", diz a Escritura (Ecli 19, 26), isto é, pelo exterior se depreende o que é o homem interiormente. Todo cristão, por isso, deve ser o que era São João Batista, conforme as palavras do Salvador (Jo 5, 35): "Uma lâmpada que arde e ilumina". Interiormente deve arder em amor divino; exteriormente, alumiar, pela modéstia, a todos os que o veem. Também a nós se podem aplicar as palavras que São Paulo dirigiu a seus discípulos (I Cor 4, 9): "Somos o espetáculo dos anjos e dos homens". "A vossa modéstia seja conhecida de todos os homens" (Filip 4, 5).
Pessoas devotas são observadas pelos anjos e pelos homens, e, por isso, sua modéstia deve ser notória a todos, do contrário, deverão dar rigorosas contas a Deus no dia do Juízo. Observando a modéstia, edificamos sumamente os outros e os estimulamos à prática da virtude. É celebre o que se conta de São Francisco de Assis: Uma vez deixou ele o convento junto a um companheiro, dizendo que ia pregar; tendo dado uma volta pela cidade com os olhos baixos, entrou novamente no convento. 'Mas quando farás o sermão?', perguntou-lhe o companheiro. 'Já o fiz, respondeu-lhe o Santo, consistiu todo no resguardo dos olhos, do que demos exemplo ao povo'.

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Nosso ideal mais perfeito de modéstia foi, porém, o nosso Divino Salvador mesmo, pois, como nota um célebre autor, os Evangelistas dizem, várias vezes, que o Redentor levantou os olhos em certas ocasiões, dando a entender, com isso, que tinha ordinariamente os olhos baixos. Por isso exalta o Apóstolo a modéstia de seu Divino Mestre, escrevendo a seus discípulos: "Rogo-vos pela mansidão e modéstia de Cristo" (II Cor 10, 1). Concluo com as palavras de São Basílio a seus monges: "Se quisermos que nossa alma tenha suas vistas sempre postas no Céu, filhos queridos, conservemos nossos olhos sempre voltados para a terra". De manhã, ao despertar, devemos já pedir, com o Profeta: "Afastai meus olhos, Senhor, para que não vejam a vaidade" (Sl 118, 37).


IV. DA GUARDA DO CORAÇÃO


A modéstia dos olhos pouco nos servirá se não vigiarmos sobre o nosso coração. "Aplica-te com todo o cuidado possível à guarda do teu coração, diz o Sábio (Prov 4, 27), porque é dele que procede a vida". É aqui o lugar apropriado para se dizer algumas palavras sobre as amizades e, primeiramente, sobre as santas, depois sobre as puramente naturais e, afinal, sobre as perigosas.

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Tais amizades são recomendadas pela Escritura mesma, em termos eloquentes: "Nada se pode comparar com o valor de um amigo fiel, e o valor do ouro e da prata não iguala a bondade de sua fidelidade" (Ecli 6, 16). "Um amigo fiel é um remédio para a vida e a mortalidade, e os que temem o Senhor encontram um tal" (Idem).

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Os que, vivendo no mundo, desejam dedicar-se à prática da virtude verdadeira e sólida, precisam, pelo contrário, de se unir aos outros por uma amizade santa e edificante, para poderem, por meio dela, se animar, se auxiliar e se estimular ao bem. Há no mundo poucas pessoas que tendem à perfeição e muitas que não possuem o Espírito de Deus e, por isso, é preciso que os bons, quanto possível, evitem os que podem impedir seu adiantamento espiritual e travem amizade com os que os podem auxiliar na prática do bem.

2) Quanto às amizades puramente naturais, deve-se dizer que elas têm seu fundamento na nossa natureza, que nos compele a amar nossos pais, nossos benfeitores e todos aqueles em quem vemos belas qualidades e com quem simpatizamos. Esta espécie de amizade é o laço da família e da sociedade, mas facilmente degenera em amizades falsas; por exemplo, se os pais, por um carinho demasiado, toleram as faltas de seus filhos, ou se um amigo ofende a Deus para agradar a seu amigo, etc. As amizades naturais só são agradáveis a Deus se as santificarmos por meio da boa intenção; por exemplo, amando a nossos pais e amigos por amor de Deus.

3) Por amizades perigosas entendem-se, em particular, as sensuais, isto é, aquelas que se baseiam sobre uma complacência sensual, sobre a fruição comum de prazeres dos sentidos, sobre certas qualidades fúteis e vãs de espírito e coração. Essas amizades são já por si perigosas, mesmo que, no começo, nada tenham de inconveniente, e devemos guardar nosso coração desembaraçado delas.
a) "Quem não evita relações perigosas, cai facilmente no abismo", diz Santo Agostinho (Serm. 293). O triste exemplo de Salomão bastaria para nos encher de terror. Depois de ter sido amado tanto por Deus, servindo ao Espírito Santo de mão para escrever, travou relações com mulheres pagãs, já na sua velhice, e caiu tão profundamente que chegou a sacrificar aos deuses. Isso, porém, não nos deve estranhar, pois, será para admirar que alguém se queime, permanecendo no meio das chamas? - pergunta São Cipriano (De sing. cler.).

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Não é só grande a perda espiritual que se sofre com essas amizades baseadas sobre certas qualidades externas duma pessoa, mas, principalmente se for doutro sexo, é também enorme o perigo que se corre de se se perder eternamente. No começo, tais amizades parecem indiferentes, mas tornam-se pouco a pouco pecaminosas e, enfim, arrastam a alma ao pecado mortal. "São como o fogo e a palha, e o demônio não cessa de assoprar até irromper o incêndio", diz São Jerônimo.
Pessoas de diferentes sexos abrasam-se por causa da muita familiaridade, com a mesma facilidade com que a palha atingida pelo fogo, e, em certo sentido, até com mais facilidade, porque o demônio emprega tudo quanto é apto para atiçar o fogo. Santa Teresa viu-se um dia transportada ao inferno, onde Deus lhe mostrou o lugar que lhe preparara, se não rompesse com um apego puramente natural a um seu parente.
b) Se sentires em teu coração, alma cristã, uma tal afeição para com alguém, não há outro remédio para te libertares dela, senão cortá-la resolutamente de uma vez para sempre, pois, se quiseres renunciá-la pouco a pouco, crê-me, nunca chegarás a desfazer-te dela. Essas cadeias são dificílimas de romper, e só o conseguirá quem as quebrar violentamente, duma só vez. E não venhas com a desculpa de que, até agora, nada ocorreu de inconveniente, pois deves saber que o demônio não começa com o pior, mas só pouco a pouco leva a alma imprudente às bordas do precipício e, então, com um leve empurrão, precipita-as no abismo.
É uma máxima aceita por todos os mestres da vida espiritual de que, neste ponto, não há outro remédio senão fugir e afastar-se da ocasião. São Filipe Néri costumava dizer que, nesse combate, só os covardes saem vencedores, isto é, os que fogem da ocasião. Podemos resistir aos outros vícios ficando na ocasião, diz São Tomás (De mod. conf., c. 14), fazendo violência contra nós mesmos; mas o vício contrário à pureza, porém, só o poderemos vencer fugindo da ocasião e renunciando às afeições perigosas.
Se sentires, porém, teu coração livre e desembaraçado de tais afeições, toma todo o cuidado possível para não te emaranhares em laço algum, como já se tem dado a muitos em razão de sua negligência. Eis o conselho que te dá São Jerônimo (Ep. ad Eust.): "Se, no trato com alguém, notares que alguma afeição desregrada se quer apoderar de teu coração, apressa-te a sufocá-la antes que se torne um gigante. Enquanto o leão é ainda pequeno, pode ser facilmente trucidado; uma vez crescido, tornar-se-á mui difícil e humanamente impossível".
Coisa verdadeiramente lamentável e vergonhosa seria se permitisses que fizessem, em tua presença, gracejos indecentes. Não julgues que não pecas calando-te e simplesmente ouvindo tais gracejos; se não evitares o mais depressa possível a companhia de um homem tão insolente, já cooperaste com o seu pecado e te fizeste réu dele. [...].

