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terça-feira, 16 de agosto de 2022

O SENTIDO DA EXISTÊNCIA HUMANA, ESTÁ NA FÉ EM DEUS

 

Artigo; Deus; Jesus Cristo; O sentido da existência humana, está na fé em Deus
"A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo”. Tiago, Cap. 1: 27.

A frustração
1 é algo inerente, intrínseco a todo ser humano. Quando éramos crianças, se não atendiam aos nossos desejos pueris, como por exemplo: o brinquedo da loja na esquina, ou o doce da mercadoria. Era como que de imediato, chorarmos impacientes e estridentes para que os nossos pais comprassem o brinquedo e o doce de nossa predileção. Quando adultos, se não conseguimos atingir os nossos objetivos, imediatamente nos frustramos ao ponto de desanimarmos e esmorecermos.

As situações do cotidiano que podem levar à frustação, são as seguintes: a) Quando não conseguimos o emprego dos sonhos; b) Se não alcançarmos a promoção da empresa que trabalhamos; c) A viagem de férias que planejávamos; d) O carro e a casa que queríamos, etc. O que eu quero dizer é, que quando colocamos nossa fé, nossas expectativas e afetos desordenadas em coisas materiais e humanas, nos frustramos de maneira a desfalecermos e murmurantes nos queixarmos sobre a nossa “infeliz existência”. Ficamos, por fim, doentes psicologicamente e fisicamente. Porém, outras pessoas mais vulneráveis, chegam ao extremo fatídico de suas existências, cometendo tragédias contra si e contra o próximo, como veremos, logo a seguir.

É muito comum assistir nos noticiários, reportagens desta natureza por exemplo: homem, empresário do ramo alimentício, que veio à falência decorrente de dívidas, matou sua mulher e filhos, e por fim cometeu suicídio. Este exemplo, por infeliz que seja, é verídico, aconteceu na cidade de Porto Alegre/RS neste ano. Outro exemplo, é uma reportagem recente de um modelo que assassinou dolosamente, com sua moto em alta velocidade, (segundo o jornal, estava sob efeito de álcool) um adolescente que atravessava uma avenida acompanhado de sua mãe, na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Estes exemplos citados, ocorrem todos os dias no Brasil e no mundo, em diferentes contextos, na sua maioria, o resultado disso é morte e destruição de famílias, sem detalhar e mensurar os que ficam paraplégicos para o restante de suas vidas. Mas a questão é, o que provoca estes comportamentos temerários, imprudentes e negligentes? Os casos do empresário que matou sua família e do jovem da moto, que assassinou o adolescente, podemos concluir no primeiro episódio de afeto exagerado pelos bens materiais, o que causou a frustração ou o desespero pelas dívidas; e o segundo episódio, o que a logoterapia chama de vazio existencial, que é a falta de sentido da vida; um desgosto incessante que para os indivíduos que vivem assim, tendem a suprir ou compensar, com o comportamento desregrado, através de “festas imorais”, dirigir alcoolizado, ou sob efeitos de drogas ilícitas.

Todos os fatos descritos, é para mostrar que não somos "nada". Nada na conotação de vulneráveis, sem a presença e a proteção de Deus. Pra mim o que traz sentido para a nossa existência, é a nossa fé e obediência a Deus. Não nascemos neste mundo por um acaso do fortuito, sem propósitos, nem metas para crescermos espiritualmente no conhecimento de Deus e no que Ele quer para nós. Não estamos aqui para vivermos de modo irresponsável e inconsequente, como que se não existisse uma vida posterior a esta. Todos que buscam alucinados por prazeres desgovernados, fama, poder e status, muito provavelmente não irão medir esforços para adquiri-los. Estes trarão prejuízos a eles próprios, e a quem convive próximo deles. Pois é inegável a perda de sanidade e o bom senso nessas pessoas, (o controle sobre o Eu), isso só é equilibrado, quando conhecemos a Deus e a Ele nos convertemos de coração, entregamos nossos desejos e anseios pessoais para que assim, nos faça similarmente ao “oleiro quando transforma o barro em vaso de honra2”. Transformar, significa sermos aquilo que Ele, propôs como projeto Seu para nossas vidas (santificação), destino primordial e final para que possamos viver na eternidade com Deus. Colossenses, Cap. 2: 9-13:

"Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade; E estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e potestade; No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo; Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos. E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas". Não devemos seguir o curso deste mundo, o que nos impõe e nos sugestionam a praticar. Romanos, Cap. 12: 1-2:

"Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus". Exortação para não nos deixarmos dominar pelas paixões da carne, Romanos, Cap. 13: 13-14:

"Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências".

É comum a todos nós, almejar ter uma vida melhor, um padrão mais condizente de vida. Não seria errado, exceto, quando Deus o quer e o faz próspero para uma finalidade. E, esta finalidade está ligada com o nosso agir, a nossa caridade e empatia para com os mais carentes da sociedade. Portanto, se esta riqueza nos faz sermos extravagantes, avarentos e egoístas, é muito lógico que Deus, não fará que o justo enriqueça
3. “Reparte generosamente com os pobres; a sua justiça dura para sempre; seu poder será exaltado em honra”. Salmos, 112:9

Um detalhe importante e que devemos prestar muita atenção é na expressão: “a todo custo”. A expressão “a todo custo”, pressupõe não medir esforços para alcançarmos os nossos objetivos. Isso pode ser danoso à nossa saúde mental, se não tomarmos o devido cuidado. Este anseio desenfreado por riquezas e bens materiais, mentalmente se tornará em uma obsessão, em outras palavras, numa neurose. A pessoa em hipótese alguma pensa em outra coisa, a não ser de se tornar milionário, famoso e etc. E se porventura, ficar rico nesta situação espiritual que está, a sua preocupação é a de não se tornar pobre, ocasionando assim, outra neurose existencial. Seus esforços diários é para não cometer “erros financeiros”, para que não venha a perder seu patrimônio.

Quando ansiamos por algo financeiro ou afetivo, sem a permissão e a vontade de Deus para nós, isto vai se tornando em perigo e empecilho para a nossa comunhão com o Senhor. Contudo, tanto a riqueza, quanto a pobreza sem a presença e a comunhão com Deus, faz-nos sermos mesquinhos, temerários, arrogantes e vaidosos. Quando conhecemos a Deus e o seu propósito para nós, sabemos que tudo o que temos, (até o nosso corpo físico), não nos pertence, tudo é Dele e a Sua graça é o que nos mantêm vivos. Provérbios, Cap. 30: 7 - 9:

"Duas coisas te pedi: Não as recuses a mim antes de eu morrer! Afasta de mim falsidade e mentira, não me dês pobreza nem riqueza, sustenta-me com meu pedaço de pão, para que saciado, não me torne um renegado e diga: “Quem é o SENHOR?” Ou, empobrecido, eu me ponha a roubar e profane o nome de meu Deus!"

Conselhos para que nos contentássemos com as coisas modestas e simples. Romanos, Cap. 12:16:

"Vivei em boa harmonia uns com os outros. Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas. Afeiçoai-vos às coisas modestas. Não sejais sábios a vossos próprios olhos".

OUVIR O TEXTO?



Link para a continuação do post: O sentido da existência humana, está na fé em Deus (PARTE 2).

domingo, 16 de maio de 2021

A ESQUIZOFRENIA E A ESPIRITUALIDADE (PARTE 2)

Esquizofrenia; Espiritualidade

VIDA E MILAGRES DE SÃO BENTO. CAPÍTULOS: IV E X.

1) O monge divagante: Reconduzido à salvação

Em um dos mosteiros que construíra ao redor, havia certo monge que não conseguia ficar em oração. Logo que os irmãos se inclinavam nesse exercício, saía e punha-se a revolver na mente vadia coisas mundanas e transitórias. Admoestado várias vezes por seu abade, foi por fim conduzido ao homem de Deus, que lhe increpou com veemência a insensatez; de volta, porém, ao seu mosteiro, mal conseguiu observar por dois dias a admoestação do homem de Deus; já ao terceiro, recaindo no velho hábito, entrou de novo a vaguear na hora da oração. Quando isto foi contado ao servo de Deus pelo pai do mosteiro, respondeu aquele:

- "Irei eu mesmo, e pessoalmente o emendarei".

O homem de Deus foi, com efeito, ao dito mosteiro, e na hora marcada, quando os irmãos depois da salmodia se entregavam à oração, observou que o monge que não podia ficar rezando, era arrastado por um negrinho, que o puxava pela orla do hábito.
À vista disso, Bento perguntou secretamente ao abade do mosteiro, Pompeiano, e ao servo de Deus, Mauro:

- Não vedes, então, quem é que puxa esse monge?"

Responderam que não. Ao que retorquiu:

- "Oremos para que vejais também vós a quem é que esse monge segue".

Depois de dois dias de oração, Mauro monge o viu, ao passo que Pompeiano, pai do mosteiro, não o conseguiu. Ora, no dia seguinte, saindo do oratório depois do ofício, o homem de Deus topou com o dito monge em pé do lado de fora, e aí com uma vara bateu-lhe de rijo, por causa da cegueira de seu coração. Desde esse dia o monge nunca mais se deixou induzir pelo pretinho, permanecendo sossegado na prática da oração, e o antigo inimigo não mais se atreveu a dominar-lhe o pensamento, como se fora ele mesmo que levara as pancadas.

2) O incêndio imaginário da cozinha

Então ao homem de Deus pareceu oportuno cavarem a terra naquele mesmo sítio. Ora, sucedeu que, cavando muito fundo, os irmãos encontraram um ídolo de bronze. Atiraram-no logo para longe, indo o mesmo cair por acaso na cozinha; em consequência, viu-se de repente sair fogo do lugar, e pareceu aos olhos de todos que o prédio da cozinha era devorado pelas chamas. Como, jogando água para apagar o fogo, fizeram grande vozerio, o homem de Deus, atraído pelo ruído, aproximou-se.
Considerando, então, que o fogo estava somente nos olhos dos irmãos e não nos seus, baixou logo a cabeça em oração, e, chamando a si os irmãos que via iludidos pelo incêndio fantástico, admoestou-os a persignarem os olhos para que percebessem estar ileso o edifício da cozinha, e deixassem de ver as chamas imaginárias que o antigo inimigo lhes sugeria.