c) Não repliques também que não há perigo, porque a pessoa de que se trata é piedosa. São Tomás de Aquino diz (De mod. conf., c. 14): "Quanto mais santas são as pessoas pelas quais sentimos afeição particular, tanto mais devemos nos acautelar, porque o alto apreço que fazemos de sua virtude mais nos estimula ainda a amá-las". O padre Sertório Caputo, da Companhia de Jesus, diz: "O demônio, a princípio, nos inspira amor à virtude daquela pessoa, depois o amor à própria pessoa e, finalmente, nos lança na perdição". O Doutor Angélico faz notar que o demônio sabe perfeitamente esconder um tal perigo: no começo não dispara seta alguma que pareça envenenada, mas só tais que excitem a afeição, ocasionando leves feridas do coração; em seguida, quando o amor já está aceso, essas pessoas já não se tratam mais como anjos, mas como homens de carne e sangue: trocam repetidos olhares e palavras amorosas, desejam estar muitas vezes a sós, juntas e, por fim, a piedade espiritual degenera em amor carnal.

d) São Boaventura indica cinco sinais dos quais se pode deduzir se a afeição que a alguém nos prende é impura. Primeiro: se se entretêm conversas inúteis; e inúteis são todas as que levam muito tempo. Segundo: se ocorrem olhares e louvores mútuos. Terceiro: se se desculpam as faltas reciprocamente [evitando correções para não desagradar]. Quarto: se aparecem pequenos ciúmes. Quinto: se a separação causa certa inquietação. Eu ajunto ainda: Se se sente grande prazer e gosto nas maneiras ou gentileza natural da pessoa amada, se se deseja que a afeição seja correspondida, e se se não gosta de que outros observem, ouçam ou falem disso.

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Do filho de Tobias podemos aprender como os jovens devem se preparar para o casamento. Na cidade de Ragés, na Média, vivia uma piedosa donzela, de nome Sara, filha de Raguel. Estava profundamente aflita porque sete rapazes, que a haviam sucessivamente desposado, haviam sido mortos pelo demônio da impureza, Asmodeu, na primeira noite depois das núpcias. Ora, o anjo Rafael, que acompanhara o jovem Tobias em sua viagem a Ragés, aconselhou-o a pedir Sara em casamento. Ele, porém, a par do ocorrido com os outros homens, temia expor-se ao mesmo perigo. O Anjo, porém, tranquilizou-o, dizendo: "Ouve-me... o demônio só tem poder sobre aqueles que abraçam o estado conjugal excluindo a Deus de seus pensamentos, para satisfazerem unicamente a sua concupiscência, como o cavalo e a mula, que não têm entendimento.
Tu, porém, quando receberes a Sara, entra com ela no teu quarto por três dias e três noites, guardando continência, e não te entregues a outra coisa que à oração, e então a receberás em matrimônio no temor do Senhor, levado mais pelo desejo de ter filhos que pela concupiscência, para que sejas abençoado e teus filhos sirvam e glorifiquem a Deus; então nada terás a temer do demônio". O jovem Tobias seguiu esse conselho, e seu casamento foi muito abençoado por Deus.
Notemos igualmente as quatro exortações dadas a Sara por seus pais, ao se despedirem dela: Primeiro, honra a teu sogro; segundo, ama a teu marido; terceiro, cuida em governar bem tua casa; quarto, porta-te em tudo irrepreensivelmente. Estes avisos devem servir de norma a todos os jovens que pretendem contrair matrimônio.

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g) Aqui na terra cada um de nós anda por caminhos escabrosos e em trevas, e se, além disso, ainda um anjo mau, isto é, um mau companheiro, que é pior que um demônio, nos persegue e impele à perdição, como poderemos escapar ilesos? Já Platão dizia: "Tomarás os mesmos modos daqueles com quem convives". Segundo São João Crisóstomo, para se certificar dos hábitos de alguém, basta saber com quem ele anda, já que os amigos ou são ou fazem-se semelhantes uns aos outros. E isso por duas causas: primeiro, porque um se esforça por imitar o outro para lhe ser agradável; segundo, porque o homem, como nota Sêneca, é inclinado a fazer o que vê os outros fazerem.
Dos israelitas lemos: "Eles se mesclaram com os gentios e aprenderam suas obras" (Sl 105, 35). Devemos, portanto, não só fugir do comércio com os impuros, diz o Sábio, mas também nos conservarmos longe de seus caminhos: "Meu filho, não andes com eles e não ponhas o pé em seus caminhos" (Prov 1, 15). Devemos evitar todo o trato com eles, suas conversas ou presentes, com os quais procuram nos enredar. "Meu filho, se os pecadores te atraírem com seus afagos, não condescendas com eles" (Prov 1, 10). "Cairá, talvez, uma ave, no laço armado na terra, sem a isca?" (Am 3, 5). O demônio serve-se dos maus amigos como de iscas, segundo Jeremias, para prender as almas em suas redes de pecado. "Meus inimigos, sem motivo, prenderam-me como se prende uma ave" (Jer 3, 52). Ele diz 'sem motivo' porque, perguntou-se a um tal sedutor por que aliciou sua pobre vítima ao pecado, responderá: não havia motivo; eu só queria que ela fizesse como eu. É exatamente essa a astúcia do demônio, diz Santo Efrém: "Capturada uma alma em sua rede, serve-se dela como de uma armadilha para prender a outra" (De rect. viv. rat., c. 22).
Fujamos, pois, a toda familiaridade com tais escorpiões infernais, como se foge da peste. Digo: fujamos à familiaridade, isto é, não travemos amizade com homens viciosos, evitando tomar parte em sua mesa, banquetes ou outros convívios com eles. É impossível evitar todo o comércio com eles, porque então teríamos de sair deste mundo, segundo o Apóstolo (I Cor 5, 10); contudo, é bem possível evitar um trato mais familiar com eles, seguindo o conselho do mesmo Apóstolo: "Eu vos escrevi que não tenhais comunicação com eles... com um tal não deveis nem sequer cear". Disse ainda: Fujamos de tais escorpiões, pois o profeta Ezequiel designa assim os sedutores: "Pervertedores estão contigo e habitas com escorpiões" (Ez 2, 6).

[...]

NOTA: Teria mais dois temas a serem abordados, mas ficaria por demais prolixo o texto neste post, os subtítulos ou temas, seriam: V) Da virgindade; e do VI) Do voto da castidade. Mas, para quem estiver interessado a ler o capítulo deste livro, deixarei o link no post, para que o baixem, e o leem na íntegra.