VIDA E CONDUTA DE SANTO ANTÃO – DESCRITO POR SANTO ATANÁSIO


1) Necessidade de conhecermos suas astúcias

“Sabemos que os demônios não foram criados como demônios. Deus não faz nada mau. Também eles foram criados bons, mas, decaídos da sabedoria celeste e precipitados na terra, desviaram os gentios por meio de ficções. Invejam a nós, cristãos, e movem tudo para nos fechar o acesso ao céu, a fim de que não subamos para o lugar do qual caíram. Por isso temos necessidade de orações e da ascese para, mediante o carisma do discernimento dos espíritos, recebido pelo Espírito Santo podermos conhecer o que diz respeito a eles, quais dentre eles são menos maus, quais piores, a especialidade de cada um, e como cada um é vencido e rejeitado. Muitas são, com efeito, suas velhacarias e suas manobras insidiosas. Sabiam-no bem o bem-aventurado apóstolo e seus colaboradores, que diziam: ‘Não ignoramos as intenções dele’ (2Cor 2,11). A experiência de suas tentações deve servir para nos ajudarmos mutuamente a nos precavermos. Tendo deles alguma experiência, eu vos falo como a meus filhos”.

2) Por permissão divina é que o demônio pôde provar Jó

“Se alguém, pensando na história de Jó, objeta: por que então o diabo, saindo contra ele, pôde fazer tudo, tirar-lhe as riquezas, matar os filhos e ferir a ele mesmo com chaga maligna? (Jó 1,15-22; 2,7). Que reconheça: o diabo não era forte, mas Deus lhe entregou Jó, para que o provasse.
Precisamente porque nada podia, o demônio pediu esse poder e, tendo-o recebido, agiu. O exemplo confirma que é necessário desprezar o inimigo, já que, ainda quando quer, nada pode contra um homem justo. Se tivesse o poder, não o teria pedido. E o pediu não só uma, mas duas vezes, o que manifesta sua fraqueza e impotência. Não é surpreendente que nada pudesse contra Jó. Só pôde destruir seu rebanho com a permissão divina. Os demônios não têm poder nem mesmo sobre os porcos. No evangelho está escrito que rogaram ao Senhor: ‘Permite-nos passar para a manada de porcos’ (Mt 8,31). Se não têm poder sobre os porcos, por razão muito mais forte não o têm contra o homem, feito à imagem de Deus”.

3) Experiências pessoais de Antão

“Quereria calar-me e nada dizer do que me concerne, contentar-me com o que precede. Mas, para que não penseis que não faço mais que dizer essas coisas, para que creiais que as conto por experiência e com verdade, por isso, ainda sob o risco de ser insensato (mas o Senhor, que está ouvindo, conhece a pureza de meu coração e que falo não por mim mesmo, mas por amor de vós e por vosso projeto), as maquinações do demônio que vi, digo-as novamente. Quantas vezes me proclamaram bem-aventurado, mas os amaldiçoava em nome do Senhor. Quantas vezes me anunciaram a enchente do rio, e lhes dizia: ‘E que proveito isso vos traz?’ Às vezes, vieram ameaçadores e me cercaram como soldados armados; outras vezes, encheram a casa de cavalos, de animais ferozes e de serpentes. Quanto a mim, salmodiava: ‘Uns confiam em carros, outros em cavalos; nós, porém, invocamos o nome de Javé nosso Deus’ (Sl 19,8) e por meio das orações, foram postos em fuga pelo Senhor. Às vezes vieram nas trevas, com aparências de luz, e disseram: ‘Viemos alumiar para ti, Antão’; eu, fechando os olhos, orava, e logo a luz dos ímpios se apagava. Alguns meses depois, vieram como que salmodiando e recitando palavras das escrituras, mas ‘eu, como o surdo, não escutava’ (Sl 37,14). Às vezes abalavam a minha cela; eu rezava, permanecendo imóvel na alma. Depois disso, voltavam, faziam ruído, assobiavam, dançavam. Como rezasse e permanecesse deitado, salmodiando comigo mesmo, logo começavam a se lamentar e chorar, como se desfalecessem; mas eu glorificava o Senhor, que quebrava sua audácia e seu furor, e fazia deles um exemplo”.

4) Como ele repelia os demônios

“Certa vez um demônio muito alto me apareceu e ousou dizer-me: ‘Sou o poder de Deus, sou a providência. Que queres que te conceda?’ Então soprei com mais força contra ele; tendo invocado o nome de Cristo, pus-me a bater nele, e parece-me que, de fato, bati. Ao ouvir o nome de Cristo, logo esse grande (demônio) desapareceu com todos os seus demônios. Então, quando eu jejuava, o astuto voltou sob a aparência de monge, trazendo pães, e me aconselhou, dizendo: ‘Come e cessa com esses grandes trabalhos; também tu és homem, e vais enfraquecer’. Refletindo em sua astúcia, levantei-me para orar. Ele não suportou, deixou-me e parece ter saído pela porta como fumaça. Quantas vezes, no deserto, fez aparecer ouro diante de mim, para me tentar ao menos a tocá-lo e olhá-lo. Salmodiava contra ele, e tudo desaparecia. Muitas vezes seus golpes me feriram, e eu dizia: ‘Nada me separará do amor de Cristo’ (Rm 8,35). Depois disso se bateram muito mais entre si. Não era eu que os fazia cessar e os abatia, mas o Senhor, que disse: ‘Vi satanás cair do céu como um relâmpago’ (Lc 10,18).
Mas eu, meus filhos, lembrando-me da palavra do apóstolo (1Cor 4,6), apliquei isso a mim, para que aprendais a não desfalecer na ascese, a não temer as magias do diabo e de seus demônios”.

5) Cuidar muito da alma e muito pouco do corpo

Antão, segundo seu costume, segregando-se em seu próprio mosteiro, fortalecia sua ascese. Todos os dias suspirava, pensando nas moradas do céu, desejando-as e meditando quão efêmera é a vida humana. Quando devia comer ou dormir ou cuidar de outras necessidades do corpo, sentia vergonha, pensando na parte espiritual da alma. Muitas vezes, estando para tomar a refeição com os numerosos outros monges, lembrando-se do alimento espiritual, recusava-se e se afastava, considerando vergonhoso que o vissem comendo com os outros, e ia comer retirado, por necessidade. Muitas vezes, também, comia com seus irmãos; sentia vergonha, mas se consolava, aproveitando a ocasião para palavras úteis. É necessário, dizia, aplicar todo o tempo livre à alma, não ao corpo, reservar ao corpo pouco tempo, por necessidade, mas consagrar todo o resto à alma, a procurar seu bem, para que ela não seja atraída pelas voluptuosidades do corpo, e para que o corpo seja reduzido à servidão por ela; é a recomendação do Senhor: “Não busqueis o que comer ou beber; e não vos inquieteis. Vosso Pai sabe que tendes necessidade disso. Pelo contrário, buscai o seu reino, e essas coisas vos serão acrescentadas” (Lc 12,29-31).

6) Doentes e possessos recorrem a Antão

Muitas vezes anunciava visitantes e o motivo de sua vinda vários dias antes, às vezes até com um mês de antecedência. Uns vinham somente para vê-lo, outros, porque doentes ou atormentados pelos demônios. Não consideravam faina nem pena a fadiga de viagem cujo proveito cada um verificava na volta. E ele, agraciado com essas profecias e visões, pedia que ninguém o admirasse, que admirasse, antes, o Senhor, que concede a nós, homens, a graça de conhecê-lo segundo nossas forças.

7) Durante viagem de barco, Antão livra um possesso

Outra vez, descendo aos mosteiros exteriores, foi convidado a subir num barco e a orar com os monges. Somente ele sentiu horrível odor muito penetrante. As pessoas a bordo diziam que o barco transportava peixe e produtos salgados, donde o odor. Ele dizia que o odor era outro. Enquanto ainda falava, um jovem, possesso do demônio, que subira antes no navio e se mantinha oculto, deu um grito. Conjurado em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, o demônio saiu, e o homem ficou curado. Todos reconheceram então que o mau cheiro vinha dele.

8) Levam-lhe possesso furioso, ele o cura

Veio a ele outro homem, de família ilustre, possesso de demônio tão terrível que o energúmeno ignorava que estivesse perto de Antão e comia os próprios excrementos. As pessoas que o levaram pediam a Antão que intercedesse por ele. Cheio de simpatia por esse jovem, Antão orou e passou toda a noite velando com ele. Subitamente, ao despontar da aurora, o jovem se atira sobre Antão e o ataca.
Seus companheiros se indignaram. Antão lhes disse: “Não vos irriteis contra esse jovem. Não é ele quem faz isso, mas o demônio que o domina. Amaldiçoei esse demônio e lhe ordenei que fugisse para lugares áridos. Ele o fez enfurecido. Glorificai, pois, o Senhor. O fato de o jovem ter-se atirado contra mim é para vós sinal de que o demônio saiu”. A essas palavras de Antão, o jovem ficou são, voltou a ser bem comportado como antes e abraçou o ancião, dando graças a Deus.

9) Antão, em êxtase, se vê morto. Defendem-no os anjos contra os demônios

Os numerosos monges atestavam a uma só voz muitas outras belas coisas. Não tão admiráveis, aliás, que outras não o possam ser ainda mais. Certo dia, antes da refeição, estando de pé para orar, pela nona hora, viu-se arrebatado em espírito. Coisa espantosa, de pé, viu-se fora de si como que conduzido através dos ares por algumas pessoas, em seguida viu outras, amargas e cruéis, de pé no ar e querendo impedi-lo de subir. Defendendo-o seus condutores, os outros perguntaram se lhes estava sujeito e quiseram fazê-lo prestar contas desde seu nascimento. Os guias de Antão se opuseram, dizendo aos adversários: “O Senhor perdoou as faltas cometidas desde seu nascimento, podeis pedir lhe contas das que cometeu depois que se fez monge e se consagrou ao Senhor”. Os adversários o acusavam, mas nada podiam provar. A rota ficou livre e sem obstáculos. Antão se viu então voltar, de pé diante de si, e de novo ele mesmo. Esquecendo a comida, passou o resto do dia e a noite em gemidos e na oração. Admirava por quais lutas e fadigas é necessário passar para atravessar os ares, e se lembrava do que diz o apóstolo sobre o “príncipe do poder do ar” (Ef 2,2). O inimigo tem o poder de combater e impedir aqueles que sobem através (dos ares).
Antão fazia, portanto, esta exortação principalmente: “Por isso deveis vestir a armadura de Deus, para poderdes resistir aos dias maus, para que o adversário fique confuso, não tendo nenhum (mal) que dizer contra nós” (Ef 6,13; Tt 2,8). Nós, que aprendemos isso, lembremo-nos do texto do Apóstolo: “Se no corpo ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe” (2Cor 12,2). Mas Paulo foi arrebatado até o terceiro céu, e tendo ouvido palavras inefáveis, desceu. Antão se viu subir no ar e combater até que o caminho aparecesse livre.



Referências

BÍBLIA Católica Ave Maria. [S. l.], 2021. Disponível em: https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/sao-lucas/8/. Acesso em: 16 maio 2021.

DICIONÁRIO informal. [S. l.], 2021. Disponível em: https://www.dicionarioinformal.com.br/acrossofia/. Acesso em: 16 maio 2021.

GOMES, ANA FLÁVIA SALGADO RODRIGUES et al. ESQUIZOFRENIA: A EVOLUÇÃO DO DIAGNÓSTICO E OS TRATAMENTOS UTILIZADOS NO BRASIL. Esquizofrenia; diagnóstico; tratamentos , Paraíso, Ponte Nova, Minas Gerais, ano 2019, v. 28, ed. 2, p. 15-19, Setembro, Novembro 2019. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20191115_074607.pdf. Acesso em: 30 abr. 2021.

PATRÍSTICA: Contra os pagãos | A encarnação do Verbo | Apologia ao imperador Constâncio | Apologia de sua fuga | Vida e conduta de S. Antão. 1. ed. [S. l.]: PAULUS Editora, 2014. 257 p. v. 18.

TAMMINGA, Carol. Esquizofrenia. [S. l.], 2018. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/esquizofrenia-e-transtornos-relacionados/esquizofrenia. Acesso em: 16 maio 2021.

VIDA e Milagres de São Bento. 1. ed. [S. l.]: EDITORA FAMÍLIA CATÓLICA, 2018. 68 p.

 

A ESQUIZOFRENIA E A ESPIRITUALIDADE


Esquizofrenia; Espiritualidade
Vivendo pela fé. “É por isso que não desfalecemos. Ainda que o ser humano exterior se decomponha em nós, o ser humano  interior se renova dia a dia. A presente aflição, momentânea e leve, nos dá um peso de glória incalculável. Por isso não olhamos para as coisas visíveis, mas para as invisíveis. As coisas visíveis são temporais; as invisíveis, eternas”. 2Cor 4: 16-18

A esquizofrenia está classificada dentre os transtornos mentais como um dos mais incapacitantes, o que gera muito sofrimento para o paciente e, para a família que tem a responsabilidade de garantir os cuidados necessários daquele que é acometido por esta doença. Os que já estudaram sobre esta psicopatologia, compreende que esta doença mental não tem uma explicação teórica exata para a sua causa, pois todas as referências teóricas de diversos autores, explanam hipóteses sem nenhuma exatidão cientifica. Em síntese, esta doença tem origem em questões: genéticas e ambientais. Contudo, não se encontrou nenhum artigo, ou texto que fala especificamente sobre a espiritualidade, como um fator para os sintomas psicóticos.

Não têm como contestarmos que a prevenção e o tratamento nos casos dos transtornos psicológicos, sejam exclusivamente realizadas
 por psicólogos e psiquiatras. No entanto, não há nada que proíba de questionarmos, através da leitura dos Evangelhos e, dos livros dos monges beneditinos, pois segundo o que se consta, eles observavam pessoas com psicoses e outras doenças aos quais identificavam estes sintomas, como sendo oriundos dos demônios. É irrefutável que a ciência é baseada em fatos empíricos, mas não podemos refutar as experiências de homens que serviram a Deus, e que possuíam uma "sabedoria transcendente", como se nomeia na terminologia: acrossofia1. Portanto, não podem ser explicados pela ciência, pois são discernidos espiritualmente através da sabedoria divina, que Deus os concedeu. Pois façamos a seguinte pergunta, quantos indivíduos que foram diagnosticados por esta psicopatologia, e que apesar de muitas mediações psiquiátricas, continuaram a padecer por infindáveis anos em clínicas psiquiátricas?

A pergunta retórica é óbvia, pois ao fazermos um apurado dos casos de pessoas diagnosticadas com esta doença mental, pouquíssimas conseguiram retornar à vida normal e com qualidade após o diagnóstico, psicoterapias e tratamento psicofarmacológico. O que se consta, com o prognóstico da doença, é que a pessoa terá de conviver durante muito tempo de sua vida com os sintomas crônicos, através de um tratamento precoce e continuado. 
Diante do que foi dito, trarei uma breve descrição sobre o que é a Esquizofrenia e às suas características sintomáticas, segundo o que dizem os especialistas.

O que é a Esquizofrenia?
A esquizofrenia caracteriza-se por psicose (perda do contato com a realidade), alucinações (percepções falsas), delírios (crenças falsas), discurso e comportamento desorganizados, embotamento afetivo (variação emocional restrita), déficits cognitivos (comprometimento do raciocínio e da solução de problemas) e disfunção ocupacional e social. [...].
Sintomas
Conforme nos diz Lima, o transtorno tem nas suas principais características , alterações na afetividade, comportamento, vontade, percepção, insight, linguagem, relações interpessoais, vida escolar, ocupacional, entre outros. [...]. Ao que tange o conteúdo do pensamento dos esquizofrênicos, se verifica que há fragmentação, com a perda das associações lógicas, que se expressa de forma incoerente, vaga, circunstancial e repetitiva. E da mesma maneira, a percepção do paciente se mostra alterada e a principal alteração perceptivo são alucinações: auditivas – escuta vozes sem haver ninguém por perto; até alucinações visuais, ( visões fantasiosas); olfativas (odores incomuns); ou táteis (sensações de formigamento pelo corpo).
Além dos distúrbios apresentados, os indivíduos esquizofrênicos também podem ter ilusões (percepção de objetos reais de modo distorcido) ou despersonalização (sensação de que o seu corpo está sofrendo modificações). Também são observados distúrbios motores, tais com catatonia (alterações intensas da motricidade caracterizadas por imobilidade e comportamento indiferente ao ambiente), movimentos estereotipados (repetitivos e sem propósito), atividades motoras incontroláveis e agitação, sendo as duas últimas as mais frequentes, segundo Alves.
Os sintomas da esquizofrenia se classificam como positivos e negativos. Os positivos são “caracterizados por distorção do funcionamento normal de funções psíquicas” como discorre Alves. Esses sintomas são delírios, alucinações, pensamentos incoerentes, agitação psicomotora e afeto incongruente. Já os sintomas negativos, segundo Alves e Silva, se caracterizam pela perda das funções psíquicas, como deficiências intelectuais e de memória, pobreza de discurso, embotamento afetivo, incapacidade de sentir prazer (anedonia), isolamento social e falta de motivação.

Depois de descrever o que é a Esquizofrenia e seus sintomas, utilizarei o Evangelho para justificar o tema. Lucas, Cap. 8:26-39:

"Navegaram para a região dos gerasenos, que está defronte da Galileia. Mal saltou em terra, veio-lhe ao encontro um homem dessa região, possuído de muitos demônios; há muito tempo não se vestia nem parava em casa, mas habitava no cemitério. Ao ver Jesus, prostrou-se dian­te dele e gritou em alta voz: “Por que te ocupas de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te, não me atormentes!” Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem. Pois há muito tempo que se apoderara dele, e guardavam-no preso em cadeias e com grilhões nos pés, mas ele rompia as cadeias e era impelido pelo demônio para os desertos. Jesus perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?”. Ele res­pondeu: “Legião!”. (Porque eram muitos os demônios que nele se ocultavam.) E pediam-lhe que não os mandasse ir para o abismo. Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos; rogaram-lhe os demônios que lhes permitisse entrar neles. Ele permitiu. Saíram, pois, os demônios do homem e entraram nos porcos; e a manada de porcos precipitou-se pelo despenhadeiro, impetuosamente no lago, e afogou-se. Quando aqueles que os guardavam viram o acontecido, fugiram e foram contá-lo na cidade e pelo campo. Saíram eles, pois, a ver o que havia ocor­rido. Chegaram a Jesus e acharam a seus pés, sentado, vestido e calmo, o homem de quem haviam sido expulsos os demônios; e, tomados de medo, ouviram das testemunhas a narração desse exorcismo. Então, todo o povo da região dos gerasenos rogou a Jesus que se retirasse deles, pois estavam possuídos de grande temor. Jesus subiu à barca, para regressar. Nesse momento, pedia-lhe o homem, de quem tinham saí­do os demônios, para ficar com ele. Mas Jesus despediu-o, dizendo: “Volta para casa, e conta quanto Deus te fez”. E ele se foi, publicando por toda a cidade essas grandes coisas..."


Nestes versículos, observamos o que acontece quando alguém está sendo atormentado pelo inimigo de nossas almas, seu estado psíquico é alterado, tanto que nem é mais a sua pessoa a exercer o poder sobre seu corpo, sua fala e seu raciocínio. E ao ser questionado por Jesus Cristo, ele se declara legião, pois são muitos demônios a agirem sobre ele. Através desta descrição, podemos tirar lições ao fazermos um paralelo entre o antes e o depois da sua conversão, quando vivia preso espiritualmente e após à sua libertação. Precedente ao milagre da libertação por Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o Gadareno encontrava-se em total destruição: moral, física, intelectual e emocional, pois vivia nos cemitérios, não se vestia, não se banhava, nem se alimentava direito, e etc. Todos que tentavam segurá-lo preso sob correntes, ele destruía as correntes de ferro, afastava-se da comunidade voltando ao lugar onde se achava.

Conclui-se que o propósito fundamental dos demônios é de nos destruir, e para que isso aconteça é necessário que sejamos escravizados através do pecado. Pois a sua “meta” é atingir o homem atacando primeiramente a razão, ou a sua mente, para que enfim, tenha total domínio sobre esta pessoa. Quando isto acontece, perdemos a riqueza mais essencial e que pertencia somente a nós, como dádiva divina: a nossa paz, liberdade e a prerrogativa de vivermos dignamente, como filhos e filhas de Deus Pai. Após o gadareno ter sido liberto pelo Nosso Senhor, a legião de espíritos impuros, são deslocados para a vara de porcos, assim a manada é precipitada ao precipício atirando-se sobre o mar. O homem por fim é liberto, e está recuperado de sua sanidade mental, está vestido e conversa tranquilamente, todos que o conheciam ficam perplexos por sua plena recuperação. É óbvio que trarei outros textos para darem ênfase ao artigo, mas somente neste texto do Evangelho de Lucas, já poderíamos afirmar, que os males ou doenças, muitas delas têm origem espiritual, portanto, já podemos assertivamente tirar nossas dúvidas de como o mundo espiritual está vinculado ao nosso mundo físico, quando nos referimos aos que atuam de maneira salutar e Salvífica em nós, Deus e os (Anjos) Espíritos de luz; quanto para o mal, Satanás e os espíritos das trevas para os males, perdição e destruição das almas.