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1 Aquele que recebeu a semente entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra que, por isso, não produz fruto. (Mt 13:22)

2 O perigo do adultério — Há duas espécies de coisas que multiplicam os pecados, e uma terceira que provoca a ira: a paixão que arde como fogo aceso e que não se apaga enquanto não se consumar; o homem entregue à sensualidade, que não cessa enquanto o fogo não o devorar; o homem sensual, para o qual todo alimento é doce, e não se satisfaz enquanto não morrer; o homem que trai o leito matrimonial, dizendo: “Quem me vê? As trevas me envolvem e as paredes me escondem. Ninguém me vê. O que tenho a temer? O Altíssimo não se lembrará dos meus pecados”. Ele só tem medo do que os homens veem, e não sabe que os olhos do Senhor são mil vezes mais luminosos que o sol, porque veem todos os caminhos dos homens e penetram os lugares mais escondidos. Deus conhecia as coisas, ainda antes de criar o universo, e o mesmo acontece depois que as criou. Tal homem será castigado na praça da cidade e será preso onde não espera. O mesmo acontece com a mulher que abandona o marido e gera um herdeiro com outro homem. Em primeiro lugar, ela desobedece à lei do Altíssimo; em segundo, ofende o seu marido; em terceiro, se prostitui com o adultério e gera filhos de um estranho. Ela será arrastada diante da assembleia, e sobre os seus filhos se fará uma pesquisa. Seus filhos não criarão raízes e seus ramos não darão frutos. A memória dela será amaldiçoada, e sua infâmia nunca será apagada. Os sobreviventes saberão que nada é melhor do que o temor do Senhor, e nada é mais doce do que observar os seus mandamentos. Eclo 23:16-27

3 “Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito, descerei agora, e verei se com efeito têm praticado segundo o seu clamor, que é vindo até mim; e se não, sabê-lo-ei.” (Gênesis 18:20,21)



Referências

Bíblia Sagrada

SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO, Escola da Perfeição Cristã, compilação de textos do Santo Doutor pelo padre Saint-Omer, CSSR, tradução do padre José Lopes, CSSR, IV Edição, Editora Vozes, Petrópolis: 1955.



DOWNLOAD DO CAPÍTULO DO LIVRO: TRATADO DA CASTIDADE (BEM- AVENTURADOS OS PUROS)

PUREZA, A VIRTUDE QUE SE VÊ MAIS DESPREZADA

Artigo; Livro; Jesus Cristo; Evangelho; Bíblia; Pureza; Santo Afonso Maria de Ligório; Tratado da castidade
"Um homem bom é livre, mesmo quando é escravo. Um homem mau é escravo, mesmo quando é rei. Não serve a outros homens, mas a seus caprichos. Tem tantos senhores quantos vícios". Santo Agostinho


A pureza da alma é uma das virtudes mais importantes que podemos cultivar, pois é por meio dela que somos guiados a desenvolver as demais qualidades que nos tornam melhores. No entanto, uma parte significativa da humanidade parece estar mais preocupada com as questões materiais, ignorando o que é verdadeiramente essencial. Esse é um fato inquestionável que observamos diariamente. Muitas pessoas buscam uma vida mais saudável e, para isso, adotam regimes alimentares e praticam esportes, visando uma vida longa e saudável. Contudo, seu foco está apenas no corpo, negligenciando o aspecto espiritual. Assim, priorizam os cuidados físicos em detrimento do bem-estar de suas almas. “O exercício físico de pouco serve, mas a piedade é útil para tudo, pois tem a promessa da vida presente e da futura”. 1Tm 4:8.

Alimentar-se bem, ter saúde e usufruir da vida honestamente não é absolutamente errado. Contudo, se primeiro buscássemos o Reino do Pai e cultivássemos a piedade em relação aos nossos irmãos, encontraríamos um equilíbrio entre esses aspectos sem nos preocuparmos com o dia de amanhã. Como nos ensina o Senhor Jesus Cristo: “Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo. ” Mt 6: 33. Entretanto, esses indivíduos parecem estar totalmente desconectados do mundo espiritual; para eles, a única realidade que importa é aquela que pode ser tocada e vista. Buscam insistentemente aproveitar a vida ao máximo e desfrutar dos prazeres e bens materiais. Algumas dessas pessoas, vão além de sua busca egoísta, chegando a escarnecer do Senhor e daqueles que o adoram e o servem. Por meio de programas televisivos nocivos, festas imorais e de caráter pagão, eles ridicularizam os sagrados mandamentos e zombam de tudo que é sagrado e que pertence ao Eterno.
Um outro grupo distinto de pessoas busca na religiosidade, conforme as orientações do Senhor, mas de uma maneira medíocre e materialista, almejando o “milagre” da casa própria, do emprego, do carro, entre outros. Dentro das igrejas que frequentam, exibem uma falsa santidade, mas, ao saírem, comportam-se de forma semelhante aos que se ocupam com os prazeres mundanos. Eles se inserem no contexto da parábola do semeador, especialmente no que se refere àqueles que se deixaram seduzir pelas riquezas e, dessa forma, não conseguem produzir frutos. Infelizmente, não demonstram arrependimento por suas ações e tampouco buscam a santificação de suas almas, mas fazem aquilo que o Apóstolo Paulo, adverte em Fp. 3: 17-20: “Sede todos meus imitadores, irmãos, e olhai atentamente para aqueles que procedem conforme o modelo que tendes em nós. É que muitos de quem várias vezes vos falei e agora até falo a chorar são, no seu procedimento, inimigos da cruz de Cristo: O seu fim é a perdição, o seu Deus é o ventre, e gloriam-se da sua vergonha, esses que estão presos às coisas da terra. É que, para nós, a cidade a que pertencemos está nos céus, de onde certamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”.

Percebemos o quão ilusória é a cobiça por riquezas efêmeras. Tudo o que o mundo nos oferece é passageiro, mas o nosso Pai, Deus, nos proporciona algo infinitamente maior do que tudo que podemos encontrar aqui. Por meio de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, temos a oportunidade de nos aproximarmos do Pai e de desfrutarmos da graça de sermos revestidos, um dia, com a imortalidade que Ele promete àqueles que creem e confiam em Seu Filho.
 Ao encontrá-lo no outro lado do lago, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste cá? Jesus respondeu-lhes: “Em verdade, em verdade vos digo: vós procurais-me, não por terdes visto sinais miraculosos, mas porque comestes dos pães e vos saciastes. Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará; pois a este é que Deus, o Pai, confirma com o seu selo”. Jo. 6:25-27

A ausência de alicerces baseados em Deus pode levar o homem ou a mulher a se tornarem vulneráveis ao controle maligno, especialmente aqueles que buscam apenas satisfazer suas paixões carnais. Esse ser espiritual os levará à devassidão e à luxúria, fazendo com que se afundem cada vez mais em vícios sexuais e em outras práticas contrárias aos mandamentos de Deus. Envolvidos nas trevas, esses indivíduos acabam se submetendo à vontade de seus senhores, distorcendo a essência humana que Deus destinou para a concepção de filhos e filhas em um ambiente de santidade e reverência. Por outro lado, a sexualidade, quando vivida dentro dos princípios cristãos, é um presente de Deus, destinado a ser celebrado na família por meio da fidelidade, do amor entre o casal e na relação com os filhos. “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, E serão os dois um só. Portanto, já não são dois, mas um só. Pois bem, o que Deus uniu não o separe o homem. De regresso a casa, de novo os discípulos o interrogaram acerca disto. Jesus disse: Quem se divorciar da sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher se divorciar do seu marido e casar com outro, comete adultério”. Mc 10: 7-12

Quando ocorrem adultérios e outras práticas imorais consensuais entre casais, a alma, o espírito e a consciência das pessoas começam a se macular. Essa distorção impacta a tomada de decisões e o cumprimento dos deveres de cada um em sociedade, fazendo com que o que é certo passe a ser visto como errado, e vice-versa. Assim, percebemos uma inversão de valores. Não é de se admirar que a sociedade esteja caminhando rumo a uma perversão moral, ética e social sem precedentes, ainda mais grave do que o que ocorreu em Sodoma e Gomorra.