Mais à frente, citarei trechos hagiográficos dos antigos monges, que tiveram lutas e provas espirituais contra o inimigo do homem, e que as venceram através da fé em Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Os textos são dos livros: Vida e Milagres de São Bento e da Patrística Vol. 18: Vida e Conduta de Santo Antão, escrito por Santo Atanásio. Teria outros escritos Bíblicos e histórias relatadas dos monges, porém, ficaria extenso demais, portanto, descreverei os principais eventos ou manifestações "fantasiosas" e perniciosas do mal, e que eram logo desmascarados ou repelidos pelos monges através da oração, penitência, jejum e expurgação do mal. Reitero novamente, que este artigo não é uma refutação à medicina, pois ela foi inspirada por Deus aos seres humanos para auxiliar-nos na cura, nos cuidados e na prevenção das doenças. Apenas destaco as evidências de que certas doenças existentes, em particular o que estamos nos referindo neste artigo, a esquizofrenia; possui indícios de relação com os espíritos malignos. Se verificarmos os conteúdos: sombrios e sobrenaturais, que fazem parte do comportamento psicótico de certos pacientes esquizofrênicos, a despeito do tratamento psicológico tradicional, não surtir os efeitos esperados, podemos inferir categoricamente que a sua origem está na espiritualidade.

OUVIR O TEXTO PRINCIPAL?


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1 A suprema sabedoria; a sabedoria que só pertence a Deus.


Link para a continuação do post: A Esquizofrenia e a espiritualidade (PARTE 2).

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O continente de Tiro não teria sido Atlântida, mencionado pelo Profeta Ezequiel?

Quem nunca ouviu falar sobre o continente de Atlântida, seja através de documentários, séries ou livros? Diante de elucubrações que se contrapõem, em afirmativas e refutações, estudiosos de várias áreas e da arqueologia, não chegam a um consenso se de fato a sua história é real ou fictícia.
O conceito histórico de Atlântida, foi sendo criado através de premissas arqueológicas, com a descoberta de artefatos de ouro e prata, que os cientistas supõem serem oriundos da época de Atlântida. Ademais de relatos Bíblicos do Profeta Ezequiel, que descreveu sobre um continente de nome Tiro, (não seria Atlântida?) e dos diálogos do filósofo grego, Platão, caracterizando e afirmando sobre a existência de Atlântida. Já o seu conceito "lendário", está muito relacionado aos mistérios que envolvem o seu desaparecimento, seu grande avanço tecnológico, (que era impensável para o seu tempo).
O Profeta Ezequiel descreve a destruição do continente de Tiro, que por semelhança de Atlântida foi derrocado nos mares. Podemos, então, fazer conjecturas e correlação com os relatos de Platão ao supormos que seja possivelmente Atlântida. Contudo, ainda existem muitas dúvidas e questionamentos por parte de muitos pesquisadores. É que apesar de todo o aparato científico da modernidade, não foi possível encontrar nenhum vestígio estrutural das ruínas, como prova cabal de sua existência. 
Nos capítulos 26, 27 e 28 de Ezequiel, há os motivos de sua queda, suas riquezas e sobre o seu comércio marítimo. Além do livro de Ezequiel, há o livro de José Alvarez López, com o título: A reconstrução de Atlântida, que utilizarei para embasar o texto. Somente há uma incongruência no livro de José Alvarez Lopez, dizendo que Társis seria Atlântida. Já o Livro de Ezequiel, afirma que Társis era uma Colônia fenícia da Espanha (Gn 10, 4; Is 23, 1; 50, 9) que fazia comércio de metais com Tiro, conforme nota de rodapé. E que segundo o Livro de Ezequiel, Tiro estava localizada nos mares e, esta que foi destruída e não Társis.
Vejamos, alguns versículos Bíblicos do Livro de Ezequiel, sobre o continente de Tiro:
“No décimo primeiro ano, no primeiro dia do mês, a palavra do Senhor me foi dirigida nestes termos: “Filho de homem, Tiro disse a respeito de Jerusalém: “Ah! Ah! Está quebrada a porta dos povos! Ela se voltou para mim! A cidade opulenta ficou arruinada! Ez 26, 1-2.
“Sobre ti entoarão um canto fúnebre e te dirão: ‘Como te arruinaste, varrida dos mares, cidade famosíssima! Ela era uma potência marítima com seus habitantes, espalhava terror em toda a parte. Agora tremem as ilhas no dia de tua queda, as ilhas que estão no mar estarrecem com teu fim’. Pois assim diz o Senhor DEUS: Quando fizer de ti uma cidade em ruínas, como as cidades desabitadas, quando fizer de ti e as grandes águas te cobrirem, então te farei morar nas profundezas da terra, nas ruínas antigas com os que descem à cova, para que não voltes a ser restabelecida na terra dos vivos. Farei de ti um objeto de terror e deixarás de existir. Serás procurada mas nunca serás encontrada – oráculo do Senhor DEUS” Ez 26, 17-21.
“A palavra do SENHOR me foi dirigida nestes termos: Quanto a ti filho de homem, entoa um canto fúnebre sobre Tiro. Dirás a Tiro, situada à entrada do mar, entreposto internacional para muitas ilhas: Assim diz o Senhor DEUS: Tiro, tu disseste: sou um navio de perfeita beleza! O coração do mar é tua fronteira, teus construtores aperfeiçoaram tua beleza”. Ez 27, 1-4.
“Navios de Társis formavam tuas caravanas comerciais. Estavas bem abastecida e rica no coração dos mares. Em alto-mar te conduziram teus remadores, mas o vento oriental desmantelou-te no coração dos mares. Tua opulência, mercadorias e artigos, teus marinheiros e tua tripulação, teus reparadores e guerreiros que estiverem contigo, com toda a multidão que houver dentro de ti, afundarão em pleno mar quando naufragares.” Ez 27, 25-27.
“Agora estás desmantelada no mar, nas profundezas das águas! Teus artigos e toda a tripulação a bordo afundaram”. Ez 27, 34.
“A palavra do SENHOR me foi dirigida nestes termos: “Filho de homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor DEUS: Porque teu coração se tornou orgulhoso, tu disseste: ‘Sou um deus, ocupo um trono divino no coração dos mares’. Tu, porém, és mortal e não um deus. És mais sábio do que Daniel! Segredo algum te é obscuro. Com talento e habilidade fizeste fortuna, acumulaste ouro e prata em teus tesouros. Com grande tino comercial fizeste fortuna. Mas teu coração se tornou soberbo com a fortuna”. Ez 28, 1-5.
A destruição de Tiro foi uma resposta de Deus, pela soberba e injustiça de seu rei com Jerusalém. Há muitos exemplos na Bíblia Sagrada (AT) que relataram punições a outros povos, como Sodoma e Gomorra; com o faraó do Egito, e outros reinos. Deus na sua justiça não deixaria impune as atrocidades cometidas pelo rei de Tiro, e nem de outras nações que futuramente se tornariam ímpias. 
A arrogância do rei de Tiro que o levaram-no a queda, pois desprezava por assim dizer a magnificência e autoridade de Deus sobre a humanidade; isso por se considerar um deus. As riquezas perverteram o bom senso, fazendo-o achar que estava acima de Deus e das pessoas. Por isso Deus o destronou de sua posição; porque a soberba é odiosa a Deus e até mesmo aos homens. "Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes." Tiago 4:6.
Quem é arrogante tem o hábito de pisar, humilhar e escarnecer dos mais fracos. O poder que é concedido ao homem, revelam o seu verdadeiro caráter! Mas ele e todos os que governam com totalitarismo nesse mundo, se esquecem de que Deus resiste aos soberbos e faz justiça aos pobres e oprimidos. Os soberbos e escarnecedores nunca conseguirão obter a santificação e a vida eterna! Portanto quem humilha, um dia será humilhado e destituído de seu poder temporal. "Quando vem a soberba, então vem a desonra; mas com os humildes está a sabedoria". Provérbios 11:2.
Atrelado ao texto de Ezequiel, gostaria de citar os textos do livro: A reconstrução de Atlântida por José Alvarez López; nos seus subtítulos: Relato da Atlântida por Platão e o Relato da Atlântida em suas íntegras:

Relato da Atlântida por Platão (Merejkowsky e a bomba atômica)

O diálogo de Platão chamado Timeo foi considerado durante milênios a máxima expressão do pensamento do filósofo. A antiguidade e toda a Idade Média viveram preocupadas tratando de penetrar nos múltiplos mistérios de um diálogo, onde o microcosmo (homem) e o macrocosmo (universo) aparecem formando as duas faces de uma mesma moeda. Todos os estudiosos de Platão concordaram que seus diálogos têm sempre um conteúdo oculto, cujo significado inevitavelmente nos escapa. Ortega e Gasset diziam, assinalando esta particularidade da literatura platônica: ”Ninguém entendeu o Protágoras, outro dos importantes diálogos do mestre mas, recentemente, outro erudito da filosofia platônica (F. de Samaranch) disse que até no jogo das palavras se descobre uma intenção oculta”.
É esta atmosfera misteriosa que rodeia os diálogos platônicos, desde seu aparecimento na Grécia do Século V a.C., o motivo pelo qual até o próprio começo do Timeo motivou a preocupação de milhões de interessados na filosofia platônica. Começa este diálogo com a interrogação socrática tantas vezes repetida: "Um, dois, três, onde está o quarto?". Sócrates se refere a seus interlocutores presentes (Timeo, Crítias, Hermócrates), porém, fica a incógnita em torno do quarto personagem pelo qual interroga.
À parte este mistério, todos sabem que Platão é um mestre na matemática cabalística e que esconde seus números sob o cenário dos diálogos. Por exemplo, ninguém pensará que é uma simples coincidência que no “Simposium” Platão situe onze personagens masculinos e um feminino. O jogo do onze mais a exceção é um velho truque cabalístico que vemos reproduzir-se em todos os escritos antigos. Por exemplo, na Divina Comédia, de Dante, este jogo numerológico se repete constantemente em cada uma das três partes de trinta e três cantos, escritas, por acréscimo, em hendecassílabo em terço. E isto para não citar toda a literatura antiga, desde a bucólica até a alquimista, passando pelo teatro e pela gnose.
Estava a interrogação socrática pelo quarto convidado vinculada à Atlântida? Para Merejkowsky, o profundo ensaísta russo, Sócrates conta as humanidades com os três dilúvios que se encontram mais adiante no Crítias, onde se afirma que o último desses foi o dilúvio de Deucalião. Segundo Merejkowsky, Sócrates interroga-se pelo destino da quarta humanidade, que seria a nossa.
A resposta assustava Merejkowsky, pois vinte anos antes de alguém ter pensado na bomba atômica ele já a havia previsto, pois em sua obra Atlântida-Europa, afirmava que a bomba atômica arrasaria nossa civilização, da mesma forma que aniquilou a Atlântida.
Não deixa de ser surpreendente que vinte anos antes de algum físico pensar sequer na possibilidade da existência de semelhante dispositivo técnico, Merejkowsky escrevera frases que não tinham para a época qualquer sentido, porém que cinquenta anos depois são perfeitamente claras para nós.
Foi uma adivinhação genial, ou realmente a Atlântida foi destruída pela energia atômica? Leiamos o que escrevia Merejkowsky há cinquenta anos:
“Parece que a guerra universal não será somente a destruição de uns povos por outros, mas sim a destruição da humanidade em si mesma”. Tudo isto que parece um conto ou uma visão do Apocalipse é talvez uma realidade já próxima, se bem que nos ocultem-na. Cada nação dissimula cuidadosamente às suas vizinhas os segredos de suas invenções militares.
“O juízo do mundo e de tudo o que está no mundo se faz pelo fogo. Quando o fogo vier, julgará e tomará tudo. O mistério da próxima guerra, que será sem dúvida a última, é o mistério do Ocidente: A Atlântida-Europa”.
Está claro que para Merejkowsky a Atlântida foi destruída por um dispositivo técnico desconhecido pelo seu tempo, mas que vinte anos depois seria perfeitamente reconhecível. Esta autêntica profecia poderá parecer surpreendente, porém é um ponto no qual estão de acordo Platão, Ezequiel e Merejkowsky. 