Em um cenário dominado por ideologias progressistas e humanistas, encontramos a defesa do aborto, políticas que normalizam a ideologia de gênero, a liberação de drogas, além de padrões culturais na arte e na música que desvalorizam as mulheres e promovem a sexualização precoce das crianças. Esse contexto nos revela, dia após dia, como estamos nos dirigindo para uma decadência total do ser humano e de seus valores fundamentais. As profecias da Sagrada Escritura nunca estiveram erradas e se confirmam a cada nova situação. As pessoas, ao ignorarem Deus e Cristo — o único capaz de transformar seus destinos —, afastam-se de tudo que poderia realmente fazer a diferença em suas vidas.
Mas eu confio em ti, SENHOR; e digo: "Tu és o meu Deus. O meu destino está nas tuas mãos; livra-me dos meus inimigos e perseguidores. Brilhe sobre o teu servo a luz da tua face; salva-me pela tua misericórdia." SENHOR, que eu não seja confundido, pois te invoquei; sejam, antes, confundidos os pecadores e reduzidos ao silêncio no sepulcro. Sl 31:15-18.

A esperança e a fé de um mundo vindouro e eterno, são desprezados, deixaram-se vencer pelos instintos carnais, o mais importante como dizem: “é viver a vida!” “Como foi nos dias de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do Homem. Nos dias que precederam o dilúvio, comia-se, bebia-se, os homens casavam e as mulheres eram dadas em casamento, até ao dia em que Noé entrou na Arca; E não deram por nada até chegar o dilúvio, que a todos arrastou. Assim será também a vinda do Filho do Homem. Então, estarão dois homens no campo: um será levado e outro deixado; Duas mulheres estarão a moer no mesmo moinho: uma será levada e outra deixada. Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor”. Mt 24: 37-42.
Aqueles que se dedicam à prática da ascese, fundamentando-se no estudo da Bíblia e em obras espirituais de autores que incentivam a caridade, buscam viver em plena comunhão com Deus e com os irmãos. Esses indivíduos compreendem os hábitos que precisam cultivar para alcançar a pureza de coração. O primeiro passo nas orientações que recebem é valorizar a moderação, especialmente em relação ao que os olhos contemplam, pois isso pode desencadear malícias. É essencial evitar direcionar a atenção para coisas que distorcem nossos pensamentos, como comportamentos libidinosos, a beleza de mulheres que não nos pertencem, práticas corruptas e outros enganos que podem nos levar a vícios, resultando em tropeços e problemas em nossas vidas.
O Senhor Jesus Cristo, declarou bem-aventurados os puros de coração, pois estes triunfarão e poderão ver a Deus. “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus”. Mt 5:8. Este é um requisito basilar, para que possamos um dia estarmos vivendo na eternidade, no Reino do Pai Eterno. As riquezas amealhadas sem o nosso Criador, fazem-nos parecermos a trapos imundos, pois somente Deus é que tem o poder de nos santificar. E, quando comungamos e damos ouvidos aos hereges, estes nos desviam do caminho da santidade, principalmente consoante a imoralidade sexual, e a adoração de ídolos. Salomão, foi um dos homens mais sábios que já existiram, mas se deixou corromper por suas muitas mulheres. Estas mulheres que provinham de povos pagãos, Deus de antemão, orientou aos filhos de Israel que não tomassem elas como esposas, pois praticavam o culto aos falsos deuses. “Na idade senil de Salomão, as suas mulheres desviaram-lhe o coração para outros deuses; e assim o seu coração já não era inteiramente do SENHOR, seu Deus, contrariamente ao que sucedeu com David, seu pai. Foi atrás de Astarté, deusa dos sidónios, e de Milcom, abominação dos amonitas. Salomão fez o mal aos olhos do SENHOR e não seguiu inteiramente o SENHOR, como David, seu pai. Por essa altura, ergueu Salomão um lugar alto a Camós, deus de Moab e a Moloc, ídolo dos amonitas, sobre o monte que fica mesmo em frente de Jerusalém. E fez o mesmo por todas as suas mulheres estrangeiras, que queimavam incenso e sacrificavam aos seus deuses. O SENHOR irritou-se contra Salomão, pois o seu coração se afastara do SENHOR, Deus de Israel, que se lhe tinha revelado por duas vezes, E lhe ordenou sobre estas coisas para não seguir os deuses estrangeiros. Ele, porém, não cumpriu o que o SENHOR lhe prescrevera”. 1Rs 11: 4-10.

No Sermão da Montanha, Jesus Cristo traça uma comparação entre os lírios do campo e a opulência de Salomão. Apesar de sua imensa sabedoria e riquezas, Salomão perdeu o que é mais importante: a pureza. Os lírios, que brotam em meio à simplicidade dos prados, ostentam uma beleza incomparável, sendo mais esplêndidos do que os ricos que vivem imersos na lama do pecado. A trajetória de muitos desses homens e mulheres acaba sendo marcada pelo arrependimento, ao perceberem tarde demais que não fizeram as melhores escolhas. Essa reflexão surge quando se veem infelizes e angustiados, naufragando na profunda e dolorosa miséria da alma. “Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam! Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?” Mt 6: 27-30.


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Anexado a este artigo, postarei alguns parágrafos do livro: Tratado da Castidade, de Santo Afonso Maria de Ligório. Nesta obra publicada, existem exortações e advertências dos santos da Igreja. Os exemplos de suas experiências ascéticas, estão em paralelo ao que as Escrituras Sagradas, nos aconselham como regras de vida cristã. A fim de sermos santos e irrepreensíveis diante de Deus e dos homens.


I. EXCELÊNCIA DA CASTIDADE

Ninguém melhor que o Espírito Santo saberá apreciar o valor da castidade. Ora, Ele diz: "Tudo o que se estima não pode ser comparado com uma alma continente" (Ecli 26, 20), isto é, todas as riquezas da terra, todas as honras, todas as dignidades, não lhe são comparáveis. Santo Efrém chama a castidade de "a vida do espírito"; São Pedro Damião, "a rainha das virtudes"; e São Cipriano diz que, por meio dela, se alcançam os triunfos mais esplêndidos. Quem supera o vício contrário à castidade, facilmente triunfará de todos os mais; quem, pelo contrário, se deixa dominar pela impureza, facilmente cairá em muitos outros vícios e far-se-á réu de ódio, injustiça, sacrilégio, etc.
A castidade faz do homem um anjo. "Ó castidade, exclama Santo Efrém (De cast.), tu fazes o homem semelhante aos anjos". Essa comparação é muito acertada, pois os anjos vivem isentos de todos os deleites carnais; eles são puros por natureza; as almas castas, por virtude. "Pelo mérito desta virtude, diz Cassiano (De Coen. Int., 1. 6, c. 6), assemelham-se os homens aos anjos"; e São Bernardo (De mor. et off., ep., c. 3): "O homem casto difere do anjo não em razão da virtude, mas da bem-aventurança; se a castidade do anjo é mais ditosa, a do homem é mais intrépida". "A castidade torna o homem semelhante ao próprio Deus, que é um puro espírito", afirma São Basílio (De ver. virg.).
O Verbo Eterno, vindo a este mundo, escolheu para Sua Mãe uma Virgem, para pai adotivo um virgem, para precursor um virgem, e a São João Evangelista amou com predileção porque era virgem, e, por isso, confiou-lhe Sua santa Mãe, da mesma forma como entrega ao sacerdote, por causa de sua castidade, a santa Igreja e Sua própria Pessoa. Com toda a razão, pois, exclama o grande doutor da Igreja, Santo Atanásio (De virg.): 'Ó santa pureza, és o templo do Espírito Santo, a vida dos Anjos e a coroa dos Santos!". Grande, portanto, é a excelência da castidade; mas também terrível é a guerra que a carne nos declara para no-la roubar. Nossa carne é a arma mais poderosa que possui o demônio para nos escravizar; é, por isso, coisa muito rara sair-se ileso ou mesmo vencedor deste combate. Santo Agostinho diz (Serm. 293): "O combate pela castidade é o mais renhido de todos: ele repete-se cotidianamente, e a vitória é rara".
"Quantos infelizes que passaram anos na solidão, exclama São Lourenço Justiniano, em orações, jejuns e mortificações, não se deixaram levar, finalmente, pela concupiscência da carne, abandonaram a vida devota da solidão e perderam, com a castidade, o próprio Deus!"
Por isso, todos os que desejam conservar a virtude da castidade devem ter suma cautela: "É impossível que te conserves casto, diz São Carlos Borromeu, se não vigiares continuamente sobre ti mesmo, pois negligência traz consigo mui facilmente a perda da castidade".