Relato de Atlântida

Começando com o relato de Atlântida, o sacerdote continua: “Naquele tempo, era possível atravessar o atlântico. Havia uma ilha do que vós chamais as colunas de Hércules (Gibraltar), maior tamanho que o Egito e a Ásia Menor juntos. E os viajantes daqueles tempos podiam passar desta ilha às demais ilhas, e destas últimas podiam ganhar todo o continente, na costa oposta deste mar que merecia realmente seu nome. Pois em um dos lados, dentro deste estreito que falamos, parece que não havia mais que um porto de boca muito fechada e que, do outro lado, para fora, existe este verdadeiro mar e a terra que o rodeia, a qual se pode chamar realmente um continente, no próprio sentido da palavra. Ora, pois nesta ilha Atlântida uns reis haviam formado um império grande e maravilhoso. Este império era senhor de toda a ilha e também de muitas outras ilhas e de partes do continente. Além disso, na parte vizinha a nós, possuíam a África até o Egito e a Europa até a Etrúria”.
Narra depois o sacerdote, o começo da guerra originada no intento atlante de colonizar Atenas e disse:
“Porém, no tempo subsequente, houve terríveis tremores de terra e cataclismo. Durante um dia e uma noite horríveis, todo o exército de Atenas foi tragado pela terra e desse modo a ilha Atlântida submergiu no mar e desapareceu. Eis porque, todavia hoje, este mar é difícil e inexplorável devido às suas profundidades baixas e lodosas que a ilha ao fundir-se deixou”.
Não será necessário assinalar que Platão fala aqui da América, nos mesmos termos em que qualquer europeu o pôde fazer depois de Cólon. Isto sempre chamou a atenção e mostra um completo conhecimento da geografia do Atlântico e da América. Já vimos como anteriormente Platão nos falou da sucessão dos períodos glaciais e carboníferos, os quais, segundo o sacerdote de Sais, devem-se a modificações da órbita terrestre. Esta é, curiosamente, a hipótese atualmente mais aceita para explicar os alternantes períodos glaciais e carboníferos de que nos fala Platão.
Porém, deve-se destacar aqui um aspecto não levado em conta pelos estudiosos do texto platônico, que é o caráter insular do império atlante. Platão fala de muitas ilhas em relação à Atlântida. O império atlante era, segundo Platão, um arquipélago. Curiosamente, em coincidência com o texto platônico, podemos observar que no texto de Ezequiel também se fala do arquipélago de Társis Tiro: “Agora se estremecerão as ilhas ao dia de tua queda, sim, as ilhas que estão no mar se espantarão com teu êxito” (Ez. XXVI-18). “Todos os moradores das ilhas se maravilharão sobre ti e seus reis tremerão de espanto” (Ez. XXVII-35). Társis está sempre associado às ilhas, pois no Salmo 72 lemos: “Os reis de Társis e das ilhas trarão presentes”.
Platão é muito conciso na descrição dos terremotos e maremotos que determinaram a catástrofe. A descrição de Társis pelo fogo imita o texto platônico e é possível que se trate de uma referencia à mesma Atlântida, que o escritor hebreu chama de Társis ou Tiro? “Farei subir sobre ti o abismo e as muitas águas te cobrirão”. (Ez. XXVI-19).
Muitas das lendas antigas sobre cataclismo e catástrofes estão associadas ao mistério de Atlântida. O mais provável é que depois da catástrofe subsistiram multidões de ilhas do arquipélago atlântico e que um delas fora Társis (Tiro), hoje desaparecida.


Referências:

Bíblia Sagrada: Edição da família. 46ª. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. 1440 p.

LÓPEZ, José Alvarez. A reconstrução de Atlântida: Enigmas e mistérios do universo. São Paulo: Hemus Editora Limitada. 125 p. Carlos Antônio Lauand.

sábado, 9 de setembro de 2017

A RELAÇÃO DA REJEIÇÃO PATERNA NA CONDUTA SEXUAL DE RISCO DAS MULHERES

Artigos, Rejeição Paterna, Psicologia, Transtorno da Personalidade Borderline, Relação Paterna
A partir do conhecimento de mulheres que foram rejeitadas por seus pais quando crianças, ou na pré-adolescência, e que na vida adulta tiveram uma vida desregrada, (inconstante nos relacionamentos de cunho sexual); é que este comportamento disfuncional, muito possivelmente, tenha relação nas rejeições imputadas dos pais. A rejeição paterna é identificada como um dos fatores para o desencadeamento do comportamento sexual disfuncional nas mulheres. O resultado disso é inúmeros relacionamentos que sempre fracassam, mas que tem como pano de fundo, compensar a frustração e a dor de terem sido desprezadas pelos pais.
Há um transtorno que é denominado de Transtorno da Personalidade Borderline, que faz com que mulheres apresentem um comportamento sexual de risco, (sem entrar na condição da perversão sexual ou da ninfomania). Vejamos algumas considerações referenciais, conforme o DSM-V, sobre esta psicopatologia: “Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline fazem esforços frenéticos para evitarem um abandono real ou imaginado (Critério 1). A percepção da separação ou rejeição iminente ou a perda da estrutura externa podem ocasionar profundas alterações na autoimagem, afeto, cognição e comportamento”. [...].
Outro ponto a ser considerado, é que a predominância é muito maior em mulheres, do que em homens. “O Transtorno da Personalidade Borderline é diagnosticado predominantemente em mulheres (cerca de 75%)”. [...]. “Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline tem um padrão de relacionamentos instáveis e intensos (Critério 2). Ele(a)s podem idealizar potenciais cuidadores ou amantes já no primeiro ou no segundo encontro, exigir que passem muito tempo juntos e compartilhar detalhes extremamente íntimos na fase inicial de um relacionamento. Pode haver, entretanto, uma rápida passagem da idealização para a desvalorização, por achar que a outra pessoa não se importa o suficiente, não dá o bastante, não está "ali" o suficiente”. (DSM-V).
A palavra "rejeição", surge dentro do contexto de diagnóstico, que nos traz o DSM-V, como critério 1, para o diagnóstico do transtorno já mencionado. Mas, gostaria de fazer um parênteses; não li ainda nenhum artigo científico, ou com referência bibliográfica, que coloca especificamente a “rejeição paterna”, como fator predominante para a manifestação do Transtorno da Personalidade Borderline (Obs. é óbvio que fica subentendido, que o DSM-V, utiliza o termo: rejeição de maneira generalizada, o que pressupõe a rejeição paterna) como um dos principais fatores para desencadear o Transtorno da Personalidade Borderline.
Através de tudo o que já vimos, fica o questionamento, "A rejeição paterna é um fator predominante, para o acometimento desse transtorno comportamental a estas mulheres?" A resposta é que 'sim', pois o pai exerce papel fundamental no desenvolvimento psicossexual dos filhos e filhas, neste caso agora específico as mulheres.
A constatação que diz o DSM-V, que já foi exposto é que elas idealizam na figura do parceiro sexual, a figura do pai ausente, não encontrando neste (desvalorização), vai em busca de outro; é como uma forma de diminuir a dor do trauma deixado pelo progenitor, o que jamais isso ocorrerá; isso é apenas uma forma de recalque para não se posicionar firmemente para a resolução do trauma.
Concluo o texto com algumas citações do artigo intitulado: A importância da figura paterna para o desenvolvimento infantil, da autora: Edyleine Belline Peroni Benczik. Vamos analisar algumas delas:

1) As teorias psicológicas e as pesquisas científicas afirmam e fundamentam o papel da figura paterna no desenvolvimento e no psiquismo infantil. É pressuposto da teoria psicanalítica o papel estruturante do pai, a partir da instauração do complexo de Édipo. Na trama familiar, o sujeito se constrói e sai do estado de natureza para ingressar na cultura. Freud, em seu trabalho Leonardo da Vinci e uma lembrança da sua infância, afirma: “na maioria dos seres humanos, tanto hoje como nos tempos primitivos, a necessidade de se apoiar numa autoridade de qualquer espécie é tão imperativa que seu mundo desmorona se essa autoridade é ameaçada”.
2) Para Aberatury (1991), o lugar do pai, entre seis e doze meses, não é tão destacado na literatura, como acontece com a figura materna, no entanto, o contato corporal entre o bebê e o pai, no cotidiano, é referência na organização psíquica da criança, devido à sua função estruturante para o desenvolvimento do ego.
3) A partir de um estudo de caso clínico e de uma rigorosa revisão da literatura, relacionada à importância da figura paterna na vida dos filhos, Eizirik e Bergamann afirmam que a ausência paterna tem potencial para gerar conflitos no desenvolvimento psicológico e cognitivo da criança, bem como influenciar o desenvolvimento de distúrbios de comportamento.
4) Segundo Muza, crianças que não convivem com o pai acabam tendo problemas de identificação sexual, dificuldades de reconhecer limites e de aprender regras de convivência social. Isso mostraria a dificuldade de internalização de um pai simbólico, capaz de representar a instância moral do indivíduo.
5) A privação do pai pode ter consequências graves, a longo prazo, com problemas na modulação e na intensidade do afeto. 6) O vazio promovido pela ausência do pai, segundo Ferrari, é formado pela noção das crianças de não serem amadas pelo genitor que está ausente, com uma grande desvalorização de si mesmas, em consequência disso. Além dessa autodesvalorização, ocorrem os sentimentos de culpa por a criança se achar má, por acreditar haver provocado à separação e até por ter nascido.

Como destacado nas citações, a importância do pai para o desenvolvimento dos filhos, é essencial para que haja o pleno desenvolvimento saudável do recém nascido(a).  Para que, quando adulto, não apresente dificuldades de interação social, comportamento disfuncional de afeto e problemas de ordem psíquica. Apesar de especificar o trato da importância relacional, entre pai-filho no artigo utilizado para contextualizar o texto, não podemos ignorar que a referência teórica, pode ser utilizada às mulheres, principalmente no que conferem os itens descritos acima: 3, 4 e 5. Como vimos e ratificado, os pais de meninas, têm um papel importante para as mulheres, principalmente no que diz respeito ao comportamento sem alterações anormais (fazemos uma alusão ao Transtorno da Personalidade Borderline); a importância de adquirir interesse moral; e a estruturação afetiva normal.


Referência:

BENCZIK., Edyleine Bellini Peroni. A importância da figura paterna para o desenvolvimento infantil. Rev. Psicopedagogia: Trabalho realizado no Psiquê - Núcleo de Psicologia, São Paulo, p.67-75, 18 jan. 2011.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Devemos cumprir bem as nossas obrigações

Senhor Jesus Cristo; Artigo; Evangelho
Que o homem sempre esteja em dívida com o Senhor, e por mais que faça no Seu serviço, as suas ações não passam de uma pobre correspondência aos dons divinos. O orgulho diante de Deus não tem sentido numa criatura. O que aqui nos pede Jesus, melhor do que ninguém fez a Virgem Maria, ao respondeu diante do anúncio divino: “Eis a escrava do Senhor” (Lc 1, 38). Ela se reconhece na expressão: “Somos servos inúteis, fizemos apenas o que devíamos fazer”.
O que fazemos é reconhecer, afetuosa e alegremente, o nosso nada e o nosso pecado, ditosos de assim proclamar a plenitude e santidade do ser divino. Daqui nascem aqueles sentimentos de adoração, louvor, temor filial e amor; daqui, aquele grito do coração: “Tu és Santo, tu é o Senhor, tu és o Altíssimo!”
Estes sentimentos brotam do coração, não somente quando estamos em oração, mas ainda quando contemplamos as obras de Deus, obras naturais em que se refletem as perfeições do Criador, obras sobrenaturais, em que os olhos da fé nos descobrem uma verdadeira semelhança, uma participação da vida divina.
Temos só um dever na terra: cumprir bem a nossa obrigação. Apesar de ser uma simplificação muito fácil, esse modo de dizer ensina que temos de ser responsáveis por aquilo fazemos. E aquilo que fazemos dirá aos outros quem somos.
Assim como o empregado que sabe o que tem de fazer e faz. Faz, porque tem de fazer e pronto. A cozinheira responsável faz bem a comida e não precisa ficar esperando elogios. Se os elogios vierem, graças a Deus! Mas se não vierem, ela já cumpriu com a sua obrigação.
Os elogios, quando sinceros, têm a vantagem de mostrar que acertamos. Podem ser elogios diretos ou indiretos. Elogio direto vem com palavras de aprovação; e os elogios indiretos podem vir com gestos de aprovação, como é o caso da comida da cozinheira; se todos comem e repetem, é um sinal de que a comida estava boa. Como nossa vida é bastante complexa, como somos seres superiores, temos também, por natureza, muitas obrigações; não apenas obrigações de trabalho, mas de religião. Por isso, se somos cristãos, precisamos respeitar as exigências inerentes a nossa fé.
Temos obrigações sociais. Por isso, se queremos conviver bem com as pessoas, precisamos descobrir quais são nossas obrigações para com elas e tentar uma convivência responsável. Temos obrigação para conosco mesmos. Por isso, precisamos cuidar da nossa saúde, da saúde do corpo e da saúde da alma. E assim por diante.
Mesmo se estivéssemos sozinhos no mundo, ainda assim não estaríamos livres de obrigações. Mas quem entende a si mesmo e percebe suas relações com o mundo e com as pessoas, não encara as obrigações como um peso e sim com uma realidade de vida, que pode lhe fazer felizes.
Convido você a rezar comigo: “Deus, meu Pai, uma coisa que eu gostaria de ouvir de Vós, quando chegar ao Céu, é esse elogio: ‘Tu cumpriste a tua obrigação. Entre na alegria do Teu Senhor!’ Mas para eu receber esse elogio preciso muito da Vossa ajuda. Preciso saber distinguir a Vossa vontade, para não cair no engano de só fazer a minha. Jesus de Nazaré tinha um único objetivo: fazer a Vossa vontade. Assim Ele disse, e assim Ele cumpriu até o fim de Sua vida, quando, pregado na cruz e já sem forças exclamou: TUDO ESTÁ CONSUMADO. Depois, porém, num último esforço, entregou Seu Espírito em Vossas mãos, num gesto de submissão total. Ele fez tudo bem feito. Ele cumpriu Sua obrigação. Pai Santo, dê-me a graça de cumprir bem – como Cristo – a minha missão para que, alegremente, eu mereça receber o grande elogio: ‘Vinde benditos do meu Pai, pelo dever cumprido’. Amém”.


Padre Bantu Mendonça

Referência: 
Fonte: https://homilia.cancaonova.com/homilia/devemos-cumprir-bem-as-nossas-obrigacoes/

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

ANDEMOS NO ESPÍRITO

Evangelho, Artigo
"Quanto a vocês, a unção que receberam dele permanece em vocês, e não precisam que alguém os ensine; mas, como a unção dele recebida, que é verdadeira e não falsa, os ensina acerca de todas as coisas, permaneçam nele como ele os ensinou". (1 João 2: 27).

O Senhor Jesus Cristo não instituiu nenhuma religião, denominação ou instituição com ritos e formalidades meramente humanos. Viveu a liberdade em sua plenitude, não estava subjugado a nenhuma regra política ou religiosa. Desmitificou todos os paradigmas religiosos da época, confrontando a superficialidade da forma (rito judaico), utilizado com intuito de ludibriar e se apropriar das 'pessoas'; o Senhor acerca disso nos adverte com o texto: (Lucas 20: 7, 6) "Tenham cuidado com os doutores da Lei. Eles fazem questão de andar com roupas compridas, e gostam de ser cumprimentados nas praças públicas. Gostam dos primeiros lugares nas sinagogas e dos postos de honra nos banquetes. Que devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Eles receberão castigo mais rigoroso". E acrescentou: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse entrará no Reino dos Céus. Muitos me dirão, naquele dia: Senhor, Senhor, não é assim que profetizamos em teu nome, e em teu nome expelimos os demônios, e em teu nome obramos muitos prodígios? E eu então lhes direi, em voz bem inteligível: Pois eu nunca vos conheci; apartai-vos de mim, os que obrais a iniquidade". (Mateus 7: 21, 23).
Jesus Cristo - O Rei dos reis e Senhor dos senhores ao invés de vangloriar-se (pois tinha direito, pois é Deus), se humilhou para ser exaltado, sendo Servo e servindo aos mais necessitados e desfavorecidos, entregando-se a morrer injustamente por nossos pecados - Ele com todas as prerrogativas de Filho de Deus, agiu assim, muito mais nós símplices mortais não deveríamos seguir seus muitos exemplos, de valores verdadeiramente edificantes como a simplicidade, humildade, mansidão e, principalmente de entrega no serviço?
Não paramos para refletirmos que as ocasiões que nos fazem sermos mais egoístas e menos amáveis com nossos semelhantes, é o amor às riquezas deste mundo? Quando isso acontece, nos tornamos mais carnais e egoístas, e tudo que discerne as Escrituras Sagradas ficam embotadas. Um exemplo disso é, quando interpretamos erroneamente a palavra "igreja" sem à luz da espiritualidade; a fazemos sobre uma estrutura ou ambiente físico. Igreja conforme o Evangelho de Cristo, somos nós, que servimos e somos guiados pelo seu Espírito, pois a Palavra nos diz: "Não sabei vós que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós é santo" (1 Cor 3.16, 17). "Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei. Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam".(Gal 5. 16, 21).
Deste modo a concluir, deixo claro que meu Pastor e meu guia é o Espírito Santo e não homens (carne) sujeitos às paixões e aleivosias [...]. Se seguirmos os homens, desprezaremos a Deus e tropeçaremos, inclusive se seguirmos a doutrinadores religiosos com segundas e terceiras intenções. "Ai deles, porque andaram pelo caminho de Caim e, pelo amor do lucro, caíram no erro de Balaão e pereceram na revolta de Coré! Eles são a vergonha de vossos banquetes. Banqueteiam-se convosco sem vergonha nenhuma, apascentando-se a si mesmos. São nuvens sem água arrastadas pelo vento. São árvores no fim do outono sem fruto algum, duas vezes mortas, sem raízes. São ondas furiosas do mar, que lançam a espuma de suas impurezas. Astros errantes, aos quais está reservada a escuridão das trevas para sempre. É deles que Henoc, o sétimo patriarca desde Adão, profetizou, dizendo: “Eis que vem o Senhor com suas santas miríades, para exercer um juízo contra todos e convencer todos os ímpios de todas as impiedades que praticaram e de todas as palavras duras que os pecadores ímpios falaram contra ele”. São murmuradores, queixosos, que andam segundo suas paixões, cuja boca fala arrogâncias e que adulam as pessoas por interesse.
Programa de vida cristã. Vós, caríssimos, lembrai-vos do que foi predito pelos apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Eles vos diziam: “No final dos tempos haverá zombadores que andarão segundo seus ímpios desejos”. Estes são os que fomentam as divisões. Vivem à mercê dos instintos, e não têm o Espírito". (Jd 1. 11, 19).

TIAGO A. VITTI

Como a Páscoa afeta nossa visão da vida?