II. DA VIGILÂNCIA SOBRE OS PENSAMENTOS


[...]

a) Almas que temem a Deus e não possuem o dom do discernimento e são inclinadas aos escrúpulos, pensam que todo mau pensamento que lhes sobrevêm é já um pecado. Elas estão enganadas, porque os maus pensamentos em si não são pecados, mas só e unicamente o consentimento neles. A malícia do pecado mortal consiste toda e só na má vontade, que se entrega ao pecado com claro conhecimento de sua maldade e plena deliberação de sua parte. E, por isto, Santo Agostinho ensina que não pode haver pecado onde falta o consentimento da vontade.

[...]

c) Toda a malícia do mau pensamento está, porém, no consentimento. Havendo pleno consentimento, perde-se a graça de Deus e chama-se sobre si a condenação eterna, quer se tenha o desejo de cometer um pecado determinado, quer se pense ou reflita com prazer no pecado como se o estivesse cometendo. Esta última espécie de pecado chama-se uma deleitação deliberada ou morosa, e deve-se distinguir bem da primeira, isto é, do pecado de desejo.

[...].

a) O primeiro é humilhar-se continuamente diante de Deus. O Senhor castiga muitas vezes os espíritos soberbos, permitindo que caiam em qualquer pecado impuro. Sê, pois, humilde, e não confies em tuas próprias forças. Davi confessa que caiu no pecado por não ter se humilhado e ter confiado demais em si mesmo: "Antes de me haver humilhado, eu pequei" (Sl 118, 67). Devemos temer sempre a nossa própria fraqueza e colocar em Deus toda a nossa confiança, esperando firmemente que nos preserve desse vício.

[...]

e) O quinto meio é a fuga da ociosidade. O Espírito Santo diz (Ecli 33, 21): "A ociosidade ensina muita coisa má", isto é, ensina a cometer muitos pecados. E o profeta Ezequiel (Ez 16, 49), assevera que foi a ociosidade a causa das abominações e ruína final dos habitantes de Sodoma. Conforme São Bernardo, a ociosidade motivou a queda de Salomão. Por isso São Jerônimo exorta a Rústico (Ep. ad Rust., 2) que esteja sempre ocupado, para que o demônio não o preocupe com suas tentações. "Quem trabalha é tentado por um demônio só; quem vive ocioso, é atacado por uma multidão deles", diz São Boaventura.


III. DA MODÉSTIA DOS OLHOS

[...].

Vigie, pois, cada um sobre seus olhos, se não quiser chorar uma vez com Jeremias: "Meus olhos me roubaram a vida" (Jer 3, 51); as afeições criminosas que penetraram em meu coração por causa dos meus olhares, lhe deram a morte. São Gregório diz (Mor. 1, 21, c. 2): "Se não reprimires os olhos, tornar-se-ão ganchos do inferno, que a força nos arrastará e nos obrigará, por assim dizer, a pecar contra a nossa vontade". "Quem contempla objeto perigoso, acrescenta o Santo, começa a querer o que antes não queria". É também o que diz a Sagrada Escritura (Jdt 16, 11), quando diz que a bela Judite escravizou a alma de Holofernes, apenas este a contemplou.
Sêneca diz que a cegueira é mui útil para a conservação da inocência. Seguindo esta máxima, um filósofo pagão arrancou-se os olhos para guardar a castidade, como nos refere Tertuliano. Isso, porém, não é lícito a nós, cristãos; se queremos conservar a castidade, devemos, contudo, fazer-nos cegos por virtude, abstendo-nos de olhar o que possa despertar em nós os maus pensamentos. "Não contemples a beleza alheia; disso origina-se a concupiscência, que queima como o fogo" (Ecli 9, 8). À vista seguem-se as imaginações pecaminosas, que acendem o fogo impuro.

[...]. Julgue-se agora quão grande é a imprudência e temeridade dos que, não possuindo a virtude dum desses Santos, ousam passear suas vistas em todas as pessoas, não excetuando as de outro sexo, e querendo ainda ficar livre de tentações e do perigo de pecar. São Gregório diz (Dial. 1.2, c. 2) que as tentações que levaram São Bento a revolver-se sobre espinhos, provieram de um olhar imprudente sobre uma senhora. São Jerônimo, achando-se na gruta de Belém, onde continuamente orava e macerava seu corpo com as mais atrozes penitências, foi por longo tempo atormentado pela lembrança das damas que vira tempos antes em Roma. Como, pois, poderemos ficar preservados de tentações, quando nos expomos ao perigo, olhando e até fitando complacentemente pessoas de outro sexo?


11 de dezembro de 2022

DEUS CUIDA DE VOCÊ | eVIVA


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7 de dezembro de 2022

EVANGELHO DO DIA 07/12/2022 COM REFLEXÃO. Evangelho (Mt 11,28-30)


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12 de novembro de 2022

EVANGELHO DO DIA 12/11/2022 COM REFLEXÃO. Evangelho (Lc 18,1-8)


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23 de outubro de 2022

Liberdade, Fruto da Vocação | Pe. Evaristo Debiasi

"Eis que ponho diante de ti a vida ou a morte, a bênção ou a maldição, escolhe a vida para que vivas, tu e a tua semente!..." Deuteronômio 30:19.




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22 de setembro de 2022

Livros para Download: Senhor, tende piedade de mim e Os graus da humildade e da soberba


 

Senhor, tem piedade de mim; livrosOs graus da humildade e da soberba; livros

                  

                                                                   





              

17 de agosto de 2022

O SENTIDO DA EXISTÊNCIA HUMANA, ESTÁ NA FÉ EM DEUS (PARTE 2)

Artigos;Deus;Jesus Cristo; O sentido da existência humana, está na fé em Deus
Como alcançarmos a plenitude espiritual e uma comunhão perfeita com Deus? A reflexão é voltada àqueles que desejam se santificar a cada dia, enfrentando as tentações do cotidiano. As facilidades e distrações que nos são apresentadas pelo mundo muitas vezes nos afastam de Deus, pois ele é dominado pelo mal, e suas propostas são armadilhas que visam nos escravizar dentro de um sistema corrupto, governado pela imoralidade, falta de ética e confusão religiosa. Dentre essas armadilhas, encontramos o consumismo desenfreado, a banalização do sexo, a promiscuidade, a pornografia e filmes que glamorizam a adultério, a fornicação e o hedonismo. Portanto, é crucial permanecermos atentos e firmes em nossa busca por uma vida mais santa e próxima de Deus.

Filmes que abordam a violência, narcotráfico, sequestro e terror, entre outros conteúdos similares, podem servir para muitos como uma espécie de motivação que os leva a desenvolver comportamentos sadomasoquistas, perversões sexuais e uma relação com a violência que se torna latente no subconsciente. Há pessoas que, acostumadas a esses padrões, hesitam em se desvincular de tais vícios e argumentam: "viver assim é um absurdo e alienante". Mas essa visão pode ser questionada. Se buscamos agradar a Deus é fundamental que nos afastemos até mesmo das aparências do mal que nos cercam, seja na internet, na televisão ou em outdoors que visualizamos diariamente. Sabemos muito bem que é difícil nos afastarmos de certos hábitos prejudiciais a nós, pois somos seres humanos falhos, limitados e inclinados para o mal, mas com a graça e a providência divina, rompamos com os obstáculos que surgirem pela frente e se tropeçarmos, Deus estenderá suas mãos para nos socorrer se cairmos em transgressão. O importante é não desanimar! Até certos amigos nos tentarão persuadir para seguirmos os seus caminhos que não é do agrado de Deus. Por isso que devemos incessantemente pedir nas orações a sabedoria e o discernimento espiritual, para que Deus nosso Pai nos revele as reais intenções desses amigos. Pois se buscam nos enredar para os seus caminhos tortuosos, é por inveja do bem que em nós há e para a nossa destruição que o fazem. Provérbios, 24:1-5:

"Não tenhas inveja dos homens malignos, nem desejes estar com eles. Porque o seu coração medita a rapina, e os seus lábios falam a malícia. Com a sabedoria se edifica a casa, e com o entendimento ela se estabelece; E pelo conhecimento se encherão as câmaras com todos os bens preciosos e agradáveis. O homem sábio é forte, e o homem de conhecimento consolida a força".

Existem momentos em nossas vidas em que não percebemos como os dias, meses e anos passam rapidamente. É fundamental refletirmos sobre como estamos utilizando nosso tempo, evitando futilidades e vaidades que tomam o nosso tempo. Devemos nos questionar se nosso comportamento condiz com o de um verdadeiro cristão. Viver com sobriedade na fé, sempre guiados pela Palavra de Deus e pela orientação do Espírito Santo, é essencial para realizarmos o bem. Nossas ações devem ser vigilantes; é vital que a cada instante, busquemos aquilo que contribui para nossa santificação, a fim de alcançarmos um coração sábio e puro. Precisamos desprezar o que é profano e impuro que nos cerca, buscando expulsar essas influências de nossos olhos, ouvidos e pensamentos. Salmo 90: 3-12, escrito por Moisés:

"Tu reduzes o homem à destruição; e dizes: Tornai-vos, filhos dos homens. Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite. Tu os levas como uma corrente de água; são como um sono; de manhã são como a erva que cresce. De madrugada floresce e cresce; à tarde corta-se e seca. 
Pois somos consumidos pela tua ira, e pelo teu furor somos angustiados. Diante de ti puseste as nossas iniquidades, os nossos pecados ocultos, à luz do teu rosto. Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; passamos os nossos anos como um conto que se conta. Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando. Quem conhece o poder da tua ira? Segundo és tremendo, assim é o teu furor. Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios".

A devoção a Deus e ao próximo devem ser genuínas, livres de falsidades e interesses pessoais. É claro que cada um de nós desempenha um papel significativo no mundo, seja por meio de atividades simples ou complexas como os coletores de lixo, motoristas e cobradores que garantem que tenhamos um ambiente limpo, organizado e mobilidade urbana; o agricultor que cultiva e fornece os alimentos de que precisamos; ou dos empresários, grandes e pequenos que fomentam a economia. Os que são hipócritas e intimamente ligados ao mundo desconsideram os demais em função de interesses mesquinhos pelo dinheiro e status social, como mencionado na Epístola de Tiago, capítulo 2, versículos 1 a 10:

"Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje, E atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado, porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos? Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não vos oprimem os ricos, e não vos arrastam aos tribunais? Porventura não blasfemam eles o bom nome que sobre vós foi invocado? Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redarguidos pela lei como transgressores. Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos".

Outro ponto a ser abordado diz respeito às doutrinas e ensinamentos heréticos que se opõem à Bíblia Sagrada. Curiosamente muitas dessas ideias estão sendo disseminadas por padres, pastores e "guias espirituais" que se autodenominam cristãos. É importante ressaltar que não estou generalizando, pois existem muitos homens e mulheres no meio cristão que permanecem fiéis e exercem suas vocações religiosas com temor e amor a Deus e ao próximo. No mais existem pessoas que distorcem sua fé e acabam desviando muitas pessoas do verdadeiro caminho da salvação. Eles utilizam trechos isolados do Evangelho e das Escrituras Sagradas para deturpar a mensagem da redenção, muitas vezes motivados pela ganância e pelo enriquecimento ilícito. Essas divisões e escândalos que ferem a doutrina sagrada, verdadeira e singular de Deus Pai.

A admoestação do Apóstolo Paulo nos orienta a nos afastarmos de tais indivíduos, pois não estão a serviço de Deus e de Cristo; ao contrário, aproveitam-se da ignorância alheia para seu próprio benefício. Ao observarmos o comportamento de muitos que pregam e ministram em programas de televisão e nas igrejas, percebemos que sua preocupação principal parece ser o engano e a manipulação, incutindo em nós o desejo de enriquecer. Dessa forma, promovem inconscientemente a cobiça que existe em todos nós, um sentimento que deveríamos evitar.

A oratória frequentemente gira em torno da ideia de "prosperar". Muitas vezes eles sugerem aos ouvintes que se não estão conquistando sucesso em suas vidas, isso se deve à falta de entrega dos dízimos e ofertas durante as campanhas realizadas nas suas igrejas. Esse discurso enfatiza que quem não contribui, pode estar cometendo um pecado grave e terão que "prestar contas a Deus", gerando neles um medo e uma preocupação infundados que são na verdade embustes e heresias.

Recentemente, conheci uma história que ilustra o grau de fanatismo religioso que alguns crentes podem vivenciar. Essa narrativa serve como um alerta sobre o quanto as alguns podem ser manipulados, especialmente quando se encontram em momentos de vulnerabilidade emocional. O relato é sobre um cristão que enfrentava dificuldades financeiras. Sem conseguir dizimar na congregação que frequentava, ele acabou roubando dinheiro da empresa onde trabalhava para entregá-lo ao pastor. Além disso, há líderes religiosos que, com uma audácia impressionante, foram ainda mais longe em suas manipulações, chegando a pedir aos fiéis que doassem seus bens e patrimônios à "igreja" após a sua morte.

Os verdadeiros missionários cristãos na minha opinião, apresentam características que os distinguem de outros que operam sob uma mentalidade carnal. Esses missionários não buscam riquezas, honrarias ou prazeres pessoais. Especialmente os missionários itinerantes oriundos de locais inóspitos, dedicando-se à evangelização e ao serviço, mesmo sem as comodidades que consideramos essenciais. Eles estão presentes nas regiões onde a população local enfrenta a fome, a intolerância religiosa e a guerra civil.