Psicólogo fala sobre o impacto da Páscoa e da vivência da fé na saúde psíquica do ser humano

Para a maioria das pessoas que vivem no ocidente e boa parte do oriente a Páscoa é uma festa que faz parte do calendário oficial e celebra a ressurreição de Cristo, é considerada por muitos como a principal celebração cristã. Jesus Cristo sofreu a dor da traição e carregou sobre si os pecados da humanidade, foi crucificado, experimentando uma morte violenta e no terceiro dia ressurgiu do mundo dos mortos, venceu a morte e apareceu aos seus amigos instaurando um novo tempo na história da humanidade que se dividiria em antes e depois deste acontecimento. Veríamos a vida da mesma forma se não fosse o acontecimento da ressurreição de Cristo? Certamente que não. O fato de a humanidade ter evoluído na construção de parâmetros pacíficos de convivência, no desenvolvimento do direito, na ideia de amor ao próximo e no respeito às diversidades ao longo dos últimos dois milênios, estaria relacionado de alguma forma à ressurreição de Cristo? Não apenas à ressurreição, mas à Sua existência que culminou com a ressurreição. Hoje, quando os cristãos celebram a quaresma e a semana santa em preparação para a Páscoa, experimentam o exercício da disciplina, realizando jejuns e oferecendo sacrifícios de atitude, deixando de fazer algo que gostam ou de comer algo que gostam, ou até mesmo realizando atos de caridade em prol de alguém, é um tempo de um exercício de fé. Embora o objetivo seja espiritual e religioso, esta vivência pode afetar a vida das pessoas de forma muito positiva.

Fé e Saúde Psíquica


Vivemos em um tempo de individualismos, orquestrado pelo poder do tempo, onde as pessoas precisam fazer o máximo em menos tempo possível. As tecnologias não deixam de nos lembrar a todo instante que há alguém visualizando algo sobre nós, ou chamando nossa atenção, sejam os amigos, familiares e colegas ou sejam os anúncios publicitários, as abordagens comerciais e políticas ou as notícias e programas de entretenimentos com os quais nos identificamos, ou até mesmo os eventos esportivos que gostamos, sem falar dos apelos que nossa mente nos faz para adquirirmos este ou aquele presente para compensar nosso trabalho duro e falta de tempo para nós mesmos. Mas, de alguma forma as pessoas acreditam em algo que transcenda toda esta corrida maluca que empreendem todos os dias e é por isso que celebrar a Páscoa faz sentido para a saúde psíquica.
O fato intrigante para a comunidade científica, muitas vezes descrente, que se revela no Santo Sudário é um sinal contundente de que algo extraordinário aconteceu e que os cristãos creem ter sido a ressurreição de Cristo. Este acontecimento com marcas históricas e religiosas convida as pessoas a uma experiência de autotranscendência. Uma pessoa que consegue parar durante alguns dias e meditar sobre o sentido de sua vida em uma perspectiva de esperança para o futuro poderá enfrentar com muito mais eficácia os desafios do dia-a-dia. As pesquisas no campo da psicologia da religião nos revelam que as pessoas com fé apresentam maior propensão a superar problemas psíquicos e até mesmo biológicos, assim podemos encontrar no fato religioso da Páscoa um motivo a mais para enfrentarmos os problemas do presente e nos projetarmos com esperança para o futuro a ser construído.

Experimentando uma Vida Nova

De fato, os maiores problemas psicológicos estão relacionados em como as pessoas enfrentam os problemas do presente que muitas vezes estão relacionados ao passado. Criamos um modo de vida tão voltado para as coisas materiais e perecíveis que temos dificuldade para nos projetarmos para o futuro sem considerarmos as possibilidades de nossa morte, ou da perda dos bens materiais. Constantemente, pessoas se aproximam dos consultórios psicológicos se queixando de que a vida parece não ter sentido porque não conseguem se projetar para o futuro. A ressurreição de Cristo, por um lado, celebrada pelos cristãos, representa que não importa qual a situação em que se encontra um ser humano, nada poderá lhe privar de sua esperança, pois nem mesmo a morte que representa o maior sofrimento para a existência humana é capaz de ditar o fim último de uma vida, pois ela foi vencida pela ressurreição de Cristo.
Não é possível saber cientificamente tudo sobre a realidade humana, muito menos sobre a realidade religiosa e espiritual, mas o que sim sabemos é que quando as pessoas têm esperança no futuro, elas se tornam mais leves, elas são capazes de sorrir, de se sentirem livres e isto as possibilita realizar seus projetos, construir laços afetivos saudáveis, até mesmo amar sem ter medo de não ser correspondido. Certamente há muitas pessoas ao redor do globo que não são cristãs e não conhecem o fato da ressurreição, mas para os que creem não se pode dizer que este acontecimento passe despercebido e não possa gerar frutos positivos para a saúde psíquica. Se a morte pode, de alguma forma ser vencida, e o caminho ensinado por Cristo para vencê-la foi a vivência do amor, então porque não empreender todas as nossas forças para viver o amor em nossas vidas? Se até mesmo as religiões não cristãs pregam este amor, e se de alguma forma experimentamos que o amor é realmente algo bom para nós, o que teríamos a perder se nos empenhássemos nesta busca?


*Por Élison Santos* Élison Santos, Psicólogo e Palestrante. Atende adultos e adolescentes e é Terapeuta de Casais em São José dos Campos. Realiza aconselhamento psicológico Online através do Skype. É especialista em Análise Existencial e Logoterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Curitiba.

Fonte: https://noticias.cancaonova.com/mundo/como-pascoa-afeta-nossa-visao-da-vida/

quarta-feira, 17 de maio de 2017

OS FALSOS DOUTORES E MESTRES DA LEI


Evangelho, Artigo, falso profetasAssim diz o SENHOR acerca dos profetas que fazem errar o meu povo, que mordem com os seus dentes, e clamam paz; mas contra aquele que nada lhes dá na boca preparam guerra. Portanto, se vos fará noite sem visão, e tereis trevas sem adivinhação, e pôr-se-á o sol sobre os profetas, e o dia sobre eles se enegrecerá. E os videntes se envergonharão, e os adivinhadores se confundirão; sim, todos eles cobrirão os seus lábios, porque não haverá resposta de Deus. Mas eu estou cheio do poder do Espírito do SENHOR, e de juízo e de força, para anunciar a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado. (Miquéias 3:5-8).
Os falsos mestres dos tempos antigos, obravam com a mesma leviandade e dissimulação, similarmente como o fazem alguns dos pregadores atuais que são atraídos por aqueles que têm algo para oferecer-lhes em troca; promovem heresias, com adesão às campanhas de prosperidades; como conseguir seu "par ideal", como desfrutar de uma vida "abençoada no casamento"; como ser abençoado nas suas finanças e etc. Os valores espirituais e os mandamentos divinos são postos a escanteio, e assim, vão nutrindo a mente e os corações humanos com mentiras e a avareza, isso por amor ao lucro e às coisas concernentes a esta vida apenas. Substituíram a mensagem central de nossa esperança cristã, "o Reino dos Céus" pelo "Reino do mundo", pois suas práticas se direcionaram a satisfazerem o desejo da carne. Como bem disse o Apóstolo Paulo: "Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cuja glória e para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas." (Filipenses 3.18-19).
Muitas dessas pessoas que frequentam estes templos, deixaram de ouvir o verdadeiro Pastor de suas almas, que é Cristo Jesus, Senhor Nosso, por dar ouvidos a falsos mestres que estão preocupados mais em se pastorearem do que pastorear as "ovelhas". Por isso que os sinais estão sendo manifestos a cada dia, e muitos daqueles que se deixaram levar pelas tendências do mundo, no fim se darão muito mal. Conforme o Senhor Jesus Cristo alertou: E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do Homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do Homem se há de manifestar (Lucas 17: 26 - 30).

Tiago A. Vitti

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Viktor Frankl: Análise Existencial e Logoterapia