Solidarizam-se com os que sofrem, cuidando dos doentes e defendendo os que são perseguidos. Ao lado do povo, eles compartilham até mesmo os riscos de serem martirizados por sua fé em Cristo e pelo serviço de seus "irmãos menores". Com os poucos recursos que conseguem através de doações, oferecem ajuda aos mais necessitados e marginalizados – algo que muitos de nós, com certeza, não conseguiríamos suportar nem por poucos dias nestas condições. Diferente de outros, esses missionários não se deixam seduzir pelas vantagens financeiras que as igrejas podem oferecer, nem almejam posições de poder na política. 
Esses são os verdadeiros missionários que estão comprometidos com o Reino de Deus! Desinteressados pelas coisas do mundo, mas convictos e disponíveis ao chamado de Jesus Cristo, que diz: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me5”. Na epistola de 1 Timóteo, Cap. 6: 3:10; o Apóstolo, exorta sobre quem são os obreiros fraudulentos:

"Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, É soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores".


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1 Frustração e a Psicologia: Para a Psicologia, a frustração é um sentimento de privação de uma satisfação primordial. Frustração é uma síndrome que apresenta sintomas diversos, todos ligados à desestruturação emocional que ocorre em diferentes níveis, por diversas causas e que acarreta diversas consequências.
A Psicologia determina diversos tipos de processos frustrantes: a frustração por barreiras – quando existe um obstáculo que impede de se chegar ao objetivo, a frustração por incompatibilidade entre dois objetivos positivos, a frustração por conflito entre duas situações negativas e a frustração por conflito entre situações positivas e negativas em igual medida. Acesso: https://www.significados.com.br/frustracao/
2 "Esta é a palavra que veio do Senhor a Jeremias: ‘Vá à casa do oleiro, e ali você ouvirá a minha mensagem’. Então fui à casa do oleiro, e o vi trabalhando com a roda. Mas o vaso de barro que ele estava formando estragou-se em suas mãos; e ele o refez, moldando outro vaso de acordo com a sua vontade. Então o Senhor dirigiu-me a palavra: ‘Ó comunidade de Israel, será que não posso eu agir com vocês como fez o oleiro?’, pergunta o Senhor. ‘Como barro nas mãos do oleiro, assim são vocês nas minhas mãos, ó comunidade de Israel’" (Jeremias 18:1-6).
3 Observação: Na parábola do rico e de Lázaro, vemos esta dualidade entre: Rico (ímpio) e de Lázaro, o pobre (justo); se o rico tivesse mudado sua conduta, em outras palavras, se convertido, teria mostrado obras de justiça (caridade), por fim não seria condenado ao inferno.
4 E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples. Quanto à vossa obediência, é ela conhecida de todos. Comprazo-me, pois, em vós; e quero que sejais sábios no bem, mas simples no mal. E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém. Romanos, Cap. 16: 17-20
5 Versículo do Evangelho de Mateus, Cap. 19 :21 – O jovem rico.

O SENTIDO DA EXISTÊNCIA HUMANA, ESTÁ NA FÉ EM DEUS

 

Artigo; Deus; Jesus Cristo; O sentido da existência humana, está na fé em Deus
"A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo”. Tiago, Cap. 1: 27.


A frustração é um sentimento que todos nós experimentamos em diferentes momentos da vida, uma emoção comum que nos acompanha desde a infância. Quando éramos crianças, a frustração manifestava-se de forma inocente e direta. Se um desejo não era atendido — como o brinquedo desejado na loja da esquina ou um doce que chamava nossa atenção — a reação imediata era chorar impacientes, esperando que nossos pais nos ajudassem a suprir aquela necessidade momentânea. A intensidade daquelas emoções infantis pode parecer exagerada, mas reflete uma verdade fundamental sobre a natureza humana: o desejo e a sua insatisfação.

A vida é repleta de expectativas. Criamos sonhos que muitas vezes se tornam verdadeiros pilares sobre os quais construímos nossas vidas. Em geral, a realidade nem sempre corresponde ao que idealizamos. Situações cotidianas, como não conseguir o emprego dos sonhos, não alcançar uma promoção desejada, ver uma viagem de férias ser cancelada ou ainda não poder adquirir a casa ou o carro com o qual sempre sonhamos, podem gerar frustrações profundas.

Nos últimos tempos é cada vez mais comum nos depararmos com notícias trágicas que envolvem crises financeiras, desespero e perdas irreparáveis. Um exemplo recente e profundamente impactante ocorreu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde um empresário do ramo alimentício, sufocado por dívidas, tomou uma decisão devastadora que chocou a sociedade: assassinou sua esposa e filhos antes de cometer suicídio. Este caso é um lembrete sombrio dos desafios enfrentados por muitos, mas também levanta questões sobre saúde mental, suporte social e a necessidade de uma rede de apoio eficaz.
Outro caso trágico acontecido é uma reportagem recente de um modelo que assassinou dolosamente, com sua moto, (segundo o jornal, estava sob efeito de álcool) um adolescente que atravessava uma avenida acompanhado de sua mãe, na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Estes exemplos citados, ocorrem todos os dias no Brasil e no mundo, em diferentes contextos, que na sua maioria, resultam em morte e destruição de famílias. Mas o que provoca esses comportamentos temerários, imprudentes e negligentes? Do empresário que matou sua família e do jovem da moto que assassinou o adolescente, podemos classificar o primeiro episódio de afeto exagerado pelos bens materiais: que causou a frustração ou o desespero pelas dívidas; e o segundo episódio, é o que a logoterapia chama de vazio existencial, que é a falta de sentido da vida; um desgosto incessante que para os indivíduos que vivem assim, tendem a suprir ou compensar, com o comportamento desregrado, através de “festas imorais”, dirigir alcoolizado, ou sob efeitos de outras drogas.

Acreditar que nossa existência não é fruto do acaso é um princípio fundamental para compreendermos nosso propósito. Cada um de nós independentemente das adversidades que enfrentamos, é parte de um plano divino. Deus em Sua infinita sabedoria, nos criou com um objetivo: crescer espiritualmente e nos aproximar Dele. Essa busca por entendimento e conexão é o que traz verdadeiro sentido à nossa vida. A vida que levamos, muitas vezes marcada por excessos e busca desenfreada por prazeres, fama, poder e status, pode nos levar a um estado de alienação em relação ao que realmente importa. É fundamental refletir sobre o propósito da nossa existência e o legado que deixamos. Não podemos nos permitir viver de maneira irresponsável e inconsequente, como se não houvesse uma vida posterior a que estamos vivendo agora. Nesse contexto, a figura de Deus se apresenta como um ponto de ancoragem. Quando abrimos nossos corações e nos convertemos a Ele, iniciamos um processo de transformação profunda, semelhante ao trabalho de um oleiro que molda o barro. Assim como o oleiro modifica o barro em um vaso de honra, Deus nos transforma ao entregarmos nossos desejos pessoais e nossas imperfeições em Suas mãos. Essa entrega é o primeiro passo na jornada rumo à santificação – um estado de ser que reflete o propósito divino para nossas vidas. Colossenses, Cap. 2: 9-13:

"Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade; E estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e potestade; No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo; Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos. E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas". Não devemos seguir o curso deste mundo, o que nos impõe e nos sugestionam a praticar. Romanos, Cap. 12: 1-2:

"Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus". Exortação para não nos deixarmos dominar pelas paixões da carne, Romanos, Cap. 13: 13-14:

"Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências".

É comum a nós almejarmos ter uma vida melhor, um padrão mais elevado de dignidade. Não seria errado, exceto, quando Deus o quer e o faz próspero para uma finalidade. E, essa finalidade está ligada com a nossa caridade e empatia para com os mais carentes da sociedade. Portanto, se esta riqueza nos faz sermos extravagantes, avarentos e egoístas, é muito lógico que Deus não fará que o justo enriqueça
3. “Reparte generosamente com os pobres; a sua justiça dura para sempre; seu poder será exaltado em honra”. Salmos, 112:9

Um detalhe importante e que temos que prestar muita atenção é na expressão: “a todo custo”. A expressão “a todo custo”, pressupõe não medir esforços para alcançarmos os nossos objetivos. O anseio irracional por poder vai se tornando prejudicial à nossa saúde mental, se não tomarmos os devidos cuidados. O desejo desenfreado por riquezas, mentalmente se tornará em uma obsessão; em outras palavras, ela se tornará numa neurose. A pessoa em hipótese alguma pensa em outra coisa, a não ser de se tornar conhecido e milionário. E se porventura ficar milionário na situação espiritual que está, a sua preocupação é a de não se tornar pobre, ocasionando assim, outra neurose existencial. Seus esforços diários é para não cometer “erros financeiros” para que não venha a perder seu patrimônio.

Ao conhecermos a Deus e buscarmos entender Seu plano para nós, a perspectiva muda de rumo. Passamos a valorizar o que temos e a respirar gratidão em cada pequeno detalhe da vida. Compreendemos que tudo o que possuímos, inclusive nosso próprio corpo é um presente que nos foi dado, e não uma conquista exclusiva de nossos esforços. Essa mudança de mentalidade nos liberta do ciclo vicioso de insatisfação constante e nos permite viver em paz. Tudo pertence ao nosso Deus Pai, pois somente a sua graça é o que nos mantêm vivos. Provérbios, Cap. 30: 7 - 9:

"Duas coisas te pedi: Não as recuses a mim antes de eu morrer! Afasta de mim falsidade e mentira, não me dês pobreza nem riqueza, sustenta-me com meu pedaço de pão, para que saciado, não me torne um renegado e diga: “Quem é o SENHOR?” Ou, empobrecido, eu me ponha a roubar e profane o nome de meu Deus!"

Conselhos para que nos contentássemos com as coisas modestas e simples. Romanos, Cap. 12:16:

"Vivei em boa harmonia uns com os outros. Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas. Afeiçoai-vos às coisas modestas. Não sejais sábios a vossos próprios olhos".

OUVIR O TEXTO?



Link para a continuação do post: O sentido da existência humana, está na fé em Deus (PARTE 2).

15 de agosto de 2022

EVANGELHO DO DIA 15/08/2022 COM REFLEXÃO. Evangelho (Mt 19,16-22)



Acesso pelo YouTube: Canal Fé em Deus

13 de agosto de 2022

Livros: A imitação de Cristo e O Peregrino (Download)

A imitação de Cristo; LivroO peregrino; Livro






Resumo: A imitação de Cristo é uma obra que tem feito muito bem às almas ao longo destes anos todos e certamente ainda fará mais com a graça de Deus. Muitos Santos, como São Francisco de Sales, Santo Afonso Maria de Ligório, Santo Inácio de Loyola, Santa Teresa e muitos outros, a liam e recomendavam, justamente pela abordagem didática, fácil e muito prática que Tomás de Kempis nos exorta no decorrer dos quatro livros.

Resumo: O Peregrino foi escrito em uma linguagem simples, pura, cheia de expressões bíblicas e alegorias, que facilitam até ao mais inculto na compreensão desta que é uma das mais marcantes obras literária produzida pelo cristianismo.
O texto reflete a situação moral da sociedade inglesa do século XVII no tocante a fé. O peregrino relata, sobretudo, a história de fé do crente/cristão, a partir do momento da sua Conversão aonde se inicia uma caminhada na estrada da Salvação até sua chegada na Cidade Celestial (céu). Durante sua acidentada, mas interessantíssima viagem, o Cristão depara-se com personagens e alegorias que o perturbam ou o ajudam. Passa por diversos lugares (todos tem uma real significação na vida do crente), como o desfiladeiro do Desespero, o vale da Humilhação, a feira das Vaidades, o pântano da Desconfiança, a casa Prudência Carnal, a montanha da Lei, a aldeia da Moralidade, a terra da Vanglória, o caminho Estreito, a sala da Paz, o vale da Sombra da Morte, o Rio da Morte, e outros, até chegar á Cidade Santa.
E encontra personagens tão vividos, tão reais como o Evangelista, o Obstinado, o Flexível, o Auxilio, o Sábio-Segundo-o-Mundo, o Legalista e seu filho Urbanidade, o Boa Vontade, o Intérprete, Paixão e Paciência, o Simples, a Preguiça, a Presunção, o Formalista, a Hipocrisia, o Desconfiança, o Vigilante, Discrição, Prudência, Piedade, Fiel, Loquaz, e muitos outros.
Durante boa parte de sua caminhada, Cristão carrega sobre as costas um pesado fardo (que são os seus pecados) que automaticamente cai quando ele se acha diante da cruz de Cristo. Todos os percalços da vida cristã (as lutas emocionais, os conflitos teológicos, a luta da carne X e o espírito, as derrotas as vitórias) enfim, os dilemas que o crente enfrenta são retratados de uma maneira tão marcante,
tão lúdica, que provam o porque do sucesso desta obra.
O Peregrino ou a viagem do Cristão á Cidade Celestial é a história de todo crente desde a sua conversão até sua chegada nos Céus.




 

11 de agosto de 2022

Livro: Igrejas Evangélicas Que se Tornam Seitas Perigosas (Download)


 

livro; Igrejas evangélicas que se tornaram seitas perigosas




Autor/Escritor: Pastor Flávio Gabriel
Local e Ano da Publicação: Rio de Janeiro – RJ - 2017

Livros: Este Mundo Tenebroso. Vols. I e II (Download)

Livros; Este mundo tenebroso, vol. 1 e vol.2

 
 



Descrição da temática dos livros:

Este Mundo | Frank Peretti
Desde Cartas de um diabo a seu aprendiz, de C. S. Lewis, Este mundo tenebroso: invadindo as trevas é o livro mais fascinante a respeito da realidade da guerra espiritual já escrito. Frank Peretti lança um olhar agudo e mordaz sobre a guerra espiritual e a necessidade de oração.
Com seu estilo peculiar e cativante, o escritor prende a atenção dos leitores ao descortinar uma assombrosa realidade espiritual que muitos têm esquecido. Um clássico no gênero de ficção que ao mesmo tempo envolve e encoraja. Uma obra de tirar o fôlego!

Tenebroso | Frank Peretti
Este mundo tenebroso 2: densas trevas conta a história de uma das maiores batalhas espirituais já travadas pelos anjos de Deus contra os principados e potestades deste mundo. O episódio tem seu início entre os habitantes da pequena cidade de Baskon, propagando-se em seguida por outros lugares.
Esta tremenda batalha entre o reino da luz e o reino das trevas envolve uma jovem solitária e fracassada que subitamente se torna vítima de uma trama maligna que tem como objetivo assassiná-la. Numa sucessão de ações emocionantes de tirar o fôlego dos leitores, as experiências vividas pela jovem traçam com perfeição um quadro real de nossa época, um reflexo dos nossos fracassos e uma viva proclamação do poder vitorioso e redentor da cruz.


Link do site: Livrarias família cristã, para os que se interessarem em comprar os livros impressos: Este mundo tenebroso, Vols. I e II

 

5 de agosto de 2022

MATEUS 16,24-28 ORAÇÃO DA MANHÃ E HOMILIA DIÁRIA

EVANGELHO DO DIA 05/08 |

Autoria/Créditos: Acesso no YouTube: eVIVA Mensagens e Orações

4 de julho de 2022

Ucrânia: Refugiados, Crianças e a Solidariedade


Para quem quiser ajudar, deixo o link do site: https://www.acn.org.br/doacao/

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