Viktor Emil Frankl; logoterapia, análise existencial; psicologia; Artigo
"A pessoa espiritual é perturbável, mas não destrutível por via de uma doença psicofísica. O que uma doença pode destruir o que ela pode desorganizar, é só o organismo psicofísico. Este organismo representa, todavia, tanto o espaço de ação da pessoa como o seu campo de expressão. A desorganização do organismo não significa menos, mas também não significa mais do que a obstrução do acesso à pessoa - nada mais! E isto devia ser o nosso credo psiquiátrico: esta crença absoluta no espírito pessoal, - esta crença "cega" na pessoa espiritual "invisível", mas indestrutível! Minhas senhoras e meus senhores, se eu não tivesse esta crença então preferia não ser médico". (Viktor E. Frankl).
"O espírito é, como tal, naturalmente invisível; a pseudo-metafísica espírita quer, todavia, torná-lo de algum modo visível. O espírito, como invisível, não se pode ver; em certo sentido, tem-se, portanto, de crer no "espírito". Todavia, a metafísica espiritista - na medida em que ela torna o espírito em alguma coisa visível, portanto, o quer ver -, numa palavra, a crença no espírito do "que vê o espírito", torna-se, exatamente, por isso, também uma superstição". (Viktor E. Frankl).
Tal como Bruno Bettelheim, Viktor Frankl sofreu a experiência dos campos de concentração nazistas, da qual resultou a obra Um Psiquiatra Deportado Testemunha. Frankl formulou a análise existencial em psiquiatria - cuja prática terapêutica é a logoterapia - antes dessa experiência terrível, mais precisamente em 1934. A análise existencial opõe-se à psicanálise. Para Frankl, a vontade de sentido é mais dominante na economia mental do homem que o princípio de prazer de Freud e a vontade de poder de Adler: os doentes de Frankl não sofrem somente de frustrações sexuais ou de complexos de inferioridade, mas é, a maioria das vezes, confrontados com um vazio existencial que lhes provoca vertigens. A neurose - vista como um tipo de existência ou de ser-no-mundo - revela um ser frustrado do sentido da vida. Frankl defende que a necessidade fundamental do homem não é nem a satisfação sexual nem a valorização de si, mas a plenitude de sentido. Ao automatismo freudiano de um aparelho mental, opõe a autonomia espiritual do homem que, no seu íntimo, é um ser responsável. A existência humana tem, ao mesmo tempo, o caráter de um problema, tal como a vida, e o caráter de uma resposta: não é o homem quem deve pôr a questão do sentido da vida, porque o interrogado é o próprio homem. Lançado no jogo do mundo, o homem é desafiado a dar uma resposta às questões que a sua vida lhe coloca. A resposta dada pelo homem é sempre uma resposta em ato. A análise existencial de Frankl encara a neurose como um tipo de existência: o objetivo do seu método terapêutico é conduzir o homem à consciência da sua responsabilidade. Aquilo que na logoterapia se torna consciente não é o instinto, como sucede na psicanálise, mas o espiritual: o homem é um ser responsável, porque não é somente ser de pulsão, mas também e fundamentalmente ser espiritual. Toda a ação terapêutica está centrada não nas pulsões, mas no inconsciente espiritual: a tarefa do psiquiatra é libertar a pessoa espiritual do handicap psicofísico.
Sören Kierkegaard definiu o homem como "uma síntese de alma e corpo" e, ao mesmo tempo, como "uma síntese do temporal e do eterno". A noção de homem incondicionado de Frankl está muito próxima da noção de existência humana de Kierkegaard, o que lhe permite criticar a problemática da terapêutica psicocirúrgica na sua relação controversa com a psicoterapia. Para facilitar a compreensão desta controvérsia médica, penso poder afirmar que Frankl censura basicamente o materialismo subjacente à utilização da psicocirúrgica, até porque ele próprio recomendou algumas vezes esse procedimento cirúrgico para aliviar os seus doentes do sofrimento desnecessário e sem sentido:
"Deixar sofrer um homem desnecessariamente é um erro médico".
A cirurgia cerebral é indicada não para privar o homem do sofrimento da esfera do eu - sofrimento necessário e com sentido, o que equivaleria à auto alienação, mas para aliviá-lo do sofrimento sem sentido, pondo o eu em descanso. Egas Moniz (1874-1955) recebeu o Prémio Nobel da Fisiologia e Medicina em 1949, prêmio partilhado com Walter Rudolf Hess (1881-1973), por ter desenvolvido a angiografia cerebral e a técnica de lobotomia frontal ou de leucotomia pré-frontal concebida como uma terapêutica para determinadas perturbações emocionais. Os mass media e muitos neurocientistas não perdoaram a Egas Moniz o fato de conceber a destruição de uma grande porção do encéfalo como uma forma de tratamento e, por isso, contam que este médico português acabou estranhamente paralisado por um tiro disparado na espinha por um dos seus pacientes lobotomizados. Portanto, foi feita justiça poética contra o médico português que, sem suporte teórico substancial, acreditava que podia corrigir o excesso de emoção através deste procedimento cirúrgico. De facto, nesse tempo sombrio, Klüver & Bucy mostraram que lesões no encéfalo podiam alterar o comportamento emocional e, na década de 30, John Fulton e Carlyle Jacobsen relataram que lesões do lobo frontal tinham efeitos calmantes nos chimpanzés.
Confiante no princípio segundo o qual se o sistema límbico controla a emoção, conforme estipulado pelo circuito de James Papez (hipocampo, hipotálamo e giro do cíngulo), então as pessoas com problemas emocionais - pacientes melancólicos, obsessivo-compulsivos e esquizofrênicos - podem ser clinicamente ajudadas, Egas Moniz não se inibiu e desenvolveu o procedimento cirúrgico da psicocirúrgica, aplicando-o aos seres humanos. Milhares de cirurgias foram realizadas em todo o mundo nos anos 40 e 50 do século XX, usando diversos procedimentos: os pacientes submetidos a estes procedimentos cirúrgicos, em especial os esquizofrênicos, tornaram-se meras sombras dos seus eus anteriores. Egas Moniz queria "golpear literalmente as associações delirantes" (Frankl) dos seus pacientes, como se o seu procedimento fosse uma intervenção cirúrgica na psique e como se o bisturi pudesse atingir a realidade da alma. A sua explicação redutora lembra o chamado delírio interpretativo racionalizante secundário. Segundo Frankl, a leucotomia não toca a pessoa espiritual - o seu eu inalterado, a sua existencialidade, mas apenas o organismo psicofísico - a sua facticidade: "O corpóreo é condição, mas não causa do psico-espiritual. A doença física limita as possibilidades de desenvolvimento da pessoa espiritual, e o tratamento somático restitui-lhas, dá-lhe, de novo, oportunidade para se desdobrar e isto ensina-nos a clínica. O que nós podemos explicar através da clínica é somente a diminuição das possibilidades do espiritual; mas podemos compreender a realidade do espiritual unicamente a partir de uma metaclínica" (Frankl). A lobotomia deixou de ser utilizada, exceto nos casos de perturbação obsessiva intratável, onde a operação moderna se limita a uma cingulotomia, em vez de uma lobotomia frontal completa.
A maioria dos neurocientistas tende a ser materialista na sua atividade experimental, embora o fisicalismo enquanto filosofia seja impensável: o materialismo radical auto-anula-se enquanto figura do pensamento. No entanto, no seio da própria ciência, surgiram críticas antimaterialistas que merecem atenção. Pioneiros geniais das neurociências tais como Charles Sherrington e W. Penfield abandonaram o materialismo, adotando a defesa da autonomia da alma, e John C. Eccles e Karl Popper defenderam sempre um dualismo interacionista. Alistar Hardy acusa as concepções monistas que predominam na comunidade científica de serem excessivamente perigosas para o futuro da civilização, porque estas ideias convertem a dimensão espiritual do homem simplesmente num produto superficial de um processo material. O dogma fisicalista é tão injustificável quanto os dogmas mais absurdos da Igreja Medieval. Diversos psiquiatras mostraram que a crença no reducionismo tem um efeito desastroso e nefasto sobre a saúde mental, especialmente sobre a prudência e o juízo do homem. Viktor Frankl acredita que uma das maiores ameaças à saúde mental é o vazio existencial. Com efeito, o número de pacientes (20%) afligidos pelo sentimento de vacuidade interior - o sentimento de total e absoluta falta de sentido da vida, especialmente em face da morte, que recorrem à ajuda clínica, aumenta assustadoramente em todo o mundo, sobretudo nos países ocidentais.
Frankl pensa que esta perturbação é o resultado direto e desastroso da negação do valor e de uma vida com valor - atitude característica da moderna sociedade cientificamente orientada, ou seja, da crença de que, como a ciência é, em grande medida, reducionista quanto à sua técnica, o reducionismo é a única filosofia em que devemos crer. Para Frankl, existe no homem uma tendência intrínseca para procurar significados que possa compreender e valores que possa atualizar. O reducionismo predominante mais não é do que um disfarce do niilismo que, na sua versão atual, deixou de anunciar o "nada" para afirmar simplesmente "nada mais do que": a psiquiatria, a psicoterapia e a psicanálise apresentam o homem como um ser reflexo ou um feixe de instintos, como ser condicionado, acionado e determinado, ora pelo complexo de Édipo, ora por sentimentos de inferioridade. Ora, afirmar que o homem nada mais é do que feixe de reflexos ou feixe de pulsões é apresentá-lo como "uma marionete - ou, como se diz hoje em dia, um zumbi - que esperneia por meio de fios, ora ridiculamente visíveis, ora escondidos" (Frankl).
O homem é algo mais do que aquilo que pode ser explicado completamente pelo biológico, psicológico e sociológico: o biologismo, o psicologismo e o sociologismo pecam contra o espiritual, construindo imagens do homem que ameaçam o próprio homem e que o impedem de alcançar um humanismo: "Enquanto virmos no homem somente isto ou aquilo condicionado, enquanto não virmos no homem também o incondicionado, não descobrimos o verdadeiro homem, o Homo Humanus, mas sim uma espécie de homúnculus. A partir do biologismo, psicologismo e sociologismo não há qualquer caminho para o humanismo, mas para um simples homunculismo!" (Frankl). Nesta perspectiva que aponta para um pensamento metaclínico, o verdadeiro niilismo não é o existencialismo, que afirma a irredutibilidade do ser humano, recusando tratá-lo como coisa entre coisas, mas o reducionismo que, nas escolas e nas universidades, socializa as pessoas, levando-as a crer na concepção reducionista do homem e na visão reducionista da vida – o clericalismo científico, segundo a expressão feliz de Teixeira de Pascoaes. O vazio existencial é, portanto, a frustração da força motivacional fundamental do homem: a vontade de sentido, completamente distinta da vontade de poder dos adlerianos e do desejo de prazer dos freudianos.
Hyman confirmou esta perspectiva existencial nos seus pacientes submetidos à cirurgia cerebral: a procura de sentido é uma força motivacional básica do animal symbolicum (Ernst Cassirer). Esta descoberta da necessidade de sentido no ser humano levou Frankl a tomar uma posição oposta à de Freud a respeito da religião. A teoria freudiana da religião é sobejamente conhecida: Deus mais não é do que uma imagem interiorizada do pai todo-poderoso e a religião, uma neurose obsessiva. Frankl rompe claramente com esta noção de Deus, defendendo a solidez da ideia de Deus na sua obra O Deus Inconsciente. Além disso, certas neuroses são produzidas pelo recalcamento da religiosidade. Frankl não proclama uma determinada religião universal: o que ele pensa é que o homem caminha para uma religião pessoal, na qual cada um descobrirá a sua própria linguagem. De certo modo, a religião pessoal decorre do próprio processo de secularização da sociedade e da consciência e do seu corolário - a privatização da religião. A afirmação de Marx segundo a qual:
"a religião dos trabalhadores não conhece Deus dado que procura restaurar a divindade do homem"
Que chocou Henri de Lubac e que foi completamente explicitada por Ernst Bloch, vai ao encontro da noção de que os homens diferentes têm valor diferente, mas dignidade igual: a dignidade incondicional de todos os seres humanos, incluindo os psicóticos, os doentes e os que sofrem. O homem é condicionalmente um ser (espiritual) incondicionado: "O homem é mais do que organismo psicofísico; ele é pessoa espiritual. Como tal, ele é livre e responsável - livre do psicofísico e livre para a realização de valores e a satisfação mental da sua existência (Dasein)" (Frankl). O homem luta não só pela existência, mas também e, sobretudo por um conteúdo da existência: a tarefa mais notável da ação psiquiátrica é ajudá-lo nesta luta por um sentido da existência e pelo auxílio recíproco na descoberta do sentido. A imagem do homem esboçada por Frankl não oferece soluções definitivas para os problemas metaclínicos - as perguntas eternas da humanidade pensante: o seu objetivo é estimular as pessoas e convidá-las para o pensamento metaclínico, convocando-as para a necessidade de uma decisão. Num sentido amplo, a concepção frankliana da religião e do seu papel essencial na vida e na promoção da saúde das pessoas foi recentemente suportada empiricamente pela pesquisa no domínio da neurociência espiritual (D'Aquili & Newberg, 2000, Lee & Newberg, 2005, Newberg & Lee, 2005): a religião não só desempenha um papel crucial na vida de milhares de pessoas, como também exerce um efeito positivo sobre a sua saúde.

Referência:

https://www.algosobre.com.br/psicologia/viktor-frankl-analise-existencial-e-logoterapia.htm

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